Foram longos e duros quatro dias naquele casarão. Vanessa fez o que Sophia pediu. Subiu ao quarto, tensa, e repetiu o que Sophia havia dito: “Eu sou o braço direito de quem está os prendendo aqui. Se não me obedecerem, irei acabar com vocês sem pensar duas vezes. E eu não estou brincando”. Embora Vanessa esteja sendo obrigada a fazer tudo aquilo, gostava disso. Era sinal que as coisas estavam dando certo para ela. Vanessa já não aguentava mais ficar presa ali e talvez fazendo o que Sophia pedia, ela conseguia sair do casarão facilmente. Após Vanessa ter subido no quarto e obrigado todos a descerem, Sophia os serviu com frutas e pães. Aquela comida daria para mais ou menos dois dias, mas com a fome que eles estavam acabaria numa hora.

Os quatros dias foram interessantes para Sophia. Ela pôde observar o que cada um estava sentindo. As meninas eram as mais amedrontadas. Já os meninos, não estavam com tanto medo. No final, a vontade de todos de saírem dali era grande. Claro, não vai ser nada fácil quando você está na mira de um psicopata.

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 – Sabe, Sophia – dizia Vanessa, sentada no chão. –, eu tenho medo do que está por vim. Você já imaginou que já estamos sendo procurados? Nós sumimos por quase uma semana. E se a policia bater aqui? Você já pensou nessa possibilidade?

Sophia levantou a cabeça para a menina a sua frente e abriu um grande sorriso.

– Já sim. Sabe de uma coisa? Eu não ligo. Mas também quem iria procurar um bando de adolescentes num lugar tão afastado da cidade? Foi por pura sorte eu ter achado esse casarão.

– Eu vi que as fechaduras estão semi novas. Você mesma que as trocou ou pediu a ajuda de alguém? – perguntou Vanessa, olhando curiosa para o colar de Sophia.

– Não, não. Eu não ia conseguir trocar todas. Não faço a mínima ideia de como faça isso também. Eu pedi ajuda a um amigo. Ele foi gentil comigo e trocou. Mas é claro, ele não suspeitou de nada – respondeu ela, agora olhando sério para Vanessa. – Por que tantas perguntas? Está a fim de fazer algo parecido? – Riu.

– Não, claro que não. Estava apenas curiosa.

Vanessa e Sophia, aparentemente, estavam se dando bem. Sophia não era muito agradável com certas pessoas, mas precisava que Vanessa confiasse nela. Logo depois, Sophia iria usá-la de modo positivo. Vanessa não imagina o que estava por vim. Talvez Sophia não a deixe sair do casarão e acabe com ela também. Ou talvez não. Há tantas coisas se passando na cabeça das duas agora que é difícil citar algo que vai acontecer depois.

Quarto Dois

Todos estavam aninhados no chão, conversando sobre diversos assuntos, tentando passar o tempo com menos estresse

– Eu estou grudando, olha só! – disse Alice, colocando a mão na pele e mostrando para os amigos. – Nunca desejei tanto um banho.

– E eu nunca desejei tanto sair para tomar um ar. Sério, antigamente era muito ruim ter que ficar tomando sol na casa da minha avó. Ela me fazia ficar no sol umas duas horas seguidas toda manhã, alegando que eu estava muito branca. Poupe-me! – disse Carly a Alice. As duas sorriram.

– Não vejo à hora de colocar o rosto lá fora. Ou de saber o que anda acontecendo. Será que já estão nos procurando? – o cabelo de Alice estava terrivelmente bagunçado.

– É claro que sim. Estamos presos aqui há quase uma semana. E por favor, não fique falando em “não vejo a hora”, pois eu estou quase na certeza que nunca sairemos daqui – confessou Robert. Todos olharam para ele e concordaram.

– Estou com saudade de ouvir Rihanna – disse Johnny. – Imagina o que minha irmã deve estar fazendo com meus CD'S! Fico extremamente com medo quando penso nisso.

– Estamos preso num casarão por duas maníacas e você preocupado com seus CD'S da Rihanna? – indagou Pepper, olhando sério para o menino a sua frente. Todos riram.

– Que foi, gente? Eu tenho minhas preocupações também, o.k? Não é só vocês que ficam pensando em como deve estar o mundo lá fora – justificou ele. Novamente uma crise de riso invadiu o quarto. 

– Sabe o que eu estava pensando agora? – falou Pepper. – De colocar aquele nosso plano em prática, Jéssica.

Jessie olhou para ele sem entender.

– Mas não tem como, Pepper. Não temos mais o Tyler aqui, como faremos isso? – perguntou ela. Ninguém estava entendendo nada.

– Vou explicar à vocês – prometeu Pepper, chegando mais perto dos amigos. – Quando estávamos divididos em quartos, eu, Tyler e Jessie combinamos uma fuga. Parecia muito boa, mas agora percebo que é perfeita. Mas com sua morte, teríamos que colocar alguém em seu lugar.

– O.k, deixa eu ver se entendi. Vocês planejaram uma fuga e vão colocar em prática? – perguntou Carly. Ele assentiu.

– Sim, sim. Não deve ser muito difícil, pode apostar. Precisamos apenas de uma pessoa para tomar o lugar de Tyler. Quem se voluntária?

Houve um minuto de silêncio e logo a resposta:

– Eu topo, vamos lá – disse Robert fazendo Pepper e Jessie sorrirem.

– É o seguinte...

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Sophia estava descascando umas maçãs junto com Vanessa quando ouviu um barulho vindo do salão. As duas entreolharam e Sophia levantou-se do chão.

– Fique aqui. Vou dar uma olhada lá fora, está bem?

Deu pequenos passos até a porta antes de abri-la. Sugou todo ar possível quando deu de cara com Jessie,  Pepper e Robert. Eles não acreditaram no que estavam vendo.

– Sophia? – disse Robert. – É você que está nos prendendo aqui? Logo você?

Sophia riu dos adolescentes amedrontados a sua frente. Ela estava com uma faca na mão e uma arma presa no cinto.

– Sim, sou eu. Por que "logo você"? Eu posso ser mais perigosa do que vocês pensam – disse a menina, de modo ameaçador. 

– Não dá para acreditar. Você matou Lúcio, Thor e obrigou a Vanessa a matar Tyler! Não tem como acreditar que duas maníacas estavam de baixo dos nossos narizes, e que mexemos com uma delas – sussurrou Pepper. Sophia gargalhou.

– Pois é. Não é loucura?

Vanessa saiu do quartinho e viu os ex-amigos olhando para Sophia. Ela foi em direção a nova amiga e sorriu para ela.

– Veja bem, Vane. Olha quem teve a coragem de descer aqui sem minhas ordens. Acho digno a coragem de vocês, apesar que ela não vão valer absolutamente nada – dizendo isso, Sophia sacou a arma e deu um tiro no pé de Pepper, o fazendo cair no chão de dor.

Jessie correu até ele e o segurou firmemente. Chorando, ela gritou:

– Monstro! Demônio! Louca!

Com essas palavras, Sophia gargalhou novamente, conseguindo tirar uma risadinha de Vanessa.

– Melhor ficar quieta, J., sua coragem de xinga-la não vai adiantar nada depois – aconselhou Vanessa.

Robert não podia ficar parado. Não iria aguentar ver seus amigos sendo executados enquanto ele ficava apenas olhando. Olhou para o amigo no chão. Suspirou. Deu a ultima olhada em Jessie até correr em direção a Sophia e derruba-la no chão, fazendo a arma escorregar para longe. Sophia não teve reação. Robert já estava por cima dela e sua respiração estava tão próxima que Sophia teve que virar o rosto.

– E agora!? E agora, Sophia!? – gritou ele. – Achou mesmo que iria acabar com todos nós? Você é fraca! 

Vanessa não perdeu tempo e conseguiu alcançar a arma. Segurando-a firme, mirou para Robert. Ela estava chorando.

– Acabe logo com isso, Vanessa! Você está com a chave para sairmos daqui. Atire nela! – gritou Jessie, apontando para Sophia.

Sophia estava esperando o tiro. Não era apenas a respiração de Robert que estava ofegante, a sua também estava no mesmo ritmo que a dele. Ela havia sido presa pelos braços e pernas de Robert. Estava sem ação. Estava presa e nada que ela fizesse iria sair dali. Olhou para Vanessa, cujo as mãos tremia. A menina estava chorando e não sabia qual direção tomar.

– Saia daqui, Jessie, saia enquanto é tempo. Eu vou alcança-la, prometo, meu amor – sussurrou Pepper a Jessie. Ela deu o ultimo beijo nele antes de correr para sala dos televisores e pular a janela, saindo do casarão. Sophia viu toda essa cena e gritou. Foi a vez de Robert gargalhar.

– Atire nela, Vanessa! Poderemos sair daqui. Poderemos ser livres novamente! A chave está nas suas mãos – falou Robert.

Vanessa abaixou a cabeça. Não sabia o que queria realmente. Não sabia se queria matar outra pessoa. Já era o bastante ter matado Tyler. Ela não queria tirar a vida de outra pessoa, nem mesmo a de Sophia. Mas ela precisava fazer algo diante aquela situação. Deu uma olhada para Pepper. Seus olhos pediam "por favor". Virou-se para Robert, que estava montado em cima de Sophia. A menina em baixo dos braços fortes dele estava impaciente. Sophia não sabia o que pensar também. Não sabia se Vanessa iria atirar realmente. Primeira vez que Sophia sentiu medo.

E o tiro foi rápido. Agora foi a vez de Robert cair no chão, ensanguentado. Sophia não pôde conter a felicidade. Vanessa havia feito uma decisão difícil. Salvou a vida de Sophia e atirou em Robert.

Rapidamente, Sophia levantou-se do chão e olhou para Robert, que estava arfando de dor.

– Imundo. Você vai arder no fogo do inferno agora! – cuspiu as palavras. – Me dê a arma, Vanessa – Pediu ela.

Sem hesitar, Vanessa entregou a arma para ela. Sophia sussurrou um "obrigada". Agachou e riu na cara de Robert. Suspirou.

– Diga adeus a seu amigo Pepper. Diga adeus a sua namoradinha. Diga adeus a esse mundo, Robert! – e atirou.

O ultimo tiro em Robert foi na cabeça. Sophia levantou-se e foi em direção ao Pepper, que ainda chorava de dor. Ele implorou para deixa-lo ir embora. Sophia apenas riu.

– Vá se encontrar com seu amiguinho, Patrick – disse Sophia. – Diga adeus a esse mundo também!

Dessa vez foram dois tiros. Um no peito e outro na cabeça. Sophia riu enquanto Vanessa chorava. Virou-se para a menina em choque.

– Não fique assim, Vane. Você fez o melhor, tenho certeza. Eles iriam te acusar depois. Dizendo que foi minha ajudante aqui. Você iria para cadeia enquanto eles iriam rir da sua cara. Foi mais do que certo o que você fez.

Mas havia uma coisa que a preocupava agora. Jessie havia conseguido fugir. Provavelmente daqui a poucas horas, policias estariam invadindo o casarão. Sophia teria que acabar com  tudo isso rápido e eliminar as provas que se encontrava na casa.

– Vane, vamos na minha casa. Vou pegar algo para acabar com esse casarão depois. Policia deve estar vindo para cá daqui a poucas horas. Não queremos ser pegas, não é mesmo? – sorriu para ela. Vanessa assentiu.

– Nós... nós vamos.... para a sua casa... pegar exatamente o que? – perguntou Vanessa, soluçando.

– Faisca. Fogo. Destruição e eliminação de provas. Anime-se, amiga, está quase acabando.

[...]