Learning To Love escrita por Maniper


Capítulo 9
Capítulo O9. Meu passado me persegue


Notas iniciais do capítulo

Tudo bem, só não joguem pedras! Eu fiquei muito tempo sem atualizar e me senti péssima por isso mas foi tão corrido esses dias ;/ enfim..
Muito obrigada a todos que estão comentando, fico realmente muito feliz!
*Apareçam fantasmas, eu não mordo*

Boa leitura!



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Ainda não entendo como tudo aconteceu. Estou aqui em Cambridge, descarregando a mudança pela terceira vez em um ano e torcendo pra que agora eu more com pessoas compreensivas e de preferência que não gostem de sair muito, porque eu já perdi o saco pra isso há muito tempo. O vejo na universidade todos os dias, sim, estou falando do Neitan mas nunca nos falamos desde aquele acidente encomendado pelo Nick Dylan, o descontrolado sem noção. Deu tudo errado. Talvez tenha sido a minha proposta idiota, devia ter aceitado a do Nick.

#Flash back mode on#

— Eu aceito terminar com o Neitan. Mas não vou voltar com você, nem com ninguém até eu sair da cidade, depois disso, posso fazer o que bem entender. Por enquanto, sem brigas, competições, cada um na sua - eu estava com medo da reação dele. Medo de machucar o Neit.

Nick não respondeu de imediato, ficou calado por uns 5 minutos, apenas pensando e a resposta dele foi que me surpreendeu:

— Por mim tudo bem - sorriu de lado, aquele sim era o Nick que me acolhera em Dallas desde a minha chegada - mas não minta sobre isso. Você sabe o que acontece quando estou chateado.

#Flash back mode off#

Ou então o meu egoísmo e a incapacidade de não conseguir ficar longe dele. Daqueles olhos convidativos, a voz rouca e seduzente, o sorriso de tirar o fôlego, o humor impecável, a inteligência escondida atras de tanta beleza e popularidade extrema.

#Flash back mode on#

— Sabia que não ia conseguir ficar longe de mim - ele sorriu. Ficar deitada a noite com Neitan a beira da piscina de sua casa era uma das melhores coisas que acontecia durante a semana. Já não éramos perturbados por Nick há semanas, ele só ameaçava. Tudo bem, eu não estava cumprindo com o que dissera ao irmão revoltado, mas ele não parecia nem um pouco preocupado.

— É claro que não - sorri e o meu coração estava acelerado. Ficamos juntos por 3 meses e todo mundo falava que fomos feito um pro outro. Quer saber? Eu nem falava nada. Gostava de estar com ele. Me sentia completa, como nenhuma outra pessoa conseguira até então.

— Pode falar - Neit sentou e ficou de frente para mim. Ele sempre sabia quando eu queria dizer algo.

— Neit, eu - suspirei e tenho certeza que estava mais vermelha que um pimentão - eu amo você.

O sorriso dele naquele momento foi inexplicável. Tão perfeito que eu cheguei a sorrir junto. Era verdade, agora sim eu tinha a certeza. Eu o amava.

— Eu também amo você, meu amor - me puxou para um beijo cheio de desejo.

Sem perceber, andamos a casa toda nos beijando. Neitan me pegou no colo para subir as escadas e me levou ao seu quarto. Foi a nossa primeira e única noite de amor, depois de tantas tentativas, aquela não teria arrependimento ou insegurança. A melhor da minha vida. Pelo menos eu achava isso.

#Flash back mode off#

A minha vontade é de mudar aquelas palavras. E daí que é verdade? Não consigo esquecê-lo. Ele não tem coragem de olhar pra mim, as vezes o pego me encarando de lado quando acompanho as líderes de torcida no treino. Neitan está jogando pela universidade e pelo o que eu tenho sido informada, é um ótimo chutador, continua lutando, cada vez mais conhecido na mídia. Tem um milhão de admiradoras e soube que está saindo com uma veterana de medicina. Loira, corpo escultural, olhos azuis, pele branca demais, canadense. Faz de tudo para me mostrar que está seguindo com a vida, numa boa.

Esqueci de mencionar que o Nick está estudando na universidade de Princeton, junto com a Lily, cursam direito. É irônico para alguém tão sacana como ele. Depois do que fez, não consigo sentir raiva, não dele, mas de mim, eu me odeio.

— Pronto, Milla - disse Jake. Sim, ele está estudando em Harvard também. Tem sido o meu ombro amigo para todas as minhas crises de choro.

— Obrigada - agradeci e começamos a colocar tudo no lugar.

Eu mudei. Não sou mais amigável, pra falar a verdade, sempre fui assim, mas Dallas tinha me mudado um pouco. Mal converso com as pessoas, passo mais tempo com o Spike(ainda tenho ele, está enorme), estudo a madrugada inteira, caneca de café e livros são tudo pra mim.

— Sabe, eu sinto falta da Kamilla que conheci - Jake se jogou na cama quando terminamos tudo.

— Ainda estou aqui - deitei no peito dele e ele começou a fazer cafuné em mim, amava aquilo - só estou tentando processar tudo.

— Volta logo então, hoje nós vamos na festa dos calouros.

— Jake - levantei a cabeça para encará-lo.

— Não adianta negar que você está louca pra beber e ter uma noite intensa - gargalhamos. Era verdade, eu queria curtir, estava precisando.

— Você vai comigo no cabeleireiro? - perguntei de repente. Ele sentou e automaticamente também tive que sentar.

— Vou. O que você vai fazer?

— Bom, já que esse ano é pra ser melhor que os outros. Pensei em mudar o visual - sorri de lado e ele assentiu.

— Então vamos - me puxou e corremos feito bobos para o carro, antes de entrar, chamei a Julie. Uma das garotas que agora mora comigo. Simpática, morena, olhos claros, líder de torcida.

— Oi Milla - ela sorriu.

— Olha, eu mandei colocar as grades por causa do Spike - mostrei as grades em volta da casa, ela assentiu - por favor, se você for sair, não deixa aberto. Ele é um furacão quando corre.

— Pode deixar - ela fez carinho no Spike e eu acenei me despedindo.

Jake dirigiu sem pressa até o salão perto da casa dele, estratégico pra ele, já que ia se arrumar enquanto eu mexia no cabelo.

— Vou lá - beijou a minha testa - não faça nada que vá se arrepender depois.

— Não farei - sorri.

A mulher ficou encantada com o tamanho do meu cabelo, ao mesmo tempo surpresa por eu ter mandado ela cortar um pouco abaixo do ombro. Ficou curto, mas a mudança só tinha começado. Pedi para que fizesse algumas mexas loiras e repicasse, tirando o liso escorrido de sempre. Demorou para ficar pronto mas quando olhei no espelho, todo o tempo tinha valido a pena. Agora uma franja discreta caía sobre o meu olho, as mexas não ficaram tão claras e realmente, estava num ondulado(quase enrolado) perfeito.

Esperei impacientemente o Jake, ele demorava mais que eu para ficar pronto. Quando chegou as 17h, ficou me procurando e eu segurei a risada.

— Está procurando alguém? - levantei da cadeira. Jake me encarou um pouco surpreso no começo, ficou sem reação, depois abriu um sorriso malicioso que me fez arrepiar.

— Caramba. Agora você não vai mais passar despercebida. Sabia disso não é? Que seu plano de ser invisível acabou de ir para o ralo? - chegou perto de mim e cheirou o meu cabelo, me fazendo rir.

— E quem disse que quero ser invisível? - mordi o lábio inferior - voltei a ativa.

— Vou casar com você - ele me abraçou de lado e nós rimos.

Chegamos na minha nova casa e me deparei com uma Julie também surpresa, mas o seu rosto mostrava que estava preocupada.

— O que aconteceu? - perguntei já notando que o Spike não estava no quintal.

— Eu não consegui segurar ele - franziu o cenho - ai o vizinho o pegou, perguntou se o cachorro era meu e eu disse que não. O Spike não estanhou ele, então deixei dar uma volta, mas não esperava que você chegasse tão cedo.

— Tudo bem - ri sem humor - só quero que ele volte.

— Vai voltar - ela sorriu - acho que esqueci de te avisar. O nosso vizinho é uma delícia, a Caroline já pegou, mas eu também quero, então não consegui dizer não, quem sabe não rola alguma coisa. Amei o seu cachorro.

— Safada - Jake disse e nós rimos. Julie era solteira e adorava uma festa - gente, tenho que buscar um amigo, depois eu volto, tudo bem?

— Claro - Julie quem respondeu - não esquece de pegar a Caroline no caminho.

— Não vou esquecer - deu um beijo em cada uma de nós e saiu. A tal Caroline é a outra garota que mora aqui: loira, olhos verdes, um pouco metida mas é legal, e tem namorado.

— Não entendo porque as pessoas não conseguiam morar com você - Julie era uma fofa mesmo.

— Conseguiam - sorri sem graça - eu que não conseguia viver com muita agitação.

— Eu compreendo, amiga, uma pena a gente não ter se conhecido antes - ela trouxe uma bandeja com bolinhos de chuva.

— Concordo - começamos a comer até ouvir alguém chamando.

— Deve ser o gostosão - Julie arrumou o cabelo rapidamente no espelho, ri do nervosismo dela.

Fiquei curiosa para saber quem era o vizinho, mas esperei até que eles conversassem um pouco para não estragar caso acontecesse algo, um convite talvez. Passado uns 10 minutos, saí para ver quem era.

— Ali, essa é a dona - Julie apontou para mim enquanto eu descia os 3 degraus que tinham da porta para o quintal.

Quando olhei para frente, pisquei os olhos repetidamente para ver se estava alucinando ou algo do tipo. Ele estava sem camisa, suava um pouco, bermuda de surfista e um tênis da Nike. O cabelo molhado, provavelmente de suor. Quando o meu vizinho falou comigo, quase não acreditei.

— O Spike cresceu - Neitan deu um sorriso tímido de lado, fazia tanto tempo que não ouvia a voz dele. Acho que naquele momento eu esqueci como se respirava - achei que tivesse dado pra alguém.

— Ele não tem culpa - sorri e ele assentiu.

— Então você é a minha nova vizinha - cheguei mais perto dele.

— Mundo pequeno - eu disse quando começamos a nos encarar.

— Vocês se conhecem? - Julie perguntou, acho que estava incomodada com a troca de olhares.

— Sim - Neitan soltou um sorriso malicioso e eu fiquei sem graça - estudamos juntos.

— Legal - ela queria entrar na conversa. Eu não ia atrapalhar a paquera dela, mesmo sabendo que ele estava saindo com a garota canadense e amando aquele idiota.

— Mudança radical - Neit apontou para o meu cabelo - gostei.

— Obrigada, acabei de fazer - sorri e ele franziu o cenho.

— Vão na festa? - perguntou ainda olhando para mim. Aquilo me deixava desnorteada.

— Vamos - Julie e eu respondemos juntas, depois demos uma breve risada.

— Bom, eu vou tomar um banho então - disse para sair dali antes que perguntasse o que estava me torturando há tanto tempo.

— Ela está me evitando - Neit comentou com a Julie e dei com a língua pra ele.

— Aprendi com você - fui seca mas ele não pareceu se incomodar nem um pouco.

— É justo, eu mereço isso - sorriu e me encarou dos pés a cabeça. Não era mais tão inocente, vai saber o que ele tinha feito nesse um ano.

— Que bom que sabe - dei as costas. Mas ouvi a risada dele, não pude deixar de rir junto.

Tomei um banho demorado. Ainda tentando processar tudo. O único garoto que amei na vida, estava morando ao lado da minha casa e a gente já não se falava há mais de 1 ano. Eu nunca me esquecia do que tinha acontecido.

#Flash back mode on#

— Ela está bem? - ouvi alguém perguntar. Alguns segundos depois, percebi que era a voz do Neitan. Abri os olhos vagarosamente mas não conseguia falar nada, ainda estava em choque.

— Perdeu muito sangue, mas vai ficar bem - minha mãe respondeu. Provavelmente ela que estava me atendendo - o que aconteceu exatamente?

— Eu não sei dizer - Neit parecia frustrado - a deixei sozinha por uns 10 minutos para comprar alguma coisa pra comer, depois ouvi ela gritar e sai correndo atras. Uns caras pegaram ela, colocaram num carro e eu os segui de moto. Mas acho que foi um erro porque quando me viram, aceleraram mais e então o carro capotou. Entrei em desespero.

— Acha que foi o Nick? - mamãe perguntou e as lágrimas escorreram pelo meu rosto.

— Foi - dessa vez a minha voz saiu - ele falou comigo no celular.

— Ele está maluco - minha mãe ficou assustada.

— A gente sabe como fazê-lo parar - Neitan disse com os olhos cheios de lágrimas. Tínhamos que ficar longe.

Que dor era aquela? Parecia que alguém tinha enfiado algo muito forte no meu peito, por um momento eu estava no paraíso com ele e depois tudo caiu por terra.

#Flash back mode off#

Terminei de me arrumar as 19h30. Coloquei um vestido branco de renda, até um pouco a cima do joelho, manga 3/4, cinto azul claro combinando com a minha bolsa de mão, sandália preta, um pouco alta. Fiz uma maquiagem não muito forte mas destaquei os meus olhos. Antes de sair do quarto, me olhei no espelho umas mil vezes. Enquanto descia as escadas, Caroline me encarou boquiaberta, não pude deixar de sorrir. Me senti como não me sentia há muito tempo: desejada.

— Meu Deus! Fico fora por um dia e você se transforma em uma completa gostosa? Quando isso aconteceu? - ela estava eufórica. Ri da reação.

— Ela sempre foi gostosa - o amigo de Jake disse sorrindo. A gente já tinha se pegado algumas vezes. Chama George, é loiro, olhos castanhos claro, malhado, estuda engenharia civil.

— Sempre mesmo - Jake riu e lembrei de uma coisa que ele não tinha me contado.

— Por que não me disse que o Neitan Dylan é meu vizinho? - disse entre dentes. Os outros da sala encararam curiosamente a nossa pequena discussão.

— Era uma surpresa - deu de ombros.

— Você está de brincadeira? - fechei a cara - eu odiei.

— Mente que eu gosto - Jake me fez ficar sem graça e percebi que devia explicação ao resto dos curiosos: Caroline, George e Julie.

— O que está acontecendo? - Caroline era a menos informada.

— Eles já se conhecem - Julie parecia decepcionada. Me odiei por isso também.

— E como conhece!

— Cala a boca, Jake! - eu estava mais do que vermelha, tinha certeza.

— Ai meu Deus! Ele é o artilheiro do campeonato universitário, medalha de ouro no predador e estuda medicina, é perfeito! E você já dormiu com ele! - Caroline dava pulinhos. Não entendi a reação dela.

— Por que a surpresa? - franzi o cenho - você também.

— O que? - Caroline riu - a gente só se beijou. Ele não é do tipo que leva pra cama assim tão rápido.

— Eu bem que sei - abri a porta de casa para fugir do assunto - vamos?

— Não antes de você nos contar tudo - Julie sorriu. Talvez tenha percebido que o que tivemos era passado, ou não. Será que era passado?

— Eu conto - Jake sorriu maliciosamente e eu bufei - a Kamilla e o Neitan já foram namorados, apesar dos dois negarem para todo mundo. E ela foi a primeira garota dele.

Eu ri dos olhares surpresos.

— Pronto. Descobriram o que eu escondo tanto. Meu passado me condena - fomos saindo da sala e ouvi a risada da Caroline.

— E que passado hein, amiga - brincou e olhei para onde ela olhava. Vi Neit conversando com um outro garoto, acho que morava com ele. Estava tão lindo. Usava uma camiseta pólo azul clara da cor do meu cinto, parecia que tínhamos combinado, calça jeans preta, tênis oakley marrom claro.

Logo os dois perceberam que estávamos na rua também. Olharam e a primeira coisa que o Neitan procurou foi o meu olhar. Acenei brevemente e me arrependi em seguida pois ele vinha na minha direção.

— Quer uma carona? - disse no meu ouvido. Bufei e me senti a atração do nosso grupo.

— Vestido - sorri e ele retribuiu.

— Sem problemas - tirou uma chave do bolso e apertou o botão de alarme, vi uma BMW X1 preta dar um "sinal de vida". Droga. Por que tinham que bater no meu carro justo nessa semana?

— Ah, eu - não sabia o que responder - Jake vai ficar chateado se eu não for com ele, não é Jake?

— Claro que não - todos riram. Fiz cara de tédio.

— Ainda tem medo de mim? - Neitan mordeu o lábio inferior.

— Quer saber? Eu aceito - Neit me estendeu a mão e não consegui recusar. Segurei e olhei para os meus amigos - vejo vocês na festa?

— Com certeza - responderam juntos.

— Estou ansiosa para ver isso - Caroline piscou. Neitan riu.

— Eu também, acredite - Jake me pagaria depois.

Babei na BMW. Toda preta, incluindo o insufilm, aro 19, novinha, notei que nem tinha placa.

Entramos em silêncio e eu só olhava para frente, percebi o olhar de Neit.

— Você é a primeira garota que entra no meu carro - sorriu de lado - o que acha?

— Carro legal, curti, mas prefiro a moto - disse simplesmente e ouvi ele suspirar.

— Ofereci uma carona porque quero conversar - ligou o carro - vamos fazendo isso durante o caminho, já que é um pouco longe.

— Pode ser - respondi dessa vez olhando-o e ele parecia com vergonha - que tal começar da parte em que você me abandonou?

— Não foi bem assim - ele olhava para a estrada - fiquei com medo do que poderia te acontecer. Nick estava fora de si.

— Podia pelo menos ter me avisado, não acha? - ele tinha me magoado tanto.

— Eu não podia, ele te ameaçou de novo, queria que você me odiasse. Pelo visto funcionou - Neit franziu o cenho. Então foi isso o que aconteceu.

— E quando começou as aulas? Por que não me procurou?

— Tive medo. Você ficou tão diferente na universidade. Quieta, não anda com muita gente. Senti um remorso enorme por ter tirado o seu sorriso perfeito que eu tanto amo - Neitan parou o carro no semáfaro quando disse isso, então seus olhos verdes me encararam e eu pude ver toda a tristeza dele. Ficamos em silêncio por uns 15 minutos.

— Eu sempre quis você, Neitan - uma lágrima solitária escorreu pelo meu rosto. Limpei rapidamente.

— Eu também, mas não podia arriscar a te perder pra sempre. Meu irmão ainda te ama, me pergunta sobre você. A única coisa que eu respondo é: a vejo nos treinos, deve estar bem.

— Mas e você? - perguntei. O Nick me amava mas queria, tinha que saber sobre ele.

— O tempo passa, Kamilla - sorriu de lado - conheci uma garota, ela consegue ser mais nerd que você.

Rimos um pouco, mas o meu coração doía tanto que parecia que ia parar a qualquer momento. Aquele idiota tinha me ensinado a amar, mas não me avisou o quanto dói quando as coisas não dão certo.

— Tem razão - concordei com ele. Logo paramos em frente ao campus onde acontecia as festas.

— Só queria que você me odiasse um pouco menos - Neitan disse descendo do carro.

— Eu não te odeio mais tanto assim. Sabe Neit, o tempo passa - pisquei para ele e o vi balançar a cabeça.

— Não foi isso o que eu quis dizer, eu - não terminou de falar porque a tal garota dele tinha chegado perto de nós, deu um selinho nele. Suspirei.

— Já entendi - andei mais rápido até a festa - a gente se vê.

— Kamilla - ele disse. O ignorei e acabei esbarrando em um calouro.

— Nossa - disse o calouro me olhando dos pés a cabeça.

— Garoto, torça para não ser o meu bixo. Isso não foi legal - sorri de lado e ele retribuiu.

— Medicina veterinária.

— Está perdido, já te marquei - estiquei o braço para cumprimentá-lo - Kamilla Andrews.

— Vai ser um prazer - deu um beijo no meu rosto - eu já ouvi falar muito sobre você, agora sei porquê. Sou Werick Dylan.

Dylan? Moreno de olhos claros? Deve ser perseguição. Por isso ele já tinha ouvido falar sobre mim. Eu ia atormentar mais um pouco o bixo mas não deu tempo. Jake apareceu do meu lado colocando o braço sobre o meu ombro.

— É feio ficar fazendo isso com eles na festa de boas vindas, Milla, ainda mais com um Dylan.

— Que família viu - balancei a mão, como se estivesse me abanando - vamos? Preciso beber.

— O que quiser - ele sorriu e acenei para o Werick. Andamos até perto da piscina e um cara estava lá dentro pegando as bebidas. Eles sempre faziam isso. Agradeci quando ele me deu uma Heineken long neck e acabei pegando mais uma. Essa seria uma longa noite.

— Vai com calma - a loira do Neitan disse me secando, eca.

— Sei me cuidar - abri a garrafa e dei um gole.

— Tem certeza? - ela sorriu de lado. Quis enfiar a mão na cara dela.

— O sujo falando do mal lavado - dei outro gole e dessa vez ela riu.

— Você é boa - estendeu a mão - sou Alice.

— Kamilla - retribuí o aperto de mão - mas acho que você já sabe.

— O Neitan não é de falar muito, acabei de descobrir.

— Entendo - sorrimos. Ela era simpática, contrário do que eu achei que fosse alguns minutos atrás - até mais, Alice.

— Até, Kamilla.

Eu só não entendia o fato dele querer alguém como ela. Não combinavam.

A festa foi realmente muito boa. Eu não fiquei muito bêbada porque tinha que estudar no outro dia mas percebi os meus amigos bem chapados. Sobrou para mim, tive que dirigir de volta para casa. Eles dormiriam lá, então foram se arrumando na sala ou até mesmo no meu quarto enquanto um tomava banho, o outro arrumava. Quando deu 4h da manhã, todos estavam praticamente dormindo e ouvi o Spike arranhar a porta. Aquele era um "truque" que só uma pessoa na face da Terra sabia fazer: Neitan.

Levantei da minha cama rapidamente para não acordar os outros e coloquei um sweater preto pois estava de camisola. Abri a porta e lá estava ele.

— Quer acordar todo mundo é? - perguntei encostando a porta e sentando ao lado dele no último degrau para o quintal.

— Só você - sorriu de lado. Ainda estava com a roupa da festa e não estava cheirando a álcool porque não bebia.

— Eu não estava dormindo.

Eu não entendia porque ele estava ali, mas era muito bom sentir aquele cheiro de novo. Foi nostálgico e eu balancei a cabeça automaticamente para afastar as memórias.

— Com frio? - Neit perguntou me vendo encolher quando o vento bateu.

— Um pouco, nada que um chá quente não resolva.

— Acho que tem na minha casa - ele levantou e me estendeu a mão. O que queria afinal? Seja o que for, eu não conseguia recusar nada que vinha dele.

Caminhamos em silêncio até a casa e levamos o Spike junto, já que eles se davam muito bem. Quando abriu a porta, me surpreendi pela casa estar arrumada, era menor que a "minha". Chegamos na cozinha e ele abriu o armário pegando duas canecas e o chá de erva doce que eu tanto gosto.

— Então - levantei e cheguei perto dele no fogão enquanto esquentava a água - o que você quer?

— Assim você me ofende - fez biquinho e eu ri.

— É sério.

— Não quero nada, só estou fazendo um chá para uma amiga - colocou a água nas canecas, junto com o sachê e um pouco de açúcar. A gente não gosta de nada muito doce.

— Se não quer falar, por mim tudo bem - sorri de lado. Sentamos em um bancada que separava a cozinha da sala, tomamos o chá ainda em silêncio e comecei a realmente esquentar, mas acho que em todos os sentidos porque Neit estava me comendo com os olhos.

— Você está treinando? - perguntou de repente olhando para as minhas pernas. Me arrependi por não ter colocado algo mais longo.

— Estou. Treino de manhã, escolhi um horário que não batesse com o seu.

— Ah, eu não me importaria nem um pouco de ficar te olhando mas por outro lado, não treinaria nada porque não consegueria desviar o olhar - colocou a caneca em cima da pia. Só então notei que o amigo dele não estava lá.

— Cadê o garoto que mora com você? - perguntei levantando e colocando a caneca no mesmo lugar que ele.

— Na casa da Alice - deu de ombros e fiquei confusa.

— Como assim?

— Eles são irmãos - Neit andou até a sala e vi uma porta que possivelmente daria até os quartos - não quer conhecer o meu quarto?

— Neitan - respirei fundo - isso não vai dar certo.

— É a intenção - ele me pegou no colo de repente e o meu coração acelerou. Era como tínhamos feito da primeira vez.

— Não, por favor - pedi quando ele me colocou no chão e trancou a porta atras de nós. Se acontecesse alguma coisa, Neitan nunca mais olharia pra mim de novo, eu já tinha me conformado com isso, não podia acontecer nada.

— Não faz isso - Neit tocou o meu rosto com a mão direita e beijou a minha testa - eu sinto a sua falta, todos os dias. Aquele George é um babaca e não tem papas na língua, quase bati nele quando disse o que tinha acontecido entre vocês dois.

— Pensei que o tempo tinha passado pra você - encarei os olhos dele.

— E passou, mas eu só descobri uma coisa.

— O que? - mordi o lábio inferior e ele me roubou um selinho rápido me fazendo arrepiar.

— Que não adianta eu tentar fugir, querer fingir que nada aconteceu. Não consigo esquecer. Eu amo você, Kamilla, e não há nada que possa mudar isso - fiquei sem reação e o meu coração parecia que ia sair pela boca. Minhas mãos começaram a suar e separei a distância que tinha entre nós.

O nosso beijo era para matar toda aquela saudade, a vontade de estarmos juntos. Mais de 1 ano separados e agora sem Nick para atrapalhar. Nos separamos por falta de ar e dessa vez ele não ficou parado como antigamente. Tirou o meu sweater e eu o ajudei a tirar a camisa. Começou a distribuir beijos pelo meu pescoço, descendo até o meu ombro e voltando a beijar minha boca. Ele tinha aprendido muita coisa e não foi comigo, mas eu estava gostando, muito.

— Surpresa? - ele perguntou me jogando na cama e tirando a calça, deixando a mostra o seu corpo mais do que definido. O puxei para mostrar que mesmo que tenha aprendido mais, eu ainda era a mais experiente, não podia deixar ele ficar por cima.

— Bastante - sorri e comecei a tirar a camisola, não tinha nada por baixo além da minha calcinha de renda preta - não baba que é feio, pugilista.

— Adoro quando me chama assim - voltou a me beijar e tivemos uma noite mais do que intensa. Ele era mesmo perfeito.

Talvez eu estivesse enganada a respeito de tudo. Adormeci nos braços dele e acordamos as 9h, tomamos um banho com direito a mais um round pela manhã. Ele correu com o Spike e o esperei já que não tinha roupa para fazer isso. Vesti a blusa dele do time de Harvard e fiz um café para quando ele voltasse. A gente precisava conversar sobre o que aconteceria daqui pra frente.

— Cheiro bom - ele disse entrando sozinho.

— Cadê o Spike?

— Deixei na sua casa, ainda estão todos dormindo - sorriu de lado e me abraçou por trás. Me afastei um pouco e vi a expressão no rosto dele ficar confusa.

— Neit, você está com a Alice, isso foi errado - dei um gole no café.

— Não estou mais - beijou o meu rosto - conversei com ela durante a corrida agora pela manhã.

— Você o que? - perguntei engasgando com o café - ela deve estar querendo me matar.

— Provavelmente. Eu sou o único com que ela se envolveu publicamente durante os 6 anos da faculdade - ele tomou o café rapidamente - mas já passamos por coisa pior.

— Tem razão - sorri e beijei seus lábios de leve - eu preciso ir pra casa, devem estar preocupados.

— Mas já? - fez biquinho e só então percebi que tinha uns livros espalhados pelo chão da sala.

— Você também tem coisas para fazer - apontei para os livros.

— Podemos estudar juntos - disse no meu ouvido. Me arrepiei.

— Adoraria, mas eu não consigo - sorri de lado e ele assentiu.

— Até mais tarde então - Neit me beijou delicadamente e quando parou, senti as minhas pernas bambearem - bom saber que ainda tenho esse efeito sobre você.

— Bobo - dei mais um selinho nele.

Peguei a minha camisola e o sweater e corri até em casa, na esperança que ninguém ainda tivesse acordado. Não ia aguentar perguntas, não depois dessa noite incrível.

Abri a porta de casa, fiquei até feliz por não ver ninguém na sala, mas quando ia subir as escadas, ouvi a voz da Caroline:

— Chegando essa hora? Não sabia que tem regras nessa casa? - me virei e vi os 4 sentados na mesa tomando café da manhã.

— Não - fiz biquinho - e quais seriam?

— A primeira é - Caroline estava segurando a curiosidade - avisar onde vai dormir se isso acontecer.

— Eu não fui tão longe, precisava ter uma noite intensa - Jake levantou rapidamente vindo na minha direção.

— Quem foi o sortudo? - perguntou fazendo cócegas em mim.

— Só conto pra você. É o Neit - disse baixinho no ouvido dele, Jake sabia guardar segredo e dei com a língua para os outros.

— Fico feliz por vocês - Jake me abraçou e depositou um beijo em minha testa.

— É do time! - Julie apontou para a blusa que eu vestia.

— Ajudou muita coisa, o time tem mais de 30 jogadores - George riu.

— Para! - fiquei vermelha - depois eu conto, preciso estudar agora.

— Nós vamos esperar - Julie bateu o pé e voltou a comer.

Subi as escadas ainda com pressa e sorri feito boba quando entrei no meu quarto. O que tinha acontecido só podia ter sido um sonho. Depois de tanto tempo longe dele, eu ainda o amava e muito. Joguei os meus cadernos no chão assim que troquei de roupa e peguei o meu iPhone. Tinha uma mensagem de um número desconhecido:

"Peguei o seu número com o Jake. Sabia que também mudaria quando saísse da cidade. O plano de vida nova vale pra todo mundo, sabia? Seu vizinho, Neitan."

Aquele sorriso bobo de antigamente apareceu no meu rosto e eu o expulsei sem pensar duas vezes. Era muito bom me sentir desejada, não por qualquer um, mas por ele. Só que eu sofri tanto, algo dentro de mim não permite que eu me machuque de novo. Não sei se posso fazer isso.

Com um aperto no coração, respondi a mensagem como se nada tivesse acontecido:

"Pois é, mas acho que isso não vale muito pra mim já que o meu passado ama me perseguir. Sua ex-namorada e agora vizinha, Kamilla."

Ele não me respondeu. Talvez porque ficou chateado ou estivesse estudando, eu não perguntaria e por mais que doesse, seria melhor agora do que depois.

Estudei anatomia a tarde toda, sendo interrompida somente pela oficina que deixara o meu carro em casa, graças a Deus, depois disso, continuei a estudar, assim que voltasse as aulas, queria estar preparada para as futuras cirurgias, isso é tão animador e soa tão psicótico. Parei com os pensamentos malucos as 18h, nem tinha almoçado e agora o meu estomago me denunciava que queria algo que não fosse da minha mente.

Tomei banho e vesti um short jeans curto, camisa pólo branca, jaqueta de couro marrom clara e um converse branco, peguei uma bolsa xadrez preta e coloquei tudo o que precisava lá dentro. Bati a mão no cabelo, sentindo falta do comprimento mas feliz por ter mudado, fiquei com mais cara de velha que o normal. Desci as escadas e as meninas estavam estudando na sala, as duas faziam engenharia civil.

— Vou sair pra comer alguma coisa, vamos? - chamei-as e as vi levantar num pulo.

— Com certeza, cálculo está acabando com a minha vida - Caroline resmungou pegando uma blusa de frio e a carteira, logo me dando para colocar na bolsa.

— Não seja dramática, você ainda não chegou na pior parte, acredite - Julie sorriu de lado.

— Chega dessa conversa de nerd, vocês duas me deixam louca - Caroline disse rindo e abrindo a porta. Alguma coisa a fez parar e quando ela deu passagem, vi Neitan me encarar com os olhos vermelhos curiosos e o iPhone na mão.

— Que tipo de brincadeira é essa? - ele chegou perto de mim e colocou a mensagem perto dos meus olhos. Li rapidamente e vendo que eu a tinha mandado na parte da tarde.

— Que brincadeira? - peguei o iPhone e mostrei o remetente - eu mandei pra você.

— Sério? Nem percebi - ele segurou o meu braço - só não entendi o que foi isso.

As garotas nos encaravam curiosamente, o que tinha pra dizer, era só pra ele.

— Carol, Julie, por que vocês não me esperam lá fora? - pedi e elas assentiram, logo fechando a porta atrás delas quando saíram.

Fitei-o por alguns segundos e respirei fundo. Era tão difícil machucá-lo, mesmo depois de tudo o que tinha feito comigo, eu não conseguia.

— Estou com medo, está bem? - meus olhos se encheram de lágrimas - eu deixei esse sentimento apagado por bastante tempo e estava bem. Ai você aparece, eu vou igual uma idiota e sabe de uma coisa? Eu já sei o que acontece depois e você também. Vou fingir que nada aconteceu porque essa dor tem que sumir. Só quero ser feliz, Neitan.

Ele ficou mudo e chorava silenciosamente, assim como eu. Não falamos nada, então ele abriu a porta e me deixou ali sozinha. Neitan era bom em me deixar assim. Limpei as lágrimas rapidamente e tranquei a porta atrás de mim. Procurei a chave do meu carro dentro da bolsa e as malditas lágrimas voltaram, me denunciando.

— Amiga, tudo bem? - Julie tocou o meu ombro, balancei a cabeça.

— Vamos comer - entramos no carro e quem dirigiu foi a Caroline. Não me importei.

— Pode me matar se quiser - Caroline começou para quebrar o silêncio - mas o Neitan saiu chorando de casa. Milla, seja o que for, um garoto não chora assim por qualquer coisa. Nós não sabemos nada sobre o seu passado mas não é errado querer ser feliz.

— Eu não posso - minha voz saiu baixa por causa do choro - toda vez que quero sentir algo, me lembro da dor.

— Que dor? - Julie perguntou.

— Aquela quando a gente é abandonado por alguém que ama muito. Não há adeus e nem explicações. Quando essa pessoa simplesmente vai, destruindo todos os seus sonhos relacionados ao amor. Essa que eu evitei por tanto tempo - olhei para fora do carro e percebi que o tempo estava fechado, logo choveria.

— Você está de cabeça quente. Acho que machucou ele, Milla - era Julie, defendendo o pugilista.

— Eu sei, não é fácil - fechei os olhos e senti o meu celular vibrar. Tinha uma mensagem do Neitan. Suspirei.

"Só peço por favor que volte atrás porque não consigo virar as costas pra você, não mais."

Liguei tremendo para o número e quis jogar o celular fora do carro quando ele não me atendeu. Eu sou uma idiota.

Me afundei no banco do carro e depois de 5 minutos o meu celular tocou. Era o Jake.

— Pequena? - ele parecia preocupado.

— Eu o amo, Jake, amo muito - chorava feito criança ao telefone - fui tão grossa com ele, machuquei quem eu jurei nunca machucar. Eu estou com medo de sofrer, foi tão difícil.

— Eu sei - essa voz, era a voz dele.

— Neitan? - perguntei ainda chorando.

— Eu amo você, caipira - ouvi-o rir baixinho e o meu corpo estremeceu.

— Eu também amo você - um sorriso apareceu no canto dos meus lábios - estamos indo para o Lucy comer uma boa macarronada, se quiser me encontrar lá.

— Claro que sim, linda, só vou tomar um banho.

— Até daqui a pouco - minha voz saiu baixa mas ele disse um "okay" rápido e desligou.

Quer saber? Dane-se. Já doeu o que tinha que doer, não pode ser pior que isso e nunca vou me perdoar se não tentar de novo. Quero ter a certeza que ele é o homem da minha vida, o que me ensinou a amar e valorizar um amor assim.

— E ai? - Julie pulava no banco de ansiedade. Ri sem humor da cena.

— O Neit e o Jake vão nos encontrar no Lucy - respondi olhando a chuva que agora caía sem pressa.

— Hum, tem alguém que está saindo com o cara mais top de Harvard - Caroline riu alto.

— Não deve ser tão difícil, ele sempre foi popular - comentei.

— Olha só, como é bom ter esse mel dela, deixa eu perguntar, o Neitan não tem nenhum irmão pra apresentar, não? - Julie perguntou de repente e só de pensar no Nick me arrepiei.

— Ele tem um irmão gêmeo.

— Ai meu Deus! - ela ficou animada.

— É loiro, chama Nick e eu namorei ele antes de estar com o Neitan, mas não temos contato há um bom tempo - suspirei.

— Algum motivo em especial? - Caroline percebeu a minha expressão de dor.

— Nada que vocês precisem saber - sorri de lado.

— Grossa! - Julie deu um tapa no meu ombro.

— Conheça-o e depois me diga o que acham. Costumava ser um cara legal, antes de tudo. Ele nunca veio visitar o Neit?

— Não, o Neit nunca passa as férias por aqui, sempre vai pra Dallas. O que tem de tão interessante nessa cidade, hein? - Caroline era muito curiosa mas também antenada.

— Sinceramente? - mordi o lábio inferior - altas festas, garotos bonitos e família.

— Parece legal. Você leva a gente quando for? - os olhos de Julie brilharam então me lembrei que eu viajaria ainda essa semana, já que as aulas só vão começar daqui 2 semanas.

— Claro. Vou ir essa semana com o Jake, mas vamos dirigir e é um pouco cansativo, podem ir de avião se preferirem - sugeri.

— Nem pensar! Adoramos viajar de carro, não é Julie?

— Sim, sempre viajamos de carro - Julie fez cara de tédio - eu não sei se lembra, Kamilla, mas você é a única que tem dinheiro lá em casa, sua vida é bem diferente da nossa. Avião é algo que eu só vou andar quando estiver bem formada e se não percebeu, não temos carro, andamos de ônibus e viajamos de ônibus.

— Desculpa, não foi a minha intenção - me encolhi no banco do carro.

— Sabemos que não - as duas disseram juntas e logo depois Caroline estacionou no Lucy.

Não demorou muito para que fossemos atendidas, tinha uma fila mais ou menos para entrar e nesses momentos é muito bom que o atendente seja homem, mulheres conseguem o que querem, fácil. Sentamos em um dos melhores lugares e passado uns 20 minutos, percebemos um tumulto de gente. Já imaginando o que era, levantei e fui ao encontro deles.

Parei perto da passagem e chamei com a mão, Jake e ele não hesitaram, algumas pessoas estavam pedindo autógrafo para Neit, tudo normal até um grupo de garotas cercarem ele. Fiquei morrendo de ciúmes e me toquei o quanto as coisas mudaram, já era difícil antes quando era pouco conhecido, agora então piorou. Caminhei até ele que abriu um sorriso enorme ao me ver, ignorei os olhares de reprovação das garotas ao tirá-lo de lá e quando menos esperava, Neit me puxou para um beijo repentino. Me senti a garota mais sortuda do mundo. Abri os olhos ainda um pouco abobada e sorrimos um para o outro. Ele podia ser menos perfeito as vezes.

— É tão bom ver esse sorriso de novo - Neitan disse no meu ouvido enquanto caminhávamos até a mesa.

— Eu que o diga - sorri e dei um beijo em seu rosto.

— Senti falta desse casal - Jake sentou e nós rimos de suas palavras.

— Fomos feito um para o outro. Entende isso, cara - Neit passou o braço por cima do meu ombro e fizemos os pedidos.

Sabe aquele sensação de que tudo voltou ao seu devido lugar? Essa é a melhor sensação do mundo. Quem diria que depois de um ano ele ainda estaria interessado em mim. Nunca me achei realmente bonita mas dizem que é o pacote completo que conta, talvez a nerdisse tenha influenciado nisso.

— Pensando em que? - Neit perguntou quando deitamos na minha cama. Chegamos em casa era 21h. Todos estavam na sala nos esperando para assistir um filme do qual eu não estava com vontade de ver. O meu anjo estava ali comigo, o que mais eu poderia querer?

— Em como você é louco de estar comigo - admiti deitando em seu peito. Ouvi sua risada abafada.

— O que você acha que eu sou afinal, hein? - ele sentou na cama e me colocou rapidamente em seu colo, me deixando com uma falta de ar repentina - meu nome é Neitan, sou do Texas, estudo medicina, amo luta e amo você.

— Mais que a luta?

— Eu não consigo te responder isso - sorriu envergonhado.

— Perco pra luta, não estou valendo nada mais mesmo viu - rimos e o puxei para a porta.

— Vale muito pra mim - me pegou no colo e gritei quando ele começou descer no corrimão comigo, iriamos levar um tombo muito grande se alguma coisa desse errado, mas com uma habilidade incrível, Neit deu um pulo saindo do corrimão e me colocando no chão rápido demais para eu acompanhar.

— Isso foi fofo demais - Caroline revirou os olhos.

— Já treinamos algumas vezes - Neitan explicou, lembrei das outras vezes que tínhamos feito isso - não só isso, claro. Vocês sabiam que a Kamilla é muito boa de - o interrompi ficando roxa.

— De nada - ri de nervosismo.

— Neitan, guarde suas conclusões para você - Julie ficou irritada e notei que estava chateada por eu estar com o vizinho gostosão que ela queria pegar.

— Nossa, desculpe Julie - ele ficou sem graça. Mandei uma mensagem rápida para ele explicando o que estava acontecendo. Neit sorriu ao ler e as suas palavras depois me fizeram querer matá-lo - então eu sou um vizinho gostosão?

— KAMILLA! - Julie gritou e veio para cima de mim. Dei graças a Deus pelo Neitan ter me ensinado a me defender quando estávamos juntos. A derrubei junto comigo para o chão e a paralisei entre as minhas pernas.

— Sou um ótimo professor - Neitan sorriu e bateu palmas pra mim.

— Eu saio com o predador - soltei-a - cuidado com o que faz.

— Isso foi demais - ela mesma sorriu - me ensina?

— Não - todos riram - que graça teria se você soubesse as minhas defesas?

— Faz sentido, mas bico calado - Julie bufou e se jogou no sofá.

Puxei Neit para sentar comigo no chão e ficamos abraçados. Filme de terror é o mesmo que eu ficar apavorada, ainda mais quando tem espírito. Minhas mãos suavam de medo.

— Estou aqui - ele falou baixinho no meu ouvido.

— Ainda não caiu a ficha - sorri e ele me puxou para um beijo rápido.

Não me importa o que já passamos. Ele estava ali comigo, dizendo coisas maravilhosas no meu ouvido e me prometendo o mundo inteiro. O medo está aqui me matando e só quero que ele desapareça logo para eu poder realmente curtir esse momento. Eu o amo tanto.

Quando acordei de manhã no domingo, percebi que não me lembrava como tinha chegado ao meu quarto e deduzi que fosse o Neitan. Infelizmente ele não estava ali deitado comigo mas eu sabia aonde podia encontrá-lo. Tomei um banho rápido e percebi que o tempo ainda estava fechado como ontem. Vesti uma calça jeans clara, coloquei um converse marrom no pé, a blusa de frio do Neit sem nada por baixo. Eu estava com segundas intenções mas isso era a carência acumulada e não era qualquer uma, sentia carência dele.

Não encontrei ninguém em casa e imaginei que tivessem saído para correr ou algo do tipo. Abri a porta e olhei para o lado vendo o carro de Neit, ele estava em casa e também vi um outro carro que eu conhecia muito bem. Estremeci e bati na porta da casa um pouco receosa, não demoraram muito para me atender.

— Kamilla - Nick sorriu de lado - quanto tempo.

— Sim - retribuí o sorriso.

— Está precisando de alguma coisa? - ele perguntou me dando passagem para entrar.

— Não exatamente. Eu moro aqui do lado.

— O Neitan nunca me contou - parecia pensativo.

— É porque me mudei na sexta - eu disse e vendo o Neit aparecer com um sorriso no rosto ao me ver.

— Oi amor - me deu um selinho. Fiquei assustada e olhei para o Nick.

— Calma - Nick sorriu - não ligo mais pra isso, relaxa.

— Sei - abracei o Neit ainda com medo e ele depositou um beijo na minha testa.

— Foi a sua proposta, pelo menos eu cumpro com a minha parte - se gabou. Bufei.

— Quase me matando, super normal, claro.

— Não foi a intenção. Só queria que cumprisse com a sua palavra e foi o único jeito que encontrei - não aguentei as palavras dele. Dei um selinho no Neit e fui até a porta.

— Depois a gente conversa, Neitan. Sua casa não está com um ar muito bom - sai e o Nick segurou o meu braço.

— Podia fingir estar feliz em me ver.

— Não consigo ser duas caras, desculpa - dei as costas e ouvi a risada do Neitan.

— Ela continua linda - pude ouvir Nick dizer enquanto caminhava até a minha casa.

— Cala a boca - Neitan empurrou-o de lado e os dois riram.

Esse meu destino está de brincadeira comigo, viu. O Nick nunca visita o irmão e justo quando nós voltamos, ele resolve aparecer. Parecia tão mudado, como se fosse outra pessoa. Eu deveria acreditar nele assim como o Neitan?


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Notas finais do capítulo

Não sei se ficou muito bom.. Acho que ficou um pouco grande e sem muitas emoções mas importante para os próximos acontecimentos, o que acharam? A partir do próximo capítulo as coisas complicam de novo e a fic já entra na reta final, sim! Eu sou péssima para escrever enredos muito longos kk então prefiro não prolongar muito.. É isso ai! Deixa um review pra autora? *-*



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