Artificial escrita por Biscoiita


Capítulo 2
Capitulo dois: - Nightmare


Notas iniciais do capítulo

Espero que agrade gente !!!



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Acordou cedo. Não cedo seis horas da manhã, mas ainda assim, encontrou uma das ‘amiguinhas’ de Sasuke saindo pela porta da frente. Sem aviso no quadro, notou.


Eram basicamente oito e cinquenta e três, vestiu uma bermuda já surrada e uma blusa larga, amarrou o cabelo. Foi à padaria da rua mesmo, mercado estaria cheio, era provável. Pães, bolachas recheadas com chocolate, leite, café. Realmente na casa não tinha nada.


Um, dois, três. Contou mentalmente para não matar ou então mandar o idiota que estava bloqueando a passagem na porta do elevador. Quatro, cinco. Hoje não, estava estressada de mais para ser simpática.


– Com a sua licença senhor... Poderia ou não sair da frente? Não enxerga que estou com bolsas pesadas? – falou já com os nervos exaltados, realmente era apenas um velho idiota.


– Respira fundo jovem – Jovem? Perguntou-se, quantos anos o velho achava que ela tinha?


Logo após entrar no elevador, respirou fundo mais uma vez, o velho da portaria conseguiu estragar seu dia. Primeiro, segundo, terceiro, [...] sexto andar. Enfim em casa. Abriu a porta de leve evitando fazer barulho.


Largou café da manha na mesa e fui em direção ao forno para pegar o bolo de chocolate e baunilha que Sasuke tinha feito ontem pela noite. Fez o suco, o café, e aqueceu o leite.


Depois de arrumar a mesa, digna de filme ou novelas, foi em direção ao quarto acordar o belo adormecido. Encontrou-o já desperto e arrumando a roupa no corpo, a bermuda preta sempre lhe caia bem, e sempre sem blusa, afinal estavam em casa. O cabelo nunca mudou, sempre como uma ‘bunda de galinha’, como ela e o irmão, um pouco rebelde e úmido, os olhos sempre tão negros quanto o cabelo davam um contraste perfeito. O sorriso sempre de lado, e misterioso, fascinavam qualquer mulher no mundo, o que era perceptível, já que a cota feminina que entrava e saia do apartamento era imensa. Sasuke era um cara legal, pelo menos, depois do caso, um namoro de um ano e meio, com Sakura nunca faltara com respeito de forma alguma. Eram apenas bons e melhores amigos.


Sasuke era o tipo de cara com o corpo certo, nem muito magro e nem forte demais. Ele sorria abertamente em todas as manhas do final de semana, mas neste mantinha a postura séria. Sakura seria inseminada, e dentro dela, em algumas horas estaria um pontinho dele, um pontinho que não ele, e sim um médico colocou dentro dela.



Vestia bermuda de cedo, e uma regata branca, estava pronto para mais uma de suas manhãs na academia. Não importava-se se era sábado, precisava dar uma corrida, correr um quarteirão inteiro, ou então ir até o Japão e voltar. O sol era algo que adorava, mas correr durante a manhã com um sol daqueles era algo para loucos. Hoje não era um bom dia para elevadores, então, pegou as escadas. Andara por alguns minutos e estava na praia, já que estava ali, porque não correr por alguns minutos, ou horas?




Um, dois, três. Mais uma vez no dia respirava fundo, na esperança do nervosismo passar. O teto branco já dava náuseas e o azul da parede nojo, se por um acaso divino o bebê for menino, jamais pintaria o quarto da criança com aquele azul tão clichê.

As pernas se encontravam para o alto, naquele tipo de maca ginecológica desconfortável com um homem no meio das pernas. Não era só um exame de rotina, mas o doutor mexia nela por dentro, estava constrangida a ponto de se concentrar nas unhas dos pés para aliviar-se da vergonha.


– Muito bem senhorita, aguarde mais alguns minutos e a enfermeira virá para liberar a senhora.


Olhou para a janela e as nuvens não existentes pela manhã escureciam o céu. A porta foi aberta pela tal enfermeira, Sakura, na hora, reconheceu-a como um dos casos de Sasuke, essa era a mulher de hoje mais cedo.


– Está liberada senhorita. – a mulher, estava avermelhada, envergonhada, olhando par um ponto sobre os ombros de Sakura. – Vista-se e compareça a sala de sua doutora para que possam te informar dos cuidados a serem tomados.


– Tudo bem – após se recompor e já devidamente vestida, encaminhou-se para o consultório da ginecologista.




Uma semana e meia de puro descanso. E duas semanas de trabalho, é, realmente estava seguindo as ordens da médica. Privava-se de quaisquer esforços que fossem até mesmo alongar-se para pegar uma caixa de cereal no armário de cima da cozinha.


Ela se sentia tão bem a ponto de imaginar-se dali a alguns meses, podia ver a barriga crescendo um milímetro que fosse, mas sentia que uma vida estava presente ali, sentia que o bebê estava bem ali, tão pequeno a pondo de não ser notado – ainda – por ninguém.




Levantou-se, ainda com sono e a vontade avassaladora de dormir por apenas mais dois minutos. Mas não, essa era a sua semana de preparar o café, e tem sido assim por quase duas. Sakura estava insuportável essa semana, cheia de não me toques, isso porque havia sido inseminada há três semanas e meia. Ele encaminhou-se para o banheiro e ligou o chuveiro, a agua quente escorria pelos cabelos negros, lavou-se por vinte minutos. Após toda higiene matinal, Sasuke se preparava para mais um dia de trabalho, se tudo desse certo, hoje teria uma videoconferência com uma multinacional e fecharia contrato com outra.


Olhou para o espelho do corredor e estava apresentável, o cabelo levemente bagunçado e a roupa social que lhe caiam como uma luva. Parecia ter nascido com aquele terno de tão certo que estava. Um sorriso; era o que ele precisava para te milhares de mulheres aos seus pés.


Ao chegar à cozinha ligou a cafeteira e colocou a mesa. Essa semana eles abusaram de queijos e saladas de frutas. A mesa não estava lá essas coisas, mas tinha torradas, ovos mexidos e o bolo de ontem. Rapidamente fez o suco de abacaxi e a vitamina de banana.


Sasuke sabia que Sakura dava aula apenas às nove horas na segunda-feira, então oito horas ela estaria acordando para se arrumar. Ele sempre calculava certo, mas essa manhã teve uma surpresa ao notar que oito e dez da manhã ela ainda não havia se quer saído do quarto para lhe desejar um bom dia de trabalho como sempre o fazia.


Enquanto arrumava a sala de estar, ouviu a porta do quarto dela sendo aberta, e lá estava ela; recém saída do banho, com um vestido florido e sapatilhas lilás. Os cabelos lisos e róseos até metade da cintura estavam presos num rabo de cavalo frouxo, mas mesmo assim ele notara que ela não ia para o trabalho, estava pálida demais.


– Não me sinto bem. – disse por fim ao seguir para cozinha e sentar-se a mesa.


– O que você tem? – a preocupação era notada de longe na voz dele.


– Dores, desde ontem à noite, e acho que estou com hemorragia. – estava tranquila, mas por dentro sentia-se alarmada.


Ela comeu pouco, servindo-se apenas de um copo de vitamina e uma torrada.


– Me dá uma carona até o hospital? – perguntou, ao vê-lo seguir ate a porta da frente.


Ele não media esforços para ela, nem pensar. Acima de tudo, ele ainda era o responsável da casa.




Sasuke deixou no hospital e após as insistências para ficar por lá com ela serem negadas, ela o viu seguir para o trabalho.


A dor que sentia na barriga era eminente, houve uma hora em que achou que fosse morrer e outra, achou que estavam torcendo seu útero e o repicando em mil pedaços. Percebeu de cara que não estava tudo bem quando viu o filete de sangue que manchava a peça intima com a qual dormiu. Seu bebê ainda não catalogado no mundo estava indo embora, ela sentia isso com cada pontada que sentia na barriga. Uma facada profunda. Uma facada que destruía seus sonhos de ser mãe. O destino era injusto e ela ainda sentia dor, uma dor dos infernos.


Ainda não estava tudo bem, mas já estava mais calma. Depois de o remédio tê-la deixado grogue por um tempo, ela não sentia mais dores, não na barriga. Agora ela podia ver o futuro dela e da pequena criança sendo desmoronado, como o terremoto do Haiti, aquele que deixou milhares de pessoas sem sonhos. O remédio que era aplicado no braço fazia toda a extensão da veia queimar e arder. Já passavam das três da tarde e ela não derramou nenhuma lágrima, era forte, e tentaria de novo. Tentaria quantas vezes fossem precisas.


Era visitada entre uma e uma hora, as enfermeiras não a deixavam em paz. Era tão difícil entender que queria ficar só? Sasuke chegou às seis e meia, entrou no quarto de hospital às pressas.


– Que droga Sakura! Porque não falou que ainda estava aqui? Como está se sentindo? – ele estava exaltado, exaltado e preocupado.


– Calma, estou melhor ok? – respirava profundamente, tentando não chorar – Eu estou bem, e nem está mais doendo tanto, só fica calmo.


– Porque não me ligou? Cheguei em casa achando que ia te encontrar já deitada no sofá e comendo alguma de suas besteiras anti-saúde. Mas você não estava lá, e nem no quarto. Então liguei para a sua médica e ela falou que você estava aqui. E pediu para trazer roupas, falando que você ia ficar aqui por uma noite. – Sasuke se aproximou dela, e beijou a testa, notou, só agora os olhos marejados de lágrimas, os lábios dela estavam tremendo.


–Ele... Ele se foi Sas... – as lágrimas que foram seguradas desde a manhã, foram liberadas no exato momento em que ele a abraçou. Ele a abraçou forte, apertado. – Sasuke, meu pontinho se foi, meu presente que você me deu, ele só se foi, assim.




Sasuke se sentia mal, Sakura não estava bem e ele sentia-se na obrigação de ajuda-la a superar isso. Ela estava deitada, dormindo. Ele passou toda a noite acordado enquanto via as enfermeiras entrarem e medica-la durante quase toda a madrugada. Ele fez cafuné nela enquanto com a outra mão secou uma gota de dor que escorria pela bochecha.


Sakura era de certa forma tão infantil, tal como um bebê, ela precisava de cuidados, e ele estará ali para isso. Amigos até na dor.


– Oi. – Ela disse, com a voz fraca e embargada.


– Bom dia. – A voz dele baixa e rouca.


Ela afastou-se um pouco e levantou o lençol, ele levantou-se de vagar e ocupou o pequeno espaço na cama. Não passavam das cinco da manhã, mas o dia já clareava, e ao longe podia ver o sol nascendo. Ele olhou o céu azul e desejou de uma forma avassaladora que os dias fossem todos assim.


Ela voltou a dormir e ele, mais uma vez, zelou pelo sono dela.


* * *


O celular não parava de tocar, e o dia lá fora já estava bem claro, olhou no identificador e viu o nome do irmão.


Como você tá? – A voz preocupada do outro lado da linha gritava.


– Bom dia pra você também Naru. – Respirou fundo duas vezes e então continuou: - Estou muito bem, obrigada.


Saki, porque fez isso?


– Não quero ter essa discussão por telefone Naruto. – ouviu a porta ser aberta e virou o rosto para ver Sasuke entrar, com toda sua gloria matinal carregado uma bandeja com algumas frutas, pães e suco.


Também não; estou chegando ai em minutos. – Naruto desligou o telefone.


Sasuke estava sentado na cama junto com ela. Ajudou-a sentar, de modo com que ela ficasse confortável tendo a bandeja o colo.


Com gosto ela comia todo o suco e comia o resto das coisas que tinham na bandeja. A enfermeira entrou o quarto sem aviso prévio, trazendo consigo um Naruto preocupado e apressado.


Naruto além de ser o irmão mais velho, era o pai que nunca fora presente a vida de Sakura, tinha vinte e oito anos de pura juventude. Naruto era alto e mais bronzeado que Sakura, os cabelos loiros e repicados, estavam sempre penteados para cima, arrepiados. Alto, e assim como Sasuke, era lindo. Na juventude, enquanto fazia faculdade era modelo, agora um empresário nas agencias de fotografia. Noivo de Hinata, a modelo número três e ex namorada, a reencontrou em uma das sessões de fotos em que faia estagio.


– Saki! – Naruto a apertou forte contra si e Sasuke se afastou.


As lágrimas que ela achou que tivessem sido drenadas estavam novamente ali, escorrendo enquanto seu irmão a tinha nos braços.


– Meu pontinho Naru, meu pequeno pontinho se foi. – Disse entre soluços. – Eu só queria que estivesse tudo bem com ele, só queria que dessa vez fosse certo.


– Calma, nós estamos aqui. Vai dar tudo certo o.k.? Eu amo você – O loiro a apertava firme de uma forma protetora.


– Eu preciso ir trabalhar, passo aqui mais tarde para te levar pra casa. – Sasuke disse, antes de caminhar até a mulher e beijar-lhe a testa.


– Até mais tarde.


Sasuke saiu. E logo após, uma enfermeira baixinha adentrou o quarto com a medicação. Sakura passou apenas um dia no hospital e já se sentia parte de lá, até se levantar e olhar-se no espelho. Queria sair dali e correr para um salão, o cabelo estava ressecado e a pele oleosa, e tinha apenas um dia ali.


Naruto ficou lá, enquanto ouvia a irmã chorar. Sakura parecia tão indefesa ali e talvez realmente estivesse. O loiro passava a mão na cabeça da irmã encolhida na cama e lamentava-se de verdade a perda da criança. Mas pensou que talvez, apenas talvez, não era para acontecer agora.


Ele não sabia ao certo se deveria contar da suspeita de Hinata estar gravida, abalaria ainda mais a irmã mais nova, mas de certa forma poderia deixa-la mais feliz com tal notícia.


– Eu queria a mamãe aqui. – Sussurrou quando enfim decidiu parar de chorar.


– Liga para ela. Talvez ela venha no final de semana. – Naruto respondeu.


– Sabe às vezes eu me pergunto por que isso aconteceu. Eu segui todas as regras Naruto. Nem a natação eu ia mais. – Sentou na cama, enquanto o irmão abria e lambuzava o dedo com um mousse de uva. – Eu não arrumava a casa, Sasuke fazia isso. Eu ia dormir cedo e não bebi um pingo se quer nessas ultimas semanas. E nem para dar aulas eu ia caminhando até a escola. E então, puf, não tá mais aqui o que era para estar. – alisou a barriga.


– Só não era para acontecer agora Sakura, espera que com fé, logo vai acontecer. Talvez você não esteja preparada para isso agora. – Sorriu, tentando confortar a mulher.


– Então qual vai ser a hora? Quando eu estiver num asilo? Ou então quando parar de produzir óvulos? Que droga, eu só queria ser mãe.


E novamente estava infeliz.



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