Crônicas Do Olimpo - A Ladra De Raios escrita por Laís Bohrer


Capítulo 23
Meu Acerto de Contas! O Pacto se rompe...


Notas iniciais do capítulo

RÉLLOOOOUW Este ser o penultimo cap da primeira temp... espero q gostem



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Uma leve chuva tocava o meu rosto, no alto era frio, o olimpo estava logo acima de nos, eu tinha poucos minutos para devolver o raio. Estava tudo claro, a profecia estava desvendada. Na Amizade Nasce a traição. Luke nos traiu, isso significa que tudo se encaixa agora, não é? Bom, eu devo estar meio insegura quanto a esse fato pois depois de tanta tensão eu quero que essa maldita missão termine logo.

Sentia um peso que me teimava em me fazer cambalear, Jake estava meio inconsciente no chão, ele murmurava alguma palavras inelegíveis. Enfiei a mão no bolso de trás, lá estava o raio mestre pesando sobre mim. Havia tirado antes de Luke pegar a mochila. É claro que ele iria embora depois de perceber que o raio não estava conosco.

Fui até Jake e me ajoelhei ao seu lado. Ele ainda apertava o sabre fortemente em sua mão direita.

– Obrigada. - falei.

Ele franziu a testa ainda meio tonto.

– Eu... - murmurou ele. - me demito. Ser semideus é problemático demais.

Eu ri, distraidamente brincando com seus dedos.

Quando notei o que fazia, larguei sua mão, mas assim que fiz isso, ele pegou a minha de volta.

– Não vai se livrar de mim tão fácil... Cabeça de Alga. - disse ele. - Você não tem uma Terceira guerra mundial para impedir?

– Você parece que tomou o estoque todo de flor de Lótus do Hotel. - falei.

– Quem dera...- depois disso ele ficou inconsciente de verdade.

– Eu volto... Eu Prometo. - falei me levantando e largando de sua mão.

Arrastei Jake para um abrigo ali perto e coloquei o raio mestre na mochila de volta. Antes de eu entrar no elevador (Agora liberado). Ouvi Jake murmurar algo como:

"...Importante para mim"

Ignorei. Ele deveria ter batido a cabeça. Entrei no elevador e apertei o botão do Seiscentésimo andar. As Portas se fecharam e senti aquele frio na barriga de sempre quando entro em um elevador.

Assim que as portas se abriram eu tive que segurar um grito. Eu quase tive um ataque do coração. Eu estava em um estreito caminho de pedra no meio do ar. Abaixo de mim se encontrava Manhattan, da altura de um avião. (Infelizmente, eu sei o que quero dizer.)

Degraus de mármore branco subiam em espiral pelo meio de uma nuvem até o céu. Meus olhos seguiram a escada até o fim, onde meu cérebro simplesmente não pôde aceitar o que vi. Mas estava realmente ali.

Do topo das nuvens se erguia o pico decapitado de uma montanha, o cume coberto de neve. Na encosta da montanha havia dúzias de palácios com vários níveis – uma cidade de mansões – todos com pórticos de colunas brancas, terraços dourados e braseiros de bronze brilhando com mil fogos.

Estradas se enroscavam de um jeito louco até o pico, onde o maior dos palácios resplandecia contra a neve. Jardins floresciam com oliveiras e roseiras. Pude distinguir um mercado a céu aberto cheio de tendas coloridas, um anfiteatro de pedra construído em um lado da montanha, um hipódromo e um coliseu do outro.

Era uma cidade grega antiga, só que não estava em ruínas. Era nova, limpa e colorida.

"Este palácio não pode estar aqui!" disse para mim mesma.

A ponta de uma montanha pendurada em cima da cidade de Nova York como um asteroide de um bilhão de toneladas? Como podia uma coisa assim estar ancorada acima do Edifício Empire State a plena vista de milhões de pessoas, e não ser notada?

Mas aqui estava. E aqui estava eu.

Passei por algumas ninfas das florestas e outras dríades. No mercado, mascates se ofereceram para vender ambrosia-no-palito, um escudo novo e uma réplica genuína do Velocino de Ouro em tecido cintilante, conforme anunciado na tevê Hefesto.

As nove musas afinavam seus instrumentos para um concerto no parque enquanto uma pequena multidão se reunia – sátiros, náiades e um bando de adolescentes de boa aparência que talvez fossem deuses e deusas menores.

Ninguém parecia preocupado com uma guerra civil iminente. De fato, todo mundo parecia estar num estado de ânimo festivo. Vários se voltaram para me ver passar e cochicharam entre si. Tenho que admiti que estava me sentindo honrada (Diva! Em outras palavras)

Subi pela estrada principal rumo ao grande palácio no pico. Era uma cópia invertida do palácio no Mundo Inferior. Lá, tudo era preto e bronze. Aqui, tudo rebrilhava em branco e prata.

Degraus levavam a um pátio central. Além dele, a sala do trono. Ok, Ok... "Sala" não é a palavra certa. O lugar fazia a Grande Estação Central parecer um armário de vassouras.

Havia colunas maciças que se erguiam até um teto abobadado, que era decorado com constelações que se moviam.

Eu olhava tudo encantada.

Doze tronos, construídos para seres do tamanho de Hades, estavam arrumados em um U invertido, exatamente como os chalés do Acampamento Meio-Sangue.

Uma enorme fogueira crepitava no braseiro central. Os tronos estavam vazios com exceção de dois no fim: o trono principal à direita e um imediatamente à sua esquerda.

Ninguém precisou me dizer quem eram os dois deuses que estavam sentados lá, esperando que eu me aproximasse. Cheguei à frente deles com as pernas tremendo. Os deuses estavam em forma humana gigante, como Hades estivera, mas eu mal podia olhar para eles sem sentir um formigamento.

Zeus, o Senhor dos Deuses, usava um terno risca-de-giz azul-escuro. Estava sentado em um trono simples de platina maciça. Tinha uma barba bem aparada, cinza-mármore e preta, como uma nuvem de tempestade. Seu rosto era orgulhoso belo e severo, os olhos tinham o tom cinzento da chuva. Quando me aproximei dele, o ar estralou e senti cheiro de ozônio.

O deus sentado ao lado dele era seu irmão, eu tive mais receio em examina-lo, algo dentro de mim dizia "Olhe mais perto" como se eu pudesse acreditar em sua existência como deus, mas não em sua existência como meu pai. O que causara essa inversão?

Este Usava sandálias de couro, bermudas caqui e uma camisa da marca Tommy Bahama toda estampada de coqueiros e papagaios. Sua pele tinha um bronzeado escuro e as mãos eram marcadas de cicatrizes como as de um velho pescador. O cabelo era preto, como o meu. Seu rosto tinha o mesmo ar taciturno que sempre me fez ser rotulada de rebelde. Mas os olhos, verde-mar como os meus, eram rodeados de rugas que me diziam que ele também sorria muito.

Os deuses não estavam se movendo nem falando, mas havia tensão no ar, como se tivessem acabado de discutir.

Me aproximei mais do trono do pescador com a cabeça baixa, não podia acreditar que ele estava aqui, não podia acreditar que ele era real. Dessa vez eu não estou falando de Mitologia, Mitologia não me parece mais "Mito", naquele instante eu me dizia a todo momento mentalmente.

"Diga a palavra, Diga... Diga... Diga..."

Então eu me ajoelhei e disse.

– Pai.

Meu coração estava disparado, eu podia sentir a energia que emanava dos dois deuses. Se eu dissesse a coisa errada, não havia dúvida de que eles poderiam me reduzir a pó. A minha esquerda, Zeus falou:

– Não deveria se dirigir primeiro ao senhor desta casa, menina?

Mantive a cabeça baixa e esperei.

– Acalme-se irmão. - disse Poseidon. - A menina submete-se ao seu pai. Está correto.

– Então você ainda a reclama como seu? – perguntou Zeus, ameaçadoramente. – Você reclama esta criança que procriou contrariando o nosso sagrado juramento?

– Eu admiti a minha transgressão – disse Poseidon. – E agora vou ouvi o que ela tem a dizer.

– Transgressão? - murmurei. Mas se eles me ouviram, não deixaram isso claro.

– Eu já a poupei uma vez – resmungou Zeus. – Ousando voar através dos meus domínios...Eu devia tê-la mandado pelos ares, para fora do céu pelo seu atrevimento.

– E correr o risco de destruir seu próprio simbolo de poder? - perguntou Poseidon. - Vamos ouvi-la, irmão.

– Ouvirei – resolveu Zeus. – E então decidirei se atirarei ou não esta menina para fora do Olimpo ou então...

– Senhores! - me levantei. Ouvi minha própria voz ecoando ali. - Por favor.

– Ora que ousadia... - resmungou Zeus.

– Irmão... - advertiu Poseidon. - Diga Megan.

Não sabia se ele estava feliz por ter-me como filha ou não. De um modo estranho, eu estava contente por Poseidon estar tão distante. Se ele tivesse tentado se desculpar, ou dito que me amava, ou mesmo sorrido, teria parecido falso. Como um pai humano, dando alguma desculpa pouco convincente por não estar presente. Eu poderia viver com isso. Afinal, eu mesmo também não estava muito seguro a respeito dele.

– Dirija-se ao Senhor Zeus, menina – disse-me Poseidon. – Conte a ele a sua história.

Então contei tudo a Zeus, exatamente como havia acontecido. Tirei da mochila o cilindro de metal, que começou a fagulhar na presença do Deus do Céu, e o pus aos seus pés.

Houve um longo silêncio, quebrado apenas pelo crepitar do fogo no braseiro.

Zeus abriu a palma da sua mão. O raio voou para dentro dela. Quando ele fechou o punho, os pontos metálicos fulguraram com eletricidade, até ele ficar segurando o que parecia mais um relâmpago clássico, um dardo de seis metros feito de energia com centelhas chiantes.

– Sinto que a menina diz a verdade – murmurou Zeus. – Mas não é nada típico de Ares fazer uma coisa assim. Nem mesmo de um filho de Hermes...

– Ares é orgulhoso e impulsivo – disse Poseidon. – É coisa de família.

– Senhor? - chamei.

– Sim? - reponderam ao dois.

– Ares não agiu sozinho. Mas Luke não admitiu ter roubado o raio, mas é provável que ambos foram conduzidos pela ideia de outro alguém... Outra coisa. - falei.

Descrevi os meus sonhos e a sensação que tive na praia, o momentâneo hálito do mal que parecera parar o mundo e fizera Ares desistir de me matar.

– Nos meus sonhos – disse eu – a voz me disse para levar o raio ao Mundo Inferior. Ares insinuou que também estava tendo sonhos. Acho que ele estava sendo usado, assim como eu, para começar uma guerra.

– Você está acusando Hades, afinal? – perguntou Zeus.

– Não senhor. - neguei. - Eu estive na presença de Hades. A sensação na praia foi diferente. Era a mesma coisa que senti quando cheguei perto daquele abismo. Lá é a entrada para o Tártaro, não é? Algo maligno se agita lá... Algo talvez mais antigo que os deuses.

Poseidon e Zeus se entreolharam. Eles tiveram uma rápida e intensa discussão em grego antigo. Só peguei uma palavra. Pai. Poseidon fez algum tipo de sugestão, mas Zeus o cortou. Poseidon tentou discutir. Zeus ergueu a mão, zangado.

– Não vamos mais falar disso – disse Zeus. – Preciso ir pessoalmente purificar este raio nas águas de Lemnos, para remover a mácula humana do seu metal. – Ele se levantou e olhou para mim. Sua expressão se suavizou uma fração de um grau. – Você me prestou um serviço, menina. Poucos heróis poderiam ter conseguido tanto.

– Eu tive ajuda senhor. Hansel Phelps, Silena Beauregard e Ja...

– Para demonstrar minha gratidão, pouparei sua vida. Não confio em você, Filha de Poseidon. Não gosto do que a sua chegada significa para o Olimpo. Mas, em nome da paz na família, eu a deixarei viver.

– É... Obrigada... - falei.

– Não ouse voar de novo. Não me deixe encontrá-la aqui quando eu voltar. Ou irá provar este raio. E será a sua última sensação. Entendido?

– Claro como água. - falei.

Um trovão sacudiu o palácio. Com um clarão ofuscante, Zeus se foi. Eu estava sozinha na sala do trono com meu pai.

Olhei para os meus próprios pés.

– O seu tio – suspirou Poseidon – sempre teve um talento especial para saídas teatrais. Acho que ele teria se saído bem como o deus do teatro.

– Senhor – disse eu – o que havia naquele abismo?

Poseidon olhou atentamente para mim. Ele segurou o seu tridente.

– Na Primeira Guerra Mundial, Megan, Zeus cortou o nosso pai Cronos em mil pedaços, exatamente como Cronos fizera com seu próprio pai, Urano.

"Zeus lançou os restos de Cronos no mais escuro abismo do Tártaro. O exército dos Titãs foi dispersado, sua fortaleza na montanha sobre o Etna, foi destruída, seus monstruosos aliados foram expulsos para os cantos mais distantes da Terra. E, contudo, Titãs não podem morrer, não mais que nós, deuses. O que resta de Cronos ainda vive de algum modo, ainda consciente em seu sofrimento eterno, ainda com fome de poder."

– De tempos em tempos, no decorrer das eras, Cronos se agita. Ele entra nos pesadelos dos homens e exala pensamentos malignos. Desperta monstros inquietos das profundezas.

– Ele vai voltar... Ele disse... - insisti.

– Sugerir que ele vá se erguer do abismo é outra coisa. Você completou a sua missão, criança. É tudo o que precisa fazer.

– Como... como queira, pai.

Um leve sorriso brincou nos lábios dele.

– A obediência não lhe vem naturalmente, não é?

– Não... senhor.

– Devo ter alguma culpa por isso, imagino. O mar não gosta de ser contido. - disse ele.

Um silêncio atacou de novo.

– Senhor... Pai... Eu ainda tenho uma pergunta. - falei hesitante.

– Diga.

– Q-... Quem sou eu? - perguntei.

A Expressão de Poseidon Relaxou mais ou menos.

– Bom, isso é o que todos querem saber. A Resposta esta bem próxima Megan... Ante de ir eu apenas lhe aviso... Ele vai ficar bem.

– Ele... Aquele garoto... Quem é ele? - perguntei.

– Nenhuma ideia?

Então eu lembrei da primeira vez em que estive no sotam. Armas letais aqui e Ali. Uma lança... Um nome...

– Perseu Joshua Jackson. - falei.

– Ou como você o chamava, Josh. - disse ele. - Mas era habitual ele ser chamado de Percy.

– Não pode ser verdade... - murmurei. - Por que não me lembro dele?

– Ainda vai se lembrar... - disse ele. - Mas parte do destino escrito não se sabe se é verdadeiro ou falso. Sei o que quer dizer... Esta me perguntando se Percy Jackson é seu irmão?

Não disse nada.

– Apenas saiba que até o senhor dos mortos paga suas dívidas. Agora você tem que ir criança. - disse ele - Tem uma decisão importante a fazer. Ninguém pode escolher o seu caminho Ainda assim... sinto muito por você ter nascido, criança. Eu trouxe para você um destino de herói, e um destino de herói nunca é feliz. Não passa de um destino trágico.

– C-certo... Senhor. - falei. Ali estava o meu próprio pai, dizendo que sentia muito por eu ter nascido. - Eu não ligo.

– Ainda não, talvez – disse ele. – Ainda não. Mas foi um erro imperdoável da minha parte.

– Eu... - comecei, iria dizer outra coisa, mas eu disse: - Vou deixa-lo então. Não vou incomodá-lo de novo.

Eu estava a cinco passos de distância quando ele chamou:

– Você se saiu bem, Megan. Não me entenda mal. O que quer que ainda faça, saiba que você é minha. Você é uma verdadeira filho do Deus do Mar.

Me virei para ele.

– Eu te perdoou. Pai. - então eu finalmente fui embora sem esperar nenhuma resposta.

Enquanto eu caminhava de volta pela cidade dos deuses, as conversas se interromperam. As musas pararam seu concerto. Pessoas, sátiros e náiades, todos se voltavam para mim, os rostos plenos de respeito e gratidão, e quando eu passava eles se ajoelhavam, como se eu fosse algum tipo de heroína.

Mas realmente, nunca me senti tão feliz.

Depois de quinze minutos eu e Jake - agora consciente e sem se lembrar de nada do que disse antes. - estávamos na direção do Acampamento meio-sangue. Meu Lar.

•••

Fomos os primeiros heróis a retornar vivos à Colina Meio-Sangue desde Luke, portanto é claro que todos nos trataram como se tivéssemos ganho algum prêmio de reality show na tevê.

De acordo com a tradição do acampamento, usamos coroas de louros em um grande banquete preparado em nossa honra, depois lideramos um cortejo até a fogueira. Enquanto o chalé de Apoio liderava a cantoria e passava guloseimas, fui rodeado pelos meus companheiros do chalé de Hermes.

Assim que Haley chegou me pegou em um abraço de urso desprevenido. Kim apenas apertou minha mão e me parabenizou. Não tinha visto Silena, mas segundo Hansel ela estava bem abatida desde quando nos deixou. Hansel, ah sim, ele havia ganho sua licença de buscador novinha em folha que ele recebera do Conselho dos Anciãos de Casco Fendido.

O conselho chamara o desempenho de Hansel na missão de “Bravo a ponto de dar indigestão.”

Os únicos que não estavam com um espírito festivo eram Clarisse e seus companheiros de chalé, cujos olhares venenosos me diziam que jamais me perdoariam por envergonhar o pai deles. Por mim, tudo bem. Jake ainda estava comigo.

– Me coloquem no chão! - eu me debatia enquanto eu era carregada por Travis e Connor.

– Saiam da frente! Ladra de Raios passando seus manés! Não toquem na estrela! - diziam eles.

Mudei-me de volta para o chalé 3, mas ele não parecia mais tão solitário. Tinha os meus amigos para treinar durante o dia. À noite, ficava acordado e ouvia o mar, sabendo que meu pai estava lá fora.

Talvez ele ainda não se sentisse muito seguro a meu respeito, talvez ainda não quisesse que eu tivesse nascido, mas estava observando. E, até agora, estava orgulhosa do que eu havia feito.

No Quatro de Julho, o acampamento inteiro se reuniu na praia para um espetáculo pirotécnico por conta do chalé 9. Como filhos de Hefesto, não iriam se contentar com explosões comuns em vermelho, branco e azul. Eles ancoraram uma barcaça longe da costa e a carregaram com foguetes do tamanho de mísseis Patriot.

O final deveria ser um par de guerreiros espartanos de trinta metros de altura que iriam crepitar para a vida acima do oceano, travar uma batalha e então explodir em um milhão de cores.

Mesmo assim, eu só via Silena no Jantar, e ela não dizia anda além de "Oi! Tudo bem?" me perguntava se ela se sentia mal por eu ter ganhado atenção demais.

Mas ela parecia bem conversando com Charles Beckendorf do Chalé de Hefesto.

Enquanto eu e Jake estiamos as toalhas de piquenique, Hansel apareceu para se despedir de nos. Eu não queria soltar meu amigo bode. Usava os jeans, a camiseta e os tênis de sempre, mas nas últimas semanas começara a parecer mais velho, quase com idade de secundarista. Seu cavanhaque ficara mais espesso. Ganhara peso. Seus chifres haviam crescido pelo menos três centímetros, de modo que agora tinha de usar o seu boné rastafári o tempo todo para passar por ser humano.

– Se cuide menino-jegue. Mas você ainda esta me devendo uma coisa. - falei.

– O que? - perguntou o inocente.

– Corrida até a casa grande, agora já decorei o caminho. - falei.

– Estou velho demais para... QUEM CHEGAR POR ÚLTIMO É AMBROSIA PODRE! - ele me jogou no chão e saiu correndo.

Depois eu apenas assisti enquanto ele desaparecia na distância, Jake me tocou no ombro.

– Ele vai ficar bem. - disse ele.

– É... Eu sei.

Julho se foi. Eu passava os meus dias bolando novas estratégias para a captura da bandeira e fazendo alianças com os outros chalés para manter o estandarte fora das mãos de Ares.

Cheguei até o topo da parede de escalada pela primeira vez sem ser tostada pela lava. De tempos em tempos, eu passava pela Casa Grande, dava uma olhada nas janelas do sótão e pensava no Oráculo. Tentei convencer a mim mesmo que a sua profecia se completara.

Um dia desses eu apenas olhava para o mar pensando na decisão de me tornar uma campista de ano inteiro. Eu não tinha lugar para ir. O Lugar estava deserto, todos estavam almoçando. Mas eu estava completamente sem fome, A Dúvida tomava conta de mim. Então uma voz atrás de mim disse:

– No que esta pensando?

Não tomei susto nem nada, apenas dei um meio sorriso e me virei para Silena.

– Ficar ou ir, eis a questão. - falei me sentando em uma pedra enquanto girava Anklusmos no dedo.

– Entendo. - disse ela olhando para o oceano.

– E Você? - perguntei.

Ela me encarou.

– Eu o que? - perguntou ela.

– Esta distraída demais, Silena. O que te preocupa? - perguntei.

– Nada que você deva dar importância... Ladra de Raios. - brincou ela, mas ela não riu da própria piada.

Eu ri.

– Talvez sim... Ou Não. - falei

– Você nunca pensa nisso, Megan? - perguntou ela.

– Penso no que? - perguntei.

Parecia que uma sombra cobria o rosto de Silena.

– Os deuses... Que nos somos controlados por eles. Alienados. - disse ela. - Isso não me deixa bem.

Fiquei séria.

– O que quer dizer Silena?

Ela me encarou, me levantei para encara-la.

– Isso me deixa mal... - disse ela. - Sempre deixou. Sabia que aquela foi a minha primeira missão e tudo o que eu precisava era disso para saber como é ser um peão dos deuses.

– Você esta falando como Luke, sabia? - falei.

– Acha que eu fui naquela droga de missão por sua causa? - perguntou ela. - Tenho uma noticia para você, O mundo não gira ao seu redor.

– Acha que eu quero isso? Acha que por acaso eu pedi para ser semideusa? - ela exagerou... Pelo menos eu acho isso. - O que deu em você, Silena?

Ela suspirou.

– Eu só vim dizer adeus. - disse ela.

Um Silêncio se seguiu, apenas quebrado pelo som do mar e o vento nos nossos ouvidos.

– Você... Vai romper o pacto? - perguntei.

– Vou. - disse ela naturalmente.

– E você vai embora?

– Não... Você vai. Para onde não deveria ter saído. - nessa fala algo explodiu entre nos no chão. Recuei cambaleando, Silena permanecia de braços cruzados. Entre nos um pequeno fogo queimou um buraco no chão aos meus pés. De lá, saiu se arrastando alguma coisa preta e brilhante, mais ou menos do tamanho da minha mão. Um escorpião.

Comecei a tirar a tampa da caneta.

– Cuidado, Silena....

– Não faria isso, Megan...

Então a ficha caiu. Encarei SIlena perplexa.

– A sua preciosa "civilização ocidental" é uma doença, Megan. Ela está matando o mundo. O único meio de detê-la é queimá-la completamente e começar tudo de novo com algo mais honesto. Os deuses escondem até quem você é de você mesma. - disse ela.

– Você não... Três anos SIlena! Nos conhecemos há Três anos! Você não pode estar falando sério.

– Escorpiões das profundezas podem pular até cinco metros. Seu ferrão pode perfurar as suas roupas. Você estaria morta em sessenta segundos.

O escorpião se arrastou para cima da perna das minhas calças. Tinha de haver um meio de sair dessa. Eu precisava de tempo para pensar.

– Silena... - chamei. - Você não pode fazer isso comigo depois de tudo!

– Então observe Megan... Agradeça por eu te dar uma morte rápida. - disse ela. Eu lhe contaria tudo mas infelizmente você não vai mais viver tanto.

– Você serve a ele. Não é? Cronos.

O Ar ficou mais frio, o oceano parecia que ia congelar.

– Vejo que já não é tão lerda quanto antes... - disse ela. - Eu roubei o raio mestre, o elmo foi obra de Luke. Com Cronos eu posso ser útil, vê?

– Ele está fazendo uma lavagem cerebral em você, Silena... VOCÊ ESTA ALIENADA!

– Eu não gritaria se eu fosse você... Essas belezinhas são tão sensíveis ao som que não hesitariam em acabar com ele.

O escorpião agora estava parado no meu joelho, me olhando com seus olhos brilhantes. Tentei manter a voz no mesmo nível de antes.

– Você convocou o cão infernal aquela noite na floresta... Peter morreu... Por sua culpa... Não percebe o que fez? - perguntei.

– Aquele garoto idiota não era parte do plano. - disse ela. – Você devia ter morrido no Tártaro, Megan. Mas não se preocupe. Vou deixá-lo com o meu pequeno amigo para corrigir as coisas.

– Você não esta falando sério.

– Ah, nunca falei tão sério. Meu senhor está esperando, e ele tem muitas missões para mim. - disse ela, daquele jeito que a antiga Silena não diria. - Uma nova Idade do Ouro está chegando. Você não será parte dela.

Ela tirou do cinto uma Adaga que parecia ser feita do mesmo modo que a espada de Luke, ela traçou um arco e em fumaça negra sumiu.

O escorpião deu o bote.

Eu o joguei de lado com a mão e destampei a espada. A coisa pulou em cima de mim e eu a cortei ao meio no ar. Estava a ponto de me congratular quando olhei para a minha mão. Na palma havia um enorme vergão vermelho, que destilava uma secreção amarela e fumegante. A coisa me pegara, afinal. Meus ouvidos latejavam. Minha visão ficou embaçada.

A água, pensei. Ela já me curara antes.

Cambaleei até o mar.

O veneno era forte demais. Minha visão estava escurecendo. Eu mal conseguia ficar em pé. Eu tinha de voltar ao acampamento. Se desmaiasse aqui Ninguém jamais saberia o que aconteceu. Minhas pernas pareciam feitas de chumbo. Minha testa queimava. Fui cambaleando até o acampamento, e as ninfas despertaram de suas árvores.

Vi também Jake e Clarisse conversando logo ali.

– Me Ajudem! - gritei. - Por favor... Socorro...

Duas das ninfas seguraram os meus braços e me puxaram para frente. Lembro-me de chegar cinco passos de distancia de Jake e Clarisse, Jake gritando por ajuda, de um centauro tocando uma trombeta de concha. Então tudo escureceu.

E quando acordasse esperaria que tudo o que eu tinha ouvido de Silena fosse apenas um pesadelo.

Mas sabia que não seria.


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Notas finais do capítulo

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