O Retorno De Pitch escrita por ArianeWildeRP


Capítulo 10
Capítulo 10: Coração gelado


Notas iniciais do capítulo

Pronto, desculpa pela demora! Eu estive ocupada realmente com a escola e mais umas coisinhas... Mas enfim, tá aqui! :D
Bjsss
Ary



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Jack andou até a porta da sala cor de rosa. Olhou por entre as grades e notou que o longo corredor do palácio de Fada estava vazio e silencioso.

–Fada! Norte, Sandman, Coelhão! -gritou Jack, batendo na porta. -Tem alguém aí?

Ele tinha que falar com os Guardiões. Tinha que convencê-los de que Skylla não era uma traidora. E se conseguisse, talvez mostrar as lembranças dela para eles.

Jack não sabia como tinha "entrado" nas memórias de Skylla. Isso não estava certo, não era normal. Quem garantiria que os outros Guardiões também conseguiriam entrar?

–Faaada! Tem alguém me ouvindo? -gritou novamente Jack, impaciente.

Ele pensou que talvez os Guardiões tivessem saído do castelo. Talvez tivessem ido atrás de Skylla, o que era um problema. Se eles a machucassem, o garoto tinha certeza que iria pirar.

Mas no segundo seguinte, Jack escutou passos na ponta do corredor, do lado de fora.

Olhou por entre as barras de ferro dourado e avistou Fada se aproximando lentamente.

O garoto recuou.

–Pare de gritar e bater na porta, Jack! -resmungou Fada, parando na frente de Jack do outro lado da porta. -O que você quer?

Jack sorriu esperançoso.

–Eu tenho que falar com vocês. -disse ele, aproximando-se da janelinha novamente. -Skylla não é uma traidora e...

–Basta! -gritou Fada, dando um soco na porta.

Jack se calou. Nunca vira Fada daquele jeito... O que tinha dado nela?

–Fada! -disse Jack, espantado. -Eu...

Ela o fuzilou com o olhar.

–Você quer salvar sua garotinha, é? -sussurrou ela entre dentes. -Ela é tão importante assim pra você?

Jack estreitou os olhos.

–O que está dizendo? Você sabe que Pitch está fazendo com que a gente brigue, não sabe? -perguntou ele.

Fada revirou os olhos.

–O assunto nesse momento é a elfinha Skylla Hilt! Não a proteja! -sibilou ela.

Jack se aproximou mais.

–Eu tenho que sair daqui, Fada. -murmurou ele. -Antes que seja tarde demais para todos nós, não entende?

A fada mordeu o lábio, indecisa.

–Se Skylla não nos ajudar, não vamos conseguir. -falou ele. -Pitch vai trazer nossos pesadelos à realidade como fez com Norte e...

–Não! -Fada o interrompeu novamente, fora de si. -Você nem desconfia, não é? Está tão preocupado com a Skylla que não percebeu!

–O que? Como assim, o que eu não percebi? -perguntou Jack, segurando as barras douradas.

Fada deu um riso debochado.

–Não percebeu que meu maior pesadelo já virou realidade! -falou ela, com os punhos fechados.

Jack arregalou os olhos. Tentou falar, mas nada saiu de sua boca.

–Ah, quer saber qual é o meu maior pesadelo? Quer saber? -rosnou ela, bem diferente da fada que Jack conhecia.

O garoto concordou, com um olhar surpreso.

–Meu maior pesadelo é que eu seja deixada de lado. Por você. -sussurrou ela, encarando os olhos azuis de Jack.

O rapaz se afastou mais da porta, com os pensamentos confusos. Fada? Gostando dele? Não, ele não conseguia acreditar.

–Tudo estava indo bem, eu quase te beijei no final de nossa primeira missão! -disse ela.

Fada deixou lágrimas se formarem em seus olhos.

-Mas então surge Skylla, e de uma hora para outra você nem olha mais para mim! - continuou. -Só se passou um dia, e em UM DIA eu fui completamente esquecida! Seu coração gelado não teve a mínima consideração!

Jack ofegou. Ele não tinha percebido que Fada sentia algo por ele, não tinha percebido que a estava magoando!

–Fada! Eu não... -tentou se explicar Jack.

–Ora, cale a boca! -gritou a fada. -Se você disser que não gosta de Skylla vai estar mentindo, eu sei!

Jack se calou novamente. Ele realmente... Gostava de Skylla? O garoto não sabia o que pensar. Um misto de sentimentos vibrava dentro dele.

–Fada... Abra a porta. Norte está muito estranho, e você... Acho que está ficando igual a ele! -disse Jack, implorando.

Fada deu um risinho e deu as costas a Jack.

–Você não vai sair daqui, Frost. Não vai sair. Não enquanto Skylla não estiver MORTA. -Fada destilou as palavras com fúria na voz, virando-se para o garoto novamente.

Dessa vez, Jack realmente se assustou.

Os olhos de Fada estavam completamente negros e sua expressão era cruel e feroz. Ela não parecia uma fada dos dentes.

A visão de Jack tremulou.

–Morta? Você disse mesmo "morta"? -murmurou Jack, seu sentimento de medo passando rapidamente para raiva. -Vocês não vão matar a Skylla, Fada. Eu não vou deixar.

Fada balançou a cabeça, parecendo confusa. E quando piscou, seus olhos passaram lentamente para a cor normal.

–Eu não vou matá-la, Jack! Quem disse que vamos matá-la? -perguntou, franzindo o cenho.

Jack se afastou das grades da janela na porta.

"Não... Aquela não era a Fada... Então... Será que Pitch...?" pensou o garoto.

–Fada, você está em perigo. -disse ele. -Pitch vai tentar te dominar como fez com Norte! Na verdade, já está tentando!

Fada se afastou das grades, confusa.

–Como fez com Norte? Pitch dominou Norte? -perguntou.

–Sim, agora eu tenho certeza. Só pode ser isso! -falou Jack. -Me solte, por favor. Quero mostrar as lembranças de Skylla pros outros! Eles vão saber que ela é quem diz ser!

Fada pensou por um instante. E de repente, fechou os olhos e os abriu novamente com raiva.

–Não! Ela é uma traidora! -disse ela, revoltada.

Jack resmungou.

–Ah, que droga, não é isso! Por favor, abre essa porta! Você sabe que ela fala a verdade! Você sabe, Fada! Me solte!

Fada mordeu o lábio, brava.

–Não, Jack. Vou fazer o que Norte disse para fazer. Deixar você trancado até prendermos Skylla! -disse ela, dando meia-volta e voando para longe.

–Fada! Volte aqui! -gritou Jack, acompanhando-a com o olhar. -Arrg, droga!

Deu um chute na porta, bufando.

Jack se afastou, sem saber o que fazer. Os Guardiões não iriam soltá-lo, e mostrar as lembranças de Skylla só para Fada não adiantaria em nada, ela já as tinha visto antes.

Jack colocou a mão na porta de pedra, e fios de gelo subiram por ela. Mas ele não conseguiria quebrar uma porta de pedra congelada, não havia o que fazer.

Skylla uma hora ou outra seria pega pelos Guardiões, isso se eles já não tivessem sido controlados por Pitch.

Jack tinha falhado.

E não havia o que fazer a não ser ficar sentado no chão frio da linda masmorra cor de rosa.



•••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••
 

Skylla estava perto... Tão perto!

Podia ver as torres do castelo da Fada dos Dentes já surgindo no horizonte.

Mas era justamente agora que devia tomar cuidado... Os Guardiões estariam vigiando cada entrada do castelo e das torres flutuantes.

Skylla guiou o pégaso branco para mais perto, olhando ao redor.
–Isso, amiguinho, continue voando, certo? -sussurrou ela para o animal mitológico.

O céu estava cheio de nuvens cinzentas, o que era incomum por ali.

Mau sinal. Outro mal sinal.

A elfa engoliu em seco e se deixou levar pela cavalgada aérea que estava tendo.

"Quase lá... Quase lá!" pensou ela, observando uma das torres menores.

–Pouse lá, vamos! -ordenou ao pégaso, que planou o mais silencioso possível até pousar na borda de uma das torres mais baixas do castelo. Não queria chamar atenção.

Skylla afagou a crina do pégaso.

–Muito bem...

Desceu do animal e, ainda olhando ao redor com receio de que alguém a estivesse observando, sentou-se.

–Ahh! Estou exausta... -reclamou a garota, se lembrando de que dormira apenas umas três horas na noite anterior.

O pégaso ficou imóvel ao lado de Skylla, talvez esperando ordens ou simplesmente cansado.

–Não posso ficar aqui... Tenho que tirar o Jack daqui e dar o fora logo! -falou a si mesma.

Suspirou e se levantou.

–Muito bem... Onde ele pode estar? Será que isso aqui tem algum tipo de masmorra? -perguntou-se. Depois de um tempo sozinha, falar com você mesmo parece uma boa opção.

O pégaso bateu um casco no chão, impaciente, e movimentou a cabeça para cima e para baixo, como se quisesse falar algo a Skylla.
A elfa se aproximou da criatura.

–O que foi? Você sabe de algo? -perguntou.

O pégaso parou de bater o casco na torre e parou com o pescoço inclinado para cima.

–Em cima? -falou Skylla. -Mas em cima só tem... Oh, puxa!

Uns cinco metros acima deles, se erguia uma torre como qualquer outra, mas com uma grande diferença: estava completamente congelada.

–COMO não vi isso antes?! -exclamou Skylla, boquiaberta. Olhou para o pégaso e sorriu. -Espertinho! Deve ser onde o Jack está! Bom trabalho!

O pégaso curvou as patas da frente, convidando-a a montar.

Skylla subiu no dorso do cavalo alado e o animal alçou voo rapidamente.

Em questão de segundos, Skylla já havia chegado acima da torre congelada. O pégaso pousou com cuidado para não escorregar as patas no gelo e a elfa desceu.

–Ui, que coisa! -reclamou ela ao escorregar e quase cair do telhado da torre.

"Certo... Como faço pra entrar?" pensou Skylla.

A elfa olhou para o pégaso impaciente perto de si e teve uma ideia nada... Sutil.

–Ei, cavalinho! -sussurrou Skylla. -Será que você podia dar um coice aqui no telhado?

O pégaso pareceu entender. Virou-se de maneira que suas patas ficassem para a parte alta do telhado e deu um impulso.

–Tudo bem... -disse Skylla, pegando a adaga. -Está na hora!

O pégaso deu o coice e o telhado congelado quebrou-se em pedaços rapidamente, formando uma grande abertura.

Skylla abaixou-se e olhou ao redor, tentando descobrir se alguém tinha ouvido o barulho. Por sorte, não.

Ela olhou pela abertura e viu que lá dentro tinha um corredor longo e apertado. Mas... Como podia ser, já que a torre era pequena e cilíndrica? Magia...

Skylla olhou para o pégaso.

–Espere aqui. -disse ela, dando um pulo e entrando na torre.
A garota se apoiou na parede rosada e olhou para os lados, pareciam pequenas salas e masmorras; bom sinal, Jack estava por ali.

Andou pelo corredor olhando por entre todas as grades das portas de mármore, mas não achou Jack.

Apressou o passo.

–Jack? -murmurou ela, na esperança de que ele ouvisse.

Nada em resposta.

Skylla continuou andando e notou uma sala maior, no fim do corredor.

"Tem que ser lá..."

A elfa olhou por entre as barras douradas e percebeu que era ali que o congelamento começara. Quando direcionou o olhar para o canto da sala, ela o viu.

Sentado em um canto, parecendo fraco, estava Jack.

–Ei! Jack! -exclamou Skylla, batendo na porta.

O garoto olhou para a porta e quando fez isso, sorriu.

–Skylla! -disse ele, levantando-se rapidamente.

O rosto do garoto apareceu bem próximo das barras douradas.
Skylla achou que ia explodir de empolgação e arrependimento.

–Jack! Nossa, me desculpe mesmo! Eu fiz você ser preso, me perdoe! -disse a elfa, com lágrimas nos olhos.

Os olhos de Jack focaram-se nos de Skylla. O cabelo dela estava embaraçado, havia um arranhão em seu rosto (que estava com manchinhas de terra) e ela parecia exausta.

Mas naquele momento, Jack pensou que ela não podia estar mais bonita.

–Não foi sua culpa! Os Guardiões estão estranhos, acho que Pitch realmente os está controlando! -respondeu ele, que estaria com seu rosto colado no de Skylla se não fossem as barras da porta. -E eu quis te ajudar, Skylla. Não duvide disso.

A elfa abaixou a cabeça, tentando não corar.

–Tudo bem. Mas agora temos que te tirar daí, Jack! Vou tentar uma coisa... -falou ela, decidida.

Tirou a adaga da cintura e enfiou a lâmina na fechadura da porta, remexendo pra lá e pra cá rapidamente.

Jack tentou olhar por entre as barras.

–O que você vai...

CLUNC! O barulho foi ouvido e Skylla levantou a cabeça sorrindo.
–Tente abrir a porta agora! -disse ela orgulhosa, guardando a adaga.
Jack a olhou em dúvida e forçou a porta.

Abriu naturalmente.

–Como... Eu não saberia fazer isso! -exclamou Jack, olhando para a porta aberta da masmorra.

O garoto saiu da sala e fechou a porta. Se saíssem rápido, ninguém desconfiaria que ele tinha fugido.

Mas algo inesperado aconteceu: Skylla o abraçou.

–Fiquei preocupada, Jack... -disse ela, enterrando o rosto no ombro do garoto.

Jack prendeu a respiração e a abraçou também, sorrindo.

–Eu... Eu também fiquei. -Jack sussurrou.

Se abraçaram por mais alguns segundos e logo depois ouviram um barulho vindo de uma abertura lateral do corredor. Passos.

Skylla largou Jack e arregalou os olhos.

–Temos que sair daqui! -sussurrou ela, puxando Jack para a abertura no telhado. Pedaços de mármore quebrado se espalhavam pelo chão.

–Puxa, tinha que quebrar o telhado, não é? -ironizou o garoto, tentando não rir.

Skylla olhou para ele, correndo.

–Eu não estava presa numa sala toda rosa! -disse ela.

Jack bufou, olhando para trás.

–Eu sei que era rosa, e daí? -murmurou ele. -Rápido, estão se aproximando!

Skylla pulou e se segurou na borda da abertura, puxando Jack para fora. Os dois viram Norte olhando ao redor no labirinto, com Coelhão e Fada logo atrás dele.

Skylla fez Jack se abaixar, torcendo para que os Guardiões não olhassem para cima.

–Onde está Sandman? -sussurrou Jack, notando a ausência do Guardião.

Nesse momento, uma das orelhas de Coelhão girou na direção dos dois, captando o som.

Com um giro de cabeça, Coelhão os vê.

–Norte! Lá estão eles! -gritou o australiano, alertando os outros, que começaram a correr na direção da abertura.

Skylla quis matar Jack.

–Maravilha...! -xingou ela, puxando Jack novamente. -Vamos subir no pégaso!

Jack virou-se e viu a criatura. Um belo cavalo alado branco parado bem a seu lado.

–Uou! Isso é um pégaso?! -exclamou Jack, paralisado.

Skylla montou no animal e revirou os olhos.

–O que eu disse? Suba logo! -grunhiu ela ao ver Fada surgindo no buraco do telhado.

Jack montou e segurou a cintura de Skylla.

–Tente não cair! -gritou ela, e o pégaso alçou voo no céu púrpura.
Norte gritou na abertura, meio trancado.

–Fada, pegue-os! -ordenou ele, tentando se desentalar, e a fada começou a persegui-los.

Skylla guiou o pégaso por entre as torres, desviando de cada ponta e olhando para trás a cada virada.
Fada ainda os seguia.

–Que droga, ela não vai parar?! -gritou Jack. -Tente descer!

Skylla assentiu e o pégaso foi descendo. Rapidamente. Estavam a uns quarenta metros do chão e Fada os seguia.

–Não vamos conseguir! -exclamou Skylla, enraivecida.
Mas de repente, a uns trinta metros do chão, Fada parou de repente. Com uma expressão aterrorizada, voou rapidamente para cima.

Jack sorriu, olhando para trás.

–Ela se foi! Conseguimos fugir! -disse ele, e Skylla acompanhou o voo de Fada com o olhar.

–Conseguimos mesmo! Eu nem acredito que...

VUUSH! O barulho de algo passando a poucos metros deles os fez virar com a cabeça para frente novamente.

–Não... Não!–exclamou Skylla, olhando para a asa direita do pégaso.

O animal relinchou quando sentiu o buraco queimado em suas asas, que formava um circulo perfeito; chamas consumiam o resto das penas.

–O que é isso?! -gritou Jack, vendo que o pégaso começava a perder altitude rapidamente.

–Estamos caindo! -disse Skylla, tentando voar, mas não conseguindo.

Bateram no chão com força. Skylla raspou os cotovelos ao cair e rolou para o lado quando o pégaso quase a esmagou ao se chocar com o chão.

Jack caiu de costas e gritou de dor. Fechou os olhos parecendo ver faíscas e tentou se levantar.

Skylla olhou para o pégaso. Estava morto.

–Não! -gritou ela, se aproximando do animal. Ele não tinha mais a asa direita e estava completamente sem vida.

Jack correu até Skylla e a abraçou, virando o rosto da elfa.

–Skylla, seja forte! -disse ele, enquanto ela chorava em seus braços.

–O que queimou a asa do pégaso, Jack?! -sussurrou ela, tremendo.

O garoto levantou o olhar e prendeu a respiração. Puxou Skylla para longe do pégaso e apontou para trás do animal alado.

–Oh meu deus! -gritou Skylla, secando rapidamente as lágrimas e pegando a adaga.

Na frente dos dois, havia uma hidra de sete cabeças. Sua pele seca e esverdeada com manchas cinzentas parecia reluzir sob a luz do sol. A hidra se abaixou e logo começou a cuspir bolas de fogo na direção do pégaso.

E Skylla e Jack só puderam ficar parados vendo o lindo animal alado branco queimar.



Continua...


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Notas finais do capítulo

E então? Como foi? :) Bjss



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