O ar dentro do carro estava quente, alguém poderia morrer ali. Porém Isabella não precisava respirar. Estava lá há duas horas, o carro escondido na garagem e encarando o nada, se lembrando de tudo.

Imóvel há tantos minutos, Isabella não se lembrava de que tinha de se mexer. Apenas continuou parada, lembrando-se de tantas coisas. Havia feito compras, havia arranjado o emprego para depois da escola e teria de agir como humana comum que luta para sobreviver, longe dos pais. Criar uma historia sobre ela... Humana.

Isso a fez pensar em quando era humana, á mais de cinco séculos atrás. De quando era feliz, mesmo com a dificuldade que tinha de enfrentar.

1443

O riso de uma criança ecoava pelo campo, a garota girava e girava pela grama, descalça, o vestido rodava e o cabelo voava. O cabelo negro e belo de uma criança inocente com 7 anos.

Um pouco afastado dali, um casal observava sua filha brincando. Pela primeira vez, eles tinha residência fixa, poderia ter uma casa e viver ali. Renne e Charlie riram, emocionados pela pequena fazenda que compraram.

A garota parou de girar, fazendo uma careta e esperou a tontura passar. Logo após, correu até seus pais, com um sorriso animado.

–- Adorei esse lugar!

–-Sim, e vamos encher de bois e cavalos. – disse Renne, agachando-se na frente de sua filha. Logo seu marido a imitou.

–-E não precisaremos mudar mais.

Aquela frase fez o coração de Isabella bater com alegria. Nunca mais precisaria se mudar, poderia agora ter uma casa e ter seu próprio cavalo, cuidar da fazenda e ajudar a mãe em casa.

–- Por que viajamos tanto mesmo? Quero saber. – Isabella fez a melhor carinha de pidona.A pergunta fez com que o casal Swan ficassem rígidos e se erguessem.

–-Não é historia para agora, estamos felizes. Vamos... ajeitar nossas coisas em casa e livrar os cavalos para o pasto. – Renne entrou séria em casa.

Isabella deu de ombros. Sua inocência a impedia de insistir e se preocupar. Decidida a aproveitar mais um pouco de seu novo lar, ela foi correr perto das arvores.

Mas, infelizmente, ficaram naquela casa apenas uma semana, e já tiveram de partir correndo pois a casa pegou fogo. Alguém incendiou.

Foi naquele dia que Isabella entendeu que toda a mudança era por que seus pais fugiam de algo.

Duas batidas no vidro impediu que Isabella lembrasse de tudo mais afundo, ela olhou para fora, saindo de seu transe e encarando os olhos azuis de Damon

Droooooga. Pensou, arrependida por passar tanto tempo no carro. Damon estava desconfiado, seu olhar o denunciava.

–-hey, pensando na vida? – Damon perguntou enquanto Isabella saiu do carro.

–-Ah sim. – sorriu de canto, indo para o porta-malas.

–-Esta a quanto tempo ali? Não estava sufocada não? – perguntou risonho.

–-Alguns minutos. – deu de ombros e recolheu as sacolas, rapidamente, Damon a ajudou.

–-Deixe isso comigo. – sorriu malicioso.

Isabella segurou a vontade de revirar os olhos e subiu as escadas, na frente de Damon como ele pediu de foma ‘cavalheira’.

Cafajeste...

Os dois entraram no quarto de Isabella, colocando as sacolas na cama. Então Bella se virou para Damon, ele continuava com um sorriso convencido.

–- Obrigada, Damon.

Para agradar o rapaz que não parecia querer ir embora tão cedo, Bella ficou na ponta dos pés e o beijou na bochecha, quando Damon tentou virar o rosto, ela se afastou.

–- Sempre que precisar, madame. – Ele agora parecia irritado.

O que diabos houve contigo, Damon?

Isabella queria pesquisar sobre a vida de Damon. Seria um Hobby, e quem sabe conseguisse tirá-lo de sua cola? Ela poderia acabar se descontrolando, levando-o para cama e o tratando como uma vítima logo após. Ela não queria isso. Stefan não merecia que o irmão fosse machucado de forma misteriosa.

Isabella olhou para porta, depois para Damon. Entendendo o recado, ele saiu.

–- Idiota. – ela resmungou baixo, fechando a porta.

Ele não prestava. Isso era um fato. Mas, o que o fez usar seu lado negro... Era o que ela gostaria de saber.

Olhando para suas sacolas com uma careta de cansaço, Isabella soltou um resmungo e começou a guardar as coisas, de forma lenta e pensativa.

1450

Os raios de sol entravam pela carroça, o barulho dos cavalos impediam Isabella de dormir mais um pouco. A jovem hoje completava seus 14 anos, e queria como presente de aniversário uma boa explicação.

Os pais guiavam os cavalos até um campo próximo e bonito, eles prometeram contar tudo antes do sol se por, quando tinham de partir novamente da pequena cidade da Rússia.

Isabella bateu duas vezes na madeira, os cavalos pararam e seus pais entraram na carroça.

–-Feliz aniversário! – disse a mãe, abraçando-a de forma carinhosa.

–-Feliz aniversário minha princesa. – Charlie beijou a testa de sua filha.

–-Obrigada... Bem, er... onde estamos?

Os dois suspiraram.

–-Quase querida, quase.

Isabella encarou sua mãe, querendo saber imediatamente sobre tudo. Por que fugiam, de quem fugiam... Para onde iriam... Tudo. Porém Renne suspirou e lhe entregou uma maçã vermelha.

–- Logo, ok?

Isabella assentiu. Seus pais saíram e o cavalo voltou a andar, depois de comer, Bella ficou olhando pela janela da carroça a paisagem ao redor. Estava frio, porém fazia sol. E ficou ali dentro até de tarde, quando chegaram finalmente no campo onde os pais contariam tudo para ela.

Bella olhou para a floresta, ela queria tanto entrar lá enquanto estava escuro... Fugir...

Bem quando saltaria da janela, alguém bate a porta. Isabella suspirou e voltou, indo abrir a porta contragosto. Porém se alegrou ao ver Stefan.

–-Vim chamá-la para jantar, senhorita. – Ele sorriu, visivelmente relaxado e até alegre por vê-la.

–-Stefan... Já falei que não quero ser incomodo, nem que sua mãe aumente o aluguel.

Ele riu fraco, olhando para os pés.

–-Ela não vai. =-- ele ergueu o rosto, ainda com o lindo sorriso. – você comerá como minha convidada, e ela aceitou. Vamos.

Ela suspirou. Ela tinha de ir para dar aparências, e ela se sentia bem quando estava com Stefan ao seu lado.

–-Tudo bem. – Fechou a porta de seu quarto e seguiu Stefan até a cozinha.

O jantar foi silencioso e tranquilo. Apenas um breve momento de tensão quando Damon pegou sua comida, soltou suas frases irônicas para seus pais e voltou para o quarto, onde comeria.

–- Stefan. – chamou o Senhor Salvatore antes que seu filho saísse da cozinha.

–-Sim, pai?

–-Semana que vem terá uma reunião com nossos familiares, uma pequena festa aqui na pensão, avise seu irmão para mim?

–-Claro. – ele assentiu.

–- E Stefan. – dessa vez quem lhe chamou foi a mãe, Isabella continuava olhando para o chão, não querendo ser intrometida. – A garota pode vir como sua acompanhante, se quiser.

Isabella ergueu o olhar surpresa, Stefan sorriu e a encarou.

–-Tudo bem.

E os dois saíram da cozinha. Subindo as escadas para o quarto de Isabella.

–-Então... Vai querer? – ele perguntou.

–-Hã... Eu...

–-Não vai ser incomodo, minha mãe a convidou. Essas festas normalmente são chatas. Mas... Podem ser que acabamos por nos divertir. O que acha?

–-Hum... Te dou a resposta amanhã na aula. – Isabella o cutucou com um braço.

–-Tudo bem, te chamo para o café.

E Stefan saiu. Bella revirou os olhos e entrou em seu quarto.

Ela sabia que precisava afastá-lo. Que ela precisava mantê-lo longe antes que ele se machucasse. Porém ela não conseguia. Havia algo em Stefan que a atraia e ela estava adorando se sentir assim. Bem. Como nunca se sentiu antes.