-- Só me prometa uma coisa, está bem? – Draco perguntou quando eu finalmente fechei minha mala. Estar na Mansão dos Malfoy era algo incrível, de verdade. Eu tinha minha própria suíte, que era enorme e tinha um closet gigantesco. O quarto era acolhedor, assim como o resto da casa e a presença de Draco e Narcisa.

Olhei ao redor, mirando o quarto todo. A porta entreaberta do banheiro mostrava parte de seu interior, todo de mármore branco, a toalha vermelha pendurada no box de vidro escuro e turvo ainda embaçado pelo banho recém tomado. Encarei as paredes do quarto, três brancas e uma vermelha ao fundo.

Sim, eu gosto de vermelho. Bastante.

A cama de casal, os dois criados que a ladeavam, a porta de correr do closet e a estante de livros, todos em madeira branca. Uma janela que ia do chão ao teto. Aquele era com certeza o quarto mais bonito que eu já vira na vida. E era meu.

-- Sim, o que quiser. – respondi para meu pai, que ajudou a tirar a mala da cama e começou a puxá-la para fora do quarto, em direção as escadas. Quando chegamos à sala de estar ele me abraçou com força.

-- Nada de... hm, você sabe... você e James...

-- Tudo bem, ela já entendeu, filho. – Narcisa apareceu, saindo da pequena biblioteca dos Malfoy, um livro grande e grosso com uma capa de couro em cor vinho. Ela me abraçou, dando um beijo em minha testa. – Faça uma boa viagem, querida. E feliz Natal.

-- Feliz Natal, vó. – ela sorriu e se retirou, subindo as escadas, provavelmente indo para seu quarto. Ela era uma ótima mulher, mas o tempo a desgastara, então era compreensível que ela preferisse ficar em casa, sozinha e com seus livros.

-- Bem, feliz Natal, filha. – Draco falou quando a campainha tocou, alta e ressonante. O abracei, seus braços me envolvendo protetoramente, da mesma forma como fizeram na primeira vez em que nos abraçamos.

-- Feliz Natal, pai. – falei enquanto passava pela porta. A fechei e deixei a mala no chão assim que vi James à alguma distância. Corri até ele e me lancei em sues braços. Com uma risada baixa ele me ergueu e me girou no ar. Apanhou minha mala e andamos de mãos dadas até um carro.

O motorista pegou minha mala e a levou para o porta malas. James o indicou com a cabeça e pediu para que eu andasse até ele.

-- Ah, olá. – o homem falou, estendendo uma mão para mim. Na testa, meio encoberta por mechas de cabelos pretos, a cicatriz em forma de raio tão significativa de Harry Potter. – Eu sou o Harry, pai do James. É um prazer conhecê-la Alexandra, ele fala bastante de você.

-- O prazer é todo meu. – respondi sustentando seu olhar e sorrindo para ele. Ele era tão acolhedor quanto James, o que me deixou bem mais confortável, porque para falar a verdade eu estava com medo de conhecê-lo.

Entramos no carro, em silêncio. Um clima quase desconfortável se instalou, mas Harry ligou o rádio e uma música realmente boa começou a tocar. De repente, ele começou a cantarolar, assim como James ao meu lado. Eu conhecia aquela música. Em questão de segundos estávamos os três cantando – ou gritando, interprete como quiser – ao vento.

Quando a música finalmente acabou começamos a gargalhar muito alto. Os Potter eram realmente incríveis. Harry dirigiu por mais algum tempo, mas o silêncio não voltou a instalar-se entre nós três. Quando finalmente paramos, estávamos em frente à uma casa trouxa grande e pintada de azul claro.

-- Esta é sua casa? – perguntei como uma idiota para James enquanto ele me ajudava a descer do carro com um sorriso nos lábios. Ele fez um movimento positivo com a cabeça e ajudou o pai com minha mala.

-- Bem-vinda, Lexi. – Harry falou assim que entramos na casa. O cheiro de comida que vinha da cozinha fez meu estômago doer. No sofá estavam Alvo e Lily, ambos assistindo tevê. Na cozinha, Gina estava debruçada sobre o fogão, mexendo o conteúdo de uma panela.

Todos pararam o que estavam fazendo para me encarar. Alvo deu um sorriso acolhedor e ajudou James com minha mala, e eles a levaram para cima, os pés correndo os degraus com cuidado e agilidade. Lily veio até mim, um sorriso enorme no rosto.

-- Olá, Lexi! – ela me abraçou com força, como se já fossemos amigas há tempos, e eu retribui seu abraço. Aquilo com certeza não estava sendo como eu achara que seria. Pensara em todos me encarando com expressões vazias e indiferentes, mas todos eram tão acolhedores.

-- Ah querida! Como é bonita! – Gina também me abraçou, mas falava com Harry. – Confesso que fiquei com medo de que James trouxesse uma garota... bem, diferente de você.

Ela sorriu e nós demos risadas. James e Alvo desciam as escadas rindo e conversando sobre o jogo de Quadribol que havia ocorrido no começo do ano, quando um aluno da Corvinal despencou de sua vassoura.

-- Você não se importa de dividir o quarto com Lily, certo? – Alvo perguntou antes que qualquer um pudesse falar algo. Gesticulei com a cabeça. Pouco me importava se eu dormiria no sofá.

-- Alvo, nós já conversamos sobre isso... – Gina começou, as mãos nos quadris e um olhar zangado no rosto.

-- Não, por mim está tudo bem, se estiver tudo bem para Lily também, é claro. – me apressei em dizer antes que eles pudessem discutir bem ali.

-- Claro! Vai ser ótimo! Eu sempre quis uma irmã, na realidade. Uma vez até tentei transformar o Alvo em uma garota. Não deu muito certo. – todos rimos, por mais que Gina e Harry sustentassem expressões de que aquilo havia dado problemas.

Lily me levou até seu quarto e me mostrou onde eu dormiria e onde poderia deixar minhas roupas. Descemos e almoçamos todos à mesa. Gina era uma ótima cozinheira, a comida estava deliciosa. Depois que terminamos nossas refeições Harry caminhou até a chaminé. Apanhou um pouco de pó de flu e falou ‘A Toca’. Desapareceu em chamas verdes.

-- Você nunca viajou com o pó de flu antes, não é? – James perguntou quando notou minha expressão confusa, a testa vincada e os olhos um tanto quanto arregalados. Balancei a cabeça negativamente. – Não é difícil. Só apanhe o pó e o jogue, falando alto e claro ‘A Toca’. Vai conseguir.

Me deu um beijo na testa e repetiu o gesto de seu pai. Gina indicou para que eu fosse a próxima. Apanhei o pó no pequeno recipiente e repeti exatamente o que James havia feito, seguindo suas ordens. Funcionou, graças a Merlin. Quando aterrissei na sala dos Weasley soltei um suspiro de satisfação.

-- Conseguiu! – James correu e me abraçou. Olhei ao redor. Lá estavam todos, exatamente como ele me havia dito que estavam. Fleur, a senhora Weasley... e lá estava ela, Hermione, a mão sendo segurada por um garoto mais novo, seu filho.

Que família perfeita, não? Pensei amargamente enquanto sorria para os outros, tentando evitar o olhar dela acima de tudo. Talvez não tenha sido uma boa ideia passar o Natal com os Weasley, mas já era tarde demais para me arrepender. E eu estava feliz de estar ali com James. Bem, aquele provavelmente seria meu melhor Natal, afinal eu estava acostumada a passá-lo sozinha.

Assim que Alvo aterrissou, todos começaram a se cumprimentar. Estava na hora de desejar boas festas à minha querida mamãe.