Darkness Feed escrita por S A Malschitzky


Capítulo 59
Por mais mil vezes, mas não vou ir até ai.


Notas iniciais do capítulo

bem, acho que vou conseguir hoje mais tarde.
E para quem estava com saudades dele...



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Balanço o copo com cerveja em movimentos circulares, encarando a parede, onde a mesa de jantar ficava, me lembrando de Nathan quieto, batendo o lápis azul na borda da mesa de madeira, com o indicador pressionado sobre o canto da testa e olhar fixo em um monte de contas matemáticas que para um garoto de três anos, seria como qualquer coisa insignificante. 

- Resolva isso logo! - berrei irritado passando por ele.

Ele bateu as duas mãos fechadas em punho em cima da mesa e me encarou furioso.

- Já disse que não sei como fazer isso! - gritou ele pela terceira vez. - A mamãe havia dito não sei quantas vezes a você que eu tenho discalculia! 

- Ora. Isso não passa de uma desculpa para não estudar. - O encarei e apontei o dedo para seu nariz. - Resolva!

- Eu não sei como fazer isso! - gritou ele mais uma vez.

- Tente pelo menos! 

- Eu estou tentando! - gritou ele. - Estou tentando!

- Não grite comigo! 

- Se me escutasse falar talvez eu não precisasse gritar! - Ele empurra os livros de cima da mesa para o chão e anda rápido até a porta, passando por ela e fechando-a em um baque.

- Volte aqui! - grito.

- Não! - Ele corre na direção da rua, correndo pelo asfalto esburacado. 

Passo pela porta e corro atrás dele, sabendo que pelo menos nisso, ele é bom.

Correr.

Suspiro, balanço a cabeça deixando as mãos caírem e baterem na calça esverdeada.

Volto para a casa e me jogo no sofá.

Faz um ano que... Matei sua mãe, e mesmo sabendo que ele está certo, até porque eu nunca disse nada sobre ela ter pedido para que eu a matasse porque estava doente. Muito menos sobre ela ter me drogado - quando sabia que eu estava tentando parar -, me embriagado e colocado um remédio estranho na água, fazendo-me ficar estressado com qualquer coisa. No caso, o fato de ela ir embora. 

Pisco algumas vezes e tomo mais um gole de cerveja e balanço a cabeça.

Precisa falar com Nathan pessoalmente.

Me levanto do sofá e ando até a janela, esperando ver a camionete prateada, mas só o que vejo e a rua feia e suja de sempre.

O fato da discalculia era besteira para mim, mas agora vejo que acho que fui duro de mais com Nathan. 

Eu poderia ter aceitado e tentado resolver as coisas sozinho, mas é claro.

Eu precisava de alguém para enviar ou terminar isso por mim quando eu me fosse- o que está demorando mais do que imaginei.

Esfrego os olhos e suspiro.

Porque liguei para Meg?

Ela não passava de uma companheira de viagem. 

Ok. Eu gostava dela, e nós éramos bem... Enfim. Mas ela me traiu e eu conheci a mãe de Nathan. Construí uma vida com ela. E depois a matei. Destruindo tudo.

 **

Ok. Eu amava o John. 

Era meu melhor amigo e ele costurou minha perna, dando-me chances para sobreviver e obviamente - como eu sempre faço - estraguei tudo com um cara loiro.

E então ele conheceu uma garota, os dois se casaram e... Enfim.

 Eu admito, não foi nada legal ver um garoto praticamente igual a ele e saber que tem o nome igual a ele.

Me segurei para não revirar os olhos e trancar a porta, deixando os dois lá fora.

Suspiro e encaro a cicatriz deixada pelos pontos e toco-as com as pontas dos dedos. 

- Nathan. - murmuro.

- Eu sabia. - Olho para trás e vejo Brook. - Você ainda o ama.

- Quantas vezes já não disse para entrar aqui sem bater na porta? - Encaro seus olhos e bebo um gole de água.

- Pare de me tratar como criança Meg. - Ela vem em minha direção e aponta o dedo para meu nariz. - Você e Nathan gostavam um do outro, você pisou na bola, ele teve um filho. Nossa, que é muito gostoso. E agora está sozinho e bêbado em uma casa verde.

- Ele matou a própria esposa. - Encaro a parede a minha frente, começando a sentir minhas pernas formigarem, por estarem á algumas horas em cima da mesa de metal. - E eu não sei porque.

- Pergunta para o filho gostoso dele. - Brook começa a rir. - Qual é. Você tem raiva do garoto por ser filho da outra mulher quando foi você que dormiu com um loiro!

Me jogo sobre ela, tapando sua boca.

- Pode calar a boca?

- Não sou eu quem falo dormindo! - Ela morde minha mão, me fazendo soltá-la. - Se você não perguntar, eu vou. 

- Ok. Me diga depois.

Ela revira os olhos e anda na direção da porta. 

- Covarde. - murmura ela saindo da sala.

**

Seguro o telefone e jogo-o para cima, deixando-o cair em minha mão.

Repito isso umas seis vezes, até que disco o número rapidamente e coloco o telefone no ouvido.

- Meg? - digo andando de um lado para o outro. 

- Oi. - diz ela.

**

Coloco a mão na testa, sorrindo.

- O que houve? Algo errado?

- Preciso falar com o Nathan.

Suspiro e concordo com a cabeça.

- Ok. Eu vou chamá-lo.

**

- Meg. - digo e aperto os olhos, pressionando os dedos contra meus olhos.

- O que você quer? - diz a voz grossa e brava de Nathan.

- Preciso falar com você. - digo um pouco bravo, sabendo que logo logo começaremos a brigar. - Pessoalmente. Traga a Shan até a sobrinha da Meg, mas por favor, venha agora.

- Eu não vou. - diz ele, provavelmente balançando a cabeça. - Ouviu que sou burro, que não estou tentando o suficiente? Não. Obrigado. Fugi por um motivo, e vou continuar com ele até que eu julgue necessário.

- Então me escute... Pelo menos. - digo suspirando.

- Fale. - Ele diz, suspirando.

- Eu sei que foi preso na adega com Shan. - digo, quase que com medo de que ele grite comigo. 

- É, eu também sei que você ficou preso com a Meg lá dentro. Olha só, porque não me contou que eu estava ficando com uma mulher que já havia dormido com você?

- Achei que seu amor por Shan era mais forte do que seus instintos. 

Eu não... - Ele suspira. - Não tem nada a ver. Vai dizer que você não dormiu com a Gerogia.

- Não era você que sempre dizia que éramos totalmente diferentes? 

- É, mas eu tenho certeza de que... Olha. Cale-se. Quer esfregar na minha cara que fiz aquilo mentindo para mim mesmo? Se for isso, eu digo adeus John.

- Não. Eu preciso das folhas. 

Ele solta uma risada.

- Ah, olhe só. - diz ele sarcasticamente. Reviro os olhos. - Então você sabia que estavam comigo? Você sabia que o carteiro passou em dez casas diferentes e nunca  conseguiu achar você. - Ele ri mais uma vez.

Com quem está falando? - Escuto a voz doce de Shannon no fundo.

- Graças á deus. - digo e suspiro. - Passe para a Shan.

- Não, você não vai falar com a Shan. - diz Nathan.

- Oi. - diz ela com a voz mais próxima do telefone. - Desculpe meu oi meio rude, mas arranquei o telefone de Nathan.

- Me dá isso. - diz Nathan no fundo.

- Não. - grita ela. - Ai! Não faça isso nunca mais! - Ela provavelmente bate em seu braço. - O que foi?

- Preciso que me mande as folhas. Não, não. - me corrijo. - Convença Nathan a vir aqui.

- Ah - Ela ri. - Como se eu já não tivesse tentado.

- Só tente mais uma vez. - digo.

- Ah. Até com ela? - diz Nathan. - Eu não vou mandar os papéis. Vou ficar com eles.

- Ok. - digo. - E vai resolver sozinho? Pensei que não conseguisse.

- Vou tentar mais uma vez. - diz ele seriamente. - Até, John.

  


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Notas finais do capítulo

Até despois...



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