A luz do sol é apenas mais um indicio de que o dia começara e com total brilho . Um de seus raios ultrapassaram uma das brechas da janela , iluminando terça parte do quarto , batendo em meu rosto e me fazendo despertar vagarosamente . Levei a mão até a frente dos olhos para os proteger da sensibilidade contra a luz e assim que a tornara a pousar ao meu lado , senti o corpo que repousava ao meu lado . Por um breve instante eu sentira um choque de lembranças percorrer o meu corpo , trazendo a tona a noite passada aos meus pensamentos .

Talvez eu houvesse perdido a cabeça assim que chegara ao ápice , talvez eu estivesse perdendo o pouco de sanidade que me restara ... mas talvez eu apenas estivesse exagerando ... como costumo fazer . O talvez pensado , seria o que me explicasse o por que de meu corpo sempre sentir culpa ... talvez um ... talvez por que eu não aguente ser feliz ... talvez seja isso . O engraçado disso ... é apenas a incerteza que vive em minha cabeça .

As lembranças que guardo de horas atrás , certamente são memoráveis . Mas são tão ... como poderia dizer ... incertas ? As imagens estão embaçadas pelo prazer e eu não saberia dizer o que acontecera ... apenas me lembro de cada detalhe das sensações sentidas ... e dos olhos verdes de Nathan expressando o mesmo desejo . Nunca me esquecerei do que fora exatamente desabar em pedaços sobre aquele que amo ... eu me sentia completamente em cacos ... mas como poderia dizer ... aquela fora uma das melhores sensações que já sentira .

Me levantei e caminhei em direção a sacada . Olhei para o céu que aparentemente também acabara de despertar . O rosado ainda estava levemente presente entre o laranja , mas eu já podia ver com facilidade o azul começar a dominar . Passei o pequeno tecido branco entre os braços e o apertei ainda mais contra o corpo , como se quisesse aparar uma leve brisa fria que me atingira . Continuei observando o horizonte e então o pensamento do certo ou errado começara a crescer em minha cabeça .

Tentei afasta-los antes que o assunto pudesse crescer e juntamente a ele , vir sentimentos que não posso controlar . Mas não obtivera sucesso ... eu eu então começara a pensar ... mas tudo fora afastado e interrompido assim que sentira dois braços ao meu redor . Não consigo de fato explicar o poder que ele possui de bagunçar meus pensamentos , é como se ele houvesse o poder de me transformar por completo ... sua capacidade de me mudar ... mudar minha maneira de ver e pensar ... é simplesmente surreal .

– Você não deveria chegar assim ... tão silenciosamente - eu disse esboçando um sorriso . Seu perfume era tão doce que me deixava levemente extasiada ... estar perto dele era de fato um sonho .

– Gosto de surpreender aquela que amo . - ele disse como em um sussurro próximo ao meu ouvido . Pude sentir que sua voz expressava tanta suavidade quanto a minha ... o que de fato estaria acontecendo conosco ? seria apenas aquele sentimento estranho que todos queremos afastar ... o amor ?

– Poderia ter me assustado . - eu disse em um tom de brincadeira . Mesmo quem estivesse distante , poderia facilmente escutar o sorriso em minha voz .

– Nossa ligação é tão forte ... que sentiria que seria eu , mesmo antes de eu pensar em vir até você . - Disse ele e em seguida dando um leve beijo em minha nuca , que causara um arrepio delicioso .

– Sim Sim - eu disse e então fui virada e beijada . Sabe a melhor sensação de amar ? ... é amar e saber que é amada . Sim ... não há de fato nada melhor do que isso .

Uma simples e leve batida na porta nos fizera despencar e acordar . Eu me desesperei no mesmo instante mas Nathan permaneceu neutro , como se não se importasse se fossemos de fato pegos . Talvez ele possuísse razão em estar calmo , mas eu não conseguiria pensar na reação de meu pai se nos visse assim ... ou no prazer de Amanda de me ter em suas mãos , ao ameaçar estragar a minha vida . Eu apenas dera um ultimo beijo em Nathan , jogara o lençol no chão - não que eu estivesse pelada , usava meu conjunto de renda e uma camiseta de Nathan por cima - e então , me jogara contra a árvore a minha frente . Eu já havia feito isso , por isso rapidamente cheguei ao chão .

Atravessei a sala correndo atraindo o olhar de Matilde que estava sentada ao balcão da cozinha . Eu pensara em ignora-la e então apenas subir as escadas . Mas algo me prendera ao seu olhar e me fizera caminhar até ela . Talvez fosse o seu incrível olhar materno de preocupação , a tempos eu não vira ninguém me direcionar tal olhar , por isso eu desistira de minha corrida e caminhara até ela . Me sentei ao seu lado e observei enquanto ela tomava café ... como uma filha que aguarda a repreensão da mãe .

– Sabe ... nunca me esquecerei da garota doce , humilde e cheia de vida que entrou nesta casa alguns meses atrás . - disse ela se levantando e pondo-se a fazer alguns afazeres da cozinha .

– Bem ... de alguma maneira , creio que ela ainda exista em algum lugar - disse enquanto me colocava ao seu lado para lhe ajudar com a louça .

– Já reparei que você e a Senhora Parker não se dão bem ... mas não é isso que de fato me preocupa . - disse ela me entregando a primeira vasilha lavada , para que eu pudesse seca-la e a coloca-la de lado para depois ser guardada .

– E o que a preocupa ? - perguntei secando a vasilha e direcionando toda a minha atenção a ela . Não sei explicar de fato o que me atrai nela , é como se possuíssemos uma ligação inexplicável ... ela é a mãe mais próxima que tenho .

– Bem ... a sua doença . Não acho que deveria se debater tanto . No fim de tudo ... verá que dará tudo certo ... não costumamos perder pessoas nesta família por causa de uma mera doença . Mas em fim ...

– Sim ... sei que minha doença é de fato uma grande preocupação ... - eu disse tornando a me voltar para as vasilhas .

– E ... o senhor Parker hein ... - disse ela me lançando um olhar de canto . Aquilo me gelara por completo , se ela estava se referindo do homem correto eu precisava , me desviar do assunto o mais rápido possível .

– O que tem meu pai ? - disse a olhando de canto , para não deixar que minha expressão de culpa me denunciasse ou algo do tipo . Mas ela retirara a vasilha de minha mão e parara a sua ação .

– Sabe muito bem que falo do menino Nathaniel . - disse ela me lançando um olhar de reprovação . Como se não gostasse da minha tentativa de me desviar do assunto .

– O que tem meu irmão ? - eu disse a olhando como se não entendesse o assunto .

– Não se finja de sonsa ... apenas uma dica ... não estavam sozinhos ontem . - Senti minha cara bater no chão . Será que ela havia nos visto ou nos escutado ?

– Ahm ... - eu estava completamente sem fala ou sem ação . Não poderia mais negar nada ... isso era fato .

– Não se preocupe ... não direi a ninguém ... mas acha que essa relação é saudável menina Sophie ? - Disse ela tornando para o seu olhar preocupado . Pensei por longos segundos ... mantive minha postura firme ... respirei pesadamente ... e então desabei nos braços daquela que demonstrava preocupação por mim .

– Ah ... Matilde ... não sei ... mas ... não consigo evitar . - eu disse a abraçando . Não sei explicar o que senti ao ser abraçada de volta ... talvez como uma verdadeira criança ao ser amparada por sua mãe ... sim ... Matilde é como uma mãe pra mim .

– Um conselho de quem apenas observa ... Não desista deste amor tão belo que sente por ele . - Eu de fato não sabia como ela havia chegado nesta conclusão , mas aparentemente as mães possuem o poder de sentir os nossos sentimentos apenas no ar ... mas acho que em meu caso , qualquer um poderia sentir o que estou sentindo ... é tanto que nem cabe mais dentro de mim , por isso está se expandindo pelos ares .

– E o que faço ?

– Apenas dê uma chance para a vida , menina Sophie - disse ela sorrindo e então caminhando em direção aos fundos .

Matilde provavelmente estaria certa . Estou tão presa aos meus problemas e preocupações que mal percebi que estava deixando de lado a minha vida ... talvez eu devesse de fato dar uma chance a vida ... e tentar viver ... ao menos um pouco .