Ele não conseguiu se concentrar um segundo no trabalho, e a tal videoconferência com a multinacional foi cancelada.

O corpo estava presente no escritório, mas a cabeça estava naquele quarto de hospital, onde depois de anos viu Sakura chorar. Ela não chorou quando o pai foi embora, nem ao menos quando Dobby, o cachorro tão querido sumiu por dias e então apareceu morto. Sakura não chorava assim desde o término dos pais. Melhor dizendo, desde o dia em que o pai acidentalmente chegou bêbado em casa e espancou a mãe dela.

Sakura era pequena, Sasuke se lembrava, no máximo tinha seus dez anos, ou então nove. Mas aquele dia ficou gravado na memória dele, assim como provavelmente na dela. Era uma noite de quinta feira, um feriado, ele e Naruto estavam na quinta série a menos de um ano, e por ser feriado consagraram aquela como a quinta-feira de jogos. Não passava das nove da noite quando ouviram no andar de baixo algo se quebrar e um grito, e então mais gritos e uma voz chorosa. Pela terceira vez na semana Jiraya chegou bêbado em casa, mas dessa vez estava completamente fora de si.

Quebrou pratos e então um tapa, e um soco, e um chute e outro soco. Não era um saco de pancadas, aquilo era uma mulher, uma rainha, e não merecia ser tratada daquela forma. Nenhuma mulher merece tal feito. Sasuke lembrou-se de como os três, – ele, Sakura, e Naruto – desceram as escadas da casa correndo para ver Tsunade chorando enquanto o marido a feria com todo tipo de xingamento e diferia socos e chutes na mulher.

Naruto gritou para que Sasuke levasse Sakura para o quarto. Mas já era tarde demais.

Yuki, a secretária substituta já que Sakura estava no hospital, adentrou a sala com uma pasta para que ele assinasse alguns documentos, fazendo com que despertasse das lembranças ruins.

Despertou com a enfermeira tirando o soro do braço. Remexeu-se um pouco até conseguir ficar de pé.

– Boa tarde Sakura. – A loira alta disse.

– Boa tarde. – Sakura estava sentada na cama enquanto a ginecologista aproximava-se dela e a enfermeira saia.

– Então, como está se sentindo? – Miranda perguntou.

– Agora, melhor.

Depois de alguns exames, Mira deu alta para Sakura. O que restava era esperar por Sasuke.

Tomou banho e colocou um vestido que estava na pequena maleta com seus assessórios que o moreno tinha trazido na tarde anterior. Olhou-se no pequeno espelho do banheiro e passou um pouco de batom e apertou de leve as bochechas para dar uma cor mais rosada ao rosto. Voltou ao quarto e ficou lá, sentada na cama e esperando enquanto Sasuke não chegava.

Passou a mão de leve pela barriga e sorriu. Tentar outra vez e não desistir nunca, pensou. Riu-se ao imaginar que talvez aquela ali não fosse mesmo a hora de ter um bebê, dias melhores viriam a partir de agora. Dias felizes, e novamente, daqui a duas semanas um novo pontinho estaria presente em sua vida.

Sasuke adentrava o hospital com certa pressa, mas sem antes notar a loira no balcão da recepção.

– Ino! Que bom vê-la. – A loira deu-lhe dois beijinhos e um abraço apertado nele.

– Sasuke! Estava indo ver a Sakura agora, Hinata me contou do ocorrido hoje pela manhã. E veja, tive tempo apenas para sair agora. – Sasuke deu o braço para que Ino o segurasse e ambos partiram rumo ao quarto de Sakura.

– E então, como tem passado? As coisas com Gaara vão bem? – Sasuke perguntou enquanto olhava uma enfermeira morena que passava.

– Vão bem. E você e Sakura? – sorriu.

Ino sabia que aquele assunto era intocável para Sakura, mas não para Sasuke. Ele não se importava em dizer que eles terminaram pouco tempo depois, e não se importava também com o motivo.

– Estamos bem. Ela ainda não aceita minhas amigas, mas fora isso...

– Ah claro! Suas amigas que vão apenas para passar a noite. Sei como é. – Ino riu para ele quando pararam na porta de Sakura.

Ao entrarem no quarto, Sakura já estava pronta. O cabelo trançado de lado e um pouco maquiada, não muito sorridente o que mudou assim que viu a melhor amiga, sorridente de braços dados com Sasuke.

Sakura tinha plena consciência que Ino e Sasuke não se davam nada bem, e que depois que ambos – Sakura e Sasuke – começaram a namorar ele e Ino viraram bons amigos e que Sasuke contava muitas coisas para a loira, coisas que ele não contava para ninguém.

– Porcaaa! Quanto tempo! – Sakura levantou devagar, e abraçou a amiga apertado.

– Eu sei amiga, eu sei. – Ino respondeu sorrindo e retribuindo o abraço.

– E como foi de viagem? – Sakura perguntou pouco antes de abraçar Sasuke, o qual correspondeu com um beijo na testa.

– Foi boa, mas me liberaram apenas hoje.

Ino depois de tudo, de toda a indecisão pós-escola, decidiu se dedicar as passarelas, não, não era modelo. Ino decidiu ser estilista. Ninguém dizia que ela, com tudo para ser uma linda modelo ou então uma comunicativa repórter seria essa renomada estilista. Pouco conhecida, mas exemplar.

Ino e Sakura entraram na faculdade juntas, saíram juntas e bem, permaneceram juntas.

Depois de bastante conversa Sakura foi liberada de vez e assinou os papeis da alta. E então depois de sair do hospital fizeram a coisa mais obvia; discutiram o que seria da noite de sexta-feira. Já que a loira estava de volta precisavam comemorar, e nada melhor que reencontrar os amigos para curtir um pouco a vida.

Os dias passaram lentamente até que enfim era sexta feira à noite. Ino estava lá deitada na cama de Sakura enquanto a mesma escolhia a roupa que usaria para sair e beber com as amigas e os amigos, incluindo o irmão e a noiva.

Decidiu por colocar uma bermuda estrategicamente rasgada com algumas tachinhas douradas, um tomara-que-caia branco e a jaqueta de veludo preta. Nos pés o sapato de salto que mais amava; a ankle boots preta com os detalhes dourados. Estava linda, mas sabia que se bebesse logo mais ela e o salto não se dariam tão bem. Arrumou o cabelo desleixado jogando-o para frente e depois ajeitando de lado.

Ino levantou exibindo as pernas e as curvas. Usava o vestido lilás colado ao corpo e o olhar fatal. Olhos bem azuis delineados eram ainda mais penetrantes com o lápis de olho escuro. Os cabelos com uma trança bem frouxa davam o ar jovial. Calçava o scarpin prateado que pegou, ou roubou, de Sakura e exibia a primeira tatuagem – uma pequena borboleta no calcanhar.

Estavam lindas, bem maquiadas e sorridentes. Sakura ainda se lamentava pela perda, mas logo mais teria outro ‘fetinho’ ali dentro dela.

Desceram as escadas transbordando sensualidade e alegria. Sasuke já estava lá esperando as duas.

– E então? –Ino perguntou sorrindo.

– Estão tão lindas que se demorarmos mais alguns minutos o pessoal vai achar que eu sequestrei vocês. – Sasuke sorriu de lado.

– Vamos nessa! – Sakura seguiu em direção à porta e a abriu.

A viagem até o pub de sempre foi rápida e ao chegarem todo o pessoal já aguardava sentados bêbendo. Sasuke sentou-se e Sakura aconchegou-se entre ele e Gaara, o namorado de Ino.

Quando chegaram, uma rodada já tinha sido colocada na mesa.

– Então o importante é relembrar os velhos tempos? – Konan a mulher mais velha da mesa com o cabelo azulado sorriu levantando o copo.

– Saúde – disseram todos.

A primeira dose de tequila foi virada tranquilamente. Sasuke sorriu assim que bateu o copo na mesa. Ino e Gaara compartilharam de um beijo logo após beberem. Hinata estava com um copo d’água em mãos, e Naruto a acompanhava sem beber nada alcoólico – os motoristas da noite.

Sakura sentiu a garganta arder e os lábios formigarem, mas mesmo assim continuou sorrindo.

– Konan, como vai o trabalho? – Temari perguntou.

– Estressante por demais! É tanta criança chorando que às vezes me arrependo de ser pediatra. – riu enquanto colocava um salgadinho na boca.

E papo vai, papo vem, estavam virando a sexta rodada de tequila. Pernas bambas, e rosto suado.

– Eu quero dançar! – Ino falou um pouco alterada.

– Vamos lá gata. – Konan disse, enquanto puxava Hinata pelo braço.

As cinco mulheres foram, seguidas de Lee, o amigo – um pouco mais para amiga – para a pista de dança. Os homens a mesa tomaram mais duas doses antes de seguirem elas. Naruto e Sasuke ficaram na mesa enquanto viam as meninas dançarem.

– Ela parece bem né? – Naruto perguntou.

– Ela melhorou bastante. – Sasuke levantou e sorriu para o amigo – Então vamos dançar?

– Que gay cara. – Naruto sorriu, se levantando e seguindo o amigo.

Quando chegaram na pista de dança, Sasuke viu Sakura dançando, a tempos não via isso. Tinham quase dois anos que não saiam assim, todos juntos. Sasuke se aproximou dela e dançaram juntos, os movimentos eram rítmicos e a musica que o DJ tocava era sensual. Ela se balançava na frente dele e ele a segurava pela cintura, como sempre faziam quando saiam juntos.

– A morena ali ta te olhando – ela falou no ouvido dele enquanto apontava para uma mulher de quase trinta anos.

– A única que eu quero não ta nem ai. – ele riu e puxou ela pelo braço fazendo com que ela ficasse de costas e rebolasse para ele. – Vem, vamos beber mais uma.

Beberam uma, duas, e na terceira dose seguida ela cambaleou rindo alto. E ele a segurou. Estava na oitava ou nona dose? Se foda, Sakura pensou seguindo com Sasuke novamente para pista de dança. Dançaram mais, ela descia e ia se esfregando nele. E ele, aproveitava cada segundo enquanto ela não estava sóbria. Sasuke não estava tão lá essas coisas, mas Sakura não se deu conta nem de quando Ino veio se despedir dizendo que estava indo para a casa de Gaara.

Quando a musica lenta começou a tocar pararam para respirar e beber uma agua. Já bem melhor novamente, Os dois voltaram para a pista de dança e deram conta de que metade dos amigos tinham ido embora. Sobraram apenas Konan, Temari, Shikamaru e um desconhecido com bastantes tatuadas.

Sasuke arrastou Sakura para o centro de tudo. Ela estava com as costas coladas nele, e dançava cada vez mais. Rebolava para um lado, descia e ia para o outro lado. Enquanto ele se aproveitando de tudo aquilo mantinha as mão na cintura dela, a colando junto a si.

Sakura já estava suada e tinha o cabelo grudado à testa no pescoço. Sasuke já não estava muito bem desceu a cabeça e encostou os lábios no pescoço dela. Beijou, mordeu o ombro e a arrastou para um canto escondido.

– Caralho, nunca imaginei isso de novo. – ele falou quando ela o segurou pelo cabelo.

– Só cala a boca.

Ambos se beijaram com volúpia, como se isso não acontecesse ha anos, o que, de fato era verdade. Anos não bebiam, anos não dançavam e anos não faziam o que, provavelmente iam fazer naquela noite. Ele colocou a mão por dentro da blusa dela e acariciou a costas parando na linha dos seios.

– Vamos para casa. – ela falou autoritária.

– Agora.

E qual é o problema de se estar bêbado? Ele foi dirigindo para casa mesmo assim. Ao chegarem ao elevador se agarraram mais um pouco, aponte quanto estrassem em casa ela não estaria mais de blusa.

Ele largou a blusa no chão da sala e foi seguindo em direção às escadas, mas ela parou e voltou para o sofá puxando ele junto.

– Não vou fazer isso lá – disse enquanto retirava a blusa dele.

– Porque não? – tentou tirar o salto dela enquanto a jogava no sofá.

– Porque é estranho, só não quero.

Ele a beijou novamente, descendo os beijos para o pescoço e indo pela orelha. Ela estava estranhamente nervosa. Sasuke desceu a mão para a bunda de Sakura e deixou com a outra mão uma das pernas dela dobradas. Ele se manteve entre as pernas dela e com a mão livre, a qual não tentava arrancar o sutiã dela, abriu o zíper e o botão da bermuda.

Ela segurou firme no pescoço dele e puxou-o contra si, beijando ainda mais. Era algo inacreditável para ela, esta novamente caindo em tentação, mas era incrível tê-lo no meio de suas pernas novamente. Ela mudou a posição e inverteu os papéis agora estava no controle da situação. Beijou o pescoço enquanto alisava e brincava com o peitoral do moreno. Ele gemeu com satisfação. Ela retirou a calça dele e terminou de tirar o short dela própria.

Sakura alisou o membro já ereto de Sasuke por sobre a cueca boxer cinza e apertou levemente. Sorriu descendo os beijos pelo peitoral, a barriga. Tirou a cueca e largou no chão ao lado do sofá. Sakura abocanhou o membro e fez os movimentos de vai-e-vem com a boca. Sasuke a segurou firme pelo longo cabelo e a ajudou a movimentar-se. Ele gemia e se ajeitou no sofá enquanto ela se aproximava mais ainda dele.

– Droga Sakura! Eu vou... – ela parou e olhou para ele sorrindo.

– Nem pensar. Não agora. – ela passou a mão na boca e ele a empurrou do lado oposto do sofá.

Ele se levantou e pegou o pacote prateado no bolso da calça que estava no chão e deixou a vista no sofá. Ela gemeu alto, bem alto quando ele retirou a calcinha de renda verde e penetrou dois dedos de uma vez bem fundos dentro dela. E mais ainda quando os movimentos contínuos dos dedos se tornaram bem fortes.

– Eu quero você. – suspirou – Agora – gemeu alto – Dentro de mim.

– Porque não disse antes? – perguntou rasgando o plástico do preservativo.

E em uma estocada ele estava dentro dela. Bem fundo. Sakura gemia bem alto, e suspirava arranhando as costas dele e mordendo o pescoço.

– Rápido – disse.

E ele se movimentava bem rápido, e fundo. Devagar e raso. Ela gostava daquilo. Ele mudou a posição fazendo com que ela controlasse os movimentos. E quando viu que não dava mais tiveram o ápice da noite. O primeiro. E isso durou quase a noite toda.

Ela acordou no sofá coberta junto com ele. Levantou-se e seguiu em retirada para o banheiro tomou banho, escovou os dentes e secou o cabelo recém-lavado deixando-o cair solto pelas costas. Estranhou o cheiro de café quando saiu do quarto. Sasuke não estava mais na sala e as roupas no chão já haviam sido recolhidas. Chegou e adentrou a cozinha com uma imensa dor de cabeça e teve uma surpresa constrangedora.

– Bom dia?! – o irmão sorriu levantando uma xicara de café.

– Bom dia. – estava constrangida, é claro que estava.

– Você pode tomar seu café ou podemos falar sobre sua recaída. – sorriu brincalhão – ou podemos fazer ambos juntos.

– Vai se ferrar. – pegou um Adivil e tomou antes de se sentar para tomar o café da manhã.

O irmão gargalhou quando ela engoliu seco assim que Sasuke sentou na bancada da cozinha repetindo o processo de tomar o remédio para a cabeça.

– Dia’ – ele falou sem sorrir.

– Dia’ pra você também – Naruto sorriu. – Então Sasuke, aproveitou a noite de ontem?

– Vá se foder. – falou. – O que tá fazendo aqui há essa hora?

– Não dava para atravessar a cidade com a Hinata dormindo no banco de trás, então como ainda tenho a chave, e meu quarto disponível aqui, resolvi passar essa noite. Mas então começou os gemidos e os sussurros e acabamos não dormindo direito.

Sakura se calou e Sasuke apenas soltou um suspiro.

– Há quanto tempo? – Naruto perguntou. – Há quanto tempo vocês dois estão fazendo isso?

– Ontem foi à primeira vez – ela falou se levantando. – E não quero falar sobre isso.

Ela saiu, deixando ambos na cozinha e esbarrou com Hinata enquanto subia as escadas. Tinha trabalhos dos alunos para fazer e provas para corrigir. Por volta das três, o irmão subiu para se despedir junto de Hinata trocaram apenas beijos e um aceno de cabeça.

– Se cuida – Naruto falou antes de fechar a porta do quarto.

– Vou fazer isso. – desse por fim.

A cabeça estava pesada a ponto de não querer lembrar-se do ocorrido do dia anterior. Estava chateada consigo mesma por cair em tentação e ‘ficar’ novamente com o melhor amigo. Tá ele era bom demais de cama, e como comprovou, de sofá. Mas nada que nunca tivesse feito antes. Ele era um maratonista, e se quisesse ficariam no sofá por toda a noite.

Mas não. Não de novo, e por incrível que pareça dessa vez foi mesmo só sexo. Mas ela se sentia mal pela amizade que tinham tido desde o termino de namoro. Levantou-se da cadeira de se deitou na cama, disposta a dormir e começar a cabeça no lugar, mas não demorou nem dez minutos e a porta foi aberta.

– Vai mesmo passar o dia todo no quarto? – Sasuke perguntou enquanto sentava-se na cama com uma bandeja.

– Tava ocupada com os trabalhos. – disse se afastando para que ele se sentasse e colocasse a bandeja entre os dois.

– Nada com aquilo de ontem né? – disse.

– Não, prometo, foi só uma recaída né?

– Sim, só uma recaída. Paramos por aqui certo? – ele sorriu de lado.

– Paramos por lá, acabou ontem Estávamos bêbados, e eu estava triste com tudo que se passou. Então aconteceu, finge que foi mais uma de suas amigas que passou a noite aqui e foi embora de manha. – ela falou sorrindo e pegou uma torrada na bandeja. – Isso tudo era pra me agradar?

– Era, achei que você não tava muito legal hoje e quis te agradar.

– Você é a pessoa mais gentil do mundo né? – ela riu e afastou a bandeja para abraça-lo.

– E boa de cama também né? – ela sentiu o riso dele próximo ao pescoço e se arrepiou um pouco.

– Não é tão ruim. – quando se separaram, ele levantou-se da cama e beijou a testa dela. – Então tô indo encontrar o pessoal.

– Não beba tanto. – sorriu. – Não vou cuidar de bêbado.

– Se você prometer um tratamento igual ao de ontem, vou ficar bêbado todos os dias.

Ele correu antes mesmo dela tacar um travesseiro nele, e ela ficou rindo enquanto agradecia mentalmente o lanche que ele deixara na cama para ela. É, podiam ser mesmo amigos, como se nada tivesse acontecido.