Acordei as 9h e olhei automaticamente para baixo, eu ainda estava deitada no peito do Nick que dormia tranquilamente. Levantei sem fazer barulho e coloquei a mesma roupa da noite anterior, já que estava de pijama. Penteei o cabelo, fazendo um rabo de cavalo, fiz minha higiene matinal e encostei a porta, Nick acordaria tarde.

— Olha só quem está de volta! - Kyle disse quando me viu. Meu irmão do meio. Cabelos castanhos claro, olhos negros, um pouco mais alto que eu, estiloso.

— De volta as raízes - sorri enquanto chegava perto dele. Logo levantou da mesa e me abraçou.

— Saudades, nerd - deu um tapa na minha cabeça.

— Também te amo - eu disse rindo e beliscando ele.

— Amor demais - ele revirou os olhos. Ainda estava tomando café e eu fiz o mesmo.

— Então, cadê a barbie? - perguntei tomando um pouco de leite e passando manteiga no pão caseiro. Kyle riu.

— Na casa dela, vai ter uma festa hoje e você vai com a gente - disse autoritário. Eu dei uma risada abafada e negando com a cabeça.

— Com a gente?

— Sim - ele apontou para algo atrás de mim. Virei e vi Kenedy coçando a cabeça e logo sorrindo ao me ver.

— Aô, a cowgirl está de volta - veio até mim e nos abraçamos.

— Feriado - dei com a língua e eles riram.

— E essa aliança aí? - perguntou Kenedy. Ele era alto, tinha a altura do Nick, moreno, olhos castanhos claro.

— Namorado novo - sorri.

— Até que enfim alguém que não é do sítio - Kyle brincou e nós rimos.

— Pois é, ainda está dormindo - eu disse.

— Típico de cidade grande - Kenedy sorriu e sentou do meu lado - logo vamos conhecer o sortudo então.

— Sim.

Conversamos bastante, sobre as faculdades, Kenedy estava no 5º ano de engenharia civil e Kyle no 2º ano de direito. Depois fomos jogar x-box 360, como sempre fazíamos depois do café.

— Você anda treinando, não é possível - Kyle disse quando eu ganhei pela 5ª vez dele no Mortal Kombat. Já era 11h.

— Eu não, você que é pato - Eu e Kenedy rimos.

— Concordo - Kenedy ainda ria e pegou o controle de Kyle.

— Que horas vocês chegaram? - perguntei.

— Era umas 8h mais ou menos - Kyle respondeu - dormimos cedo para aproveitar o dia com você.

— Ah, seus lindos - eu disse colocando um braço em cada, demos um abraço triplo. Meus irmãos me faziam muito bem.

— Princesinha - Kenedy disse apertando as minhas bochechas. Reclamei que tinha apertado muito forte e começamos uma guerra com as almofadas do sofá, que não eram pequenas. Paramos para rir e acabei levando uma almofadada na cara. Enquanto os dois riam eu levantei com dificuldade.

— Agora vocês vão ver - disse, quando eu ia partir para os socos, ouvi alguém rindo.

— Você não vai fazer isso, não é? - Nick me encarava com um sorriso maroto no rosto.

— Oi amor - sorri sem graça e levei outra almofadada - Kenedy!

— O que? Você ia me bater - ele fez cara de medo e nós rimos.

— Gente, esse é o Nick - cheguei perto dele colando os nossos lábios - aquele é o Kyle, e esse chato é o Kenedy.

— Prazer, Nick - meus irmãos disseram juntos e vi os dois correrem em direção a um vaso verde na sala. Eu só ria. Kenedy pegou primeiro.

— Há! Que dia você me dá sorte? - perguntou Kenedy com ar de vencedor. Nick soltou uma risada abafada.

— Eles são sempre assim? - Nick falou baixinho no meu ouvido.

— Sempre - respondi rindo.

— Hoje - Kyle disse emburrado e sentando no sofá.

Levei Nick para tomar café e perguntei se tinha dormido bem.

— De mais - sorriso malicioso.

— Gostou? - perguntei com a sobrancelha arqueada.

— Me mata, novinha - respondeu mordendo o lábio inferior. Nós rimos e depois que ele comeu, voltamos para a sala.

— E ai, patos - saudei os dois que ainda jogavam.

— Engraçadinha - Kyle disse dando o controle para o Nick, que franziu o cenho.

— Você joga? - Kenedy adorava competições.

— Não muito bem, prefiro futebol - Nick disse sem graça.

— Sério? - Kyle estava com os olhos brilhando.

— Capitão Dylan - eu disse e fingi estar tossindo. Eles riram.

— Sem caipiras - Kenedy disse e Kyle assentiu dizendo:

— Nada de caipiras.

Ficamos jogando até papai chegar da cidade para almoçarmos. Nós brincamos com ele dizendo que a noite tinha sido boa e o mesmo concordou. A empregada tinha chegado as 12h e preparou o almoço.

O dia foi muito divertido e Nick estava se dando muito bem com os meus irmãos. Quando deu 17h fomos nos arrumar para a tal festa e eu fiz cara de tédio porque não queria ir.

— Vai ser divertido - Kenedy disse tentando me animar.

— Barbies - fingi vômito e ele riu - ricos metidos.

— Concordo, mas também tem os seus colegas da escola, anime-se - ele saiu do quarto e eu sentei na cama.

Me dei por vencida e abri a minha mala a procura de uma roupa, eu não tinha muita opção já que nem passou pela minha cabeça em ir em alguma festa. Tirei o único vestido melhorzinho que tinha na mala, era branco de renda, tomara-que-caia, ia até um pouco a cima do joelho, não era vulgar, peguei a jaqueta preta e dei graças a Deus por ela estar lá e também o único salto, era uma sandália preta cheia de pedrinhas brilhantes. Enquanto colocava a roupa em cima da cama, para ter certeza que usaria aquilo mesmo, alguém me abraçou por trás.

Podia ficar naquela posição por dias e não me importaria. Nick distribuía beijos pelo meu pescoço me fazendo arrepiar e eu sorri ao sentir os lábios dele no lóbulo da minha orelha.

— Você não quer ir, não é? - disse me soltando e sentou-se na cama.

— Não, mas eles vão ficar chateados se eu não for, conheço bem - sorri fraquinho e acabei sentando ao lado dele.

— Se quiser, eu posso convencer eles, dizendo que ainda estamos cansados da viagem - Nick era tão preocupado. Eu sorri.

— Lindo, não precisa e outra, meus irmãos sabem que eu não canso com viagens longas - levantei e fiquei de frente para ele - vou até ver uma parte do pessoal da escola.

— Você que sabe - Nick me puxou para um beijo, logo fazendo com que eu sentasse em seu colo. Foi ficando rápido e eu já sabia no que iria dar, sorri entre o beijo.

— Desculpa - ele pediu rápido demais, me fazendo rir.

— Só não é hora - beijei a bochecha dele - vou tomar um banho.

— Vai lá.

Tomei um banho rápido, nem lavei o cabelo, já estava liso. Sai do banheiro passando os meus hidratantes, logo me deparei com o Nick deitado na cama com um sorriso no rosto ao me ver apenas de toalha, ele assobiou.

— Quase perfeita - disse sentando na cama e eu soltei o cabelo.

— Quase? - arqueei a sobrancelha direita e ele envolveu os braços na minha cintura.

— Essa toalha está atrapalhando - sorriu e eu balancei a cabeça. Sentei no colo dele e tirei a toalha, deixando o meu corpo nu exposto.

— Ah caralho, você é perfeita - Nick estava com a respiração pesada e mantinha os braços ao lado do corpo - acho melhor eu ir tomar banho.

Eu ri e Nick foi correndo para o banheiro. Me troquei e comecei a fazer a maquiagem, quando estava acabando, ele saiu do banheiro já vestido, estava lindo. Usava uma calça jeans clara, sapatênis branco com duas listras azuis, camisa gola V que demarcava os músculos dele, na cor salmão.

— Nossa, tomara que você ainda volte para cá comigo - eu disse brincando e ele revirou os olhos, tirou um pouco de água do cabelo loiro e arrepiou para cima.

— Até parece - se jogou na cama - é mais fácil eu voltar sozinho.

— Jamais - nós rimos. Terminei a maquiagem e Nick sorriu quando me juntei a ele na cama.

Ficamos em silêncio, encarando o teto do meu antigo quarto. Olhei na cabeceira ao lado da minha cama e pude ver que era 18h37, logo estaríamos indo para a tal festa.

— Obrigado - Nick disse de repente e eu olhei para ele confusa.

— Pelo o que?

— Por me fazer dar valor a alguém de verdade, eu nunca tinha sentido isso antes - sorriu e eu retribuí. Claro que deu um frio na barriga, se ele dissesse um "eu te amo", eu congelaria e infelizmente não seria recíproco, não que eu não gostasse do Nick, mas não sabia o que era amar alguém desse modo e nunca brinquei com os sentimentos dos outros.

— Ah Nick, obrigada por ser o meu melhor amigo - ele deu um sorriso de lado e assentiu como se quisesse dizer: tudo bem, eu entendi, está cedo demais para falar sobre isso.

Saímos da fazenda as 19h. Kenedy tinha razão, foi divertido e revi os meus antigos colegas, parecia que eu nunca tinha ido embora, senti falta dos momentos caipiras ao lado deles.

— Soube que vai ganhar uma ferrari esse ano se passar no vestibular, cowgirl - disse Lion quando estávamos em uma rodinha na festa. Ele era o meu companheiro de classe na escola. Moreno, cabelos castanhos e olhos pretos.

— Quem me dera - todos da rodinha riram. O que não deixava de ser verdade, já que os meus irmão tinham ferrari porque ganharam quando passaram no vestibular, mas eu amava tanto o meu Jetta.

O resto da festa foi só dança e bebidas. Lauren brincou comigo quando comentou sobre o Nick:

— Caramba, se todos de Dallas são perfeitos assim, é bom que na sua casa tenha um quarto a mais - minha amiga de longa data, era loira, baixinha e tinha olhos verdes.

— Boba - dei um empurrãozinho nela - mas o Nick é incrível mesmo.

A única coisa que foi chata é que encontramos o Travor lá e pra variar, ele estava bêbado, deu trabalho e quase bateu no Nick. Fiquei super chateada e pedi para ele ir embora.

— Eu te amo, Kamilla, você não entende? - Travor disse quando eu e Kenedy levamos ele para sua casa.

— Entendo, mas para o seu bem, você vai tomar um banho e dormir, isso passa - respondi sem vontade, mas por dentro eu estava triste por vê-lo daquele jeito.

Voltamos para a festa e fomos embora as 2h da manhã porque as festas de lá não acabavam muito tarde. Eu e Nick tivemos outra noite quente e pra falar a verdade, ele estava me deixando viciada naquele corpo.

Tirando a festa no sábado, os outros 2 dias foram normais e só levei Nick para conhecer a cidade, depois recebemos visitas e acabou dormindo muita gente na fazenda. Foi divertido. Quando deu o dia em que íamos embora, na segunda-feira, meus irmãos fizeram uma despedida super fofa.

— Eu amo vocês - eu disse dando o nosso típico abraço triplo.

— Agora, nós que vamos visitar Dallas - Kenedy disse bagunçando meu cabelo.

— Vou cobrar - Nick disse fazendo com que os meus irmãos assentissem.

— Pode deixar, capitão Dylan - nós rimos e acabamos de colocar as malas no carro.

Papai disse que logo eles iriam realmente nos visitar em Dallas, pediu um milhão de vezes para que tomássemos cuidado na estrada e finalmente partimos.

— Ainda bem que dormimos bastante ontem - eu disse dirigindo. O marcador do carro estava mostrando 19° de temperatura e era 20h, com sorte, chegaríamos as 18h em Dallas, já incluindo nesse meio tempo as paradas.

— Sim - ele sorriu e ficamos conversando durante as 5h que dirigi. Trocamos de lugar e quando deu 6h paramos para comer e trocar de lugar. Nick acabou cochilando, quando acordou trocamos de lugar de novo e chegamos antes do esperado. Ele estacionou na minha casa as 17h23 de terça-feira, ainda faltava um dia para o feriado prolongado acabar, então daria para descansar bastante.

Entramos em casa e mamãe tinha deixado um bilhete dizendo que chegaria as 19h. Insisti para que Nick ficasse mas ele disse que voltaria no outro dia, pois precisava descansar e me chamou para almoçar na casa dele, aceitei.

— Até amanhã então, princesa - me deu um beijo lento e separamos com vários selinhos.

— Obrigada por passar o feriado comigo, me diverti muito - disse sem graça, mas eu tinha realmente gostado.

— Eu que agradeço por estar perto de mim - sorriu e entrou no carro. Fiquei observando ele se afastar.

Mamãe chegou as 19h em ponto, eu já havia tomado banho então ela me bombardeou de perguntas. Eu respondi tudo sem pressa alguma, sabia como era curiosa. Mandei as lembranças dos meus irmãos e os olhos se encheram de lágrimas, mostrei algumas fotos que havíamos tirado.

— Sinto falta deles - mamãe sorria ao ver a câmera.

— Eles também sentem a sua, mãe - abracei-a e fomos jantar. Tinha macarronada, eu já disse que sou viciada nisso? Pois então, sou apaixonada por macarronada.

Me deitei e acho que nem era 22h, apaguei facilmente. Levantei e levei um susto quando vi Nick em pé na porta do meu quarto.

— Santo Deus! Quase me mata - cocei o olho direito, ouvi a risada abafada dele.

— Não foi a intenção, me desculpe - sorriu e desceu para me esperar.

Tomei um banho, lavando o meu cabelo. Vesti um short jeans preto curto, camisa regata verde com um cintinho preto, sapatilha verde.

— Vamos? - chamei-o quando cheguei na sala.

— Claro - sorriu e fomos até a casa dele. Eu já tinha ido várias vezes lá, mas nunca como namorada dele, só era a amiga.

Descemos do carro e caminhamos pelo enorme jardim que eles tinham. Fiquei surpresa ao ver a kawasaki do Neitan estacionada perto da piscina, ele só voltaria daqui 1 mês.

A casa não era muito grande, toda pintada de branca, porta de entrada mediana. Entramos e logo avistei Nanda vindo em nossa direção.

— Oi cunhada - disse toda sorridente e logo correndo para as escadas. Tenho certeza que eu estava corada.

— Que vergonha - afundei o rosto no peito do Nick.

— Relaxa - fez cafuné na minha cabeça por alguns minutos.

— Está de brincadeira! - ouvi alguém dizer atras de nós. Mas eu sabia de quem era aquela voz, mesmo tanto tempo sem ouvi-lá, reconheceria em qualquer lugar - você que é a minha cunhada?

Me virei um pouco sem jeito e me segurei para não babar. Neitan estava mais lindo do que eu me lembrava. Apesar de Nick e ele serem gêmeos, o estilo de Neitan fazia mais o meu estilo, não reclamando do meu namorado, até porque, isso seria uma sacanagem. Ele estava vestindo uma bermuda de surfista azul, sem camisa e ainda mais definido, agora a barba estava aparecendo, bem aparada mas muito sexy, chinelo havaianas branco no pé.

— Pois é - Nick disse rindo e eu acompanhei.

— Pensei que me deixaria em paz por 5 meses - brinquei e ele sorriu.

— Engraçadinha - Neitan desceu as escadas sem pressa e chegou perto de nós - eu sabia que você estava sentindo a minha falta, então voltei.

Nick riu.

— Ele terminou o tratamento antes do esperado, chegou no dia em que fomos viajar - meu namorado disse e eu não conseguia desviar daqueles olhos verdes que me encaravam curiosamente.

— Sou fora do normal - Neitan brincou.

— Vai nessa - eu disse e fomos cumprimentar os pais do Nick, Sr. e Sra. Dylan, ele moreno, igual os filhos homem(chamava-se Lincon) e ela loira(chamava-se Cris), Nanda era a miniatura da mãe. Loirinha, olhos castanhos, baixinha.

Eu não sabia como agir. Só tinha visto aquele garoto uma vez e sentia que ele tinha algo de diferente, era tão difícil não encará-lo que estava com medo do almoço ser um desastre. Nick notou que eu estava tensa.

— Hey, tudo bem, amor? - perguntou baixinho no meu ouvido.

— Está sim, só pensativa - sorri e quis realmente acreditar nas minhas próprias palavras. E ele estava lá, me encarando e fazendo com que um sorriso bobo aparecesse nos meus lábios. Aquela tarde seria muito longa.