Learning To Love escrita por Maniper


Capítulo 7
Capítulo O7. Está comigo, isso que importa


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, eu sei que sumi mas não me matem! Tenho explicações...

Fiz uma cirurgia na boca e fiquei super mal porque fiquei com um buraco(ainda estou) pois os pontos não pegam ;s me afastei de tudo por um tempo, a dor era meio tensa mas agora já estou melhor. Também era a última semana de aula e uma correria mais ou menos.

Dia 23 foi o meu aniversário(aceito recomendações como presente haha brincadeira, mas é sempre bom :).. Prestei vestibular nos dias 22/06 e 23/06(brasileiros-mineiros de plantão, estive em Uberlândia), viajei 21/06 e voltei só 24/06 e não tinha internet u.u UFU logo será minha casa também, estou batalhando por isso.

Sejam bem-vindos os novos leitores, fantasmas deixem um oi pra tia *-*

Boa leitura!



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Depois de uma longa conversa com a minha mãe, descobri que estava mais confusa do que imaginava. Ela sabia que eu me importava mais com o que o Neitan pensaria de mim do que o Nick e isso me fazia refletir muito.

— Perguntas sem respostas? - mamãe perguntou assim que apareci na cozinha, ela havia me chamado para almoçar.

— Nem - menti.

— Sei - ela sorriu e eu coloquei o meu óculos de sol, peguei a chave do carro e a minha bolsa - não vai almoçar?

— Estou sem fome - despedi dela depositando um beijo em seu rosto.

— Manda um beijo pra ele - disse com um sorriso maroto. Por que ela sempre sabia o que eu ia fazer?

Estava precisando pensar, tinha chegado uma carta pra mim pela manhã e fiquei muito surpresa ao ler. Aceita em medicina veterinária em Harvard, ninguém sabia, minha mãe nunca pega as cartas então isso ficou mais fácil de omitir, a minha entrevista com eles foi há 3 semanas.

Quando parei o carro em frente a uma casa que eu já conhecia bem, alguma coisa dentro de mim tentou me frear, mas eu fui persistente, tinha que conversar com ele, por mais que fosse um desastre. Olhei para o jardim e parecia menos convidativo que o normal. A garagem estava só com a moto do Neitan e eu me perguntei se era uma mãozinha do destino. Andei em direção a porta e toquei a campainha, não demorou muito para que alguém atendesse e levantei o óculos de sol ao ver Nanda me encarando com um sorriso no rosto.

— O que você fez com os meus gêmeos, hein? - brincou e eu soltei um sorriso amarelo, aquilo não era nem um pouco engraçado.

— Achei que o Neitan estava sozinho - mordi o lábio inferior e ela ainda sorria.

— Já estou de saída, esperando o Jake - eles estavam saindo há alguns dias, formavam um casal fofo.

— Estudando? - perguntei me referindo ao Neitan e ela assentiu, logo vi o carro do Jake estacionar em frente a casa.

— No chão da sala, boa sorte - me desejou indo até o carro.

— Bom passeio - acenei e ela retribuiu.

Entrei na porta e aquele lugar não parecia mais tão acolhedor como antes. Assim que cruzei a copa, pude vê-lo sentado no chão com alguns livros e fazia algumas anotações no caderno. Estava de óculos, sem camisa e um samba canção azul marinho sem estampa. Quando parei ao lado dele, senti o olhar subir aos poucos e arqueou a sobrancelha quando teve a certeza que era eu.

— O Nick foi pro treino - disse voltando a fazer as anotações, estava me ignorando e eu suspirei.

— Eu não vim por causa dele - Neitan mexeu a boca de um jeito engraçado e não pude deixar de sorrir, ele percebeu e me acompanhou.

— Então o que faz aqui? - perguntou se levantando. Fiquei paralisada alguns minutos olhando seu corpo escultural e depois encarei aqueles olhos que me faziam ficar abobada.

— Me desculpa - pedi e o olhar dele ficou triste, assim como o meu - eu não devia ter feito pouco caso dos seus sentimentos. Estava tão nervosa porque o Nick tinha mentido pra mim que acabei descontando em você, que só tentou me proteger.

— Tudo bem, eu já sabia que você era a garota do coração de gelo - sorriu e eu franzi o cenho - as vezes, nossos pais acabam com a gente, não é?

— Como sabe sobre isso? - perguntei e ele sorriu.

— Eu me informei - disse sem graça - a Lily é sua amiga mas é minha também.

Ah, estava explicado, mato ela depois.

— Interessado, pugilista? - imitei ele quando nos conhecemos, Neitan lembrou e riu.

— Muito - ficou sério de repente e começou a vir na minha direção, só dele chegar perto de mim, me senti arrepiar.

— Posso contar mais sobre mim - disse me afastando um pouco e ele percebendo isso, parou.

— Vai ser um prazer - sorriu e voltou a sentar no chão, sentei ao lado dele e quando percebi que tinha sentado em cima de um papel, puxei e vi a logo de Harvard. Neitan fez careta e eu ri - recebi hoje de manhã.

— Eu também - sorri e abri a minha bolsa, tirei a minha carta e entreguei a ele. Abri a dele e li, aceito em medicina, o curso mais concorrido da história, não contive um sorriso e ele sorria ao ler a minha - acho que vai ter me aguentar por mais alguns anos, médico.

— Aguento por quanto tempo você quiser, veterinária - disse com um sorriso de lado e eu parei de sorrir ao ouvir aquelas palavras. Por mais que eu gostasse muito dele, não podia fazer aquilo, o Nick havia me traído mas eu não era assim.

— Neit - suspirei e desviei do olhar dele.

— Por quê? - perguntou com a voz baixa.

— Você viu o que aconteceu com o seu irmão, não dá certo, talvez eu curta mulheres - franzi o cenho com a minha fala e ele gargalhou.

— Não curte mulheres, não desse jeito.

— Como pode ter tanta certeza? - fiz biquinho e ele me deu um selinho rápido, olhou nos meus olhos e tocou meus lábios com o polegar direito, me puxou pra mais perto dele e selava os nossos lábios com carinho, senti a língua dele pedindo passagem e não resisti, cedi e demos início a um beijo calmo, parecia que estávamos esperando por aquilo há tanto tempo. Quando não conseguíamos mais respirar, Neit nos separou com um longo selinho. Fiquei sem reação e Neitan parecia gostar da situação.

— Se curtisse, não ficaria assim - respondeu e logo apressou em se defender quando viu a minha expressão ficar séria - você pediu, para vai.

— Eu pedi? - ainda estava séria e ele balançou a cabeça.

— Foi modo de dizer - ficou constrangido, eu ri.

— Eu entendi.

Ficamos em silêncio por longos minutos e fiquei fitando o teto, mas o olhar dele estava em mim, eu sentia.

— Acho que eu já vou - disse me levantando.

— Estamos bem? - Neitan perguntou me acompanhando até a porta, andamos em silêncio até o meu carro. Dei um beijo demorado na bochecha dele e ele não se contentou, me puxou dando um selinho.

— Por que fez isso? - perguntei e provavelmente estava mais do que corada.

— Você não me daria outra oportunidade - respondeu e sorriu, logo aquele Neitan que eu gostava tanto desapareceu, sua expressão ficou séria e ele tentou me levar de volta para casa.

— Depois ainda diz que não tem um caso, sério? - ouvi a voz do Nick e senti que aquilo não ia acabar bem.

— E não temos - Neitan disse e abriu a porta do carro para mim.

— Vocês se merecem - olhei para o Nick e ele aparentava estar triste - ele é sempre o melhor mesmo.

— Espera aí - eu disse não aguentando ouvir aquilo, por mais que o Neit fosse metido e se gabava por pegar todas garotas, era também uma boa pessoa - quem me traiu foi você, então não tenta jogar a culpa em nós, Nick, não vai rolar.

— É o que vamos ver, Kamilla Andrews - praguejou entre dentes, o vi desaparecer com o carro em direção a garagem.

— Não devia ter feito isso - Neitan fitava o chão, toquei o rosto dele com a minha mão direita e ele fechou os olhos.

— Como assim? - perguntei e dessa vez ele olhava nos meus olhos.

— Não é nada - deu um sorriso forçado - te vejo amanhã então.

— Ah - tentei ver os olhos dele mas ele estava evitando - tudo bem, até amanhã.

— Linda - disse no meu ouvido antes de me dar um beijo demorado e delicado na bochecha.

Entrei no carro ainda boba com o efeito dele e tentei pensar em como ou o quanto ele conseguia ser perfeito. Talvez eu fosse uma cretina por ter ficado com os dois, mas acho que a vida é mais do que engraçada, apesar do nosso beijo, aquilo não significava nada, afinal, foi só um beijo, certo?

Quando cheguei em casa, mamãe estava assistindo televisão e sorriu quando me viu tocar a boca com os olhos fechados, fazia aquilo de 5 em 5 minutos involuntariamente, ainda podia sentir os lábios macios dele.

— Opa, acho que provou do melhor hoje - minha mãe brincou. Fechei a cara, sabendo que o que eu tinha feito era sacanagem com o Nick, não sou dessas de devolver na mesma moeda.

— É errado - disse mais pra mim do que pra ela.

— Jura? E quem tem controle sobre o coração?

— Eu nem sei do que está falando.

— Filha, sei que eu e o seu pai não fomos um casal exemplo pra você mas pessoas boas existem, alguns relacionamentos dão certo, independentemente de quem seja. Nada importa quando amamos, não há barreiras ou estraga prazeres que irão conseguir destruir isso - ela disse com um olhar distante. Balancei a cabeça, ouvir aquelas palavras não tinha nada a ver, eu nem o amo.

— Mãe, eu sei o que faço, fica tranquila - subi alguns degraus da escada mas ainda escutei ela gritando:

— Devia ligar para o seu pai, você sempre escuta mais ele mesmo.

Não a respondi, mas era verdade, eu o escutava mais porque sabia ser frio.

Deitei na minha cama e joguei a bolsa pro lado. Fechei os olhos e desejei sumir por alguns minutos. Não demorou muito para que o rosto dele viesse e um sorriso aparecesse no meu rosto. O que as pessoas diriam se soubessem que sou louca por aquele garoto mimado? Deus, eu pensei mesmo isso? Acho que estou ficando maluca.

Levantei e tomei um banho rápido, corri até a cozinha porque o ronco da minha barriga era assustador, não tinha comido nada além do café da manhã. Precisava conversar com alguém, quando peguei o meu iPhone, vi que tinha uma mensagem de Pugilista.

"Sua carta de admissão em Harvard está aqui. Se estiver interessada em pegá-la, me encontre na Only Black Fighters, ás 20h. Tenho uma luta, se eu ganhar, dedico pra você e em troca, quero que saia pra comer alguma coisa comigo depois. É pressão demais? Haha."

Bufei mas não consegui deixar de esconder um sorriso, eu iria vê-lo mais uma vez hoje. Olhei no relógio e era 18h, comi rápido e subi pra me arrumar. Antes, respondi: "E se não ganhar?"

Não demorou muito para que meu celular tocasse, ele estava me ligando.

— Dúvida que eu vá ganhar? Sério? - a voz dele era de incredulidade.

— Nossa como você é modesto, me assusta as vezes, Neitan - respondi sem vontade e ele riu.

— Qual é, estou brincando, sabe que sou engraçado - ele tinha razão, era mesmo - mas então, leve a Lily caso algo dê errado.

— Vai dar?

— É claro que não. Mania de duvidar, me irrita.

— Mania de se achar o bom, me faz arrepender de certas coisas - eu disse baixinho mas acho que ele conseguiu ouvir porque suspirou pesadamente.

— Me desculpa, tudo bem? Sei que sou um idiota, mas eu estou tentando, não precisa ficar jogando isso na minha cara toda hora - Neitan estava, chateado?

— Pensei que tinha dito que sou a garota do coração de gelo.

— O que? Não, eu estava brincando. Sei que não é assim.

Ficamos em silêncio alguns segundos, ele tinha razão. Eu era de gelo.

— Desculpa - dissemos juntos e depois rimos.

— Te encontro daqui a pouco então? - perguntei.

— Sim. Espera, você já está pronta?

— Só preciso me trocar, por quê?

— Vou te pegar em 10 minutos - disse e eu fiquei o teto.

— Eu tenho carro, sabia?

— É só uma carona, não vou matar você, além do mais, é caminho. Até daqui a pouco - não consegui responder, ele desligou antes que eu pudesse contestar. Mandão.

Coloquei uma calça jeans escura, um pouco agarrada, camisa 3/4 vermelha com decote, sapatilha branca, assim como a minha bolsa que peguei no cabide e taquei literalmente todos os meus documentos lá dentro. Corri para fazer uma maquiagem rápida e enquanto a fazia, mandei mensagem para Lily que nem pensou em não aceitar, só não contei que eu estava indo com o Neitan, ela iria pirar se soubesse.

Passei no quarto da minha mãe, avisando que ia sair e não tinha horas pra voltar mas que não seria muito tarde.

— Juízo, querida - falou em forma de sermão, mas não fazia parte do discurso dela.

— Estou tomando os remédios certinho, relaxa - pisquei e ela fechou a cara - ei, estou brincando, cadê o seu senso de humor? Acho que Jonny não está dando conta do recado.

— Não brinca com isso - ela sorriu de lado - já faz um tempo que não fazemos nada, nossos horários não está ajudando em nada.

— Bom, acho que hoje é o dia então - dei passagem quando vi Jonny aparecer atras de mim, ele tinha a chave de casa - divirtam-se! Ah, ela gosta de sexo selvagem. Fica a dica.

— É mesmo? - Jonny franziu o cenho.

— Kamilla Andrews! - gritou mamãe. Eu e Jonny rimos e logo ouvi uma buzina.

— Acho que já vou. Falei sério quando disse sobre o sexo - mandei um beijo no ar e corri para não ser acertada por uma almofada.

Eu amava ver os dois juntos, eram tão fofos. Lembrei que Neitan havia feito algo muito chato. Tranquei a porta da frente, coloquei a chave de casa na bolsa e encarei-o. Estava perfeito com uma jaqueta de couro marrom, calça jeans azul clara e uma camisa verde clara por baixo, nos pés, o seu inseparável oakley marrom claro.

— Que cara é essa? - perguntou Neitan me passando um capacete.

— Não sou puta, sabia?

— Eu disse isso alguma vez? - estava confuso e segurei um sorriso de satisfação.

— Só se buzina para idiotas no trânsito e putas - ri sem humor e ele abriu um largo sorriso.

— Ah, acho que esqueci de dizer que não me chamo Nick - franziu o cenho - desculpa por estragar suas expectativas do nosso primeiro encontro.

— Encontro? - sorri e Neitan me deu um selinho demorado. Senti o chão sumir embaixo de mim.

— Sim. Não sou muito delicado, eu acho. Desculpa por isso também - deu outro sorriso e dei um beijo em seu rosto.

— Faça valer a pena, senhor Neitan - brinquei.

— Com prazer - me respondeu e subimos na moto. Coloquei o capacete e Neit dirigiu sem pressa até a academia, estava um pouco cheia e notei a presença de alguns repórteres.

— Que ótimo. Me trouxe para um lugar onde quase ninguém vai perceber que estamos juntos. Tão esperto da sua parte - ironizei a situação.

Neitan estacionou a moto, tirou o capacete e tocou o meu rosto assim que fiz o mesmo.

— Olha, eu nunca fiz isso, se quiser me ajudar, aceito. Mas tudo o que está vendo agora é a coisa que eu mais amo, a luta é tudo pra mim. Sei que não posso viver a vida toda disso por isso quero poder salvar vidas, outra coisa que gosto, mas bater em primeiro lugar - ele estava se abrindo comigo, o mimado, o pugilista idiota estava querendo se abrir comigo - por favor, por mim.

Fitei o céu por algum tempo e acho que para ele era mais uma eternidade. Olhei novamente em volta e pela primeira vez, senti medo de ver as pessoas que eu conhecia. O dia anterior tinha sido tão constrangedor e agora eu aparecer com ele, aquilo só pioraria as coisas. Mas Neit queria estar comigo, pediu isso a mim, eu não podia ser assim tão covarde.

— Tudo bem. Se é importante pra você, também é pra mim - ele assentiu. Tirou a jaqueta de couro e colocou em mim, sorri em resposta. Entrelaçamos os dedos e caminhamos em direção a entrada.

— Os ingressos, por favor - um segurança disse e Neit fez careta. Mostrou a credencial - ah, predador, pode entrar, mas ela não.

— Como? - Neitan arqueou a sobrancelha - ela é minha convidada e tem um lugar reservado no camarote.

— Entrem - rendeu-se.

— Você é manipulador, tenho medo - apertei a mão dele e o mesmo riu.

— Ainda não viu nada - me mostrou um lugar ao lado do ringue e realmente tinha o meu nome na cadeira - vou me trocar e guardar os capacetes, você vai ficar bem se eu te deixar por uns 20 minutos?

— Acho que - umas garotas me encaravam enquanto ele se esquivava para me ouvir. Selei os nossos lábios demoradamente - agora eu vou.

— Ciumenta - sorriu e depositou um beijo na minha testa. As garotas olharam com raiva e ignorei.

— Achei você! - Lily apareceu do nada me assustando.

— Santo Deus - coloquei a mão no peito - vejo que também está no camarote.

— Não te contei que estava saindo com um carinha daqui? Contei sim - ela fez biquinho e eu dei um meio sorriso como desculpas - tudo bem, fiquei sabendo sobre ontem. Como você está? Espera! Como está na área vip?

— Caramba você não cansa de fazer perguntas - brinquei e ela fingiu incredulidade - estou com o Neitan.

— Quis te divertir, fofo da parte dele - Lily sorriu. Balancei a cabeça.

— Não, Lily. Estamos juntos, não tenho culpa se soou sem ambiguidade - disse sem graça e pude ver um sorriso malicioso nos lábios dela.

— Então é verdade sobre vocês. Meu Deus. Eu amo o Nick, mas ele é certinho demais pra você, amiga, por mais que eu e o Neitan sempre estamos brigando ou na maior parte do tempo pelo menos, ele sabe ser suportável.

— Lily, eu nunca trai o Nick e você sabe disso.

— Eu sei, mas não é o que está rolando por ai. Nick está chateado, não quero nem imaginar o que ele inventou para infernizar vocês - Lily suspirou, assim como eu.

— Amanhã a gente descobre, está legal? Vamos curtir hoje - ela assentiu - olha só, já vai começar.

Fiquei martelando na minha cabeça o quão vingativo o Nick poderia ser, mas uma parte de mim acreditava que ele não era assim. Pensei nisso por longos minutos até ver o Neitan aparecer com um short agarrado de lutador e uma luva fina somente para proteger os dedos. Foi rápido e ele ganhou, virou pra mim e piscou, sussurrou um: pra você. Quase inaudível ao ouvido das pessoas, mas não ao meu. Não contive um enorme sorriso e ele parecia satisfeito.

— Então, aonde vamos? - perguntei quando Neitan já tinha tomado banho e trocado. Ainda estávamos na academia, mas tinha poucas pessoas. Era por volta das 22h.

— Se rendendo assim tão fácil? - senti meu corpo arrepiar ao ouvir a voz dele no meu ouvido.

— Foi o que combinamos, costumo cumprir o que prometo - sorri e ele me beijou de repente, sem pressa. Nossas línguas brincavam lentamente até ouvirmos uma limpada de garganta.

— Treinador Tyler - Neitan sorriu e limpou a boca.

— Ótima luta, predador. Linda garota - corei.

— Obrigado. Essa é a Kamilla Andrews - Neit me apresentou e o treinador sorriu.

— Achei que esse fosse o nome da namorada do seu irmão.

— Ex - eu disse franzindo o cenho.

— O que disse? - perguntou Tyler.

— Sou a ex-namorada do Nick - respondi e aquilo soou tão vergonhoso, mas ele não pareceu se importar.

— Neit vai cuidar bem de você, eu sei disso. Boa noite então, até mais garota do predador - se despediu e logo Lily apareceu.

— Aonde você se meteu? - perguntei.

— Por ai - piscou e pude ver os olhos dela brilhar, estava com o tal garoto.

— Gosto de Mc - eu disse e Neit fez careta.

— Que tal algo saudável? Eu não posso comer isso por causa da dieta - disse sem graça - gosto de Subway.

— Delicioso - sorri e ele retribuíu.

— Eu vou pra casa, vocês precisam desse tempo sozinhos. Amanhã vai ser um inferno - Lily tinha razão. Eu estava com medo do que ia acontecer.

— Não vai ser - Neitan disse olhando para o chão.

— Duvido muito - Lily não estava ajudando em nada, percebeu as nossas caras - me desculpem, mas agora é diferente pra você também Neitan, porque a ama. Nick sabe disso e não gosta nada dessa situação, falei com ele mais cedo, não parecia feliz.

— Eu sei, mas não vou deixar que faça mal à ela - eles conversavam como se eu não estivesse lá.

— Estou aqui, sabiam? - me intrometi.

— Até amanhã - Lily acenou e me deixou falando sozinha.

— Ela está certa - Neitan caminhou comigo até a moto e eu devolvi a jaqueta pra ele.

— Não vai estragar o nosso encontro, vai? - finalmente consegui fazê-lo sorrir.

— Claro que não - beijou minha testa e ele dirigiu até o Subway mais perto. Nos alimentamos e ficamos conversando sobre tudo. Neitan realmente amava lutar mais do que qualquer coisa e pra minha infelicidade, eu tinha que admitir, amava mais do que a mim.

— Eu te pego amanhã - Neit disse quando me deixou em casa.

— Não precisa, Neitan.

— Por favor, não quero que você escute coisas ruins - suplicou e me rendi.

— Tudo bem, estarei pronta as 6h40 em ponto.

— Estarei aqui - me deu um beijo rápido e depois me abraçou.

— Se lembrar, toque a campainha - pedi e Neitan fez biquinho - é tão difícil assim?

— Teria que nascer de novo - admitiu - mas vou tentar.

— Muito obrigada - roubei um selinho dele que mais uma vez, me puxou para um beijo rápido - devagar, pugilista, eu sou sua agora, lembra? Pode me ter quando quiser.

— Isso foi ambíguo? Porque se foi, agora me sinto torturado - Neitan tinha um sorriso malicioso nos lábios e eu ri - caramba, não faz isso quando eu sorrir desse jeito.

— Desculpa, mas dessa vez não foi ambíguo. Você vai saber quando for - fui sincera e ele não pareceu se incomodar.

— Está cedo demais, no mínimo uns dois meses - disse colocando o capacete.

— Exato.

— Até amanhã então - me deu um último abraço e sumiu na rua. Só conseguia ouvir o ronco de sua moto que me fazia sorrir involuntariamente.

Nem me lembro quanto tempo demorei para dormir, mas sonhei com Neitan. Eu estava cansada, com medo de ter feito a coisa errada, mas precisava saber como era estar com ele, todos merecem uma chance e eu me sentia tão completa ao lado dele.

Não tomei banho quando acordei porque tinha tomado antes de dormir e também uma preguiça maior me tomava. Vesti um short jeans branco, era curto mas não me importei, camisa preta gola V sem estampa, blusa de frio grande da GAP cinza, quase cobria o meu short, mas deixava uns 3 dedos a mostra. Por fim, calcei o meu converse de couro branco.

Comi sem pressa e depois escovei os dentes. Mamãe já tinha ido trabalhar e não sabia se aquilo era bom ou ruim, mas gostava de estar sozinha as vezes. Peguei a minha mochila e me surpreendi ao ouvir a campainha. Abri a porta e só não babei porque seria vergonhoso demais.

Neitan estava lindo, com um supra azul escuro no pé, quase se camuflava com a calça jeans, blusa de frio preta do time de futebol da escola, óculos de sol e mochila nas costas.

— Ual, aprendeu rápido - selei os nossos lábios.

— O que você não faz comigo - sorriu de lado.

— Já tomou café?

— Não, eu compro um donut na escola, sem problemas - parecia distante.

— Está tudo bem? - perguntei preocupada.

— Tudo sim - cerrou os lábios e tirou os óculos, pude ver um roxo envolta de seu olho esquerdo e suspirei.

— O que aconteceu?

— Nada demais. Não posso brigar fora da academia - deu de ombros.

— E vai apanhar só por causa disso? - eu estava irritada.

— Qual foi a parte do nada demais que você não entendeu? - mau humor matinal. Que beleza.

— Não, eu só - ele me interrompeu.

— Vamos logo.

Peguei o capacete e coloquei ainda um pouco contra a minha vontade. Ele foi grosso comigo, não era justo. Eu o tratara bem. Chegamos na escola e logo notei as pessoas cochichando e olhando para nós.

— Desculpa - Neitan disse de repente e nós ficamos parados no estacionamento - eu só não entendo porque dói tanto nele me ver feliz.

— Deixa pra lá - pedi - ele vai se acostumar.

— Talvez tenha razão - sorriu e colocou o óculos de novo.

Caminhamos de mãos dadas e ignorei os olhares. Milhares de garotas queriam me matar, eu sentia isso mas nada me importava. Ele estava comigo, do meu lado e eu sabia que não me deixaria sozinha.

— Hoje vai ser um dia daqueles - Neitan disse entrando na sala comigo. Tínhamos aula de arte juntos.

— Nem me fale, até treinei algumas falas - brinquei e Neit riu sem humor.

— Estou louco pra ouvir - disse no meu ouvido quando sentamos.

— Vai ter o dia todo pra isso - sorri e selamos os nossos lábios.

— Eu te amo - Neit disse no meu ouvido e eu sorri, mas não respondi nada - garota do coração de gelo.

— Pois é - dei de ombros e rimos baixinho para que o professor não chamasse a nossa atenção.

Eu estava feliz, Neitan também, mas alguma coisa me alertava que aquilo não acabaria bem. Ignorei os pensamentos ruins e encarei aqueles olhos verdes pela milésima vez só naquela manhã, eu não me cansaria nunca daquilo, não tinha como cansar.


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Notas finais do capítulo

Bom, é isso! Vou atualizar com mais frequência agora porque estou de "férias" *-* haha deixem review pra tia aqui, please! Beijos, leitores lindos s2s2