Cartas Para Arthur escrita por Stankovica


Capítulo 7
Carta 6


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, mas estou sem motivação para escrever. Ninguém comenta nos capítulos, parece que escrevo para fantasmas.



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Três dias após o show, recebo novamente outra carta. Estou tocando guitarra. A campainha toca e carta a fora deixada na porta do apartamento. Estranho. Perguntei ao porteiro se alguém que não mora no meu prédio havia parado no meu andar, ele diz que não havia entrado ninguém de estranho e parado no andar que moro.

“Caro Arthur, não adianta perguntar quantas garotas estavam no show de sábado, pois, você não irá me encontrar desta maneira.

Olha, estou tentando voltar a comer. Forço, é difícil, mas eu como. Como na marra, com nojo e muita força de vontade. Juro que tenho vontade de sair correndo e ir para o banheiro tirar tudo fora, mas me seguro, pois não quero que saiba quem sou eu, teria vergonha. Também, não quero ser um desgosto para minha mãe, pois ela não merece isso.

Comecei uma nova terapia sem ir a um terapeuta. Minha nova terapia contém uma boa dose de livros, caminhada ou corrida, cozinhar, escrever, dormir e ouvir muita música. Por mais que eu não esteja comendo, amo cozinhar, pois é algo que me relaxa. Bizarro, mas quero começar a me ajudar, não quero continuar indo para o fundo do poço, não quero magoar mais as pessoas que estão ao meu redor.

Sim, eu sei que magoo as pessoas que estão ao meu redor. Sou ríspida demais, fria demais. Não faço isso porque quero, acho que é uma autodefesa, pois já me machuquei tanto... Já quebrei muitas vezes a minha cara. Ontem mesmo, briguei com a minha mãe, fora horrível, ela começou a chorar e eu fiquei parada, sem uma lágrima escorrer do meu rosto. Falei coisas horríveis a ela, não nego, mas fora coisa do momento, porque há muito tempo ando calada, guardando tudo para mim; era previsível que uma hora iria explodir e falar tudo o que penso.

Não lembro quem começou a discussão – provavelmente fora eu – a única coisa que sei, é que o coração transbordou de ódio. Ela falou que não faço nada em casa, que só penso em sair e fico na rua, que eu não estudo e só fico lendo porcaria e mexendo no computador, mas... não é assim. Mal coloco os pés para fora de casa e quando me convidam para sair, eu não saio, pois eu sei que não tenho condições financeiras para ficar saindo e ela não quer ficar me levando para todos os lugares. Juro que não vejo graça na minha adolescência, pois não sou igual aos adolescentes da minha idade!

Sou problemática, não saio de casa, não desabafo, prefiro ler a ver televisão, prefiro escrever a falar... Ah, ninguém me compreende por aí, nem mesmo as minhas amigas, o que posso fazer? Sou diferente. Sou feia. Sou estranha. Sou um extraterrestre, como minha mãe já me falou várias e várias vezes.

Não irei mais te incomodar com meus problemas. Me perdoe por fazer você perder o seu tempo comigo e – talvez – tentar descobrir quem sou. Posso lhe garantir uma coisa: sou um porre, não queira saber quem sou.

Com muito carinho, Jess.”

A garota só pode estar brincando com a minha cara! Depois de sei lá quanto tempo, ela resolve fazer isso? Não, isso é inaceitável.

Pego minha guitarra e volto a tocar uma música qualquer, deixo minha cabeça livre de qualquer pensamento. Largo a guitarra, levanto e pego todas as cartas recebidas. Eram seis cartas, apenas a primeira fora escrito a mão, o resto foram todas digitadas...

Mas, por que diabos ela fez isso comigo? Não, irei esquecer tudo isso e seguir minha vida, ela agora em diante irá se virar só, pois nunca se quer precisou de mim, eu fui apenas um otário que caí na lábia de uma moça se rosto.


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Notas finais do capítulo

Comentem, por favor.



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