Até Parece Conto De Fadas escrita por broken angel


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Demorei pouco, mas demorei. Queria que esse capítulo ficasse perfeito, e acrescentei umas coisas meio muahahaha nele. Sei lá, talvez alguns gostem, ou talvez não. Aproveitem.



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Os dois ainda não estavam se falando. Como era de se esperar. Austin ainda continuava chateado com Ally, por suas palavras. E Ally era muito orgulhosa para ir pedir desculpas, e mesmo que isso a machucasse ainda mais, e que o buraco de seu coração ainda aumentasse.

Austin decidira dar espaço para Ally. Ela ainda tinha que contar para ele a história de seu passado. Querendo ou não saber, ele queria que ela confiasse nele o bastante para falar sobre qualquer assunto. Mas como estavam separados isso seria difícil.

Enquanto não se ajeitavam, Austin treinava com seu time. Isso era bom. Era um jeito de esquecer Ally, pelo menos por duas horas ao dia, porque depois que acabava o treino ele tinha que voltar para a Sonic Boom e ficar lá ajudando o Sr. Dawson, e querendo ou não, ficar ao lado dela.

Pra ela também não estava sendo nada fácil ficar perto dele. Essas quase três semanas longe um do outro fez com que ela percebesse que ainda necessitava dele. Tudo em sua vida tinha ficado mais fácil com ele por perto, e ela se sentia bem. Naquele momento ela se odiava, se sentia um lixo por tudo que estava acontecendo. E se culpou por isso.

A loja fechou e ela foi correndo para o seu quarto, trancando a porta logo em seguida. Passava muito tempo ali, naquele quadrado, e ela estava se tornando parte da mobília. Foi para o banheiro e se olhou no espelho. Estava com muitas rugas, e como ela não gostava de maquiagem, não fazia nada para repará-las. Não dormia direito. Vira e mexe lembrava-se daquele filme de terror que assistira com ele, e lembrara-se de quando ela dormiu com ele, em seu quarto por estar com muito medo.

Suspirou, profundamente, abaixando a cabeça. Na pia tinha uma lâmina de barbear, provavelmente de seu pai. Às vezes ele ia em seu quarto para se barbear. Olhou para o objeto pegando-o e tirando a lâmina. Estava bem afiada. Nunca tinha feito aquilo, mas se concentrasse a dor no furo ou no corte, talvez se esquecesse de seus outros problemas, e talvez diminuísse a dor no coração. Encostou a lâmina em sua pele, branca e quente. Não teve coragem de aprofundá-la.

Jogou-a no lixo e sussurrou “Estúpida” para si mesma. Tirou a roupa e entrou em sua banheira. Sentou-se e abriu o chuveiro. Deixando que caísse a água por ela toda, encostou a cabeça na borda da banheira, e fechou os olhos, torcendo para que a água lavasse sua alma.

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Austin vira Ally subir as escadas correndo para ir para o seu quarto se trancar e ficar lá até no dia seguinte. Por três semanas ela fez isso. Foi se arrastando para seu próprio quarto. Pegou a toalha e foi para o banheiro que tinha lá em cima. Despiu-se e entrou debaixo do chuveiro, ligando-o em seguida. Encostou-se à parede e fechou os olhos, sentindo a água pingar por suas costas.

Estava cansado daquilo. Queria Ally para ele, e só para ele. Queria poder abraçá-la quando quisesse, e beijá-la sem que ela saísse correndo. Queria que ela entendesse que podia confiar nele, mesmo que seu passado não fosse dos melhores. Todos cometiam burradas. Ninguém era perfeito naquele mundo. E todos se arrependiam. Ele tinha certeza de que gostava dela. Que realmente tinha um sentimento forte por ela. Não queria transparecer porque não tinha certeza se ela sentia o mesmo por ele.

Queria que ela se sentisse segura só por estar com ele. Porque pelo menos ele se sentia seguro perto dela. Podia até ser ridículo aquilo, mas ele se sentia assim. Nunca tinha se sentindo daquela maneira com nenhuma outra garota. Com a Ally era tudo diferente. Todas as sensações e ações. Suspirou, cansado.

Sábado seria a festa do time de basquete. Tinham ganhado o jogo na quarta, e já estavam falando para todos para irem na festa. Seria em uma casa, enorme, de um dos jogadores do time, Carl Hunnes. Seus pais não estavam, só estava ele e seu irmão mais velho, pelo que parecia.

Trish e Dez estavam animados para ir nessa festa. Até então nunca tinham sido convidados para esse tipo de festa. Austin que tinha dado a ideia de convidar a escola toda, para não fazer objeção a ninguém. Ele não estava muito animado, mesmo que tenha sido ele quem marcara o ponto da vitória. Se Ally estivesse indo nos jogos, mesmo que para apoiar o time, ele ficaria um pouco mais feliz, mas nem isso ela fazia.

Não sabia se ela iria na tal festa, bem que ele queria que ela fosse. Tinha quase certeza que ela iria dar uma desculpa para Trish só pra não sair de casa. Estava pensando em falar com a mesma para que fizesse de tudo para ela ir. Sua desculpa era porque ela tinha que sair um pouco do quarto. Estava há tanto tempo lá que já estava mofando.

– Tem certeza que é só por isso que quer que ela vá Austin? – disse Trish, com seu ar zombeteiro de sempre.

– Claro que é – respondeu sem olhar para ela.

– Certeza? – persistiu.

– Tá bom. Eu quero ver a Ally. Mal a vejo na escola, e aqui na loja ela sempre fica nos fundos. Eu quero saber se ela está bem. Quero conversar com ela.

– Você acha que vai conseguir? – ela ergueu uma sobrancelha.

– É só ela não fugir quando eu for falar com ela.

– Então boa sorte – deu um risinho. – Sempre que eu tento falar com ela sobre você ela muda a conversa. Eu realmente queria saber o porquê de ela ter ficado tão brava por você ter beijado a Kira.

– Pela milésima vez, EU NÃO BEIJEI A KIRA – disse um pouco alto. – Ela que me beijou. E a Ally deve ter ficado com ciúmes.

– Bom, isso é o certo. Mas pra que parar de falar com você? Ela não aguenta ficar tanto tempo brava com uma pessoa. Com você é a primeira vez.

– Obrigado. Me animou bastante – disse irônico. Trish riu.

– Tá bom. Faço-a ir.

– Valeu Trish. Te devo uma – disse, saindo de perto da garota.

– Eu vou lembrar você disso.

– Ally, por favor, vamos pra festa.

– Não quero Trish.

– Vamos por favor!

– Você não entende o que significa “não”?

– Não – Ally riu fraco, junto com Trish. Ambas estavam no quarto de Ally, sentadas em sua cama.

– Porque quer tanto que eu vá?

– Você tem que se divertir.

– Quem disse que preciso?

– Larga de ser chata Ally. Faz três semanas que não sai desse quarto. Já tá mofando aqui. Não explica o porquê de não estar mais falando com Austin. Eu não me importo. Acho que quando estiver pronta você falaria, mas isso já está ridículo. Todo mundo tá preocupado com você. Até o Austin. Por isso implorou pra fazer com que você fosse à festa – disse rápido, e brava. Ally se assustou com a intensidade da amiga. Mas Trish falara uma coisa que não deveria. Se falasse que foi Austin quem disse para fazer com que saísse de casa talvez ela decidisse não ir.

– Austin pediu isso? – disse um pouco brava.

– Ally, entenda, ele só está...

– Preocupado, eu sei. Entendi essa parte.

– Não diga que não vai só por causa dele, por favor.

– Não. Eu vou – ela disse, com um sorrisinho nos lábios.

– E essa cara? – Trish estranhou.

– Nada – disfarçou.

– Você vai aprontar alguma coisa Ally. Eu conheço lembra? Faz tempo que não faz isso, mas eu sei quando a usava.

– Isso é passado Trish, já chega. – disse rápido.

– Tudo bem – levantou os braços em sinal de rendição. – Quer que eu passe aqui?

– Não precisa. Eu vou sozinha.

– Tudo bem. Então até lá. Nove horas, não esqueça. – Ally concordou, e viu a amiga fechando a porta. Sorriu novamente, do mesmo jeito que antes. Sabia sobre o que Trish falava. Na época que dava aquele sorriso era sobre o passado que Kira tinha dito para Austin. Ela sempre aprontava quando dava esse sorrisinho, e esse era o dia que iria aprontar. Austin a queria nessa festa, e ela iria. Mas para mostrar para ele que não estava mofando naquele quarto. Queria ver até onde a preocupação e a paciência dele iria naquela noite. Já sabia o que iria fazer.

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Austin estava no parque que ele e Ally descobriram juntos. Desde aquele dia tinha vindo todos os dias para ver se ela aparecia, mas ela não tinha aparecido, nenhum dia. Talvez pensasse que ele estaria lá, e quis ficar em um lugar mais seguro. Mas mesmo sem Ally ali ele ainda achava o lugar bonito por lembrá-la. Sorriu, ao se lembrar de seus olhos brilhando quando viram o lugar pela primeira vez. Seu celular começou a tocar. Olhou para a tela. Era Trish.

– Fala, Trish.

Austin? Adivinha.

– O quê? – disse desanimado.

– Você tá me devendo um favor. A Ally vai.

– O quê? – disse impressionado. – Sério?

– Sério. Acabei de sair da casa dela.

– Obrigado Trish. Te devo uma mesmo.

– É, deve mesmo. – Ambos riram – Só uma coisa. A Ally vai aprontar alguma coisa.

– Como assim?

– Ela deu um risinho quando disse sem querer que foi você quem me pediu pra pedir pra ela ir. E ela disse que iria, depois disso.

– É só um sorriso Trish. Nada demais. – disse, rindo fraco.

– Não Austin, não é. Eu sei o que esse risinho significa. Ela sorria desse jeito quando ia fazer as coisas dela. Antigamente.

– As coisas que a Kira disse que ela fazia?

– Isso.

– Vai me dizer o que é?

– Desculpa Austin. Eu não posso. É coisa da Ally. Quando ela decidir te contar, você saberá.

– Tudo bem. Obrigado de novo Trish.

– Que isso. Não foi nada. Como você disse, ela precisa sair do quarto.

– Isso é verdade. Mas mesmo assim, obrigado.

– Por nada. Então até a noite.

– Até.

– Tchau.

– Tchau.

Austin desligou o telefone, e não pôde deixar de sorrir. Ally iria na festa. E ela não poderia fugir daquela vez. Ela o escutaria. Escutaria tudo o que tem a dizer. Tudo o que pensou nessas três semanas longe dela. Essa noite seria o momento decisivo para Austin.

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Já era quase nove horas e Ally ainda não tinha tomado banho. Queria chegar tarde na festa, para que todos prestassem atenção nela, e fazer com que Austin ficasse irritado. Se ela teria que voltar a fazer o que fazia antes somente por vingança, ela faria. Com certeza Austin ficaria enciumado e nervoso, mas seria uma coisa boa.

Foi para o banho e demorou o máximo possível. Secou-se e saiu do banheiro. Ouviu a porta da loja fechar e foi ver pela janela quem estava entrando ou saindo. Era Austin. Ele estava saindo. Trish e Dez estavam com ele. Provavelmente estavam indo para a festa. Ally sorriu. Ninguém iria vê-la até chegar à festa.

Abriu seu guarda roupa e ficou olhando por cinco minutos decidindo o que iria vestir. Nada ali se encaixava no que decidira fazer. Mas lembrou de que, como sua mãe não sabia muito o tipo de roupa que ela usava, sempre dava roupas diferentes, e meio provocantes. Sorriu, marota, lembrando-se das últimas roupas que sua mãe te dera de aniversário. Com certeza todos iriam lembrar-se do passado de Ally naquela festa.

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Austin já estava pronto quando Trish mandara uma mensagem para ele dizendo que já estava esperando-o lá fora com Dez. Passou seu perfume e saiu.

– Ué, cadê a Ally? – Dez perguntou quando começaram a andar.

– Ela vai depois. – Trish respondeu.

– Pensei que ela ia com a gente, mas nem falei nada com ela. – Austin disse.

– Pois é. É parte da coisa que ela vai fazer hoje. – Trish disse.

– Você e essa coisa com o risinho. Aceite Trish, foi só um risinho, nada mais.

– Que risinho vocês estão falando? – perguntou Dez sem entender.

– Trish acha que a Ally vai aprontar alguma coisa hoje só porque ela deu um risinho quando disse que iria à festa.

– É aquele risinho? Que ela dava antigamente?

– Você também Dez? – Austin perguntou incrédulo.

– Trish tem razão Austin, ela sempre dava esse risinho. Pode se preparar que ela vai aprontar hoje.

– Eu ainda não acredito no que vocês estão falando. – ficaram em silêncio até o final do trajeto. Chegaram na casa de Carl Hunnes e a festa já tinha começado. A casa, de dois andares, estava toda iluminada, mas somente o primeiro andar. Tinha pessoas lá fora e lá dentro, todas comendo, bebendo ou dançando. Ninguém estava parado.

– Fala ai Austin – disse o dono da casa.

– E ai Carl – e cumprimentaram.

– Acabou de chegar?

– Foi sim. As pessoas chegam cedo hein – comentou, rindo.

– Pois é. É sábado, não querem perder tempo algum – Carl riu também. – Tá faltando alguém, não está?

– A Ally já está vindo – Trish disse rapidamente.

– Que bom que ela vem. Antigamente ela era o espírito das festas. – disse inocentemente, e saiu, para cumprimentar as outras pessoas que chegavam.

– Como assim o espírito da festa? – Austin se virou sério para Trish.

– É história dela Austin. Eu não posso falar.

– Por que não? Eu estou ficando preocupado. A cada palavra que falam do passado dela, penso em coisas terríveis que ela fez. – disse, bravo.

– Não são tão terríveis. Pelo menos ela nunca dormiu com ninguém – Dez disse, e saiu, para pegar sua bebida.

– Uau, obrigado. Fiquei mais tranquilo. – disse irônico.

– Austin – disse a voz fina e irritante de Kira, atrás dele. Revirou os olhos.

– Divirta-se – Trish disse rindo, saindo também de perto dele.

– Não me deixa sozinho, por favor Trish. – implorou, mas a amiga já estava longe.

– Não vai me dar oi Austin? – Kira passou as mãos pela barriga do garoto, abraçando pelas costas.

– Oi Kira. Tenho que falar uma coisa com os meninos. – se virou e saiu, deixando a garota, bufando, com as amigas.

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Ally estava pronta e saiu de sua casa. Em cinco minutos tinha chegado na festa. Lembrou das antigas festas em que ela ia. Lembrou de como se comportava nessas festas. Todos falavam que ela era o espírito das festas. Desde quando ficou no campo de visão, todos se viraram boquiabertos, olhando ela. Kira estava lá fora com suas duas amigas, e olhou da maneira mais nojenta que conseguiu. Ally riu desdenhosa de sua cara, e Kira ficou ainda mais possessa.

Enquanto andava, entrando na casa, todos cochichavam para seus amigos. Algumas coisas ela ouvia.

– É a Dawnson mesmo?

– Será que ela voltou a ser como antes?

– Ela tá gostosa demais.

– Tomara que esteja assim durante a festa toda. To louco pra ver seus showzinhos.

Ela ria de todos os comentários, achando graça em tudo. Viu Austin, Trish e Dez em um canto olhando para ela sem acreditar no que estava acontecendo. Estavam sérios, ninguém aprovava o que ela estava fazendo. Viu Carl e foi até ele. Ele bebia um pouco de sua bebida e quando a viu chegar, se engasgou.

– Você está bem Carl? – ela disse, gentilmente, passando as mãos pelas costas do garoto.

– Cl-claro – disse, respirando fundo. – Ainda bem que você chegou. A festa não está nada animada.

– Bom, parece que animação vai começar já. – ela sorriu maliciosa, e foi pegar um copo da bebida mais forte que tinha na mesa.

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– Aquela é a Ally mesmo? – Austin disse olhando para a garota com o cabelo de aspecto selvagem, e com a maquiagem preta e forte, e com um batom vermelho nos lábios pequenos e carnudos.

– E aquela roupa? – Trish perguntou. Ally estava com uma blusa vermelha bem apertada, mas com um casaco preto por cima. Sua calça era de couro e acentuava suas curvas. O sapato, também preto, era de salto. Era trançado no peito do pé, e tinha uma tachas em seu salto alto e grosso. – Nunca mais a vi com esse tipo de roupa.

– Acho que ela voltou a ser o que era antes – Dez disse, triste.


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Notas finais do capítulo

Deixei a festa pro próximo capítulo, senão ficaria muito grande este. Por favor, eu preciso de comentários pra ver se o que eu fiz com a Ally foi bom. Comentem, não cairá seus dedos.