João E Maria escrita por Manuzíssima, Babi Lemos


Capítulo 5
E agora eu era um louco a perguntar...




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Victor tinha visto tudo e amargamente tomava seu primeiro porre. Os amigos insistentemente afirmavam que era a única maneira para que ele esquecesse aquele amor que tinha alimentado no peito. Aquele amor doce e tão curto. Reuniram-se alguns amigos e saíram dali em busca de qualquer outro balada onde o querido Victor enchesse a cara e pegasse um monte de gatinhas. Ah, e parasse de olhar babando a poderosa Bárbara bailando na pista.

            Foi o que ele fez. Encheu a cara com tudo que comprou e que os amigos deram e logo nos primeiros goles tomou coragem para chegar junto de umas meninas e acabou ficando com a primeira. Primeira de muitas... e outros muitos goles que o acompanharam. O rapaz nem combinava com a cena, aqueles cabelinhos de anjo, aquela carinha inocente que não quer errar demais para não se perder. Mas, no final, foi bom para sua masculinidade, provou, enfim, que era capaz de não sofrer muito tempo por uma garota. Mas será que era verdade mesmo?

            No dia seguinte, nem Victor nem Bárbara, cada um na sua e em seu lado da cidade, conseguiam sair da cama.

Antes de levantar, Bárbara fazia o levantamento do estrago, chegava a algumas conclusões. A cabeça dela parecia que ia explodir de tanta dor. Como ela dizia, sentia dor até no cabelo, até nas unhas. Queria morrer! As roupas jogadas no chão fediam a cigarro, o cabelo idem! A alma fedia a cigarro! Prometia a si mesma que nunca mais faria aquilo... mas sabia que não era verdade! A mãe, compreensiva até demais, levava remédio para a filha que, sentada na cama, engolia rapidamente na esperança que automaticamente aquela dor passasse e quando perguntou o motivo do exagero, Bárbara prometeu que contaria depois.

Depois que a mãe saiu do quarto, ela tentou resgatar os acontecimentos em flashback, mas muita coisa passava despercebida, cenas completamente em branco.

Lembrava-se dos braços de Léo rodeando sua cintura enquanto Pâmela dava seu show na mesa de som; lembrava-se das amigas chamando para ir para casa, no meio do beijaço que dava nele; a próxima cena era um enorme branco que surgia entre o momento da dança e o do beijo: como era mesmo que tinham resolvido se agarrar? Depois lembrava de que ele é quem a tinha trazido para casa e cadê minha moto? Ah, eu fui de carona! Lembrava-se de algumas frases que desceram amargas pelo ouvido: “estava com saudade desse beijo”, “fazia tempo que eu queria ficar de novo com você” etc etc. Coisas que ela não sabia direito se curtia ou se deletava da memória.

Victor, coitadinho, também não sabia direito por onde começava a mensurar a ressaca. Sentia como se o mundo estivesse achatando seu corpo e a dor na cabeça era aquela! Coisa que nunca tinha sentido antes e, tal como a Bárbara se prometia do outro lado da cidade, ele também jurava que nunca mais faria aquilo. A mãe dele quase não dormira à noite por causa da preocupação e quando os amigos vieram deixá-lo, deu uma bronca em todos, não só no filho. Agora, ele pedia mil perdões pela preocupação causada e chorava no colo dela explicando que tudo tinha começado quando viu a Bárbara. “Ah, meu filho, torça para sua dor de cotovelo passar logo, de resto não há nada a fazer.”

Bárbara lembrava-se também da dança, colada apesar do barulho alucinante que indicava algo bem largado e ensandecido, mas ele insistia em desfrutar de cada molécula dela e ela não estava muito propensa a resistir. Ah, lembrou: tinha sido fácil para ele. Ela quis ser fácil! Achando no princípio que estava dando um troco nele, mas depois percebeu que ele estava adorando o suposto troco, então era ponto para ele novamente. Porcaria! De resto, nada mais a lembrar, nem queria mesmo, provavelmente não valia a pena.

Victor não esqueceria daquela noite tão cedo, tinha transgredido as próprias regras de “bom moço”. Nem lembrava com quantas meninas tinha se agarrado ou se tinha sido agarrado... Aquele não era nem de longe seu perfil, sabia também o quanto tinha decepcionado a mãe, que não era aquele o filho que ela tinha criado. “Filho, você me decepcionou!”. Ah, mãe, não diga isso, a senhora me mata!

E Léo? Aquele era o estilo dele, farra, “pegação” e bebedeira. Na manhã seguinte, acordou com uma ressaca de matar, mas não era a ressaca de sempre. Dessa vez, quando a cabeça latejava, era pensando na futura ex-namorada com quem ia terminar dali a algumas horas, depois que o remédio fizesse efeito e ele conseguisse ver a luz do sol. Bárbara deixara bem claro, na opinião nada humilde dele, que o desejava. Dançar com ela, daquele jeito, tinha sido... humm, “esclarecedor!” Estava decidido, assim que terminasse com Marcinha, iria direto até a casa de Bárbara e lhe faria uma proposta bem melhor que a anterior. Sentiu vergonha quando pensou na proposta anterior... Ridículo! Como eu fui ridículo! A Bárbara nunca ia mesmo aceitar aquela situação, não foi coisa de homem! Dessa vez, iria fazer direito! Seria o cara mais correto do mundo enquanto estivesse com ela, nada de ficar com outras, nem baladas que ela não fosse, só cineminha e praia! O que ela quisesse, qualquer coisa! Queria aquele cheiro de novo colado no rosto dele; queria o embalo do corpo dela; queria poder beijar e abraçar aquela moça como nunca quis com outra antes; sim, era isso que ele queria. E queria agora!

A cena com Marcinha não foi nada fácil: muito choro e xingamento! Ela não o perdoaria pelos próximos mil anos e isso seria muito complicado já que os pais de ambos se conheciam e apostavam no casamento. Bom, uma coisa de cada vez. Resolvido com ela, agora ele iria resolver com Bárbara e sua proposta, acreditava ele, era a mais digna possível.


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