Coração Dividido escrita por Jéssica Amaral
— Taichi... Quer mesmo falar disso?
— Quero – coço a cabeça nervosa.
— Eu nunca o esqueci, mas... Não sei o que sinto por ele também – ele dá uma risadinha. – O que foi?
— Se nunca esqueceu é porque gosta né Sora...
— A gente tem que falar disso mesmo? – que situação...
— Se não quer tudo bem. Eu não ligo Sora... Depois daquilo que você me disse ontem, eu só quero te ver feliz, não importa se não ficar comigo.
— Hum... Acho que alguém amadureceu – rimos.
— Não, ainda sou o mesmo de antes. Você sujou a camisa? Aqui... – coloca o dedo na minha blusa, olho pra ela e ele passa o dedo na minha cara, argh! Odeio quando ele faz isso e o pior de tudo é que eu sempre caio nisso!
— Ah! Porcaria – ele ri de mim. Me rendi e ri também.
— A gente pode ser amigo como antes?
— Você não vai me agarrar em momento algum? – ele dá uma gargalhada.
— Te agarrei nesse tempo que estamos aqui? – fico pensativa.
— Não... – ele sorri. – Acho que pode ser melhor sermos amigos – digo sorrindo.
— Posso te dar um abraço então?
—... Pode... – ele levanta e me puxa pela mão pra levantar também, depois coloca as mãos na minha cintura e me puxa pra abraçá-lo.
— Eu espero que você fique bem... – diz fazendo carinho no meu cabelo agora. Ainda estávamos abraçados.
— Digo o mesmo pra você – ele se afasta de mim e fica me olhando. – Que foi? – ele morde o lábio inferior.
— Posso te dar um último beijo?
— Taichi...
— Um selinho então? – tive que rir.
— Somos amigos agora! Amigos não fazem isso!
— Ok, ok...
— Vou embora. Preciso descansar e ir pra faculdade daqui a pouco.
— Tudo bem – me aproximo e o abraço de novo, ele me abraça forte.
— Até – ele sorri. Ai, ai, me aproximo e dou o último beijo que ele pediu, mas só porque ele foi legal.
— Obrigado – diz sorrindo quando me afasto, dou uma risada e vou embora.
Descanso e depois vou pra faculdade. Volto e vou logo deitar na cama e começo a refletir, será que eu gosto do Yamato? Mas como vou saber? E pra que pensar nisso? Ele não vai falar comigo.
Fico uma boa parte de noite pensando nisso e logo adormeço.
No dia seguinte levanto sem ânimo de novo e vou trabalhar.
Estava com a mão apoiada no rosto viajando olhando o computador sem mesmo prestar qualquer atenção nele.
— Sora... – olho pra cima e fico surpresa.
— Takeru? O que você está fazendo aqui? – pergunto desconfiada.
— Hikari me contou que... Você terminou com o Taichi – fofoqueirinha de uma figa!
— Er... É...
— Vim aqui porque desde que você decidiu pelo Taichi... – desvio o olhar dele. – Que o Yamato não é mais o mesmo.
— Como assim?
— Ele ficou mais frio que quando nossos pais se divorciaram.
— Me desculpa Takeru.
— Para de me pedir desculpa Sora! – diz irritado. O olho assustada agora. – Vai lá e pede a ele! - ficamos nos encarando em silêncio. Droga.
— Mas... De que vai adiantar isso? Já pedi desculpa várias vezes e ele não merece lembrar de tudo que eu fiz.
— Sora... Ele te ama muito! – pisquei o olhando assustada. – Tenho certeza que você vai o surpreender – e agora o que faço?
— Quando ele vai?
— Hoje...
— Pra onde?
— França. No voo das 18horas. Se quiser, passa lá... – diz sorrindo e vai embora. O que eu faço? Nem consegui trabalhar depois disso. Fui pra casa delirando. Não posso ir lá. Ele não vai me querer de volta. Não tenho o direito de falar com ele.
Fiquei o dia comendo doce de novo. Ah! Meu corpo vai virar açúcar! Olhei o relógio, 17h20min. Pisquei e comecei a ficar apavorada. E agora? 17h35min.
Saí correndo de casa e peguei um taxi, o aeroporto era um pouco longe. Quando estava quase chegando, um transito infernal atrapalha meus planos. Droga! Percebi que não ia andar, olhei o relógio 17h50min! Peguei o dinheiro na minha bolsa joguei no carro e sai correndo desesperada pela rua. Cheguei no aeroporto toda suada e respirando ofegante. Estava procurando na tabela o voo pra França.
— Sora? – me viro pra trás assustada. Graças a Deus! Ainda não foi! Não pude conter o sorriso. Ele me olhou confuso. Corro e o abraço.
— Me desculpa por tudo que te fiz Yama... – peço desesperada, ele fica quieto e não me abraça de volta. Me afasto depois que percebi que o abracei do nada e olho seu rosto, ele estava sério.
— O que você está fazendo aqui? – pergunta seco. Nesse momento desejei não ter o encontrado.
— Queria que você me desculpasse.
— Você já não pediu desculpas mil vezes? – nossa ele estava me assustando! Takeru tinha razão, quanta frieza...
— Pedi... Você me desculpou? – o olho nos olhos.
— De que adiantaria eu fazer isso?
— Naqueles tempos nada, mas agora...
— Agora o que? – ele estava tão frio que eu pensei em ir embora e deixar ele conversar com a frieza dele.
— Agora... Eu percebi a burrice que fiz... – digo olhando pro chão. Não queria o olhar nessa hora, porque sabia que o olhar dele seria frio. – Nunca poderia ter feito o que fiz com você. Eu sei que você tem todo o direito de me odiar e eu nenhum direito de estar aqui – silêncio. Olho o relógio, 18h10min. – Você perdeu seu voo? – o olho assustada agora.
— Não – diz seco, respiro fundo.
— Não era às 18 horas?
— Quem te disse isso?
— Seu irmão – ele suspira.
— Ele te enganou – fico chocada. – Só vou no das 19 horas.
— Não acredito nisso – digo baixo.
— Só isso que você queria me dizer? – ele está me irritando!
— Era! Boa viajem! – digo irritada. Ele vira pra ir embora. – Seu idiota! – Yamato vira pra mim de novo, droga! Não era pra ter ouvido!
— O que?
— Idiota! – digo o olhando nos olhos agora.
— Você está maluca? – ai meu Deus! Ainda bem que estamos em um lugar público. Se não acho que ele me matava! Que frio na barriga horroroso! Quero morrer! Nunca senti isso na vida!
— Você é um idiota Yamato – ele se aproxima me fazendo ficar sem ar. E sentir um frio maior ainda na barriga. Para na minha frente bem perto me olhando nos olhos.
— Você que faz um monte de besteira, me troca pelo meu melhor amigo e eu que sou idiota? – uau consegui sentir a raiva na voz dele e fiquei assustada.
— Não foi por isso que disse isso – digo olhando o chão. Na hora que ele ia me responder, foi cortado pelo anuncio do voo dele. Meu corpo gelou e eu o olhei com pavor. E ele... Me olhava frio.
— Eu tenho que ir, com licença – vira e vai andando rápido.
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