Jack acordou com o barulho de algum motoqueiro louco passando pela rua. Coçou a cabeça, olhou para o relógio, e percebeu que estava atrasado para o trabalho. Pulou da cama e arrumou-se em velocidade sobre-humana, e se dirigiu, sem ao menos tomar café da manhã, para seu local de trabalho, o asilo Arkham.

Ao chegar, perguntou à recepcionista se havia alguma notícia, e, como esperado, obteve um “não” como resposta. A mesma coisa desde que, 15 dias antes, duas prisioneiras perigosas fugiram com uma vilã que surgiu na cidade, Circuito Elétrico.

Jack Nickled, um dos mais prestigiados psiquiatras do Asilo Arkham, pediu pessoalmente para que participasse das buscas pelas fugitivas. “Oh, como é empenhado, se preocupa até com assuntos além do necessário”, era o que pensavam, mas os objetivos dele iam muito além disso. Ele estava realmente preocupado com sua ex-paciente, Harleen Quinzel, ou melhor, Harley Quinn, e infelizmente não somente por ser sua paciente.

Sem perceber, Jack Nickled criou uma grande afeição por ela, e foi se deixando levar, até que, sem perceber, não parava de pensar nela e olhar o jornal diariamente visando encontrar notícias.

Será que Harleen estava bem? Será que ela estava com milhões de homens? Se não estivesse, seria por escolha dela, já que ela é tão bela e simpática. Mas não era com isso que Jack devia estar preocupado, e ele se odiava por isso.

O asilo inteiro corria perigo, e a cidade também. Uma criminosa não sequestraria duas presas e simplesmente sairiam para fazer compras. Com certeza estariam armando algo, e Jack não conseguia nem sequer palpitar o tamanho de o que poderia ser. 15 dias era tempo suficiente para encontrar outros vilões e planejar tudo.

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“Hoje o dia passou de forma muito lenta. Não consigo me concentrar em nada que faço. Não consigo mais lidar com a situação. Sei que é bobeira e um profissional nunca devia se sentir assim, mas eu sinto falta da minha cliente. Desde que ela se fora, não consigo mais trabalhar direito. Estou aqui com a cabeça nela. E o pior; A falta de notícias. Este diário é uma forma de tentar fugir desta solidão. Hoje faz 15 dias desde que Harley Quinn desaparecera no meio da fumaça com suas parceiras Circuito Elétrico e Hera Venenosa, e desde então não consigo pensar em outra coisa, pois meus pensamentos sempre acabam levando àqueles cabelos loiros, àquela forma infantil de falar, aquelas perguntas estúpidas que faziam tremendo sentido. Mas agora nada faz sentido. Nada. – Jack Nickled”

– ... E foi assim que eu descobri que era melhor lidar com gatos do que pessoas. – Selina Kyle terminou de falar. – Você anotou tudo isso nesse diário?

– Isso não é um diário! – Disse Jack fechando seu diário. A temida Mulher-Gato acabara de contar sua tocante história de vida, mas o psiquiatra só conseguia pensar em Harley. – Então, continue, Selina, você foi demitida, e...

– Eu estava nessa parte há uns 10 minutos! Você não prestou atenção? Que tipo de psiquiatra você é?

– D-Desculpe... Digo, claro que prestei! Só estava checando para anotar aqui, e...

– Senhor psiquiatra, eu já estive com muitos psiquiatras e sei muito bem onde eles anotam as coisas. Incrivelmente, a folha está ali, vazia – indicou, na mesa -. Ninguém escreve num diário.

– Não era um... Ah, esquece. Estou com alguns problemas pessoais, não posso continuar com isso. Vou escrever uma ficha de transferência e você vai para o Doutor Harvey.

–Doutor quem?

– Harvey. Ele é um dos melhores.

– Foi o que me disseram sobre você.

Então, Jack pediu a transferência da paciente, e, ao ficar sozinho em sua sala, cochilou na mesa.

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– Mr. J, você está pronto? – Sua linda e pequena Harley perguntou, timidamente, de dentro do banheiro.

– Eu nasci pronto, Harls. – Sorriu e fitou a figura de roupão que se aproximava. Puxou-a pela cintura e pressionou seus lábios nos dela. Colocou-a em seu colo, e beijou-a até não ter mais fôlego.

Desamarrou seu roupão e contemplou aquele esbelto corpo, só de lingerie. Tocou sua barriga e envolveu-a em um abraço quente, e se aproveitou da posição para tentar tirar-lhe o sutiã.

– Jack, o que está fazendo?

– Achei que nós iríamos...

– Jack! Responde!

– Harley, eu...

– JACK! ACORDA! – A voz do seu chefe fez com que ele desse um pulo na cadeira e acordasse.

– Desculpe, senhor, eu acabei cochilando...

– O que está acontecendo com você? Você sempre foi o nosso melhor psiquiatra, agora não aguenta uma paciente mais fácil do que muitos que você já enfrentou com maestria, e dorme em serviço? Eu com certeza não estou te reconhecendo.

– São somente alguns problemas pessoais... E eu não dormi muito bem nesta noite, me desculpe, senhor.

– Tudo bem. Você já trabalhou bastante e tem o crédito de horas extra, se quiser tirar o dia de folga amanhã, eu permito. – O chefe sorriu. Era um típico chefe que só fingia que mandava, quando na verdade fazia tudo o que seu subordinado preferido pedia.

– Eu adoraria, obrigado. Segunda-feira estarei de volta.

– Certo. Bom descanso, e boa sorte na resolução dos seus problemas.

– Oh, sim. Com certeza vou precisar.

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No outro dia, acordou muito tarde. Consequência de uma noite quase inteira em claro, olhando para o teto. Por que ele estava assim? Ele mesmo não se reconhecia. Era só uma paciente, claro.

Mas, não. Harleen Quinzel não era só uma paciente. E no momento em que Jack Nickled assumiu isso para si mesmo, não havia mais volta.

Ao ligar a TV, se deparou com uma notícia que para muitos seria aterrorizante. Um assalto a banco por três mulheres na madrugada anterior. Depois de 16 dias, finalmente, uma notícia. Desligou a televisão, se vestiu, e saiu para a cidade, sem saber direito o que iria fazer, mas com esperança de encontrar sua querida vilã preferida.