Prostituta Do Governo escrita por Peregrino das Palavras


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Acho que mais uns 5 ou 10 cap e acaba a fic gente =(. Já pensei na história. AAAAh quero contar tudo de uma vez, mas vamos com calma.



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Na volta Carlos pediu para que eu explicasse sobre os sonhos que os dreads, que o Pru me dera, representavam. Estávamos no carro escutando a rádio, tocava Red Hot Chilli Pappers, se não me engano era Dani Califórnia, mas Carlos abaixou o som quando eu iria começar a falar sobre os tais dreads.
–Bem, eles representam as três coisas mais importantes que perdi na minha vida. Esse aqui - peguei na caixinha um no qual o anel, de coco, estava pintado de azul - representa minha falha na escola de artes plásticas. Eu pintava todos meus trabalhos de azul, nem que fosse só uma gota, pixel ou qualquer coisa. Mas tinha que ter um azul nos meus trabalhos ou desenhos, por isso esse anel é azul. Quando fiz os dread, esse foi o primeiro que coloquei. A faculdade de Artes Plásticas foi tão boa, aprendi tanto...Bons tempos - guardei o dreads. - espero que você não esteja com sono.
Ele riu
–Claro que não, ás vezes é bom ouvir.
Mostrei meu sorriso.
–Esse aqui - o de agora era vermelho - esse...bem esse, é pra Dani - disse com quase lágrimas nos olhos - Ela foi minha amiga no colégio, uma grande amiga. Ela me entendia mesmo eu não falando muito com ela. Eu também entendia ela. Cara, ela foi foda pra mim. Não sei, era como um ombro amigo que estivesse disposto toda hora para eu poder me apoiar quando eu caísse. E quando ela morreu...cara..foi como se nada mais fizesse sentido, como se eu fosse cair, e cair eternamente, sem paradeiro...Acho que sempre fui sentimental. Quando ela estava internada eu não a visitava muito, a família dela não gostava muito de mim, e por isso eu me arrependo muito, mas uma vez quando eu fui, e ela já estava muito mal, foi uma semana antes do dia dela...bem você sabe, ela me disse para perdoar ela, mas não tinha nada para perdoar - Fiquei encarando o anel por muito tempo, mas precisava falar algo, então mudei um pouco do assunto - As tardes que tivemos juntas ouvindo Joan Jett, e Oasis, nossa cara, eram incríveis - estava quase desabando no choro, mas segurei - e posso falar? Eu já beijei ela - isso foi o suficiente para eu rir e esquecer as lágrimas.
Carlos riu, como se estivesse me esnobando.
–Sério?
–Sério, a gente tava meio bêbada, não me julgue. É só um beijo. Você já beijou sua mãe e nem por isso digo que é incesto.
Carlos riu
–É verdade. Bem continue.
Também ri, só para não parecer tão séria.
–Foi o segundo que coloquei nos dreads, quando consegui o anel. Bem agora o último, queria poder pular esse. - falei baixo para que as palavras só chegasse aos meus ouvidos - Esse não é de coco, é um anel normal, de ouro. Esse é meio pessoal.
Olhei para Carlos que estava de olho na estrada, as luz dos faróis dos outros carros possibilitava a visão de todo seu rosto.
–Mas acho que posso te contar. Esse eu dediquei e dedico a minha mãe... Ela foi...foi também uma...uma...alguém muito importante - não tem palavras que defina o que sentia por minha mãe. - era minha modelo, batalhou muito, quero dizer, ela sofreu desde criança, nunca teve uma casa boa, nunca conseguiu um emprego, e quando ela ia curtir a vida...- comecei a chorar.
–Val, não precisa falar. Vamos ouvir o rádio. Desculpa
–Não Carlos, não é culpa sua. Mas minha mãe sempre esteve sorrindo apesar de tudo, as gravidez atrapalharam a vida dela... - enxuguei o rosto.
Ficamos em silêncio na viagem inteira. Chegamos, quero dizer, eu cheguei em casa.
–Obrigadão Carlos, obrigado mesmo - eu ia sair do carro quando ele segurou minha mão.
–Val...- ele estava escolhendo as palavras cuidadosamente - quero me desculpar por hoje, quero dizer, você perder o emprego, parar no hospital, fazer você falar de coisas, que você não quis...
Olhei para baixo
–Está tudo bem Ca...- olhei no seu rosto e ele me surpreendeu com um beijo na boca
Silêncio.
Silêncio.
Silêncio.
Então sai do carro, fechei a porta, pulei o muro de casa e entrei na mesma. Fiquei olhando pela janela, demorou uns cincos minutos e o carro saiu e seguiu seu rumo. Talvez fora cinco minutos dele esperando eu voltar e ir para a casa dele, talvez fora cinco minutos dele tentando ligar o carro, talvez fora cinco minutos de angustia se xingando, talvez fora cinco minutos olhando pela janela para a casa.
Depois me senti uma burra, tinha que ter retribuído o beijo, ou ter falado algo, pelo menos um tchau. Mas como já dizia Sócrates, "Só sei que nada sei" e fui deitar. E minha certeza do dia seguinte era, iria ver Caroline. Eu sei, nem conheço ela, mas naquela noite andei pensando, ela era tão inocente, mas também sabia de algumas verdades do mundo, sabia que ia morrer, sabia que deixaria de existir, mas não ligava. Não ligava em deixar o mundo. Ou ligava e guardava para si. Ela parecia uma caixinha de surpresas, a qual eu queria descobrir todos os segredos. Ela me lembrava a Dani, ela me lembrava as pessoas que não ligavam para a vida. Me lembrava a vida boa. Caroline tinha algo dentro de si que talvez nem ela mesmo soubesse. Ou não, ou estou deduzindo tudo isso sem nem mesmo saber se ela realmente tem câncer de pâncreas. Talvez ela fosse apenas outra menininha. E talvez eu fosse só mais uma prostituta... A lua no céu, a alma no corpo, era hora de dormir


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Notas finais do capítulo

CARA, AMEI ESCREVER ESSE CAPITULO, FOI UM PFS, PALAVRAS FORAM SURGINDO. AMEI, SÉRIO.



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