Observei aquele garoto com atenção. Ele tinha os cabelos lisos e castanhos. Seus olhos eram azuis bem claros, quase como um rio. Pelo tamanho dele, ele não passava dos 6 anos de idade.

Ele ficava me encarando curioso, como se tivesse me estudando ali. Eu fazia o mesmo com ele ,até que a Dra. Robbins quebrou o gelo :

-O que estava tão interessante na janela?

Ele sorriu para ela, depois olhou para a janela novamente.

-Estou esperando minha mãe chegar. Ela ia trazer meu videogame para eu jogar antes de ir para casa amanhã. - Ele respondeu em sua voz doce. Era a hora. Eu tinha que mostrar para a médica que ela poderia confiar em mim com ele.

-Sério? Eu realmente gosto de videogames, sou muito boa - Me gabei mais mentirosa do que nunca- Gosto de jogos de carros, amo carros até mais do que deveria.

-Meu pai tem uma coleção de carros- Ele disse. Nojentinho. Se ele não fosse criança, não estivesse sentenciado á morte e não tivesse falado inocentemente, eu teria dado uma queimada nele- Você ia gostar de ver.

-Eu com certeza ia- Falei sorrindo, falsa, mas convincente-E você joga?

-Jogo todos os tipos, mas eu prefiro jogos de cavaleiros.

-Podia me ensinar. Eu não pego jeito.

-Claro ! Vamos jogar príncipe da Pérsia quando ela chegar – Respondeu sorrindo.  A Dra. Robbins sorriu também, eu havia ganhado a confiança dela.

-Bom...Vou deixar vocês a sós. Alguma coisa é só chamar Dra. Swan- Ela disse, sorrindo para nós dois e saindo do quarto. Suspirei e me sentei na poltrona que havia perto da cama dele. Ele se sentou na cama. Parecia saber que eu faria perguntas. Peguei o prontuário dele que estava na estante e passei os olhos por ele, o que me permitiu ler vários itens importantes.

O nome completo dele era Antony Peter Cullen, sem sobrenome adicional como a maioria das crianças adotadas tem. Ele tem 5 anos e alguns meses. Sua leucemia é do tipo LMA ( Leucemia Mileoide Aguda) Uma das mais raras no mundo, em crianças principalmente, com anomalia inv 16) , que tem a porcentagem de sobrevivência por 5 anos de 70%, bom ? Não, mas é menos pior, já que é uma doença potencialmente curável, o problema é que ela atrai outras doenças, potencialmente eu quero dizer, de 20 á 45% de cura¹. Ele precisaria de um transplante de medula. Me doía de pensar, mas não era hora de se importar. Todo esse meu raciocínio não durou mais de 30 segundos.

-Bom, vamos lá, perguntas normais primeiro para eu te conhecer – “Para eu investigar”, corrigi mentalmente. – Tem irmãos?

-Tenho, uma irmã que chama...eu não sei falar o nome dela então chamo de Nesme. Ela é mais velha, tem assim de anos. – Ele me mostrou 8 dedos.

Nesme ? Lá vem o Edward com seus nomes estranhos.

-E sua mãe? Seu pai?

-Minha mãe chama Tanya Denali, e meu Pai Chama Edward Cullen. Eles são especiais, mas você não pode contar para ninguém.

O menino sabia de vampiros. Meio subliminarmente, mas sabia.

Ouvi passos no corredor. Tinha um tempo para raciocinar. Eu me lembrava do sobrenome Denali, mas minhas lembranças humanas mais fracas, são praticamente impossíveis de desvendar. Uma mulher entrou no quarto, e me olhou tão surpresa quanto eu a olhei. Os olhos dourados e seus cabelos loiros me intimidaram por alguns segundos, eu tinha que parecer intimidada. Não pensei nessa parte, como eu explicaria para a mulher de Edward o fato de eu ser vampira.

-Você deve ser a Dra. Swan – Ela disse, me olhando torto, depois olhando para Antony, meio que justificando o fato de não me jogar pela janela- Eu sou Tanya Denali, a mãe do Antony.

Eu assenti.

-A senhora me acompanharia até o corredor?- Perguntei. Ela assentiu e nós duas fomos até lá.

Ela me encarou um tempo, depois falou.

-Qual é a sua?

-Não é o que você está pensando. Eu sou realmente médica, sei o que eu faço, só tive a infelicidade de pegar um caso que envolviam vampiros, me desculpe- Consegui atuar perfeitamente uma vampirinha assustada.

-Sei, e esses olhos vermelhos? Acha que eu vou deixar você encostar no meu filho ?

-Confie em mim por favor, eu sei o que fazer, eu sei como cuidar. Você sabe que um vampiro consegue raciocinar e realizar o triplo até que um humano. Dê chance ao seu filho. Eu não sou recém criada, sei muito bem me controlar, não preciso me alimentar tanto para me manter, por favor me dê uma chance, você perceberá ótimas melhoras. Me dê um tempo.

Ela bufou. Uma vampira vegetariana com certeza por natureza teria compaixão e compreensão. Uma boazinha.

-Meu marido está viajando, ele volta em 1 mês, você tem até lá para me convencer – Ela disse. Eu sorri.

-Obrigada senhora Denali.

-Por favor, me chame de Tanya, já que vamos ficar o dia todo juntas daqui para frente. Falaram para você que seria uma médica integral não é?

Médica integral? Isso queria dizer que eu me infiltraria na família de Edward, veria os pontos fracos, praticamente moraria na casa dele.

-Sim – Menti – E estou feliz com isso. É a partir de amanha não?

 -Exatamente, agora eu vou montar o videogame do Tony – Ela avisou.

-Eu vou...estudar o caso. Vejo você mais tarde – Falei, acenando e entrando no elevador. Eu teria que achar a sala dos médicos sozinha. Perambulei pelo hospital atraindo olhares. Eu sei que eu sou linda as as pessoas de hoje em dia deveriam saber disfarçar pelo menos um pouco. Resolvi desistir, então encostei em uma parede e comecei á olhar os papéis. Eu não ia conseguir curar esse menino nunca. E o pior é que eu tinha um mês para provar que eu era uma médica séria, e em um mês Edward chegaria de sei lá onde que ele foi, só quando ele chegasse que os jogos iam de fato começar.

 (*****)

-Você vai gostar do meu quarto, tem uma metade de uma parede inteira  de prateleira só com jogos do x box – Tony disse animado para mim no banco de trás. Como eu havia passado o resto da tarde e o inicio da noite com ele ontem, ele se considerava meu amigo. Criança é assim, você brinca com ela 5 minutos e ela quer brincar com você para sempre.

Eu estava indo no carro de Tanya para a casa deles. Não parecia ser longe já que ela dirigia sem pressa. Ela disse que mesmo eu não dormindo eu teria um quarto para mim lá, então para despistar levei uma mala com algumas roupas e um dos meus computadores.

Paramos depois de pouco mais de 5 minutos do hospital, em frente á uma casa Enorme. No mesmo estilo da dos Cullen, janelas grandes, paredes cobertas com madeira decorativa e a casa com tons frios. Pela altura devia ter uns 3 andares, um deles com uma varanda. Descemos do carro, eu ajudando Tony, que estava com uma dor chata  nas articulações, normal para a doença.

-Depois eu peço para pegarem suas coisas – Tanya disse, eu assenti.

Tony se livrou de minha ajuda e correu para dentro de casa. Acho que a dor passou.

Quando entramos na casa, uma menina de cabelos vermelhos praticamente pulou em cima de Tanya, eu só olhei para as duas. Ela se virou para mim. Parecia um anjo. Nenhuma imperfeição em seu rostinho de seda. Mas ela não sorriu, permaneceu indiferente.

-Bella, esta é Renesmee- Tanya disse parecendo orgulhosa.

Nesme, Renesmee.

Algo me dizia que aquela menina ainda iria me render muito mais problemas do que o nojentinho, meu apelido para Tony.

Eu já tinha quase certeza disso.