Hitler E Sua Escova escrita por Harpia


Capítulo 12
Zwölf


Notas iniciais do capítulo

Continuando



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Ultrapassando os flocos pálidos que começaram a cair das nuvens carregadas e serem soprados com a ventania, a escova vagou pela calçada tingida de branco e decidiu encontrar algum lugar para se proteger da neve. Avistou um beco escuro entre dois prédios e rapidamente foi até lá. Amedrontada pelas sombras das lixeiras e os sons metálicos das tubulações, a escova entrou numa caixa pequena e permaneceu encolhida no papelão até que seu coração partido se curasse.

Sacudindo sua xícara, Hitler estava trêmulo de tão preocupado com a escova, mas teve que conter a mistura de raiva e injustiça que abarrotava seu peito porque o presidente estava sentado no sofá a sua frente.

— Quando será seu casamento, já que sua noiva está grávida? – o pançudo perguntou a ele, depois deu um longo gole no chá com leite. – Espero que seja um menino. Meninas não servem para absolutamente nada além de procriar e manterem a casa limpa – comentou.

Os outros membros do partido (homens de cabelo lambido, metrossexuais sensuais) estavam bebendo ponche e conversando sobre esportes e sobre o quanto tinham grana para gastar nas apostas da corrida de cavalos no fim de semana. Internamente indignado, Adolf Hitler reprimiu um arfar e encarou Eva esperando que ela respondesse.

Eva, a meretriz loira que não era boba, resolveu mudar de assunto. – Isso não é mais importante do que a grande carreira do meu noivo!

— Que bom que não se importa que ele deixe a família em segundo plano – o presidente observou atentamente às mãos de Eva. – Então Adolf, quando vai colocar um anel nesse dedinho aí?

"Se você não se calar vou enfiar meus dedos inteiros dentro da sua bunda" o ditador nazista pensou e respondeu quase que de prontidão:

— Algum dia. Essas coisas precisam acontecer de maneira espontânea.

O velho pançudo e barriga peluda assentiu, concordando.

Forçando risos, Eva e Hitler se levantaram e se despediram do pessoal, indo direto para os dormitórios onde discutiriam sobre a busca que fariam na área pela escova. No quarto, Hitler se sentou deprimido na beira da cama enquanto Eva trancou a porta. Ao girar tirando os sapatos Prada, avistou seu líder, seu herói e seu Supremo aos prantos.

— Não ceda a essa pressão! – reclamou. – Para de chorar!

— Precisamos encontrar o meu amor – Hitler fungou e ergueu a mão direita até o rosto, chorando sob ela. Já estava sentindo falta da sensação de ter o corpo gelado da escova introduzido em seu reto. – Não sei o que farei sem sua presença na minha vida!

Enquanto isso na periferia de Berlim, a escova estava sentindo falta de sentir o cheiro de perfume francês de seu amado e passar sua linguinha nos pelos de seu peito ou até mesmo em seus pelos púbicos meio grisalhos. Ouvindo um estalo de lata do lado de fora da caixa, saiu para checar no ápice de sua coragem. Acima da lixeira teve a visão de Deus. Seus olhos magicamente queimaram. Uma escova punk-rock que vestia roupas rasgadas que exibiam suas tatuagens passava a mão entre seu cabelo bagunçado e fumava maconha encostado na parede do beco. Ele era o cara malvado que todas as santinhas queriam. Ele era o cara perfeito que era príncipe de dia e de noite era um vagabundo. Ao vê-la, a outra escova deixou cair o cigarro da erva e a apontou sua arma. Era uma pistola preta.

— Saia do meu beco ou eu disparo! – ele berrou se aproximando perigosamente.

Paralisada e meio grogue, a escova não conseguiu se mover de tão deslumbrada que estava.

— Você acha que estou brincando? – a outra escova a empurrou brutalmente contra a lixeira e posicionou o cano da arma em seu pescoço.

— Oi – foi tudo o que ela pôde dizer ao finalmente descobrir outra de sua espécie.


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Notas finais do capítulo

Será que ela vai se interessar pela escova maconheira e irá esquecer Hitler de uma vez por todas?