Kagura se levantou e alcançou seu guarda-chuva. Não que ela achasse que era mais forte que Ketsu, obviamente ela já tinha percebido que as coisas não eram assim. Mas deixar Sougo lutar com ele, não isso estava fora de questão.

Ketsu: Kagura-chan, o que está fazendo? Eu não posso bater em você... Já que você é tão teimosa, acho que só preciso te deixar inconsciente por algum tempo, enquanto eu mato aquele maldito.

Kagura: Não vai ser tão fácil. E não me chame mais assim idiota. Quem me chamava assim era o amigo de muito tempo atrás.

Kagura começou o ataque, mas não conseguiu causar nenhum ferimento no outro Yato, que se defendia tão facilmente como um adulto levando um tapa de uma criança de dois anos.

Ketsu: Do que está falando? Eu continuo sendo a mesma pessoa.

Kagura: Você nunca tentaria fazer uma coisa dessas antigamente!

Ketsu: Nós éramos crianças, eu estava esperando a hora certa. Você não vê que esse aqui é o seu lugar?

Kagura: Eu não vejo, porque não é. Eu nunca quis ter uma vida igual a dos outros Yatos, então não vou ter.

Ketsu: Isso não é você que decide. Você acha mesmo que seus amiguinhos iam te aceitar sabendo toda a verdade, especialmente quem é seu irmão?

Kagura: Alguns deles sabem...

Ketsu: E quanto a esse cara ali? Ei, você sabia que...

Kagura: NÃO!

Ketsu: Tsc, é isso que acontece com um Yato que fica longe do campo de batalha.

Aproveitando a brecha, Ketsu deu um chute na barriga de Kagura, que a fez bater na parede e cuspir sangue.

Ketsu: Agora seja uma boa menina e desmaie enquanto eu conto a verdade.

Kagura: Não... Você não pode...

Sougo: O que está tentando esconder china? Uma garota que é irmã de um Harusame deve ter uns segredos bem legais...

Kagura: Como você...

Sougo: Me poupe, eu sou um policial, acha que aquele incidente em Yoshiwara passou em branco? E acha mesmo que eu não ia investigar quando soube que você estava envolvida?

Kagura: Então você não me odeia?

Sougo: Não me faça rir. Só pra saber china girl, a maioria das pessoas ao seu redor sabe disso. Nós não nos importamos, simplesmente porque não somos aliados do seu irmão idiota, mas seus. E agora, vá limpar esse sangue, eu termino essa luta.

Kagura: Mas...

Sougo: Sem nenhum mas. Foi mal te fazer esperar Yato-san, vamos brincar?

Ketsu: Vamos. Já estava te achando um covarde, usando a Kagura-chan para me impedir de fazer algum avanço.

Sougo: Covardia? Me poupe, ela quis lutar eu apenas não a impedi.

A luta foi dura, nenhum dos lados cedia, ambos tinham treinamento e nenhuma pena do adversário.

Ketsu: Até que você não é tão ruim, mas essa batalha já está decidida.

Sougo: Eu concordo. Sabe o que é mais ridículo do que um humano desafiar um Yato? Um guerreiro experiente deixar seu ego levá-lo a derrota.

Dito isso, com um único golpe de espada, Sougo fez o rapaz Yato cair.

Ketsu: Porque... Como isso aconteceu?

Sougo: Numa batalha não existe apenas força e armas. Existem também os sentimentos no coração de um guerreiro. Isso é uma coisa que nós samurais aprendemos bem cedo. Podemos ser um bando de idiotas, mas nenhum de nós cairia antes de alguém que tentou fazer mal a uma pessoa que amamos.

Ketsu: Isso não é justo... Eu gostava dela primeiro... Você que atrapalhou...

Sougo: Isso não é algo discutível. China, eu vou arrumar nossas coisas para irmos embora. Esse ai não vai mais conseguir levantar por um tempo, mas nesse estado até uma fracote como você deve conseguir se defender.

Esse era o jeito do rapaz para deixar aqueles dois conversarem, era obvio que isso era bem necessário.

Ketsu: Eu sou patético. Kagura-chan, será que pode fazer o favor de dar o golpe final? Perder para um terráqueo é inaceitável.

Kagura: Não seja ridículo. Você estava numa luta pelo motivo errado, e perdeu, isso não é um carma, é apenas a lógica.

Ketsu: Lutar pelo amor não faz sentido?

Kagura: Ketsu-kun, você nunca me amou. Você ama a pessoa que acha que eu sou.

Ketsu: Eu sei quem você é!

Kagura: Não sabe. Você acha que eu sou igual ao meu Aniki e aos outros, mas eu não sou. Essa foi apenas sua ilusão durante todo esse tempo. Quando perceber isso venha me visitar na Terra, ficarei muito feliz em te receber.

Sougo: Oy china girl, já peguei nossas coisas, vamos?

Kagura: Claro.

Sougo: Tem problema deixar esse ai caído? Não que eu de a mínima.

Ketsu: Idiota... Acha mesmo que essa bobagem iria me matar?

Sougo: Tanto faz.

Ketsu: E é melhor nem pensar em magoar a Kagura-chan, ou eu vou te caçar até os confins do inferno.

Sougo: Tsc, se quiser ir pro inferno vá sozinho. Aproveite e se encontrar com o diabo, diga que um cara chamado Hijikata o desafiou a matá-lo. Até outra vez, Yato-san.

Ketsu: Até... Samurai-san.

Já dentro da nave que os levaria de volta para a Terra, Kagura e Sougo voltaram a conversar.

Kagura: Desde quando você sabe?

Sougo: Fala do seu irmão? Nem lembro, faz bastante tempo.

Kagura: E porque nunca disse pra mim que sabia?

Sougo: China girl, eu sou a pessoa que sabe melhor que assuntos de família não são coisas para se mexer. Só achei que quando estivesse pronta me contaria.

Kagura: Acho que agora eu devo prometer te contar tudo não é?

Sougo: Não precisa, você já fala demais.

Kagura: SEU IDIOTA EU TAVA TENTANDO SER LEGAL!

Sougo: Tsc, tanto faz...