Learning To Love escrita por Maniper


Capítulo 12
Capítulo 12. Em dobro. Sério, Deus?


Notas iniciais do capítulo

Oi meu leitores lindos hahaha passei na Universidade Federal de Uberlândia, pois é rs mas não vou ir, enfim, N motivos.. Estou muito feliz porque não me abandonaram, poxa, muito obrigada, gente!!
EU RECEBI UMA RECOMENDAÇÃO, awn tão linda!! Neoqeav, muito obrigada, séééério, quase chorei, isso me incentivou e muito para postar mais rápido! Amei, amei amei.. Emocionada demais *-*

Boa leitura!



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Cheguei em casa ainda sorrindo pelo romantismo do pai do meu filho, filha, enfim. Eu estava sem saber o que fazer, afinal, tinha sofrido tanto, é difícil apagar isso da noite para o dia, mas quem sabe se ele provar que merece.

Tomei um banho rápido e coloquei um vestido de manga soltinho, que ia até os joelhos. Fui até a geladeira e depois ao armário e me rendi, sabendo que não podia mais adiar as compras. Peguei minha bolsa e a chave do carro.

O caminho até ao supermercado mais próximo foi rápido, o estacionamento estava um pouco cheio. Olhei para a minha barriga enquanto andava até o setor de hortifruti e franzi o cenho ao sentir o vômito vindo. Peguei correndo uma sacola de papelão e vomitei ali mesmo, não tinha o que fazer.

Logo uma mulher, loira e simpática veio ao meu encontro.

— Precisa de ajuda? - perguntou com um sorriso acolhedor.

— Por favor - pedi sem graça ao perceber que as pessoas do setor me encaravam.

— O cheiro do desinfetante está realmente muito forte, eu disse, mas eles nunca me escutam - comentou enquanto me guiava até ao banheiro.

— Trabalha aqui? - perguntei tentando me recompor e senti que outro vômito estava chegando. Enquanto enfiava a cabeça dentro da sacola, a mulher respondia a minha pergunta.

— Sou caixa, estou no horário de janta - disse me estendendo toalhas de papel para eu me lavar.

— Obrigada - agradeci ainda envergonhada.

— Não fique com vergonha - ela riu brevemente - também estou grávida.

Encarei-a um pouco com receio, estava tão na cara assim?

— E não, a sua barriga não está tão grande, se quer saber - ri com as palavras dela.

— Então como sabe? - perguntei terminando de me lavar.

— Mulheres grávidas tem um brilho diferente.

— Não pareço com brilho no momento - fiz com que ela risse - a propósito, sou Kamilla Andrews.

— Temos um fornecedor com esse sobrenome, mas não me recordo no momento - passou a mão em seus cabelos loiros - sou Julie Hall. Eu sei, o nome do meu marido é hilário.

— É o meu pai - me referi ao fornecedor e ela escondeu um sorriso - talvez o nome seja só um pouco diferente - sorri e ela me acompanhou, logo vomitei de novo.

— Já ligou para o seu marido? Namorado? - ela perguntou preocupada. Respirei fundo e peguei o celular, mas disquei o número do Jake, caiu na caixa de mensagem e eu tentei de novo.

— Nós somos separados - respondi e Julie assentiu, um pouco sem graça por ter feito a pergunta - tudo bem, não me incomodo.

— Não, eu que falo demais, me desculpe - pediu.

— Tudo bem - disse e ouvi a voz do Jake no outro lado da linha.

— Por favor que seja algo muito importante, Kamilla, porque estou com a garota mais incrível que já conheci e estávamos, bem, você sabe - ele parecia bem irritado e me arrependi rapidamente por ter ligado.

— Ah, quer saber? Não é nada, pode continuar - ouvi a risada dele do outro lado e ri junto.

— Você um dia ainda vai acabar me matando - disse e desligou.

— Então, ele vem? - Julie olhou para o relógio em seu braço e me olhou como se pedisse desculpas.

— Vem sim - menti.

— Eu preciso ir - ela apontou para fora e eu entendi.

— Está bem, muito obrigada - agradeci e ela desapareceu.

Respirei fundo e antes de sair do banheiro, outro vômito. Fui até o setor onde estava e peguei mais 5 sacolas pra conseguir chegar em casa. Corri até o carro e dirigi com pressa até o apartamento, mas no meio do percurso, tive que parar, não podia segurar aquilo. Estava me sentindo fraca, com sede e tremia muito, mal consegui subir as escadas até o meu andar, isso era hora do elevador quebrar?

Assim que cheguei até ao meu andar, abri a porta desesperada e fui para o banheiro, ficando lá por alguns minutos. Eu precisava ir ao hospital, ou algo pior iria acontecer, já que não podia contar com o Jake, liguei para quem eu menos queria: Neitan. Não demorou muito para que ele atendesse.

— Fico surpreso que ainda tenha o meu número - riu e apenas dei um meio sorriso, minha respiração estava pesada, tinha certeza que dava para perceber pela ligação - está tudo bem?

— Na verdade não - disse com a voz fraca - não paro de vomitar, Neit, não consigo sair do banheiro. Pode vir me ajudar? Por favor.

Ouvi o barulho de chaves e alguém correndo, provavelmente era ele, o alarme do carro e então com a voz um pouco ofegante, ele voltou a falar comigo:

— Não sei onde você mora - Neitan parecia preocupado. Passei o meu endereço e em menos de 15 minutos, ele estava no meu apartamento.

— Precisa ver o sincronismo dos vômitos - ele disse olhando para o relógio - quando foi a última vez que - parou de falar quando enfiei a cabeça dentro da privada.

— Certo, vamos ver quando vai ser o próximo - me pegou no colo e carregou por 7 andares, sem parecer cansado. Colocou o cinto em mim e me estendeu as sacolas que eu tinha pego no supermercado.

— Obrigada - eu disse com uma vontade imensa de esconder o rosto entre as pernas. Que vergonha. Ficamos quase o tempo todo em silêncio, até que ele falou algo.

— Fico feliz por ter me ligado - disse com um sorriso de canto. Retribuí com um pouco de esforço e enfiei a cabeça dentro da sacola - só mais um pouco, prometo.

Percebi que o hospital era perto da universidade e deduzi que era aonde ele tinha começado a fazer estágio e, também o mesmo que eu estava indo desde que descobri da gravidez.

— Consegue andar? - perguntou quando estacionou o carro com pressa.

— Acho que sim - respondi e quando saí do carro, fiquei um pouco tonta. Foi muito rápido, quando abri os olhos, estava nos braços dele.

— É, percebi mesmo - zombou parando na recepção.

— Olá, Neitan. Hoje não é seu dia de folga? - disse uma mulher com um sorriso brincalhão no rosto e então me encarou com curiosidade.

— Estou de folga - Neit riu - vim trazer a princesa que não para de colocar tudo pra fora.

Foi ouvir aquilo me fez arrepiar e me estiquei, e o pior, ele entendeu, me colocando do lado do lixo.

— Ah, entendi - ela disse pegando alguns papeis - já tem formulário?

— Já - respondi um pouco tonta. Fiquei ereta e Neit colocou o braço me envolvendo pela cintura - Kamilla Andrews.

— Tudo bem, pode levá-la pra sala, Neitan - sorriu.

— Vamos ver como está o nosso bebê, linda - ele disse me fazendo sorrir - o que? - perguntou sem graça.

— Nada - respondi sorrindo, provavelmente um pouco corada.

— Nosso? Vai ser pai, deus grego? - perguntou a mulher um pouco decepcionada.

— Vou - Neitan sorriu feito bobo e fiquei feliz por ter visto aquela cena - não é incrível, Heloíse?

— Maluco - ela riu.

Neit me pegou no colo novamente e fiquei em observação por mais de uma hora. Logo os vômitos cessaram e fiz o meu primeiro ultrassom. Aquele líquido gelado me fez arrepiar e o Neitan segurou minha mão quando começou a passar no monitor. Não dava pra ver muita coisa, mas ouvi algo a mais do que deveria.

— Gêmeos - Neitan comentou no meu ouvido com um sorriso nos lábios. Tenho certeza que fiquei mais branca que o normal.

— Gêmeos! - o doutor disse animado, confirmando a fala do Neitan.

— Ai meu Deus - eu disse sentindo lágrimas pela minha face. Se um filho já daria trabalho, imagine dois?

— Não, não chora - ele passou a mão no meu rosto.

— Eu estou perdida - disse tentando controlar a torneira que virou os meus olhos.

— Claro que não - pegou o meu rosto com as duas mãos - nunca vou te abandonar, nunca mais. Eu prometo.

— São tantas promessas, Neitan - sentei quando acabou o ultrassom e finalmente senti a minha barriga ficar quente de novo.

— Olha, estou falando sério. Eu te amo, Kamilla, você não entende? - perguntou sentando ao meu lado.

— É recíproco, Neitan e você sabe disso. Mas se for pra ser, dessa vez eu quero ter certeza - encarei o teto branco e senti a respiração dele no meu pescoço, seguido de um beijo molhado.

— Eu vou te provar isso - disse e sorriu - adoro quando as coisas são complicadas.

— Sei bem - rimos e depois do médico me dar alta, Neitan me pediu para sentar enquanto ia resolver algumas coisas.

— Ei garota, não pode entrar aí - uma moça, de uns 20 e poucos anos disse quando fui à procura do Neit, que estava demorando muito.

— Ah, me desculpe - respondi sem graça - estou procurando uma pessoa. Pode me ajudar?

— Claro - ela sorriu - qual o nome?

— Neitan Dylan - a moça revirou os olhos.

— O gostosão - percebeu que tinha dito em voz alta e eu ri internamente - quer dizer, o novo estagiário?

— Isso, o gostosão - eu disse não conseguindo segurar a risada, ela me acompanhou.

— Está arrumando os horários do estágio - comentou olhando para uma planilha nas mãos - então, você é o que dele? - ela estava com uma curiosidade imensa, dava para perceber no olhar.

— Eu e o Neitan? - perguntei com um sorriso travesso.

— Sim - ela concordou impaciente.

— O que você quer com ela, Gabriela? - Neitan apareceu atrás dela, me fazendo rir.

— Ela perguntou se temos alguma coisa - eu disse brincalhona.

— Casa, carro - Neit levou um pequeno tapa da moça no braço.

— É complicado - olhei para as minhas unhas e senti os braços do Neitan me envolver em um abraço por trás.

— Eu espero que casados - disse com os olhos verdes brilhando. Sorri um pouco sem graça.

— Sortuda! - Gabriela deu um gritinho histérico.

— Vamos ter gêmeos, sabia? - Neitan comentou passando a mão na minha barriga.

— Mas você já vai ser pai? Rapidinho hein - ela riu e tinha um olhar pervertido.

— Éramos noivos quando aconteceu - expliquei e ela sorriu.

— Quem rompeu então?

— Ela - Neit franziu o cenho - levei um fora daqueles, acredita?

— Cala a boca! - eu ri da distorção que ele fez da história.

— Ela estava com os hormônios a mil, entenda isso - rimos - Bom, tenho que ir. Tchau casal - Gabriela desapareceu e ficamos a sós.

— Me leva pra casa? - perguntei com receio.

— Que pergunta - Neitan depositou um beijo em minha testa - claro que vou te levar.

Era muito bom poder sentir firmeza nas pernas de novo. Caminhei sozinha até o carro, com os olhos atentos do Neitan, logo atrás de mim. Entramos em silêncio e eu liguei o som do carro, já achando que era meu.

— Desculpa - pedi quando percebi que tinha feito algo que era costume quando estávamos juntos.

— Imagina - ele sorriu gostando do meu desnorteamento.

— Estou com fome - comentei olhando no relógio do carro, que marcava 21 h. O supermercado já estava fechado. Bufei.

— O que? - perguntou olhando para o semáfaro.

— Eu não consegui fazer compras - ri do desastre que tinha sido nas últimas 2 horas.

— Ah, então era isso o que estava fazendo? - ele acompanhou a minha risada - vamos comer alguma coisa. Vocês precisam se alimentar.

— Pai coruja, sério?

— Muito - Neitan sorriu de lado, me fazendo ficar sem ar. Por favor, para de ser perfeito!

Fomos em um restaurante japonês e me senti muito gorda comendo 3 vezes. O Neitan disse que era normal, já que eu tinha perdido muito com os vômitos, mas a minha consciência continuava pesada.

— Me desculpa por isso - eu disse quando ele entrou no apartamento comigo.

— Não foi nada - Neitan sorriu reparando na decoração - esse lugar tem a sua cara.

— Eu sei - fiquei sem graça - vou tomar um banho.

— Vou esperar.

— Tudo bem se quiser ir - eu disse procurando minha toalha.

— Não até que você durma - ele sentou no sofá da sala e naquele momento, queria muito que fosse parte daquela decoração. Ficava perfeito de qualquer ângulo.

— Enquanto eu tomo banho, você vai na sua casa e - parei de falar com medo da reação dele.

— E? - perguntou arqueando a sobrancelha.

— Seria demais se eu pedisse pra que você passar a noite aqui? - fechei os olhos assim que fiz a pergunta e senti as mãos dele na minha cintura.

— Vai ser um prazer cuidar de vocês - sorriu e rodopiou a chave do carro nos dedos.

— Se quiser ir com o meu carro - pisquei e ele riu fraco.

— Você tem que parar de ser perfeita, sabia? - tocou o meu rosto com a mão direita e apontei para a mesa, mostrando as chaves do carro e do apartamento.

— Pode deixar, eu ligo se acontecer alguma coisa - disse adivinhando as falas dele, que sorriu e saiu, me deixando sozinha.

Tomei um banho e acho que escovei os dentes umas 5 vezes, seguido de enxaguante bucal, até perceber que o gosto do vômito tinha me deixado. Vesti uma calça de moletom larga, com uma camisa enorme, era tudo bem soltinho, gostoso pra dormir, as roupas mais apertadas já estavam me incomodando.

Quando me sentei no sofá para assistir televisão, já era 22h57, acabei adormecendo e acordei as 23h21 com o barulho da porta do apartamento. Levantei ainda sonolenta e olhei a cena com um sorriso: Neitan vestia uma bermuda de surfista, camisa gola V azul e chinelo havaianas branco no pé. Estava com a mochila nas costas e seu jaleco branco nas mãos, segurava uma sacola na mão esquerda.

— Pode colocar as suas coisas no quarto ao lado do banheiro - disse e ele me olhou com um sorriso no rosto.

— Desculpa pela demora - pediu levando as coisas até o quarto e ao voltar, deixou a sacola em cima da mesa - eu trouxe algumas coisas pra você.

— Não precisava - levantei e fui até ele. Meus olhos brilharam ao ver um pote de sorvete sensação, caixa de bombom, barra de chocolate e gomas de mascar cítricas - quer me matar de diabetes? - perguntei fazendo-o rir.

— Sempre que ia na sua casa tinha tudo isso e já que você não conseguiu fazer compras, pelo menos a parte que te acalma está abastecida - ele disse e coçou a cabeça - se importa se eu for me deitar?

— Claro que não - sorri - sei que está cansado, pode ir.

— Tem aula no período da manhã? - ele perguntou com o cenho franzido.

— Essa semana não, está tendo semana acadêmica.

— Pra mim também, mas tenho que trabalhar ás 10 h - suspirou - queria poder ficar mais tempo com você.

— Não se preocupe - toquei o rosto dele - eu vou ficar bem.

— Já perdi tanta coisa - disse encarando os meus olhos, me fazendo perder o chão - mas não suportaria perder você de novo. Eu preciso muito saber, Kamilla - respirou fundo e sussurrou no meu ouvido - Ainda há chance pra nós?

— Neitan - virei o rosto e olhei para a parede branca da cozinha - eu ainda estou tentando processar tudo isso, está bem?

— Só me responda - pediu olhando para o chão.

— Podemos conversar amanhã? - perguntei tocando o rosto dele. Ah! Aquela pele, tão quente.

— Claro - respondeu triste e beijou a minha barriga, depois minha testa, bochecha e por fim selou os seus lábios macios nos meus. As nossas respirações estavam descompassadas só com aquele selinho e, senti as minhas pernas bambearem quando a língua dele pediu passagem, dando início a um beijo calmo e cheio de carinho. Eu sentia muita falta daquele toque, sorri quando terminamos.

— Boa noite - disse sem jeito e ele me roubou mais um selinho.

Antes de me deitar, desliguei a TV e caminhei sorrindo para o quarto. Adormeci rápido mas acordei no meio da noite e não consegui mais dormir, nem vi a hora mas se fosse pra dar um palpite, diria por volta das 3 h. Andei na ponta dos pés até o quarto em o Neitan estava dormindo e a cama de solteiro me pareceu muito convidativa, empurrei-o um pouco para o lado e logo fui envolvida por seus braços, puxei o cobertor e senti os lábios dele perto da minha orelha.

— Você me mata - pude imaginar o sorriso que tinha em seus lábios.

— Neitan.

— Sim? - perguntou enquanto distribuía beijos pelo meu pescoço, me fazendo arrepiar.

— Sempre haverá chance para nós - eu disse e senti ele me apertar mais contra seu corpo.

— Eu amo você - Neitan depositou a mão direita delicadamente sobre a minha barriga e ela permaneceu lá. Sorri com as palavras e naquela noite eu tive a certeza que me arrependeria se não desse outra chance.

Queria que o tempo tivesse parado, que aquele momento só nosso durasse eternamente. Eu não sabia o que pensar ou fazer, mas queria estar com ele, pra sempre.

— Não cansa de fazer isso? - perguntou Neitan para mim quando percebeu que eu estava observando-o trocar de roupa. Mesmo sem treinar há um bom tempo, o corpo dele não deixava de ser perfeito, é fato que tinha emagrecido mas continuava definido e irresistível.

— Nunca - sorri me sentando na cama, quando ia me levantar fui pega de surpresa. Neit me puxou de volta para deitar em seu peito - quanta habilidade - brinquei e ele riu.

— Vai que você resolve não me dar outra oportunidade - passeou os dedos na minha barriga, parando a mão em meu pescoço - nem acredito que te conheço desde os seus 17 anos. Olha a mulher linda que você é agora.

Eu não disse nada, também achava o mesmo dele, com os seus quase 21 anos, parecia já ter vivido muito e pra falar a verdade, já havíamos passado por muitas coisas.

— Isso é um modo educado de me chamar de velha? - fingi incredulidade erguendo um pouco a cabeça para poder encará-lo.

— Você acaba com o romantismo - rimos e logo ele se despediu, dizendo que tinha que trabalhar, já que a família ia crescer.

Fiquei a manhã toda sozinha e quando deu 13h mais ou menos, fui para a universidade, não demorou muito para que eu encontrasse o Jake e viesse me perguntar sobre ontem. Contei todos os acontecimentos à ele.

— Está dizendo que o meu melhor amigo, que também é o seu ex-noivo, quer uma nova chance? - me parou no corredor e parecia irritado - Kamilla, eu também sou seu amigo, mas por favor, faça com que ele te mereça.

— Estou trabalhando nisso - Neitan apareceu do nada, com seu jaleco branco e vários livros na mão. Me cumprimentou com um beijo na bochecha e um aperto de mão em Jake - não vou pisar na bola dessa vez, eu prometo.

— Santo Deus, você acabou de cumprimentá-la com um beijo na bochecha, depois de tudo o que aconteceu a noite? - Jake franziu o cenho - vai ter que trabalhar muito, amigo!

— Como devo te cumprimentar? - Neit me perguntou enquanto eu ria da discussão dos dois - assim? - ele jogou os livros no chão e me beijou com desejo. Caramba! É muito difícil controlar o tesão na gravidez.

— Parece ótimo - Jake comentou enquanto as pessoas que passavam ficaram nos encarando. Dei um gritinho internamente por perceber que ele era meu de novo.

— Que conversa é essa? Eu sempre fui seu! - Neitan disse e eu corei por ter percebido que aquele pensamento idiota foi em voz alta.

— Não parecia - mandei um beijo no ar, indo para a minha aula de anatomia.

Antes de entrar para a sala, fui ao banheiro porque a minha bexiga estava muito descontrolada. Ai gravidez, vai acabar me matando. Saí para lavar as mãos e uma garota morena que estava com um jaleco igual ao do Neitan, veio falar comigo.

— Pode agradecer ao Neit pela tarde ontem? - perguntou com um sorriso cínico no rosto. Respirei fundo.

— Como? - fechei as mãos.

— Só agradece, ai aproveita e pergunta pra ele onde estava quando você ligou - piscou e antes de sair do banheiro, voltou a direcionar as palavras à mim - é espetáculo na cama, não?

Me olhei no espelho, segurando as lágrimas de raiva e saí rapidamente daquele banheiro. Assisti à todas as minhas aulas e fui embora, sem nem falar com ele. Fiz as minhas compras que tanto desejei no dia anterior e quando tinha acabado de guardar todas as coisas nos armários, o interfone tocou.

— Quem é? - perguntei sem vontade.

— Kamilla, sou eu - era o Neitan, tinha um tom de desculpa na voz - preciso saber o que ela te disse.

— Não disse nada - menti - só veio pra isso?

— Não, não, por favor, me escuta.

— Já sei que estava com ela ontem, Neitan, agora por que não vai embora e me poupa de suas desculpas? - disse entre dentes e depois ouvi a risada dele.

— Acho que não estamos falando da mesma coisa - continuou rindo. Qual era a graça?

— Está de brincadeira com a minha cara?

— Milla, eu sai da universidade depois de você ontem, quando me ligou, eu tinha acabado de chegar. Qualquer pessoa que estava na biblioteca pode confimar isso - disse agora mais calmo - no começo eu não queria mesmo ser pai, achei que era isso que ela tinha dito. Não acredite nisso, ela está furiosa porque dei um fora.

— Pode subir - me acalmei e quase me perguntei quantas vezes mais eu aguentaria algum desentendimento desse.

Como a porta estava aberta, Neit entrou e já veio correndo sentar ao meu lado no sofá.

— Então eu estava com uma garota ontem? - zombou e depois ficou sério ao perceber a minha expressão.

— Isso não tem graça - disse olhando para as minhas mãos - ela disse que você é bom de cama.

— Porque já transamos, isso foi quando eu entrei na faculdade - comentou e eu me levantei ao ouvir o telefone tocar.

— Alô?

— Filha? - era o meu pai, que saudade da minha família.

— Oi papai!

— Não tenho uma notícia muito boa - disse com a voz triste.

— O que foi?

— Kenedy sofreu um acidente, querida. Está na UTI - senti as minhas pernas bambearem e me apoiei com dificuldade na parede, de nada adiantou, caí no chão. Soltando o choro.

— Ele vai ficar bem, não vai, papai? - perguntei feito uma criança. Era o meu irmão, o meu parceiro, protetor.

— Esperamos que sim - ele respondeu não muito confiante - preciso desligar, vou falar com os médicos. Venha para casa, precisamos de você.

— Vou ir - disse ainda chorando e então, papai desligou.

Neitan já estava ao meu lado, me colocou em seu colo e chorei por um bom tempo, até que ele resolveu perguntar:

— O que aconteceu?

— Meu irmão está na UTI, meu pai não parecia muito confiante ao telefone, Neit. Preciso ir pra casa! - coloquei a mão no rosto dele, vendo que estava preocupado mas parecia distante.

— Tem razão, precisa ir pra casa - disse me carregando até o quarto.

Acabei adormecendo. O que estava passando pela cabeça do Neitan?

— Está tudo bem? - perguntei quando vi que ele estava quieto demais durante o jantar.

— Tudo - disse mordendo os lábios - é que você vai pra casa.

Só então entendi. Neitan queria que eu ficasse com ele lá, estava com muitas matérias acumuladas, não podia viajar. Eu teria de ir sozinha.

— Neit, eu - tentei dizer algo mas não consegui. Não queria deixá-lo lá.

— Vai dar tudo certo - ele deu um meio sorriso, mas estava triste.

— Eu vou voltar - disse estendendo a mão por cima da mesa e ele logo apertou-a.

— Olha, por mim tudo bem se você quiser ficar em Dallas ou California City.

— Neitan.

— Sério, Kamilla.

— Neit! - bati na mesa - eu quero estar com você, entendeu agora?

Ele abriu o sorriso mais lindo do mundo e tivemos um noite maravilhosa, foi uma pequena despedida. Eu voltaria para ele, sem dúvidas.

Comprei passagem para o outro dia e Neitan me levou até o aeroporto. Quando anunciaram o meu voo, ele me abraçou forte, pedindo milhares de vezes para controlar a respiração. Preocupado demais.

— Quero que fique com uma coisa - disse colocando a mão no bolso, percebi que era o anel de noivado que eu havia devolvido - nunca deveria ter saído do seu dedo.

— Para - pisquei os olhos repetidamente - eu vou chorar.

— Ai, grávidas - brincou, colocando o anel em meu dedo. Me puxou para um beijo calmo, até que chamaram pela última vez pelo meu voo.

— Nos vemos em breve - disse colando meus lábios no dele.

— Estarei te esperando - sorriu - pra sempre, meu amor! - gritou quando eu já entrava pelo corredor.

Lágrimas de felicidade escorreram pela minha face, mas só de pensar em talvez nunca mais poder ver o meu irmão, me fazia querer gritar. Eu queria tanto que o Neitan estivesse comigo, mas não podia pedir algo assim, seria injusto, ele estava até trabalhando, seria egoísmo demais.

Sentei na poltrona do avião e antes de desligar o celular, mandei uma mensagem para o Neitan:

"Já estamos sentindo sua falta! Voltaremos logo. Assim que o Kenedy melhorar, vamos estar em Cambrigde. Amamos você, papai."

E com um aperto enorme no coração, desliguei o celular. Incrível como parecia que sem aquele aparelho, eu me sentia ainda mais distante dele. Olhei novamente para o anel na minha mão e fechei os olhos, desejando que coisas boas acontecessem.

Não demorou muito para que o rosto dele viesse à minha mente. O sorriso, a voz, o toque. Meu Deus, que isso seja meu pra sempre!


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Notas finais do capítulo

Reviews?
Vou tentar atualizar ainda essa semana, prometo kk
Boa semana, gente! Beijoos sz



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