Darkness Feed escrita por S A Malschitzky


Capítulo 46
Não é importante. É importante? Você se importa?


Notas iniciais do capítulo

Tá, isso tem a ver com Nathan e seus pensamentos...
Entendedores entenderão e o Nathan não vai responder pra quem n entender pq como seu pai diz: Eu não sou tuas nega.
Enfim, boa leitura



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Ele coloca a mão sobre minha coxa, mas afasto-a com um tapa.

- O que foi? – pergunta ele assustado.

- O que você pensa que está fazendo? – pergunto com os olhos arregalados.

Ele franze o cenho.

- Sei lá. Eu pensei que depois...

Solto uma risada.

- Sério? – pergunto cruzando os braços. – Ok. O Nathan Jones Jr. falando isso? Você?

- E não estou certo?

- Não. – digo encarando a estrada.  – Espere ai... Você se importa?

- É. Me importo. Você também deveria. – diz ele um tanto irritado.

- Como se aquilo significasse alguma coisa. – digo ele encara meus olhos por um momento. – Você é o Nathan. É a pessoa que menos deveria se importar.

- É. Só que eu me importo.

- Então pare. – digo ainda rindo.

Nathan Jones Jr. se importa.

Essa frase está em minha cabeça já faz um tempo, e começo a rir quando ela termina a cada vez.

Já está escurecendo.

- Então. Quando vai dizer para onde vamos? – pergunto encarando seus olhos.

- Nem precisa mais. – Ele puxa o freio de mão e abre a porta do carro. – Já chegamos. Só tenha cuidado. Não sei se têm bichos aqui.

- Ok. Agora que você se preocupa comigo. – murmuro e começo a rir de novo.

Ele segura minha mochila e fica atrás de mim, tapando meus olhos com as mãos com cheiro de sangue.

- Esse sangue é de quem? – pergunto.

- Seu. – diz ele. – Ok. Quero que adivinhe que lugar é esse.

- Como? Se não posso ver nada. – digo segurando suas mãos.

- Vou dar uma dica. – sussurra ele. – Eu vim aqui uma vez. Você não estava comigo.

- Nossa. Como se você vivesse comigo em sua vida inteira. – digo.

- Você não vai mais morrer. Não há motivo para você ser tão gentil assim. – Ele aperta minha bochecha.

- Ok. Não dá para descobrir só com isso. – Continuamos andando, até que percebo que as luzes foram acesas.

- Ok. – Ele tira as mãos de meus olhos devagar. – Não abra os olhos. – Ele tira as mãos de meus olhos e abre minha mochila, fechando-a logo depois. Sinto algo de lã em meu pescoço e ele coloca as mãos em meus olhos novamente. – E ai? Já tem alguma ideia de que lugar estamos?

Tiro suas mãos de meus olhos e vejo o apartamento em que meus pais, eu e Abe morávamos.

- Porque não disse logo?- pergunto olhando em volta. Está tudo igual. Abe trancou esse lugar direito.

Ele dá de ombros. 

- Achei melhor fazer uma surpresa. – Ele suspira e coloca as mãos nos bolsos. – Olha. O quarto onde você e o Abe dormiam é o cômodo onde há mais bichos aqui dentro. Então... É melhor você dormir no quarto dos seus pais e eu fico aqui na sala.

- Esse sofá não é confortável. – digo.

Ele dá de ombros.

- Eu durmo no chão então.

- É melhor. – digo. – Mas... Você tem as dores nas costas. Eu durmo no sofá.

- Não.  – diz ele.

- Não vão entrar aqui ok? Eu aquento o sofá.

- Não vou deixar você dormir ai.

- Você não encoste um dedo em mim ok?

Ele abre a boca.

- Não quero comentários indecentes.

- Vou calar minha boca. – Ele anda na direção do quarto de meus pais e eu me jogo no sofá.

Suspiro ao sentir o cheiro fraco – mas pelo menos presente- das velas de baunilha.

Ando até a cozinha e abro os armários, á procura de qualquer coisa. Mas só o que encontro são enlatados que já venceram á meses.

Coloco tudo para o chão e começo a tossir com a quantidade de poeira que há nisso.

- O que está fazendo? – pergunta ele tentando me enxergar no meio da poeira.

- Jogando as coisas fora e limpando. – digo girando a maçaneta da torneira e fazendo a água cair em minhas mãos. Passo as mãos no rosto e molho um pano laranja que estava entre as latas de tomate.

Passo o pano por dentro do armário.

- Quer que eu faça isso? – pergunta ele.

- Você está oferecendo ajuda? – pergunto inclinando a cabeça para trás, encarando-o com uma das sobrancelhas levantadas.

Ele ri, com os braços cruzados e encostado á mureta perto do balcão.

- É. – Ele dá de ombros. – Quer ajuda ou não?

Jogo o pano molhado e ele anda até o armário.

Tirando as latas e colocando-as no chão.

- Sabe. – diz ele terminando os armários de cima e puxando o fio da borda do pano, encarando-o. – Eu estava pensando nas possibilidades do que aconteceu naquela noite para você ser mordida na coxa. – Ele me encara um tanto sério.

- Nada. – digo. – Não aconteceu nada. Estava dentro da promessa com Abe.

Ando até o outro lado do balcão de granito.

- Quero saber o que aconteceu. – Ele se apoia no balcão empoeirado e esfrega o pano nas mãos.

- Estava dento da promessa com Abe. É só do que precisa saber. – digo sorrindo e encarando seus olhos. – Não aconteceu nada.

Ando até o sofá, mas ele vem atrás de mim.

- Mas você não estava no seu quarto.

Olho para trás.

- Porque acha isso? – Cruzo os braços.

- Porque eu estava lá. – Ele cruza os braços e encara meus olhos com as sobrancelhas arqueadas. – Está vendo que não pode mentir para mim? Uma hora ou outra, eu descobrirei a verdade. Você nem precisa se dar ao trabalho de contar tudo, porque quando decidir contar, eu já saberei de tudo.

Ele bate os dedos em sequencia na parede, fazendo um ruído. Ele anda na direção do quarto.

- Coloque algum sapato! Vamos para o mercado! Sabe onde fica, não sabe?

- Sei. – digo mordendo minha unha.

- E pare de roer unha. Você me arranhou ontem! – grita ele do quarto e começa a rir.

Encaro a porta com raiva. Nathan...

- Eu não tenho sapatos. Estão na mansão. – digo.

Ele joga um par de chinelos dourados. Os favoritos de minha mãe.

- Acho que pode servir. – diz ele.

Coço a nuca e ando até os chinelos, colocando-os nos pés e vendo que eles ficaram um pouco grandes, mas ainda é melhor do que sair por ai de pés descalços.

**

Já faz quase duas horas que voltamos do mercado mais próximo, que por incrível que pareça, está em ótimas condições.

Eles abastecem todos os dias, pois eles perceberam que há pessoas querendo sobreviver.

Portas de metal, vidros á prova de balas, local iluminado vinte e quatro horas e fica á dez minutos daqui.

Estou sentada em cima do balcão, porque Nathan disse para que eu ficasse bem longe das coisas de cozinha por causa do acidente com farinha daquela vez.

- Não sabia que cozinhava. – digo observando-o cortar o terceiro tomate.

Ele sorri.

- É. Imaginei que não soubesse. – diz ele e para de cortar o tomate, largando a faca em cima do balcão e encarando-a. – Não acredito que fez isso.

- Como? – pergunto.

Ele me encara.

- Eu estou me sentindo uma vadia sabia? – grita ele com uma imitação de uma voz de mulher, balançando a faca como se fosse uma caneta ou algo que não possa cortar alguém em menos de um segundo. – Não acredito que fez isso! Estou realmente, muito magoada. – Ele coloca a mão no peito, me fazendo rir.

- Oh. – digo rindo, indo em sua direção e abraçando-o. – Desculpe. Não foi por mal.

Começamos a rir e eu volto a me sentar no balcão.

- É estranho. – diz ele voltando a cortar os tomates.

- O que?

- Rejeição.  – Ele me encara, batendo a parte não cortante da faca em sua mão e eu começo a rir. – É sério. É a sensação mais estranha do mundo.

- Nunca tinha sentido, não é? – pergunto encarando-o sorrir.

- É. – Ele passa a língua nos lábios. – E estou sentindo que vou ter que começar a me acostumar.

- Não trate isso como uma coisa séria. Você nunca se importou mesmo. – Ele me encara. – Quero dizer. Você sempre ficava com as garotas por uma noite e ia embora. É como funciona para você. Isso o que eu quis dizer.

- É, mas achei que você se importaria.

- Mas você continuaria não se importando.

- Não. – Ele fecha os olhos. – Eu... Me importo agora.

Desço do balcão e ando em sua direção, encarando seus olhos.

- Ok. Esse é o ponto. Porque você se importa agora?

- Porque é você.


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Notas finais do capítulo

Ok povu. Até amanhã. Nathan manda bjs, tio John manda bjs, Shan manda bjs e etc etc. Eu tmb mando bjs e até amanhã.



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