Olhos Estreitos escrita por ericalopes


Capítulo 14
14. Quase


Notas iniciais do capítulo

Bom, eu percebi que algumas pessoas acham que a história tá indo muito lenta, então eu resolvi ir direto ao ponto pq né? Chega de enrolação!
Eu vou postar os dois últimos capítulos até a aproximação do Daryl e da Lara acontecer de vez! (AUTORA RETARDADA DANDO SPOILER)

Depois do capítulo 15 (Quem?), e a partir do 16 (Altruísmo) as coisas começam a acontecer de verdade pros dois.
Espero que tenham gostado da decisão, se não tiverem gostado me avisem ok?

Mil beijos e boa leitura suas lindas ♥



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- Você sabe que não está certo. – eu me levantava do chão frio quando Hanna apareceu em minha frente de repente, enchendo meu corpo com um susto agudo.

- Eu estou tentando. – eu argumentei já ciente do assunto que trataríamos.

- Não, você não está. Primeiro você beija o Glenn como se seu coração também fosse dele, depois agride Rick com todas aquelas palavras, dizendo que ele está errado e que está tentando nos matar. Depois você vêm aqui e quase beija o Daryl. Isso é louco, isso está totalmente errado.

- O quê? Eu quase beijei o Daryl? Você tá louca? – eu me despia de toda a paz que havia vivido a minutos atrás e me enchia de fúria.

- Eu vi. Vocês estavam a um centímetro um do outro. Não tente disfarçar, eu vi. Lara, pare. Me escute, mais uma vez. Não é a coisa certa, eu sei que você está lutando contra isso porque você sabe que não é correto.  Não seja tão autodestrutiva. – eram palavras rudes, mas passadas com um tom angustiante e suplicante. Tentei me lembrar a quantos palmos estávamos um do outro antes, pois só essa frase entrava na minha cabeça. Eu e Daryl quase nos beijamos?

- Daryl e eu quase nos beijamos? – expeli o pensamento em forma de pergunta. Hanna me olhou reprovando-me por inteira.

- Você não é mais uma garotinha Lara. E se for, já está na hora de deixar de ser. Você vai ter que aprender a matar walkers e também seus sentimentos se quiser sobreviver. O que você sente as vezes pode ser mais perigoso que um morto-vivo. Apenas seja grata a Glenn.

- Quer que eu retribua o amor dele com gratidão? Você quer que eu seja humana retribuindo um sentimento como o dele com pena? Isso me parece um pouco contraditório.

- Muito melhor que dar seu sentimento para alguém que quase a deixou morrer. – Hanna colocou uma arma de lembranças sobre a minha cabeça e atirou. “Boom”, um sol imenso e laranja transformava o céu da minha cabeça e me levava a semanas atrás. Daryl Dixon gastara todos seus argumentos para que me deixassem lá. Daryl Dixon ofendera a Dog diretamente, e indiretamente a mim. Um monte de motivos sinceros explodiram na minha mente querendo transformar Daryl em um monstro.

- Me deixe tomar minhas decisões sozinha. – argumentei estilhaçando todas as lembranças que se formavam.

- Você acabou de chegar, eu só estou querendo te mostrar como as coisas são antes que seja tarde demais.

- Então me deixe descobrir sozinha. – argumentei invalidamente pois Hanna continuou a falar.

- Não funciona mais como antes. Não quero que você termine sozinha. – sua voz era branda, sinal de que não falaria muito mais.

- Você quer gratidão? Você têm toda a gratidão que quiser. Eu realmente sou eternamente grata a vocês por tudo que fizeram por mim. Mas esse é meu coração, meu território. Quer me dizer aonde eu devo dormir? Diga! Quer me dizer o que fazer? Diga! Quer me dizer como devo arrumar a droga do meu cabelo ou que eu tenho que parar de fumar? Diga! Mas meu coração é só meu e o que entra e sai dele é por minha conta. Fale de gratidão comigo quando reconhecer que eu fiz muito bem em colocar a dúvida na cabeça de vocês sobre morrer no meio do caminho a Portland ou não.

Não fiquei para ouvir mais nada, não quis prolongar aquela conversa sem nexo. Não teria fim. Sai bufando com a garrafa numa mão e o maço de cigarros na outra.

- Não se preocupe, ainda deve ter uns 8. – disse a Petterson que nem sequer havia dirigido a palavra a mim.

- Você está bem? – perguntou Jonnas.

- Sim. – respondi vagamente.

Procurei algum lugar estável e cômodo para minha pequenina. Um perímetro seguro foi criado ao meu redor, como uma quarentena. Ninguém se aproximava do trailer, exceto o corajoso Glenn.

- Eu não vim me desculpar. – Glenn encostou-se na porta do trailer e cruzou os braços me olhando. Eu estava deitada com olhos no teto, colocando o dedo na garganta dos meus pensamentos e fazendo-os vomitar todas as verdades que Hanna havia dito.

- Você pode esquecer? Porque eu posso. Posso fingir que não aconteceu nada. – eu olhei para Glenn e queria sacudi-lo com a força do pensamento. Respirei fundo e fechei os olhos que ardiam.

- Você está certo de que vai participar desse suicídio coletivo? – eu o questionei seriamente.

Glenn entrou no trailer e sentou ao meu lado na cama. Apoiou a cabeça entre as mãos e começou a pensar.

- Você fez as pessoas pensarem. Você fez com que elas enxergassem além da ansiedade de estarem seguras. Rick, Shane, todos, eles estão com pressa. Eu não concordo, nunca concordei. Temos que chegar lá e estamos pensando pouco sobre como fazer isso. Atravessar a cidade é o caminho mais rápido. Estão com pressa, você compreende isso?

- Eu compreendo, eu nunca disse que não compreendia. Mas Glenn, se há só uma chance, então ela tem que ser milimetricamente calculada. A pressa pode destruir tudo. E vai destruir.

Glenn fez um carinho suave sobre os meus pés me provocando cócegas. Eu me encolhi sobre o pequeno colchão soltando risos abafados.

- Você sabe, como é ter apenas uma chance e fazer de tudo para conseguir? Você sabe não sabe?

- Sim, eu sei. – Glenn e eu revivemos um momento não muito distante, onde eu conseguira a minha única chance.

- Chances, oportunidades, são carecas. Temos que nos agarrar a elas e não deixa-las escapar, porque tentar puxa-las de volta vai ser inútil. Se não for dessa vez, talvez nunca mais.

As palavras de Glenn caminhavam pelas ruas de Portland até um CCD. Mas eu parei em alguma esquina e imaginei outra situação. A vida havia me dado uma nova chance, estava sendo gratuitamente bondosa. Glenn, minha vida, amor e proteção. Coisas que a alguns anos atrás ela com toda certeza teria me negado. A chance estava ali, dando voltas, me deixando agarra-la. E eu estava parada, de braços cruzados, tecendo linhas de dúvidas em minha cabeça.

- Podemos dormir? – eu perguntei emaranhada. Glenn sorriu e beijou meu joelho.

- Boa noite. – ele desejou sorridente. Eu acompanhei movimentar-se para a porta do trailer, meus lábios balbuciaram um pedido.

- Hum? – Glenn parou assim que minha boca murmurou algo como “fica”. Mas eu disfarcei.

- Boa noite. – eu venci. Glenn me deu mais um belo sorriso e saiu.

Deixei as pálpebras caírem sobre os cílios. Relaxei os ombros mas senti que os músculos estavam duros como roxa, carregando toda a tensão que eu pudesse carregar. Guarde as linhas pra nunca mais, apenas durma e depois acorde sorrindo.

- É só isso? Sério? – Glenn voltara ao trailer e me fez pular do colchonete.

- Isso o que? – eu perguntei ofegante pelo susto.

- Boa noite Glenn, boa noite Lara. Tchau, tchau.

Eu pensei por um momento. Não no momento ou nele. Mas sim em Daryl. Senti minha face fechar, quando se esconde um segredo. Eu pensei em que palavras dizer, mas todas elas tinham verdades demais. E eu ainda não tinha coragem de dize-las.

- Desculpa. De novo. – Glenn baixou o olhar e os ombros. Vi um rosado nascer em suas bochechas. Ele dividiu-se entre sair do trailer e se aproximar mais, e acabou decidindo pelo segundo. Passou sua mão pela minha nuca e beijou minha testa. Eu fechei os olhos com o contato quente dos seus lábios sobre a minha pele.

- Se você não dizer nada, vai ser como se estivesse me dizendo que não há nada. Então... – era uma ótima forma de definir as coisas. Ali, na hora, o silêncio era um ponto final e palavras eram reticências. Fui jogada contra a parede, ou me calava e acabava com tudo, ou dizia algo e enchia aquele peito de esperanças para o dia de amanhã. Me pendurei nos segundos, pensei bem em que questão assinalar.

- Só um pouco de tempo. – 0x0. Nem sim, nem não, apenas uma vírgula a mais. Quantas estavam por vir? Eu não sabia. Mas senti no fundo do meu peito que elas estariam ali muitas vezes. Glenn massageou meu cabelo e traçou sobre o rosto uma expressão de compreensão, ou quase isso. Me olhou nos olhos e piscou devagar. Seus cílios desceram e subiram dançando para mim. Eu fiz o mesmo, seguindo seu ritmo. Ele saia do trailer quando a carne me venceu.

- Eu quero um “boa noite”. – Glenn virou o rosto para trás. Alguns segundos para entender o que eu havia dito e um sorriso enorme se formou ali. Ele chegou perto rapidamente. Nossos olhos se cumprimentaram e rapidamente se fecharam para que as nossas bocas fizessem o mesmo. Mas como velhas conhecidas. Sem timidez. Com muita saudade. Eu lancei meus braços ao redor do seu corpo, esperei que o calor os aquecesse e o trouxe para cima de mim para contornar meu corpo. Para senti-lo tão perto e quente quanto podia sentir seus lábios. Ele não titubeou, me contornou por inteira, cobrindo cada pedaço de pele do meu corpo. Sua pele era macia assim como seu cabelo. Provocavam-me uma sensação suave. Nossas línguas dançavam alguma valsa lenta e doce. Mas ao mesmo tão quente e ardente. Eu tive que lutar para manter o controle. Pouco a pouco a valsa acelerava  e eu não podia dançar naquele ritmo. Alguém se machucaria no tropeço do outro.

Eu me afastei subitamente da fogueira que era a boca de Glenn. Meus lábios congelaram fora do contato dos dele. Eu arregalei os olhos e encarei-o. Não era minha intenção constrange-lo mas eu acabei o fazendo.

- Você é uma tentação. – e ele realmente era, não precisava ser dito mas acabou saindo.

Ele sorriu envergonhado e foi tirando seu corpo de cima do meu lentamente. Eu olhei ao redor e revivia o que tínhamos acabado de fazer. Não consegui reviver as sensações, mas lembrava do quão loucas tinham sido para poucos segundos.

- Se as coisas tiverem que acontecer, eu quero que aconteçam da melhor forma. Não sou uma criança, mas valorizo cada passo de uma vez. Embora eu não tivesse problema nenhum de transar com você com a janela aberta, um colchão duro e com os pés encolhidos. – Glenn deu uma risada gostosa e balançou a cabeça.

- Você é do jeito que eu sempre quis que alguém fosse. – senti seu carinho sobre as minhas pernas e seu olhar nadando no mesmo sentido.

- Seria realmente algo muito doce de ouvir se eu não estivesse vendo sua ereção. – Glenn ficou febril, seu rosto pareceu ter mergulhado num balde de tinta vermelha. Ele olhou para baixo e constatou que era verdade o que eu havia dito. Me senti um tanto quanto sádica por não ter me arrependido de ter feito aquilo com ele.

- Não se preocupe, eu gostei. Disso. – eu mostrei todo o espaço do trailer com a ponta dos dedos fazendo-o saber que eu falava do que tinha acontecido ali. – E disso. – eu disse apontando para o meio de suas pernas.

Ele se levantou encolhendo-se a cada movimento.

- Tenha uma noite tão ótima quanto a minha. – eu sorri sordidamente para ele que estava vermelho da ponta dos pés ao último fio de cabelo. Me jogou uma piscadela seguida de um beijo e arrancou porta afora. Eu ri por dentro por um bom tempo até o silêncio tomar conta de novo.

Fechei os olhos e na minha cabeça só uma coisa pairava. Como seria se eu não tivesse parado?


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Notas finais do capítulo

Bom, eu percebi que algumas pessoas acham que a história tá indo muito lenta, então eu resolvi ir direto ao ponto pq né? Chega de enrolação!
Eu vou postar os dois últimos capítulos até a aproximação do Daryl e da Lara acontecer de vez! (AUTORA RETARDADA DANDO SPOILER)

Depois do capítulo 15 (Quem?), e a partir do 16 (Altruísmo) as coisas começam a acontecer de verdade pros dois.
Espero que tenham gostado da decisão, se não tiverem gostado me avisem ok?

Mil beijos e boa leitura suas lindas ♥