Darkness Feed escrita por S A Malschitzky
Notas iniciais do capítulo
bem, acho que vou conseguir hoje mais tarde.
E para quem estava com saudades dele...
Balanço o copo com cerveja em movimentos circulares, encarando a parede, onde a mesa de jantar ficava, me lembrando de Nathan quieto, batendo o lápis azul na borda da mesa de madeira, com o indicador pressionado sobre o canto da testa e olhar fixo em um monte de contas matemáticas que para um garoto de três anos, seria como qualquer coisa insignificante.
- Resolva isso logo! - berrei irritado passando por ele.
Ele bateu as duas mãos fechadas em punho em cima da mesa e me encarou furioso.
- Já disse que não sei como fazer isso! - gritou ele pela terceira vez. - A mamãe havia dito não sei quantas vezes a você que eu tenho discalculia!
- Ora. Isso não passa de uma desculpa para não estudar. - O encarei e apontei o dedo para seu nariz. - Resolva!
- Eu não sei como fazer isso! - gritou ele mais uma vez.
- Tente pelo menos!
- Eu estou tentando! - gritou ele. - Estou tentando!
- Não grite comigo!
- Se me escutasse falar talvez eu não precisasse gritar! - Ele empurra os livros de cima da mesa para o chão e anda rápido até a porta, passando por ela e fechando-a em um baque.
- Volte aqui! - grito.
- Não! - Ele corre na direção da rua, correndo pelo asfalto esburacado.
Passo pela porta e corro atrás dele, sabendo que pelo menos nisso, ele é bom.
Correr.
Suspiro, balanço a cabeça deixando as mãos caírem e baterem na calça esverdeada.
Volto para a casa e me jogo no sofá.
Faz um ano que... Matei sua mãe, e mesmo sabendo que ele está certo, até porque eu nunca disse nada sobre ela ter pedido para que eu a matasse porque estava doente. Muito menos sobre ela ter me drogado - quando sabia que eu estava tentando parar -, me embriagado e colocado um remédio estranho na água, fazendo-me ficar estressado com qualquer coisa. No caso, o fato de ela ir embora.
Pisco algumas vezes e tomo mais um gole de cerveja e balanço a cabeça.
Precisa falar com Nathan pessoalmente.
Me levanto do sofá e ando até a janela, esperando ver a camionete prateada, mas só o que vejo e a rua feia e suja de sempre.
O fato da discalculia era besteira para mim, mas agora vejo que acho que fui duro de mais com Nathan.
Eu poderia ter aceitado e tentado resolver as coisas sozinho, mas é claro.
Eu precisava de alguém para enviar ou terminar isso por mim quando eu me fosse- o que está demorando mais do que imaginei.
Esfrego os olhos e suspiro.
Porque liguei para Meg?
Ela não passava de uma companheira de viagem.
Ok. Eu gostava dela, e nós éramos bem... Enfim. Mas ela me traiu e eu conheci a mãe de Nathan. Construí uma vida com ela. E depois a matei. Destruindo tudo.
**
Ok. Eu amava o John.
Era meu melhor amigo e ele costurou minha perna, dando-me chances para sobreviver e obviamente - como eu sempre faço - estraguei tudo com um cara loiro.
E então ele conheceu uma garota, os dois se casaram e... Enfim.
Eu admito, não foi nada legal ver um garoto praticamente igual a ele e saber que tem o nome igual a ele.
Me segurei para não revirar os olhos e trancar a porta, deixando os dois lá fora.
Suspiro e encaro a cicatriz deixada pelos pontos e toco-as com as pontas dos dedos.
- Nathan. - murmuro.
- Eu sabia. - Olho para trás e vejo Brook. - Você ainda o ama.
- Quantas vezes já não disse para entrar aqui sem bater na porta? - Encaro seus olhos e bebo um gole de água.
- Pare de me tratar como criança Meg. - Ela vem em minha direção e aponta o dedo para meu nariz. - Você e Nathan gostavam um do outro, você pisou na bola, ele teve um filho. Nossa, que é muito gostoso. E agora está sozinho e bêbado em uma casa verde.
- Ele matou a própria esposa. - Encaro a parede a minha frente, começando a sentir minhas pernas formigarem, por estarem á algumas horas em cima da mesa de metal. - E eu não sei porque.
- Pergunta para o filho gostoso dele. - Brook começa a rir. - Qual é. Você tem raiva do garoto por ser filho da outra mulher quando foi você que dormiu com um loiro!
Me jogo sobre ela, tapando sua boca.
- Pode calar a boca?
- Não sou eu quem falo dormindo! - Ela morde minha mão, me fazendo soltá-la. - Se você não perguntar, eu vou.
- Ok. Me diga depois.
Ela revira os olhos e anda na direção da porta.
- Covarde. - murmura ela saindo da sala.
**
Seguro o telefone e jogo-o para cima, deixando-o cair em minha mão.
Repito isso umas seis vezes, até que disco o número rapidamente e coloco o telefone no ouvido.
- Meg? - digo andando de um lado para o outro.
- Oi. - diz ela.
**
Coloco a mão na testa, sorrindo.
- O que houve? Algo errado?
- Preciso falar com o Nathan.
Suspiro e concordo com a cabeça.
- Ok. Eu vou chamá-lo.
**
- Meg. - digo e aperto os olhos, pressionando os dedos contra meus olhos.
- O que você quer? - diz a voz grossa e brava de Nathan.
- Preciso falar com você. - digo um pouco bravo, sabendo que logo logo começaremos a brigar. - Pessoalmente. Traga a Shan até a sobrinha da Meg, mas por favor, venha agora.
- Eu não vou. - diz ele, provavelmente balançando a cabeça. - Ouviu que sou burro, que não estou tentando o suficiente? Não. Obrigado. Fugi por um motivo, e vou continuar com ele até que eu julgue necessário.
- Então me escute... Pelo menos. - digo suspirando.
- Fale. - Ele diz, suspirando.
- Eu sei que foi preso na adega com Shan. - digo, quase que com medo de que ele grite comigo.
- É, eu também sei que você ficou preso com a Meg lá dentro. Olha só, porque não me contou que eu estava ficando com uma mulher que já havia dormido com você?
- Achei que seu amor por Shan era mais forte do que seus instintos.
- Eu não... - Ele suspira. - Não tem nada a ver. Vai dizer que você não dormiu com a Gerogia.
- Não era você que sempre dizia que éramos totalmente diferentes?
- É, mas eu tenho certeza de que... Olha. Cale-se. Quer esfregar na minha cara que fiz aquilo mentindo para mim mesmo? Se for isso, eu digo adeus John.
- Não. Eu preciso das folhas.
Ele solta uma risada.
- Ah, olhe só. - diz ele sarcasticamente. Reviro os olhos. - Então você sabia que estavam comigo? Você sabia que o carteiro passou em dez casas diferentes e nunca conseguiu achar você. - Ele ri mais uma vez.
- Com quem está falando? - Escuto a voz doce de Shannon no fundo.
- Graças á deus. - digo e suspiro. - Passe para a Shan.
- Não, você não vai falar com a Shan. - diz Nathan.
- Oi. - diz ela com a voz mais próxima do telefone. - Desculpe meu oi meio rude, mas arranquei o telefone de Nathan.
- Me dá isso. - diz Nathan no fundo.
- Não. - grita ela. - Ai! Não faça isso nunca mais! - Ela provavelmente bate em seu braço. - O que foi?
- Preciso que me mande as folhas. Não, não. - me corrijo. - Convença Nathan a vir aqui.
- Ah - Ela ri. - Como se eu já não tivesse tentado.
- Só tente mais uma vez. - digo.
- Ah. Até com ela? - diz Nathan. - Eu não vou mandar os papéis. Vou ficar com eles.
- Ok. - digo. - E vai resolver sozinho? Pensei que não conseguisse.
- Vou tentar mais uma vez. - diz ele seriamente. - Até, John.
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Até despois...