Learning To Love escrita por Maniper


Capítulo 11
Capítulo 11. Montanha-Russa


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu sei que sumi, perdão! Mas o tempo tem sido corrido por causa dos estudos e também porque estou tirando a minha CNH.. Quando parava para escrever, não saía nada.Mas enfim, está aí, tomara que gostem!

Boa leitura, seus lindos!



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De todas as coisas que poderiam acontecer, o que houve naquele dia foi a gota d'água. Existem sim pessoas boas mas com elas, vem uma tonelada de pessoas más.

Ficamos no campo até tarde para o treino do time, fiquei observando-o e aquela foi a última vez que ele estava totalmente feliz. Eu quero dizer, depois que o seu sonho da luta foi destruído, nossos sonhos sobre casar cedo também foram juntos. Quando saímos, Nick estava nos esperando com mais 3 caras. Parecia nervoso, os olhos estavam vermelhos.

— Perdido, Nick? - Neitan brincou e o irmão riu.

— Jamais - respondeu me encarando.

— Oi - acenei um pouco de longe com medo dele. Não sabia como tinha reagido a notícia do nosso noivado.

— Eu vim para dar o presente de casamento de vocês - Nick começou a andar em direção a um beco escuro junto com os outros caras.

Me arrepiei com o vento frio que bateu e o Neitan tirou a blusa do time e me entregou, sorri em agradecimento mas o arrepio foi de medo. Estava com um pressentimento ruim. Queria correr com o Neit para bem longe. Por impulso, apertei a mão dele com força e ele franziu o cenho, olhei para o beco mais uma vez, então Neitan entendeu o que eu queria dizer.

— Também não estou com um bom pressentimento, mas vai dar tudo certo - sussurrou no meu ouvido. Não adiantou nada, fiquei ainda mais nervosa quando Nick ficou de frente pra nós com soco inglês nas duas mãos. Aquilo não acabaria bem.

— Eu perdi alguma coisa? - Neitan perguntou colocando a mochila calmamente no chão.

— Ainda não - Nick disse e foi seguido de risadas por seus capangas - mas vai perder.

Foi tudo muito rápido. Em um momento Neitan estava do meu lado e no outro estava brigando com 4 caras, incluindo o Nick. Eu sabia que ele não ia querer apanhar mais uma vez, respondeu e com vontade aos socos e chutes que recebia. Quando deixou 2 caras no chão, percebi que estava cansado e nada consegui dizer, estava paralisada, as lágrimas escorriam automaticamente, se algo acontecesse à ele, nunca me perdoaria.

Mandei uma mensagem para o Jake e companhia, talvez o George seria o primeiro a chegar porque estava no treino conosco. Fiquei filmando a cena, não sabia se deveria mas algo me dizia que ia precisar daquilo.

Vi Neitan no chão, sendo arrastado pelo irmão que não cansava de socar a costela do lado esquerdo. Era aquele lado que não podia ser ferido, foi tanto tempo de tratamento, eu tinha certeza que Neit estava pensando o mesmo que eu: faça tudo, mas não toque no meu ombro.

— Sabe, irmãozinho - Nick chutou o abdome do Neitan, que reprimiu um grito de dor, enquanto o outro cara observava - o mais velho sempre tem razão.

— Nem sempre - Neitan até sorriu de lado, o que fez com que Nick se irritasse. Por quê ele não ficava quieto?

O único capanga que ainda estava em pé, fez com que o Neitan ficasse de joelhos, impossibilitando-o de se mexer, olhando para frente, aonde estava o Nick jogando o soco inglês no chão.

— Já chega, não acha? - limpei as lágrimas nervosamente e pude ouvir a risada macabra do Nick.

— Você nem faz ideia do quanto eu te amo - chegou perto de mim e tocou o meu rosto. Olhei para o Neitan e ele bufava de ódio.

— Isso não é amor - cuspi as palavras na cara dele - você tem distúrbio de personalidade, Nick.

— Eu concordo - ele riu no meu ouvido, me fazendo arrepiar, então colocou os lábios nos meus sem delicadeza alguma, me forçando a correspondê-lo. Empurrei-o com nojo.

— Não toque nela, idiota! - Neitan gritou e vi uma lágrima escorrer pelo seu rosto.

— O que você vai fazer? - Nick me puxou pelo cabelo, senti uma dor imensa mas não emiti nenhum som.

— Eu tenho nojo de você - disse olhando para o chão.

— Não devia. Gemia o meu nome tão gostoso - tocou novamente o meu rosto e tirei a mão dele com raiva. Me afastando.

Olhei para o Neitan e ele parecia chateado, talvez por não poder me proteger ou pelo rumo que as coisas tomaram naquele momento.

— Não vou mais enrolar vocês - chegou perto do Neitan e parou a mão no ombro esquerdo dele. Senti o meu corpo congelar.

— Nick, por favor - pedi a ele, sentindo as lágrimas voltarem.

— Você tirou tudo o que eu mais amava, então eu vou tirar tudo o que você mais ama.

Nick prendeu o braço direito no ombro do Neitan, pressionando-o para trás. Chorei alto quando ouvi o Neit gemer de dor.

— Vou acabar com o sofrimento de vocês - puxou o braço do Neitan para trás.

— Não! Por favor, não! Eu faço tudo o que você quiser, mas não machuque ele - ajoelhei e percebi que o celular ainda filmava, deixei-o lá.

— Eu não faço mais propostas com você, Kamilla - sorriu de lado. Me levantei e nem tinha notado que os outros 2 caras já tinham levantado. Eles me seguraram para não chegar perto.

Estava à uns 10 passos deles e consegui ouvir o estralo do ombro do Neitan, seguido por seu grito de dor, alto o suficiente para que todos ali sorrissem, menos eu. Ouvi barulho de passos apressados, talvez alguém tivesse escutado o grito de Neitan. Então os 4 desapareceram no final do beco e corri para vê-lo, desligando o celular. Estava tão machucado, o ombro totalmente fora do lugar, e as lágrimas escorriam pela sua face.

— Sinto muito - disse no ouvido dele. Senti sua respiração forte e logo 3 rostos conhecidos apareceram - eu te amo tanto, Neit.

Havia muito sangue, sujei toda a minha roupa e nem me importei. Só queria tirá-lo dali, talvez conseguir tirar toda aquela dor que estava sentindo, mas não era possível.

— Vai embora - ele sussurrou baixo pra mim, procurava força até para respirar.

— O que aconteceu? - Jake ficou branco quando viu o estado do Neitan e correu para pegá-lo.

— Meu Deus! - George estava assustado e ajudou Jake.

— Como isso foi acontecer? - Werick olhava para o primo, já sabendo o que aconteceria depois.

— Foi tudo culpa minha - sentei no chão e comecei a gritar. Era muita dor, ódio, tudo que eu não sentia há muito tempo.

— Kamilla, para. Neitan já está bastante frustrado, o que acha que vai sentir quando não conseguir te consolar no momento? - Werick pediu me pegando no colo. Não estava em condições de andar, nem conseguiria chegar em casa.

— Leva ela pra casa, o Neitan está pedindo - George disse quando chegamos perto do carro deles.

— Não vou pra casa - nem ligava para o meu choro alto, queria estar com ele - tem um psicopata solto por ai.

— Por isso o Werick vai te acompanhar, depois ele vai te levar no hospital. Pegue algumas roupas para o Neitan, tome um banho, coma alguma coisa e depois vá - Jake foi autoritário. Colocou Neitan no banco de trás do carro. Já tinha presenciado aquela cena mas não era tão grave e aquilo me fez querer sumir.

— Vamos - Werick me carregou até o carro do Neitan, o que me fez chorar ainda mais lembrando de como estava feliz hoje pela manhã.

3 semanas depois

Eu não vi o Neitan acordado naquela noite, nem nas outras 21 noites que vieram. Ele não quer me ver, por isso só o visito quando está dormindo e pra falar a verdade, se eu estivesse no lugar dele, também não ia querer olhar para a minha cara. O ombro dele pode ser o fim da carreira como predador, perdeu muitas aulas e está por um fio de perder o semestre por causa das provas finais. Está em recuperação.

Como eu estou? Indo a universidade, me atualizando sobre as aulas da turma do Neit, sobre o time em que jogava e a academia de luta. Tudo o que ando fazendo é voltado para ele, a culpa está nas minhas costas, como uma cruz que não fosse sair nunca. Sorrir? Algo que não faço há muito tempo.

Nick não dá as caras desde então, depois que mostrei o vídeo aos pais do Neitan que chegaram no outro dia, ficaram chocados com a reação, achando que ele já havia superado o amor entre eu e o irmão. Ele está sendo processado, levou uma baita surra de alguns conhecidos do Neitan, foi parar no hospital também mas foi liberado depois de uma semana e por ordens do pai, foi obrigado a começar a faculdade de novo, mas dessa vez, em Dallas. Está sendo supervisionado por alguns policias. É uma pena o que tenha acontecido a ele, mesmo depois do que fez, entendia o que sentia mas tenho medo de dizer isso à ele.

Hoje é o dia em que o médico vai dar a certeza se o Neitan deve desistir da luta e do futebol americano. Estou do lado de fora ouvindo, espero que seja uma notícia boa.

— Infelizmente Neitan, esse é o limite - o médico disse e pude ouvir o barulho de algo se quebrando, deduzi que fosse ele, tentando expressar a raiva. Algumas lágrimas escorreram pelo meu rosto - mas ainda pode jogar se quiser, só não se chocar muito durante os jogos.

Houve silêncio e logo o médico saiu, junto com ele, a mãe do Neit.

— Ele vai ficar bem - Cris disse lendo os meus pensamentos.

— Por quê não quer me ver? - perguntei limpando as lágrimas e pegando a minha bolsa.

— Está confuso.

— Eu vou entrar - disse convicta e passando por ela.

— Não faça isso! - Cris gritou, ignorei-a.

Quando entrei na sala, a cena que vi foi uma das piores da minha vida. Não é que era feia, mas a dor que senti ao ver Neitan com pinos expostos e grade, fez o meu coração falhar uma batida. Ele franziu o cenho ao me ver e tentou se sentar.

— A sua noiva ainda existe, sabia? E se não fizer nada em relação a isso, vai perder mais uma coisa, mas não é nada físico - fiquei vermelha de raiva, já não aguentando aquela situação toda, estava difícil. Vê-lo me ignorando completamente quando entrei na sala, fez com que tudo ficasse pior.

— Quem deixou ela entrar? - Neitan perguntou olhando para o teto.

— Que droga, Neitan, olha pra mim! - gritei fazendo-o finalmente olhar.

— Kamilla - ouvir a voz dele se direcionar para mim, me fez arrepiar. Parecia que ele sentia dor só de pronunciar o meu nome.

— Eu sei que sou culpada! - ainda estava gritando. Todos na sala me encararam: Cris, Lincon, Nanda e Jake.

— Ninguém disse isso - Lincon foi o primeiro a falar.

— Mas eu vejo no olhar de vocês. O modo como me tratam, com indiferença, como se eu fosse um monstro. Vocês querem saber? Fiquem passando a mão na cabeça do Nick, eu cansei - mais lágrimas me invadiram e olhei para o Neitan uma última vez. Parei ao lado dele, deixando o anel de noivado na sua mão direita - O que mais dói, é que você também me vê assim.

Neitan olhou para a mão e vi algumas lágrimas escorrerem pelo seu rosto mas ele não disse nada, assim como os outros da sala, não tinham nada a dizer, era a verdade.

Saí depressa da sala em direção ao estacionamento, percebi que alguém me seguia, me virei e dei de cara com a Nanda, seu olhar parecia cansado.

— Desculpa se te assustei - Nanda sorriu de lado e eu balancei a cabeça - você pode me dar uma carona?

— Claro, onde precisa ir? - perguntei já abrindo a porta do carro.

— Na casa do Neit - respondeu receosa.

— Como? - eu estava confusa.

— Ele vai pra Dallas com a gente, é o melhor a fazer, acredite Milla - cada palavra que Nanda disse parecia uma estaca sendo enfiada no meu coração.

— Que seja - fingi não me importar e fui invadida pelas lágrimas enquanto dirigia até em casa. Achei que nunca chegaríamos e quando chegamos, soltei um suspiro de alívio.

— Obrigada pela carona - ela não me olhou, somente caminhou até à casa ao lado.

Entrei em casa totalmente atordoada, me joguei no chão da sala e acabei adormecendo depois de chorar muito e aquele foi o último dia em que chorei por causa dele.

Depois do dia em que recebi aquela notícia, não vi mais o Neitan, ele trancou a faculdade e está em Dallas. Isso já faz 1 mês, ouvi boatos que ele vai voltar no próximo semestre, estou até pensando em me transferir para outra universidade só pra não ter que vê-lo.

As pessoas não sabem o que aconteceu, só os mais próximos, ninguém comenta nada. Minha rotina é extremamente chata, me mudei de novo, agora moro sozinha, as garotas pediram muito para que eu ficasse, mas lembranças era o que eu mais estava evitando, elas entenderam o meu lado.

— Vai fazer alguma coisa esse fim de semana? - Jake perguntou quando entramos na fila para comer alguma coisa. As aulas de hoje estavam legais.

— Eu vou fazer uma tese - respondi já me direcionando á uma mesa.

— Você entregou uma tese ontem - ele comentou preocupado.

— Quero um currículo bom - fiz pouco caso.

— Precisa parar com isso, vai acabar ficando louca, Kamilla - fez com que eu o encarasse.

— Tarde demais, já estou - eu disse e senti algumas lágrimas escorrendo pelo meu rosto quando olhei para uma rodinha de garotos do futebol e o vi, estava diferente mas parecia mais lindo que o normal. Passei os dedos um pouco assustada, eu já não chorava há tanto tempo.

— Eu ia te avisar - Jake disse olhando na mesma direção que eu.

— Não - levantei, deixando a minha comida intacta - está tudo bem, preciso pegar alguns livros na biblioteca mesmo.

— Você ainda nem comeu - ele segurou o meu braço.

— Perdi a fome - revirei os olhos e mesmo assim ele continuou me segurando.

— Kamilla - a voz dele estava firme e eu balancei a cabeça.

— Me deixa ir, por favor - mais lágrimas começaram a me invadir, deixando a minha visão embaçada.

— Seja forte - ele queria me ajudar, eu sabia mas queria sair dali o mais rápido possível.

— Eu quero mesmo sair daqui - respirei fundo, já estava me irritando.

— Não - me segurou com mais força e pude ver o meu braço começar a ficar vermelho.

— Eu não consigo! - gritei já totalmente em prantos e as pessoas começaram a nos encarar, até aquele grupinho olhou para nós e aquilo foi a gota d'água, vi os olhos verdes dele me fitar com desprezo.

Jake enfim me deixou ir. Caminhei com pressa até o meu armário, peguei todas as minhas coisas e fui em direção ao meu carro, queria sair dali logo, o mais distante possível dele mas não consegui nem ligar o carro. Chorava muito e ouvi alguém abrindo a porta do passageiro, só olhei de relance e vi que era o Jake. Ele segurou a minha mão e afagou os meus cabelos.

— Me desculpa - pediu com a respiração pesada.

— Você pode me levar embora? - perguntei tentando voltar ao normal.

— Claro - Jake sorriu e nós trocamos de lugar.

O caminho foi silencioso e doloroso. Tinha uma coisa que eu não havia contado para ninguém: eu estava grávida. Nem sei como aconteceu, nós sempre nos protegemos. Quando descobri só consegui me lembrar que na noite anterior do "pesadelo", não havíamos nos protegido e quis me odiar por isso. A minha barriga já estava crescendo, 2 meses. Eu precisava desabafar com alguém.

Jake estacionou na garagem do prédio em que eu estava morando e foi comigo até o apartamento.

— Não precisava perder as aulas por causa disso - disse com um meio sorriso quando as lágrimas resolveram cessar.

— Eu causei isso - respondeu se jogando no sofá.

— Jake, eu preciso te contar uma coisa - me sentei no chão da sala, encostei no sofá e coloquei a cabeça entre os joelhos.

— Tenho até medo quando você fala assim - riu e eu acompanhei.

— Eu - respirei fundo e encarei o chão por longos segundos - estou grávida.

— Você o quê?! - ele sentou rapidamente ao meu lado.

— Já faz um tempo que descobri, mas não tive coragem de contar - então as lágrimas voltaram a cair.

— Meu Deus - Jake colocou a cabeça sobre a minha barriga e ficou com ela ali, arrancando um breve sorriso meu entre as lágrimas - ele precisa saber.

— Não! - disse rispidamente.

Eu não ia abortar mas não queria que ele soubesse, não depois do que aconteceu e por ter me culpado. Ser ignorada não é algo que ele já não tenha feito mas eu tenho amor próprio.

— E o que vai fazer então? - perguntou mordendo o lábio inferior e pegando o iPhone do bolso. Consegui ver que era uma mensagem do Neitan, não podia reclamar, eles sempre foram amigos. Quis explodir aquele celular.

— Pedir transferência para outra universidade, trancar meu curso e você sabe o que vem depois - respirei pesadamente. Aquelas palavras pareciam menos dolorosas quando ditas mentalmente.

— Sinto muito por isso - Jake segurou a minha mão e ignorou o celular.

— Qual é - sorri limpando as lágrimas - eu gosto de crianças.

— O Neitan também - parecia estar distante e então me encarou de lado.

— Tomara que tenha os olhos dele - mesmo eu querendo negar, aquilo era algo que eu queria muito, para que eu pudesse ver aqueles olhos sempre.

— Quem sabe - rimos um pouco e logo depois ele foi embora.

Coloquei uma camisa regata branca, calça de ginástica preta e um tênis para correr. Precisava relaxar. Dirigi até um parque próximo de casa e estacionei. Eu tinha trocado de carro, agora estava com uma Land Rover preta, meu pai insistiu para que pegasse, então assim o fiz.

Estava tocando I Lose Myself da OneRepublic quando comecei a correr e, algumas imagens passaram pela minha cabeça, como um longo filme de romance mas com um fim dramático. Ri com o pensamento e fechei os olhos, só os abri quando percebi que tinha trombado em alguém.

Se um dia me dissessem que o destino brinca com as pessoas, eu não acreditaria, até riria mas vê-lo ali me fez acreditar que Deus estava arrumando os caminhos.

Neitan também estava correndo, com uma tala no braço esquerdo, bermuda e regata preta, nos ouvidos, um fone igual ao meu.

— Desculpa - pedi já me preparando para voltar a correr. Queria evitar aquilo, entretanto algo me dizia que eu precisava contar.

— Não foi nada - ah, aquela voz. Como eu conseguia sentir tanta falta?

— Tudo bem - disse me virando quando senti a sua mão tocar no meu braço.

— Sei que não deveria te dizer isso, mas - Neitan franziu o cenho, continuava lindo - é tarde demais para eu pedir desculpas?

Acho que meu coração falhou uma batida. Me mantive firme e assenti, com a expressão séria.

— Nunca é tarde - apontei para o braço dele - que bom que está melhor.

— Sim, os médicos disseram que foi quase um milagre - comentou fitando o chão, ele queria cortar a conversa.

— Hum, então a gente se vê por aí, Neitan - voltei a correr e dessa vez ele não me impediu nem me incomodou. Eu podia contar outra hora, não podia?

Corri por uns 40 minutos e percebi que já não conseguia mais correr tanto e nem poderia com um "ser" dentro de mim. Caminhei sem pressa até o carro depois de tomar água de coco e fui pega de surpresa quando vi Neit entrando em sua BMW, quando me viu, ficou me encarando.

— Você está me seguindo? - perguntei indo até ele. Neitan não demorou para descer do carro e sorriu de lado.

— Eu? Tem certeza? - disse brincalhão.

— Sim - apertei o alarme do meu carro, que por acaso estava ao lado do dele mas não estava lá quando eu estacionei.

— Carro maneiro - comentou olhando a Land Rover.

— Foi um presente. Meu pai achou que eu ficaria feliz se ganhasse algo novo, sem reciclagens, se é que você me entende - soou um pouco grosseiro mas eu não me incomodei. Por que deveria?

— Essa doeu - ele ficou sem jeito e respirou fundo.

— Mesmo eu não querendo te dizer isso - cheguei mais perto dele - preciso que saiba de uma coisa, na verdade é um direito seu saber.

— Pode falar - disse olhando para uma mulher, muito bonita que passou correndo. Fiquei com muito ciúmes daquilo. Ele assobiou e ela caminhou até onde estávamos.

— Quanto tempo - ela sorriu e depois me olhou com desprezo.

— Já vou - sorri de lado, já entendendo o que estava acontecendo ou achando que tinha entendido.

— Espera - Neitan me encarou com seus olhos verdes, me deixando hipnotizada - o que você ia dizer?

— Não é nada - abri a porta do carro e o vi mudar a expressão de curioso para decepcionado.

— Tem certeza? - parecia preocupado. Sério? Depois de todo aquele tempo me ignorando, agora estava interessado em saber sobre mim?

— Tenho - respondi ligando o carro e deixando-o com a morena dos olhos claros.

Cheguei em casa me chamando de covarde e outros nomes até desnecessários. Eu não podia reclamar, quem rompeu o noivado fui eu, por justa causa mas mesmo assim, se ele estivesse saindo com outras pessoas, não tinha que me intrometer.

Já faz 2 semanas que não falo com ele, de novo. Tenho que parar de contar, mas acho que isso me deixa mais forte, saber que não fui procurá-lo. Só que eu não queria esconder para sempre.

— Quando vai contar para o Neitan? - Jake já estava irritado com aquilo - se não contar, eu conto.

— Contar o que? - fingi não estar prestando atenção na conversa mas aquela foi a maior burrice.

— Que você está grávida - ele disse entre dentes mas aquela voz que veio depois me fez perder o chão.

— Como?! - Neitan apareceu atrás de mim e então percebi que o Jake tinha feito aquilo de propósito, armado tudo. Sabia que eu não ia conseguir contar.

— Eu te odeio - disse para o Jake, sentindo as malditas lágrimas escorrerem silenciosamente pelo meu rosto.

— Por que não me contou? - Neit estava surpreso, também parecia decepcionado por eu ter omitido.

— Desculpa, mas isso tinha que acabar - Jake tentou contornar a situação. Ele  era o menor dos meus problemas naquele momento.

— Jake, você pode deixar a gente conversar? - ele pediu respirando fundo. Logo ficamos sozinhos no imenso corredor da universidade.

— Não me olha assim - encarei-o de lado.

— Eu não consigo acreditar que omitiu isso de mim - estava furioso.

— Tentei te contar, eu tentei - fechei os olhos lembrando daquele dia no parque - mas você parecia ocupado demais.

— Nunca - socou o meu armário e eu me assustei, já levando a mão à barriga - desculpa - pediu rapidamente quando me viu tremer.

Continuei tremendo e ele colocou a mão na minha barriga, me fazendo arrepiar com o toque.

— É só controlar a respiração - disse calmamente e funcionou - nunca estou ocupado para você, meu Deus, como pode pensar uma coisa dessas?

— Caso você tenha perdido a memória, quem não quis me ver nem pintada à ouro, foi você - joguei as palavras que estavam me sufocando.

— Eu estava totalmente perturbado. Preciso que me perdoe por isso. Nunca devia ter te culpado, você nunca me obrigou a ficar contigo, fui um imaturo - Neitan estava triste, eu conhecia bem aquela expressão em seu rosto.

— Perdoado. Agora que já está informado, preciso ir - fechei a mão ainda controlando a respiração. Neitan não me deixou ir.

— Você acabou de me perdoar - ele disse confuso - vai ir embora assim?

— Eu deveria te dar um beijo? Ah, me desculpe por isso - respondi com a maior ironia que pude colocar na minha voz.

— Pensei que pelo menos ficaríamos bem.

— Estamos bem - sorri de lado para ele - mas nossos caminhos já não são os mesmos.

— O que quer dizer com isso? - Neitan tocou o meu braço.

— Vou pra casa - eu disse com um aperto enorme no coração.

Ele começou a chorar silenciosamente mas eu não sabia o motivo do choro. Talvez porque ia ser pai, ou porque eu tinha voltado a ser uma destruídora de sonhos.

— Quando? - perguntou de costas, a voz estava rouca.

— Estou esperando acabar o semestre - eu estava andando vagarosamente no corredor e senti que ele ainda estava parado.

— Mas isso é daqui 2 meses ou menos.

— Exatamente - senti as lágrimas me invadirem também e nem me importava mais em deixá-las ali.

Eu estava abrindo mão do meu sonho, era necessário. Me arrependia mas não era possível voltar atrás. Já tinha contado para os meus pais que ficaram igualmente surpresos mas adoraram a ideia de se tornarem avós. Minha barriga estava aparecendo, só não dava para perceber muito porque eu estava usando roupas mais largas.

Encontrei Jake na biblioteca, estava sentado sozinho, então fui até ele.

— Milla - ele disse com dificuldade - ele tinha que saber.

— Eu sei - dei um sorriso triste e abri a minha mochila, tirando alguns livros grossos para estudar - não, eu não te odeio.

— Parecia que sim - brincalhão como sempre, ele me fez rir.

— Meus hormônios estão totalmente descontrolados - comentei me afundando nos estudos.

Ficamos lá a manhã toda daquela quarta-feira, as nossas aulas eram só a tarde naquele dia, por algum motivo que eu desconhecia.

Eu tentei evitar de encontrá-lo mas era quase impossível, ele bem que tentou falar comigo o dia todo mas sempre tinha uma boa desculpa para dar à ele. Quando estava saindo da universidade, isso por volta das 18h, encontrei-o no estacionamento e tinha os braços atrás do corpo, como se estivesse escondendo algo.

— Me escuta só por 5 minutos, por favor - pediu com o olhar triste.

— Tudo bem, vou colocar a mochila no carro - eu disse caminhando e percebi que ele ainda estava parado - você vem?

— Claro - tirei-o de seus devaneios e ele me seguiu até o meu carro.

— Então, o que tem de tão importante para me dizer? - perguntei já livre do meu material.

— Sei que você está abrindo mão do seu sonho por causa da gravidez - ele disse pausadamente - mas saiba que por mais que eu não tenha sido bom pra você, quero ser bom para o nosso filho ou filha, eu não sei direito como dizer isso, é estranho.

Ele me fez rir, como já não fazia há muito tempo e parei quando Neitan tirou um buquê de rosas brancas de suas costas, então era aquilo que ele estava escondendo de mim.

— Espero que ainda goste delas - disse sem graça, entregando-o para mim.

— São lindas - sorri e acabei me perdendo naquele olhar. Fiquei sem jeito e ele aproveitou para chegar mais perto de mim.

— Fica aqui - pediu tocando o meu rosto com a mão direita - eu quero estar por perto quando precisar.

As palavras sumiram da minha mente. Ele estava pedindo para eu ficar, não sabia o que responder, nem o que fazer e com muito receio, Neitan colou seus lábios no meus, não tentou nada mais que isso, mas parecia que uma corrente elétrica tinha passado por todo o meu corpo.

— Eu preciso ir - disse me distanciando. Precisava pensar e com ele ali ficava muito difícil.

— Tudo bem - ele estava frustado por eu não ter respondido ao seu pedido - não quero te pressionar. Nem posso depois do que fiz.

— Já passou - cheirei as rosas e caminhei até o carro.

— Você tem o tempo que precisar - beijou a minha testa e depois a minha barriga. Sorri com o gesto.

Não respondi e entrei no carro ainda abobada. O que eu deveria fazer?


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Notas finais do capítulo

Bom, é isso.. Reviews? A fic está na reta final! Sim ;'/

Beijoos e ótima semana!



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