Darkness Feed escrita por S A Malschitzky


Capítulo 45
Garotinha do Abe/Você fez isso sóbrio.


Notas iniciais do capítulo

Mudança de pov e...
Ah, vcs já sabem.
Bem até depois.



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Me viro na direção do vidro e ajeito o cinto para que não rasgue minha pele.

Voltamos a estaca zero. Somos Nathan e Shannon novamente.

Nathan, o vagabundo e Shannon, a garotinha do Abe.

- Não deveria me tratar assim. – digo com a testa encostada no vidro gelado e com frio nos braços.

- Como? - pergunta ele com os olhos na estrada, tratando isso como não mais do que uma conversa normal, com sua diversão: minha profunda irritação com sua personalidade. - Eu nunca te tratei como uma vadia. Não admito que diga isso.

- Como uma criança. - digo. - Quem me dera você me tratasse como uma. - murmuro.

Ele freia o carro, aparentando estar mesmo irritado.

- Pode repetir? - pergunta ele um tanto bravo. – Mas desta vez, olhando para meus olhos.

Me viro e encaro seus olhos azuis esverdeados.  

- Como uma criança. Quem me dera você me tratasse como uma. - digo alto suficiente.

Ele aperta os olhos e me encara.

- Eu te trato assim porque você é a irmã do Abe. Você é a garotinha do Abe.

Aperto os olhos, com a cabeça latejando.

Rango os dentes e digo chega para mim mesma.

Me solto do cinto e sento sem seu colo, segurando seu pescoço.

- O que diabos você está fazendo? - pergunta ele encarando meus olhos. 

- Provando que não sou a garotinha do Abe. - digo beijando seus lábios.

**

Abro os olhos e encaro com os olhos arregalados, Shannon dormir ao meu lado.

O que...

Sinto um pouco de frio. Não me lembro de ter tirado a camisa antes de dormir.

Nathan... Não! Você não fez isso.

Por favor, não diga que você fez isso.

Você não fez isso.

Você não fez isso.

Você NÃO fez isso.

Olho para o chão e vejo o short dela e me obrigo a me lembrar o porque de ele estar ali.

Fecho os olhos e sinto o gosto do licor que ela tomou e um leve toque da água misturada com remédio para sono.

 Ok. Aceite Nathan. Você fez isso. E você não estava bêbado.

Ok.

Suspiro.

Ok.

Sinto-a se virar. Fecho os olhos, esperando seus tapas e socos ou qualquer outra coisa que ela lance em mim.

Mas ela apenas suspira e encosta o rosto no banco do carro.

E a única coisa que penso agora é em Abe.

Ele não mataria você.

Claro que mataria.

Óbvio que não. Ele disse para que você cuidasse para que ela ficasse com alguém legal.

Claro, eu sou muito bom para ela.

Melhor do que o Carter, isso você pode ter certeza.

Ok. Pare de falar com você mesmo e aceite os fatos:

Shan vai socar você. Shan vai gritar com você. Você terá a pior surra da sua vida. Você não pode voltar atrás.

Suspiro e me movimento devagar. Recolocando as roupas e voltando para o banco do motorista, com as mãos trêmulas no volante.

Dou a partida no carro, esperando que ela não acorde.

Começo a dirigir e ela chuta minha perna, mas não acorda.

Ou ela está acordada.

- Shan?

- Me deixe dormir. – diz ela com a bochecha contra o banco. – Não foi você que me deu o remédio? Pois agora espere o efeito passar.

Suspiro e continuo dirigindo rindo um pouco.

**

Não sei para que Nathan acabou de me chamar, mas não estou muito interessada e o remédio ainda está fazendo efeito, até mais do que o licor de ontem.

Abro os olhos e vejo que já é de manhã. Anteontem.

- Oi. – digo encarando-o.

Ele me encara e tenta sorrir.

- Oi. – gagueja ele.

- Sabe... – Me sento com as costas encostadas no vidro do carro e balanço os dedos do pé. – Eu tive um sonho estranho. Estávamos nós dois e...

- É. Não foi um sonho. – diz ele me encarando sério.

Cruzo os braços e encaro seu rosto.

- Estávamos no país das maravilhas. Encontramos o coelho branco e acabamos dentro da mansão. É Nathan. Não foi um sonho. – digo rindo e colocando os pés para o chão, sentando direito e sentindo meu short no chão. – Nathan? – Ele me encara. Pego o short com a ponta dos dedos e o encaro. – Porque meu short está no chão? 

O encaro. Já pensando o pior possível.

- Não... – Ele suspira e esfrega os olhos. – Como eu posso explicar? – Ele olha para as sobrancelhas.

- Com palavras. – digo colocando as pernas de volta no short e fechando o botão. – Estou esperando.

- Quer ir para a praia? – pergunta ele dirigindo mais rápido.

- Quero que me explique porque meu short estava no chão e porque está dirigindo rápido.

- Só responda.

- Tanto faz. – digo irritada.

- Eu explico lá.

- Porque?

- Me dá mais tempo para pensar em como me explicar sem ser... O Nathan.

O encaro pensando o pior novamente.

- Nathan...

- Olha se for pensar um pouco, não é tão ruim. Mas de inicio eu tenho certeza que você vai querer me matar.

**

Ok. Eu vou calar a boca.

A cada palavra que digo, seus olhos se arregalam mais e eu só deixo a situação pior.

Dirijo cada vez mais rápido até a praia e por sorte, não fica tão longe e se ela me empurrar, provavelmente não vai doer tanto por causa da areia.

**

Bato o pé impaciente, pensando nos mais variados doces que eu já ouvi falar, antes que eu meta minha mão em sua cara sem saber pelo menos o motivo.

Ele disse que é ruim, mas ás vezes Nathan está errado sobre mim. O que eu espero que seja o caso, porque do contrário, como ele mesmo disse, vou acabar batendo nele.

Me forço a pensar sobre o que aconteceu, mas a única coisa que me lembro é deste sonho maluco de nós dois no país das maravilhas.

**

Vejo a areia e o mar azul – que provavelmente deve estar gelado, mas dane-se. É praia. – praticamente sorrindo por poder sair desse carro.

Estaciono na areia e abro a porta, me jogando para fora.

Ela me encara, mas eu saio correndo. Tirando os sapatos e colocando na caçamba do carro.

Ela abre a porta e pula para fora do carro, cruzando os braços e me encarando.

- Eu esqueci. – digo de longe. – Você esqueceu uma mochila no carro. Tem algumas roupas.

Ela corre até o carro e tira a mochila da caçamba, colocando uma blusa branca sem mangas e anda em minha direção.

- Ok. Pode começar a falar. – diz ela chegando mais perto. A cada passo que ela dá em minha direção, eu ando um para trás.

Suspiro.

- Em primeiro lugar... – Encaro seus olhos. – Eu não sou um maníaco ok?

- Que bom. – diz ela séria. – Essa era minha primeira teoria. Continue.

- Segundo: Eu não fiz nada enquanto você estava dormindo. – digo com as mãos abertas, na tentativa de me proteger, logo sabendo que não será possível.

Ela encara meus olhos, com os olhos verdes apertados e os braços cruzados.

- Ok então me explique porque...

- Eu sei. Eu sei. Parece muito estranho e pelo jeito você não se lembra de nada assim como eu, mas...

**

Nathan para de falar, mas não preciso que ele fale mais nada para perceber o que aconteceu.

Olho para o chão, balançando a cabeça.

- Desculpa. – diz ele. Levanto o olhar e o encaro. – Se quiser me bater, vá em frente. Mas saiba que... Eu não fiz por querer.

Olho para o lado, sentindo o vento levar meu cabelo para a direção do asfalto.

- É. – digo. – Mas fez.

- Vá em frente. – diz ele dando de ombros, parecendo desistir de alguma coisa. – Só queria que soubesse que não sou maluco que nem o Carter.

Ele se vira e anda devagar na direção oposta ao carro.

Esfrego os braços e mordo o lábio, olhando para o lado.

Suspiro e reviro os olhos, correndo em sua direção. Sentindo a areia arranhar meus pés.

Pulo em seu pescoço e beijo seus lábios.

Ele segura minha cintura e continuamos ali.

- E o que isso quer dizer? – pergunta ele se afastando.

- Não sei. – digo. – Tem que querer dizer alguma coisa?

Ele dá de ombros.

- Não para mim. Mas sei lá. Você é uma garota e... É a Shannon.

- Continuo a garotinha do Abe?

- Não. – Ele ri. – Você é tudo, menos a garotinha do Abe. Sério.

- Então se lembra do que aconteceu? – Cruzo os braços.

Ele ri.

- Mais ou menos.

- Ah. Dane-se. – digo rindo.


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Notas finais do capítulo

Entenderam neh?? Se alguém n entendeu o Nathan explica.