Hitler E Sua Escova escrita por Harpia


Capítulo 11
Arschlöcher


Notas iniciais do capítulo

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Antes de abrir, ouviu alguns gemidos que fizeram ela se sentir entorpecida e humilhada.

— Vai, faz assim... Isso... Cachorro – era a voz de seu amado.

— E assim você gosta? Acha sexy?! – Stefan respondia afinando a voz como uma mocinha.

Cansada de suas mentiras e infidelidade, a escova chutou a porta brutalmente e teve uma inacreditável surpresa. Ela se deparou com Hitler sentado na cadeira da sua escrivaninha com uma espécie de planilha na mão. Ele tinha a arrastado até o meio do quarto e estava com um lápis, escrevendo nas folhas. Hitler estava desenhando Stefan com traços fortes tão perfeitos e realísticos que as pessoas se perguntariam "Por que ele foi tão rejeitado na faculdade de Artes em Viena?". Obviamente alguma força divina determinou de que ele seria um líder nazista e mataria milhões. Ao avistar a escova, Stefan cobriu as coxas peludas, gostosas e grossas com a barra do rosado vestido lolita e caiu sob o colchão na cama.

—Perfeito! Continue nessa posição! – Hitler comandou dando um sorriso largo e encarando o papel onde desenhava. – Estou quase acabando!

Realmente, quem ouvia pensava que eles estavam fazendo sexo e na verdade, esse seria um infeliz desentendimento para uma atitude tão bucólica de Adolf Hitler.

Boquiaberta, a escova escondeu a faca atrás das costas.– O que está acontecendo aqui?

—Estou o desenhando – seu amado a respondeu naturalmente. – Eu sempre o desenhei escondido. Stefan tem esse fetiche de vestir roupas femininas, mas o presidente não gosta. Por favor, não conte pra ninguém.

— Por que acha que eu contaria?! – a escova estreitou os olhos, ainda desconfiada. – Você sempre desenhou?

— Sempre. Eu fui rejeitado na faculdade de Artes, mas sempre continuei desenhando. É uma história complicada, é triste te acharem ruim naquilo que você achava que fazia de melhor – explicou, terminando a caricatura e a revelando para ambos. – Pronto! Gostaram?

Stefan estava um pouco mais gordo, mas ainda sim, o sombreamento projetado eram magnífico. A luz do quarto iluminando sua pele albina semi-transparente e seu cabelo loiro fulgurando entre a mobília de mogno transformavam o que podia se tornar uma figura cômica em um desenho sensual e de bom gosto.

— Parabéns amor – a escova disse, subindo em seu ombro e depositando beijinhos em seu pescoço.

— Agora estou dispensado para ir dormir? – Stefan indagou se despindo, substituindo seu vestido por um pijama verde musgo.

— Claro que sim – Hitler ainda tinha outros planos para essa noite.

Quando Stefan se retirou de seu dormitório, a escova e ele se entreolharam de forma maliciosa e selvagem. Fizeram amor a noite inteira e Eva não conseguiu dormir com os barulhos da cabeceira batendo em sua parede, tendo de ir silenciá-los de meia em meia hora, principalmente pelo fato de que o presidente estava por perto. Achava inaceitável a falta de bom senso daqueles dois. Pode até ser que Hindenburg tivesse o sono pesado e se engasgasse com o próprio ronco maioria das vezes (talvez fosse a pança que o impedisse de respirar ou se deitar de bruços para ter um sono mais tranquilo), mas mesmo assim, eles tinham que tomar muito cuidado para que ele não descobrisse. Na manhã enevoada seguinte, o grupo comboiou de volta à casa do partido em Berlim e foi nesse dia em que o romance se complicou.

— Nós temos uma reunião agora, você se importa de ficar no meu bolso? – Hitler perguntou à escova.

— Tudo bem, já estou acostumada com isso – a escova respondeu meio chateada.

— Prometo que depois te dou um presente – seu amado assegurou.

Os olhos da escova brilharam e ela ficou encolhidinha no bolso interno do seu casaco cheiroso. A imprensa estava enlouquecida ao lado de fora, aguardando para tirar fotos do presidente assim que ele saísse da casa. Quando todos estavam reunidos na sala de visitas da casa conversando sobre acordos e alianças com a Itália e Holanda, Hindenburg se permitiu fazer uma anunciação de pé em frente à seus inferiores, retirando alguns papéis de uma pasta e esticando seu uniforme repleto de medalhas douradas e coloridas. O presidente sempre foi um homem intrometido e bisbilhoteiro, porém Hitler não sabia até que ponto ele poderia chegar e mesmo que chegasse, precisava de conformar com qualquer afronta, afinal, pretendia tomar seu lugar assim que se tornasse mais íntimo. Consequentemente, todos os membros do partido estavam ansiosos e prendendo a respiração para escutar o que o presidente estavam prestes a dizer.

— Gostaria de aproveitar essa pausa para parabenizar o filho primogênito de Adolf Hitler que Deus os abençoou – o gordo barbudo anunciou, segurando os resultados do teste de sangue de Eva dos quais roubara na enfermaria ao saber que ela havia sido hospitalizada lá.

Os membros do partido soltaram um "Oh" de admiração e se curvaram diante de Hitler e Eva que estavam paralisados como estátuas, frustrados e pegos de surpresa. Aquela totalmente havia sido uma facada no peito para a escova e ela começou a chorar porque em breve sairia na imprensa europeia que os dois eram um casal e seria como se ela nunca tivesse existido.

— Eu te odeio! – a escova berrou para ele.

De fato, aquele era um amor impossível. Com lágrimas nos olhos, Hitler não teve como reagir, apenas fingiu estar emocionando e abraçou sua cúmplice Eva. Os membros do partido aplaudiram e o presidente o lançou um olhar maléfico como se estivesse o oprimindo e o forçando viver aquela vida de mentiras e relacionamentos de fachada. Pulando do bolso de seu amado, a escova abriu a porta da frente e quase foi esmagada pelos milhares de fotógrafos que entraram furiosamente na casa disparando os flashes de câmeras ofuscantes. Correu através da rua vazia e solitária até que a distância a fizesse se esquecer do motivo que a fez fugir. Será que esse era o fim de um amor impossível, com mais baixos do que altos e que parecia ser um caminho cheio de espinhos em que se devia caminhar descalço? Nem a escova sabia, mas ela precisava dar um jeito na sua vida.


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Notas finais do capítulo

*dry tears with money*