Cartas Para Arthur escrita por Stankovica


Capítulo 6
Carta 5




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Sábado, legal. Hoje tem um show de uma banda daqui da cidade, eles fazem cover e tem um som legal. Olho no relógio que marca seis horas. Tomo banho um longo banho, faço a barba, pego uma camiseta preta, jeans e tênis. Termino de me arrumar e vou até uma lanchonete que há algumas quadras de casa, marquei de encontrar o Thomas, Gustavo e o Nicholas lá antes do show começar. Chegamos ao local onde será o show alguns minutos antes de começar, há muitas pessoas. Algumas pessoas que estão do lado de fora bebem, fumam, se pegam, etc. Entramos finalmente.

– Quanta gata! – Thomas comenta olhando as meninas que passavam por nós. – ai papai.

Realmente tem muitas garotas lindas. Ficamos andando até encontrar um lugar bom. O show começara e o som é realmente bom, não há dúvida. Quando termina a quinta música o Thomas fala que irá conversar com uma garota, o Nicholas não estava perto da gente e sobrei com o Gustavo, até que uma garota loira vem conversar comigo e o Gustavo estava cantando outra garota loira. O papo da menina é bom, ela é bonita e provavelmente será difícil encontra-la novamente, fico com ela.

Quando paro de falar com a garota, noto que não via mais nenhum dos meninos, nós havíamos nos separado por causa das garotas. Compro uma latinha de cerveja e logo vi outra garota que era linda, converso, paquero, jogo charme e a beijo. Quando termino de conversar e beijar a garota, vejo a Duda com o namorado, aceno, ela acena de volta e veio ao meu encontro.

– Você viu a Alice por aí? – ela indaga.

– Alice? Ahm, não a vi.

– Ah, obrigada. Acho que ela já foi embora. Eu também já estou indo, tchau – ela sorri e vai embora.

Saio do local do show. Procuro os garotos e não encontro. Ao me virar vejo ao longe a Alice, que está parada olhando para as pessoas que estavam ao seu redor. Fui ao seu encontro, ela estava completamente avoada.

– Oi Alice – fico parado ao seu lado.

– E aí Arthur – ela sorri.

Pergunto o que ela achou do show, ela diz que foi bom e continua calada. Trocamos poucas palavras, então, a Julia aparece, ela diz que tem que ir embora ao mesmo instante. Logo em seguida os garotos aparecem.

Acordo com o celular tocando, olho no visor e vejo que é meu pai que me ligava. Atendo ainda lesado de sono.

– Em meia hora? Tá, até daqui a pouco. – desligo o telefone, pulo da cama e vou direto para o banho.

Há quase um mês que não encontro o meu pai, nós iríamos sair para almoçar. Tomo um banho rápido e me arrumo, quando termino, meu pai estava me esperando no carro. Despeço-me da minha mãe e saio. Ao entrar no carro, meu pai me diz um “oi” e minha irmã me dá um beijo, como estava com saudade daquela menina!

Vamos a um restaurante italiano e depois vamos à sorveteria. A Ana ria e está um doce de criança... por mais que ela seja filha da minha madrasta, eu a adoro! É uma criança agradável. Vou para a casa do meu pai, minha guitarra estava lá, então a Ana pede para que eu toque, ela ama quando toco. Há muito tempo que não encosto na minha guitarra... Depois de tocar e brincar com a Ana, converso um pouco com meu pai, aquelas conversas inúteis e sobre o meu dia a dia, ele conta um pouco sobre o que havia se passado com ele e só. Volto para casa na hora do jantar.

Ao entrar no prédio, o porteiro me entrega um envelope. Perguntei de quem era ele responde que foi uma garota que deixou, mas ele não viu direito o rosto, pois ela estava de óculos, touca e usava uma roupa larga. Subo para o apartamento ansioso para ler.

– Oi mãe, cheguei – anuncio ao entrar em casa e vou direto para o quarto.

Sento na cama e abro o envelope.

“Querido Arthur,

Como você está após uma noite do show? Espero que tenha aproveitado bastante, aliás, acho que aproveitou... vi você com algumas garotas. Não sabia que você gostava de fumar, pensei que apenas bebia.

Como foi o dia com seu pai? Espero que tenha aproveitado, pois eu não suporto ficar com meu pai e ficar fingindo que sou uma boa filha... Ele sabe que todo meu afeto por ele diminuiu, depois do que ele fez com a minha mãe, aliás, comigo também. Acho que não consigo o perdoar, mas o amo pelo fato dele ser meu pai.

Ah Arthur, eu não consigo mais comer. Como pouco, me sinto fraca e tenho insônia. Tudo que como tenho vontade de sair correndo para o banheiro e ir vomitar. Não, eu não estou grávida; só se brotasse um filho dentro da minha barriga, porque eu não transei com ninguém. Provavelmente estou com anemia, início de anorexia e não tem como estar com bulimia, pois eu como sinto ânsia de vômito, mas não consigo vomitar, por mais que eu force e queira; então, evito comer para não passar mal, se bem que quase não sinto mais fome.

Sinto muito sono, mas durante a noite tenho insônia. Sinto-me muito fraca, às vezes me dá tontura e falta de ar, é horrível. Capaz de o vento me levar, de tão fraca que estou. Mas olhe já me acostumei.

Por mais que não esteja comendo, continuo a me sentir gorda. Uma obesa. Ah, é nojento me ver no espelho, principalmente de roupas íntimas... Deve ser por isso que ninguém olha para mim com ansiedade de saber o que se tem por debaixo das roupas, porque ninguém anseia me ter nas mãos e por isso que não beijo algumas bocas. Meu corpo é ridículo, assim como o meu rosto. Cadê a minha beleza Arthur? Estou começando acreditar que ela cometeu suicídio, assim, como minha autoestima, logo será eu a próxima a fazer isso.

Se já me olhei no espelho? Várias vezes! Milhares de vezes, busquei dentro de mim, algo que me agradasse, algo que me deixasse bonita; também já tentei me achar bonita, mas não consigo. Talvez, porque não haja incentivo dos outros e às vezes escuto o que as pessoas dizem para mim, sobre o que sou. Sei que não deveria dar ouvidos quando dizem que sou feia, mas, às vezes chega a ser inevitável. É a realidade. A triste realidade.

Com carinho,

Jess.”

Óbvio que a garota que me escrevia as cartas me vira no show, mas eu encontrei tantas pessoas que conhecia... Metade dos adolescentes da cidade estava lá, era muito provável de alguém ter me visto e eu não ter visto a pessoa. Merda!

Provavelmente, logo saberia quem é essa tal “Jessica”.


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