Uma semana depois Nick concluiu que essa situação estava afetando o trabalho deles e decidiu que teria que fazer alguma coisa. Ele não queria deixar esses longos vinte anos de amizade se perder, ele sabia que nada iria voltar a ser como antes, mas ele queria ao menos poder trabalhar com ela como sempre fez.

Nick a vê no vestiário arrumando suas coisas para ir embora. Ele fica a observando por um tempo e percebe que ele sente muita falta dela, de estar com ela, de conversar com ela como antes. Isso o faz pensar se aquela noite realmente valeu a pena, mas quando ele relembra os momentos naquela cidade ele sabe que sim.

Nick sorri para seus pensamentos e dá um passo a frente fazendo com que ela perceba sua presença. Seus olhos se encontram como antes, fazia um tempo que eles não se olhavam dessa maneira, alias fazia tempo que eles nem mesmo olhavam um para o outro.

- tudo bem? – ele pergunta se aproximando dela. Ela não responde, ainda está magoada e a noite que eles passaram juntos não sai de sua mente principalmente quando ele está por perto fazendo seus pensamentos coerentes se bagunçarem.

- acho que deveríamos conversar. – ele diz suavemente

- eu sinceramente não quero conversar com você. – ela diz colocando o tanto de raiva que ela consegue em sua voz, mas ela não conseguia sentir raiva dele. Mais uma vez ela estragou tudo e ele estava tentando consertar.

- eu estou tentando consertar as coisas. – Nick diz, ela não era uma mulher de fugir, mas ele parecia ser um assunto muito complicado para ela de encarar.

- concertar o que? – ela zomba o encarando de perto. – vai fazer Ecklie reconsiderar meu rebaixamento? – Nick sorri irônico para suas palavras.

- isso é tudo sobre o seu rebaixamento não é? – ele a pergunta dando um passo para frente, eles estão cara a cara.

- não, isso é sobre você fazendo coisas estúpidas e eu pagando por isso. – ela diz.

- é isso que faz um supervisor. – ele cospe de volta, ela o olha sentindo a raiva se misturar com a mágoa.

- você fez suas escolhas Nick e elas afetaram a mim, não tente agir como se a culpa fosse minha. – ela grita para ele sentindo a raiva cada vez mais tomar conta dela.

- e você não tente descontar o seu fracasso em mim. – ele grita de volta e ela o olha. Um silêncio ensurdecedor envolve os dois, apenas suas respirações pesadas eram ouvidas. Ela balança sua cabeça e se vira para sair do vestiário.

- Catherine... – ele tenta dizer percebendo que suas palavras a magoaram mais do que ele pensou que elas fariam.

- vai pro inferno. – ela diz com muita raiva e caminha rápido para fora da sala. Nick dá um soca no armário. As coisas estavam ficando piores do que ele havia pensado e olha que ele tinha pensado em muitas coisas ruins depois de dormir com ela.

Nick decide que não iria deixar por isso mesmo mais uma vez como ele havia feito quando eles discutiram no café em frente a equipe, ela estava com raiva e ele quis dar espaço para ela se acalmar, mas agora ela teria que ouvi-lo de qualquer maneira. Ele corre para fora do vestiário e consegue alcançá-la na porta do lab.

- Catherine me escuta. – ele insiste parando de correr quando está ao lado dela, mas ela continua caminhando em passos firmas sem dar atenção para ele, até que eles chegam ao carro dela. Ela tenta abrir a porta do carro, mas antes que ela o faça ele toma a chave da mão dela.

- você vai me ouvir! – ele diz a fazendo olhar para ele.

- você não pode me obrigar a te ouvir só por que transou comigo. – ela responde desafiadoramente.

- Quer brigar comigo pelo seu rebaixamento ou por dar para mim e depois fugir como uma covarde?

- é isso, chegamos ao ponto. – ela diz levantando as mãos no ar. - eu sou uma fracassada covarde supervisora de merda que você fodeu e se arrependeu não é? – Nick não podia acreditar nas palavras dela.

- olha aqui, você foi a única que fugiu, a única que me disse ser um erro e eu estou arrependido? Você é inacreditável! – ele diz passando as mãos não cabelo tentando se acalmar.

- eu confiei em você! – ela diz sua garganta ardendo com as lágrimas presas nos olhos.

- eu sei, mas eu precisava ajudar Ray... – ele diz diminuindo sua voz ao perceber que a raiva fez com que eles alterassem suas vozes.

- ah, Nick me poupe das suas desculpas e me dê a merda dessa chave.

- o que você quer Catherine? Qual o propósito disso tudo? – ela toma a chave da mão dele sem lhe dar uma resposta e abre a porta do carro, mas ele encosta seu corpo contra a porta para impedir que ela a abra. Catherine suspira se virando de costas para ele. Ela não queria ouvir mais desculpas, ela queira gritar com ele e ele sabia disso.

- tudo bem, me culpe, vamos, grite comigo. – ele diz aumentando sua voz. Catherine se cala apenas o olhando, ela não poderia por a culpa nele, ela tinha deixado, ela tinha fugido, era tudo culpa dela e ela sabia disso. Seu grito fica preso em sua garganta. Nick vê o desespero nos olhos dela o fazendo se sentir mal e recuar.

- tudo bem você colocar a culpa em mim pelo seu rebaixamento, mas você não vai me culpar pelo que aconteceu em Los Angeles, afinal não fui eu quem te deixei sozinha na cama. – ele diz abaixando sua voz.

- tenho certeza que você também teria deixado se fosse no meu quarto. – ela menciona em sua defesa, ela sabia que era complicada uma relação entre eles e que o que tinha acontecido em L.A era melhor ser esquecido.

- você está enganada, mas você nem teve coragem de acordar na mesma cama que eu para descobrir. – Nick diz, mas ele sabia que também teria deixado, nenhum deles queria carregar a culpa de acabar com essa amizade.

- o que você acha que teria acontecido se eu tivesse acordado ao seu lado hum? Você acha que conseguiríamos manter um relacionamento Nick? Você acha que isso realmente iria funcionar? – ela diz com seus olhos cheios de lágrimas.

- eu não sei. – ele diz também com os olhos cheios de lagrimas. – mas eu acho que seria melhor do que como estamos agora. – ele completa e eles ficam em silêncio apenas se olhando.

- vamos conversar? – ele insiste, ela balança a cabeça em afirmativa era melhor do que ficarem gritando um com o outro no meio do estacionamento do lab.

Nick e ela vão para o café próximo ao lab. que eles sempre costumavam ir, eles se sentam em uma mesa em um canto mais reservado um de frente para o outro. Ele olha para ela vendo como ela parecia incrivelmente linda, seus olhos tinham um azul tão claro e pacifico que o faziam se sentir em paz, seus cabelos caiam sobre os ombros brilhando junto à luz do sol.

- o que vão querer? – a garçonete pergunta sorrindo para Nick, Catherine logo perceber que era a mesma ruiva que Nick estava paquerando antes da morte de Warrick.

- um capuchino para mim e um café com leite para ela. – ele diz sem retirar seus olhos dela sabendo que depois de um turno ela gosta de tomar uma coisa mais leve para não atrapalhar o seu sono, já que ela ficava ingerindo cafeína a noite toda. Ela sorri por ele saber exatamente do que ela gosta. A garçonete anota os pedidos e sai.

- eu sinto muito, eu sei que eu tive uma parcela de culpa no seu rebaixamento. – ele diz levando sua mão em cima da dela sobre a mesa. O toque envia choques por todo o braço dela.

- eu sei que a culpa não é sua. É só que todos os momentos da vida da Lindsay que eu perdi para ter algum reconhecimento nesse trabalho não vão voltar. Agora ela está indo para a faculdade longe de mim e eu fui rebaixada. – ela diz frustrada, ele pode ver a tristeza nos olhos dela e sente seu coração se apertar.

- você é uma CSI incrível, e uma mãe incrível, você sabe disso – ele diz lhe oferecendo um sorriso e um aperto na mão, tentando confortá-la como sempre fazia. Ela continua a olhar para ele se derretendo por seu sorriso. Se lembrando da noite que eles tiveram, como ele tinha sido carinhoso com ela, as memórias faziam um frio subir pela sua espinha. Ela havia tido vários romances, mas ninguém nunca a fez se sentir como Nick fez. Ela tira a mão de debaixo da dele quando a garçonete se aproxima colocando seus cafés sobre a mesa.

- eu realmente não deveria ter culpado você, desculpa. – ela diz levando seu café a boca.

- não se preocupe com isso. – ele diz sorrindo para ela. Ele observa como ela toma seu café amaldiçoando o quanto ela era sexy quando ela lambe os lábios.

- eu não quero continuar brigado com você, isso é uma droga, Cath – ele diz conseguindo um meio sorriso dela. Nick estaria disposto a esperar eternamente se ela também estivesse. – você é muito importante para mim e sua amizade também, eu não quero perder nada disso. – ele completa pegando a mão dela novamente, ele não se importava que eles estivessem no café onde muitas pessoas os conheciam do trabalho, ele queria tocá-la, sentir de novo a sensação da pele macia dela sob suas mãos. Ele acaricia as costas de sua mão com as pontas dos dedos.

- eu também não, eu sinto muito pelo que aconteceu em Los Angeles. – ela diz, Nick não pode esconder a decepção em seus olhos. Não era isso que Catherine queria dizer, aquela noite foi a mais especial da sua vida, mas ela achou que assim seria mais fácil.

- eu sei que não vai ser como antes, mas poderíamos pelo menos tentar esquecer aquela noite? – ela pede retirando mais uma vez a mão debaixo da dele. Ela luta ao máximo para esconder a dor que essas palavras lhe causavam ao sair da sua boca, ela tinha ensaiado elas em sua mente milhões de vezes, mas nada faria isso doer menos.

Nick lhe dá um sorriso de canto, ele sabia que esquecer seria impossível, mas se essa era a escolha dela ele não poderia fazer nada ainda mais sabendo de todas as conseqüências, ela já havia sido rebaixado o que aconteceria a seguir? Ele não queria prejudicá-la.

- tudo bem. – ele diz, ela levanta e lhe dá um leve murro em seu braço de brincadeira como sempre fazia, ele balança a cabeça sorrindo para como ela nunca deixava essa mania de lado.

- obrigada pelo café. – ela diz, ele acena com a cabeça e olha para ela caminhando em direção a porta até desaparecer. Por mais que doesse ele queria o que fosse melhor para ela e agora essa parecia a melhor opção que eles voltassem a ser amigos como antes. Ele agüentou vinte anos ao lado dela sem fazer nada ele acha que pode aguentar mais vinte.

            Catherine entra em seu carro sentindo as lágrimas aumentarem, ela puxa profundamente o ar impedindo que elas caíssem, ela nunca tinha feito uma coisa tão difícil como essa, pedir para ele esquecer a melhor coisa que já aconteceu em sua vida. Ela achou ser a coisa certa a se fazer, sempre sua amizade ficou em primeiro lugar não seria diferente agora.