[CANCELADO] Pokémon Universe escrita por Pedro Verri Barboza


Capítulo 11
A Reta Final




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Eu estava de um lado do campo de batalha e ela do outro. Ela estava com seu Noibat, um morceguinho roxo com orelhas desproporcionalmente grandes; e eu com Zangoose. As semi-finais do torneio de iniciantes começavam com uma batalha minha contra minha nova amiga, Marcy.

Eu havia assistido sua batalha pelo monitor da sala da espera, mas não fazia ideia dos golpes que seu Noibat usava, já que a TV não tinha som. Esperei que ela atacasse primeiro e foi exatamente isso que ela fez.

Marcy: Noibat, Supersonic!

O Noibat emitiu um som agudo usando suas orelhas, que agora mais pareciam caixas de som. Era bem baixinho e para mim não parecia fazer mal algum, mas Zangoose por outro lado, ficou completamente desorentado. Ele estava com dificuldades para ficar de pé e cambaleava de um lado para o outro.

Apolo: Não, Zangoose!

Marcy: Vamos, por que não me ataca para ver como se sai?

Apolo: Uh, Zangoose, Quick Attack!

Zangoose balançou a cabeça para tentar se livrar daquela sensação e depois saiu correndo na direção de Noibat, que planava cerca de um metro no ar. Mas na metade do caminho até Noibat, Zangoose começou a cambalear e caiu de cara de chão.

Apolo: Zangoose! O que você fez?

Marcy: Noibat deixou ele confuso com o Supersonic, agora ele não vai conseguir executar os golpes sem levar dano!

Apolo: Oh, isso é golpe baixo!

Marcy: Chame do que quiser, mas eu estou ganhando!

Ela deu uma piscadinha de provocação para mim e eu fiquei tão zangado que fiquei vermelho. Pensei que quem estivesse assistindo fosse imaginar que eu havia ficado encabulado e quando eu pensei nisso só fiquei mais vermelho ainda. Desviei esse pensamento da minha cabeça e voltei a me concentrar na luta.

Marcy: Então vamos nessa enquanto a confusão dele dura, Noibat. Use Gust!

O Gust parecia muito com o Whirlind do Pigey de Nico, mas não era uma rajada de vento continua, mas sim uma rajada de vento bem forte. Quando o vento acertou Zangoose, que já estava com dificuldades de parar em pé, ele foi lançado alguns metros para trás até vir parar aos meus pés.

Apolo: Zangoose, essa não. Me desculpa.

Zangoose se levantou e parecia que ainda estava bem e aguentaria mais alguns golpes antes de ser nocauteado. Ele se levantou sem dificuldades e me lançou um olhar confiante. Eu percebi que o efeito de confusão havia passado.

Apolo: Zangoose, Crush Claw!

Marcy: Essa não, ele escapou do confusão! Noibat, vamos tentar deixar ele confuso de novo!

Zangoose se movimentava com agilidade através da arena de batalha, com suas garras raspando no chão de concreto, soltando faíscas. No momento em que Noibat usou Supersonic nele, Zangoose saiu da frente da linha de fogo que as orelhas do Noibat abrangiam, dando a volta pelo pokémon. Quando chegou atrás de Noibat, o surpreendeu com um salto seguido por um corte em X de suas garras poderosas. Noibat voou alguns metros na direção contrário do campo, caiu no chão e rolou mais um pouco.

Marcy: Noibat!

O morceguinho se levantou e voltou a bater asas e a planar a quase um metro do chão. Apesar da queda, ele ainda parecia estar firme e forte.

Marcy: Isso, estamos de volta ao jogo! E agora é nossa vez de atacar.
Noibat, use Leech Life!

Noibat voou em disparada contra Zangoose, que estava parado do outro lado do campo. Quando se aproximou, Noibat fincou uma mordida no pescoço de Zangoose e eu vi um pouco de sangue escorrer. Zangoose caiu no chão de dor, tentando tirar aquele morcego do seu pescoço.

Apolo: Mas o que é isso?

Marcy: Noibat está se recuperando sugando o sangue do Zangoose.

Apolo: Eca, isso é nojento.

Marcy: É, sim. Mas é um golpe legítimo!

Apolo: Sigh. Zangoose tire ele daí com o Shadow Claw!

Zangoose levantou uma de suas patas enquanto segurava o morcego para que não fugiesse com a outra, suas garras brilharam em uma cor roxa, e ele acertou Noibat em cheio, que caiu no chão. O pescoço de Zangoose sangrava um pouco, mas ele parecia estar bem.

Apolo: Zangoose, aproveite enquanto ele está caído e acerte um Crush Claw nele!

Zangoose saiu correndo na direção do morcego com as garras de fora e um olhar de fúria. Aparentemente ele não gostou nada de ter tido seu sangue sugado e queria vingança.

Marcy: Noibat, use Gust para baixo!

Eu não entendi de primeira o que Marcy ganharia fazendo isso. Quando Zangoose se aproximou para acertar mais um golpe em Noibat, que estava caído, o pokémon usou o dito golpe no chão para se impulsionar para cima. Genial, Noibat nunca teria tempo de começar a voar antes que Zangoose o acertasse, mas ao usar Gust para se impulsionar para cima, ele subiu voo rapidamente e subiu a uma altura que eu ainda não o tinha visto chegar, estava muito mais alto que um metro no ar. Além disso, o vento que se dissipou no chão após o ataque foi forte o suficiente para fazer Zangoose cair para trás.

Apolo: Ótimo golpe. Muito bem pensado!

Marcy: Obrigada, foi improvisado!

Zangoose já havia se levantado, mas minha dúvida agora era como eu faria para acertar um golpe em Noibat daquela altura. Os golpes de Zangoose eram físicos, ele não lançava nenhum projétil, bola de energia ou que afetavam a mente. Por sorte eu não precisei pensar em nada, Marcy havia cuidado disso para mim.

Marcy: Noibat, é hora daquele poderoso Wing Attack!

Apolo: Uh?

Noibat parou de bater as asas e as deixou abertar como a de um jato. Então começou a descer, ou melhor, a cair. Mas era uma queda controlada perfeitamente, como um míssil com sensor infra-vermelho, e o seu alvo era o Zangoose que estava incapacitado de fazer alguma coisa enquanto seu oponente estava tão alto.

Zangoose não se moveu um centimetro e apenas assistia o seu oponente descender em alta velocidade em sua direção. Ele encarava o morcego com um olhar de fúria que certamente exclamava “Vingança!”. Eu havia ficado sem ideias do que fazer daquele ponto adiante e já estava preparado para a derrota.

Apolo: Essa não, Zangoose, faça alguma coisa ou vamos perder!

Ele parecia nem ter escutado, continuava encarando Noibat com um olhar voraz. Quando Noibat estava para atingí-lo com tudo usando suas asas, Zangoose pôs as patas para frentes e as segurou. Obviamente, o impacto fez com que ambos fossem arrastados alguns metros para trás, mas de certa maneira, Zangoose ainda estava de pé, com alguns ferimentos na palma da pata por ter segurado o golpe de Noibat. Mas agora Noibat estava preso nas mãos de Zangoose, que, sem que eu dissesse uma palavra, arremessou Noibat no chão de concreto com muita força! Após o golpe, Noibat estava noucateado no chão ao seu lado.

Marcy: Que golpe foi esse?!

Apolo: E-eu não sei. Ele meio que o usou por conta própria.

Então um pensamento me ocorreu: E se Zangoose havia atingido um nível para aprender um golpe novo e eu simplesmente não estava ciente porque estava sem minha Pokédex? Se fosse o caso, quantos novos golpes novos Dratini já teria aprendido sem que eu soubesse?

Me perdi nesses pensamentos até que a voz grossa, porém jovial, de Marty me arrancou deles.

Marty: Noibat está fora de combate! Os vencedores são Apolo e Zangoose!

Marcy chamou Noibat para a pokébola, mas ela não parecia triste. Ela andou até minha direção, me deu um tapinha nas costas e abriu um sorriso.

Marcy: Foi uma ótima luta, obrigada!

Chamei Zangoose para a pokébola também e a acompanhei para a sala de espera. Logo na porta, O jovem assistente de Marty e a Enfermeira Joy nos esperavam.

Apolo: Oi, Enfermeira Joy!

Joy: Olá, crianças. Se importam se eu levar seus pokémons para uma cura rápida? Foi uma batalha incrível e você vai precisar dos pokémons em perfeito estado para competir na final.

Apolo: Oh, por favor!

Joy: Marcy, os seus também! Para a repescagem.

Marcy: Ah, claro...

Joy: Eu volto já!

E ela saiu com nossos pokémons para uma salinha mais ao fundo, onde eu acredito, havia uma daquelas máquinas que tem no saguão de todo Centro Pokémon. De volta a sala de espera, os competidores vieram cumprimentar Marcy e eu pela batalha.

Matheus: Parabéns, Marcy! E você também, Apolo.

Nico: O que foi aquele último movimento, Apolo?!

Apolo: Eu também queria saber...

Kyle: Boa luta Apolo, e Marcy.

David: Caramba, foi a batalha mais intensa do torneio!

Marcy: Não, acho que não. A sua e de Matheus foi mais.

Enquanto conversavamos, mal ouvimos Marty chamar do lado de fora os próximos competidores: Kyle e David.

Kyle: Agora é nossa vez, David.

David: Pois é...

Apolo: Boa sorte, vocês dois.

David: Valeu, Apolo!

Kyle: Valeu.

David e Kyle seguiram para o campo de batalha e eu fui atrás deles. Os dois passaram pela porta, mas quando eu tentei me aproximar para ver a batalha deles como havia feito com a de David e Matheus, o assistente de Marty me barrou.

Assistente: Ei, você não pode ficar aqui.

Apolo: Mas eu quero ver a batalha!

Assistente: Desculpe, não pode.

Apolo: Ah, por quê?!

Assistente: Se você assistir a batalha daqui, vai poder ouvir o que eles estão comando para os pokémons.

Apolo: E daí..?

Assistente: Você ficaria sabendo da estratégia do seu futuro oponente. Isso te daria uma vantagem sobre ele na próxima luta.

Apolo: Oh! Então é por isso que a TV lá dentro não tem som...

Assistente: Exato. Agora pode voltar para a sala de espera, por favor?

Apolo: Claro...

Voltei à sala de espera de cabeça baixa. Eu queria ver meus dois amigos batalhando e não pode assistir com todos os detalhes me deixava deprimido. Mas fazia sentido o que o assistente havia falado, mesmo sem perceber eu teria roubado para ganhar.

De volta a sala de espera, estavam todos assistindo a batalha com os olhos fissurados na tela do monitor. Kyle e David já haviam convocado seus pokémons para a batalha: David com Pichu, é claro, e Kyle com seu Growlithe mais uma vez. Estranho, por que ele não usava seu Ralts?

Ambos eram bem rápidos e Pichu parecia ter se livrado do String Shot do Caterpie de Matheus no período em que eu estava batalhando com Marcy. Me lembrei que David não sabia da estratégia de Kyle e seu golpe Facade, que deixava Growlithe mais forte quando estava paralisado, e certamente ele tentaria paralisá-lo para ganhar vantagem em velocidade.

Golpes eram lançados para lá e para cá. Ora eram bolas de fogo que Growlithe soltava pela boca, ora eram ondas elétricas liberadas por Pichu; isso quando um pokémon não estava avançando para cima do outro com golpes físicos. Em um desses golpes físicos, Growlithe atingiu Pichu em cheio, mas logo depois ficou parado no lugar sem se mexer. Oh não, ele estava paraliso.

Apolo: Essa não, Growlithe ficou paralisado! Como isso se ele só encostou no Pichu?

Nico: Apolo, essa é a habilidade do Pichu.

Apolo: Oh, sim, essas habilidades. Eu sempre esqueço delas.

Marcy: Ele tem razão, eu já li sobre isso. É uma habilidade que se chama Static e tem o poder de deixar pokémons paralisados quando desferem golpes físicos no pokémon que a tem como habilidade.

Apolo: Oh, isso é ruim para o David...

Matheus: Não entendi. Como isso pode ser ruim se agora ele tem vantagem em velocidade?

Marcy: Agora que eu me lembrei, você e David não estavam na sala quando Kyle nos contou sobre seu golpe secreto.

Matheus: Golpe secreto?

Marcy: Aquele golpe poderoso que ele usou para vencer o Shinx de Lucie.

Apolo: É um golpe que ele ensinou ao Growlithe dele usando um HM-

Marcy: É TM, Apolo.

Apolo: Ah, sei lá. Enfim, o golpe dá o dobro de poder ao Growlithe se ele ficar paralisado.

Marcy: Ou queimado.

Nico: Ou evenenado.

Matheus: Já entendi. Então quer dizer que...

Apolo: Já era para o David.

Matheus: Parece que Kyle foi muito cuidadoso para quem contar sobre seu golpe secreto.

Apolo: O que quer dizer?

Matheus: Apenas David e eu ficamos sem ouvir o que tal golpe fazia. Justo os dois únicos possíveis oponentes na próxima batalha dele.

Assistindo pelo monitor, nós não tiravamos os olhos da batalha. David aproveitou enquanto Growlithe estava paralisado para desferir alguns golpes. Mas quando se aproximou para usar o que parecia ser o Quick Attack, em um movimento rápido, Growlithe investiu contra Pichu, que rolou alguns metros para trás no chão de concreto da arena. De dentro da sala ouvimos a voz abafada de Marty excalamar: “Pichu está fora de combate. Kyle e Growlithe são os vencedores!”

Kyle e David voltaram à sala de espera e David não parecia estar tão mau quanto eu achei que estaria, estava até sorrindo. Depois de cumprimenta-lo pela batalha, quis saber o motivo do sorriso.

Apolo: Tudo bem, David? Por que você tá sorrindo?

David: Oh, é que apesar de ter perdido esta batalha, eu ainda não perdi o torneio.

Apolo: Tem razão! A Pokédex 6 é o prêmio para os três primeiros colocados.

David: O que significa...

Marcy: Que você vai ter que me enfrentar por aquela Pokédex!

Marcy apareceu de surpresa na conversa, surpreendendo David e eu. David ficou meio desnorteado. Acho que ele não havia pensado que ainda precisava competir pelo terceiro lugar no torneio, e contra Marcy ainda por cima.

Marcy: Vai me dizer que você não sabia que ia ter que me enfretar!

David: E-eu, eu...

Apolo: Não, ele não sabia.

Marcy: Hahaha! Não tem problema, você vai se sair bem.

Do lado de fora, ouvi Marty anunciar que antes da luta final, haveria uma repescagem com os perdedores da fase anterior, no caso, David e Marcy. A Enfermeira Joy entrou na sala de espera acompanhada pelo Assistente de Marty e devolveu os pokémons de Marcy e David, como também os meus e de Kyle.

Kyle se aproximou para pegar seus pokémons de volta e logo em seguida Marcy e David acompanharam o assistente de Marty para o campo de batalha. A Enfermeira Joy voltou para a salinha onde havia curado nossos pokémons, deixando Kyle e eu sozinhos.

Apolo: Então, parece que na final seremos nós dois.

Kyle: Pois é, eu não achei que fosse chegar tão longe.

Apolo: Que isso, você é um ótimo treinador.

Kyle: Eu tava falando de você.

Apolo: O quê?

Kyle: Eu não achei que você fosse conseguir chegar a final do torneio sendo um treinador tão amador quanto você é.

Apolo: Do que você tá falando? Preciso lembrar que eu te venci no laboratório da Professor Atena?

Kyle: Você deu sorte! Você nem quer ser treinador, você não devia tar aqui.

E assim, sem dizer mais nada, Kyle se distanciou e se juntou aos outros que assistiam a batalha pelo monitor. E eu, sem conseguir dizer mais nada de volta, fiquei parado ali no corredor tentando entender a natureza daquela situação. Por que Kyle tinha me dito isto? Será que foi por isso que ele desistiu de seguir jornada comigo? Seria um jogo com a minha mente para me desconcentrar da nossa batalha? Enfim, seja o que for, a batalha do meu amigo pelo terceiro lugar já estava começando e eu ia dar-lhe apoio, mesmo que dali da sala de espera e através de um monitor sem som!


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