Wojownikiem escrita por liljer


Capítulo 10
— Pierwszy Koniec


Notas iniciais do capítulo

Hellow...
Cara... Acho que não venho ao Nyah! há tanto tempo que, quando vou postar um capítulo, sofro com milhares de dificuldades, tsk. Mas enfim...
Voltei! o , ok, depois de gerações... Mas houveram tantas coisas, tanto ruins, quanto péssimas e boas neste período que deixa quieto. Mas cá estou eu. Peço desculpas a todos pela demora e displicência quanto a escrita e tal, e agradecendo por estar entrando de férias! o/ , embora nem sequer terminado as aulas ainda...
Mas para compensar, eis um capítulo especial... Cheio de coisas e surpresas -sqná, e grande! Espero que gostem...
Novamente, me desculpem a demora!!!
Aos leitores novos, sejam bem vindos! Aos velhos, sejam bem vindos também! ;3
Se cuidem e até a próxima!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/373419/chapter/10

Sem desejo para acordar esta manhã

Para ver outra rosa negra nascida

O leito de morte é lentamente coberto com neve

Através da janela, Jillian observou a forma como as folhas caiam em cascatas sobre o chão já coberto por uma camada de folhas secas. Esta acariciou o pequeno ventre. Aquela era a primeira vez em que sentira seu filho se mexer dentro de si. A sensação de um pequeno chute a fizera não dormir... Apenas para não perder outro e mais outro chute que pudesse vir. Mas estes não vieram.

Agora, enquanto observava o mundo se movimentar do lado de fora de sua janela, notou que sua vida também o fazia.

Certa vez, sua ama de leite contara-lhe como era ser mãe. Como era a sensação de ter alguém crescendo dentro de si, deste alguém sair de dentro de si. De como o mundo era pintado por outras novas cores. E Jillian nunca teria imaginado tal coisa — já que sua mãe não havia estado com ela. Não havia tido esta como um exemplo maternal. Ela até poderia chamar Lissa de sua mãe, se a loira não a odiasse tão profundamente.

Mas agora, enquanto acariciava seu ventre, pedindo internamente para que aquela criança mexesse novamente, notou o que realmente era aquele sentimento materno. De como era ser mãe.

E ser mãe a havia deixado ainda mais egoísta, notou. Lembrava-se da forma como havia tratado Rose Mazur. Lembrava-se de como havia deixado claro que não deixaria de ser por seu filho para deixá-la viver um amor. E, embora sua intenção não mudasse, assim como pensamentos, tinha que admitir que se arrependera da forma como havia esclarecido aquilo.

Era egoísta. Sim, ela concordava com isso. Não havia razão para esconder algo como aquilo, principalmente, quando toda sua família havia ensinado-lhe desde cedo que era possível passar por cima de outra pessoa — de felicidades alheias — para seu próprio ganho. E aquele era seu próprio momento. Dimitri Belikov era a forma mais segura de conseguir aquilo.

E quanto mais os dias passavam, mais ela notava que o inverno se aproximava. Pessoas começavam a vender suas aves para o dia de ação de graças e natal. Pessoas começavam a se preparar para o frio que vinha.

Lembrava-se, também, da promessa que Mason havia feito-lhe: voltaria assim que a neve alcançasse-os, e se casariam. Esta criança teria um pai. E, quem sabe, caso Mason estivesse vivo, presente, Jillian e ele já estariam casados, sentindo os primeiros chutes do filho deles. Juntos.

Foi inevitável a lágrima que desceu por seu rosto. Estava tão sentimental... Principalmente, com relação ao seu amado morto. Era incrível como podia-se amar uma pessoa mesmo depois de sua morte. E Jillian o fazia. Ela o amava profundamente. Com todo o seu ser.

– No que está pensando? – escutou. Virando-se, encontrou Adrian. Este tinha os braços cruzados, encostado contra a parede de pedra. Ele não tinha nenhum sorriso zombeteiro, como de costume. Aproximou-se, acariciando o rosto da prima gentilmente.

– Se verem-te aqui, irão achar que está tentando alguma coisa... – ela murmurou, encostando seu rosto contra a palma da mão aberta e quente de seu primo. Ele não pareceu dar muita importância para as palavras desta, já que, em seguida, puxou-a para um abraço.

– O inverno está chegando, Jill... Talvez este chegue mais rápido. Seu casamento estará logo aí. Logo estará casada, longe deste lugar... – ele murmurou, apoiando seu queixo sobre a cabeça da garota. Escutou um suspiro — que soava como um lamurio — dela.

– Eu me pergunto se isso é realmente o certo, Adrian... – sua voz soava abafada contra o peito do mais alto.

– Existem muitos sacrifícios que fazemos apenas para aqueles que amamos, Jillian – afastou a garota gentilmente, segurando-a pelos ombros, para olhá-la melhor. – Veja sua mãe... Ela foi um excelente exemplo...

– Ela está morta – disse. – Quando descobriram sobre suas mentiras, mataram-na... Após meu nascimento.

– Você não terá o mesmo fim que ela – ele disse, puxando-a de volta. – Isso eu garanto. Você é minha irmã, Jillian... Eu jamais deixaria que algo acontecesse com esta criança ou com você.

– Mas se eles descobrirem... – ela segurou um soluço.

– Não irão... Eric está mais preocupado com o fato de poder abocanhar as terras dos Mazur do que com o fato de você está esperando uma criança. Será maravilhoso quando ele descobrir que você está esperando uma criança. Cairá nas graças dele... – disse Adrian, de forma segura. – E quando isso acontecer, poderemos ir embora deste lugar. Milzis está indo de encontro à falência. Logo, os Cavaleiros Templários virão para cá... Não haverá muito deste lugar.

– Mas eles... Eles estavam no Oriente, uh? – a garota afastou-se, sentando-se em sua penteadeira, escovando seus longos cabelos de cachos dourados com os dedos. Adrian sentou-se na ponta da cama desta, uma expressão quase sombria. – Não tardará muito para eles virem atrás de bárbaros em Cáucaso... É fronteira com a Europa, Jillian... Muitos virão para uma vida melhor.

Ambos trocaram um olhar significativo. Uma guerra como aquela poderia destruir reinos, reis. E também, poderia construir. Um novo futuro era tudo o que ela precisava. Fosse naquele lugar ou outro.

– Acredito que em dois anos, eu estarei pronta para partir de Milzis com esta criança – disse, acariciando o ventre.

– Sim – concordou Adrian. – Tudo o que você precisa é aguentar três invernos para se preparar para a primavera e o que ela lhe trará.

[...]

Poucas vezes na vida, enquanto assistia o tempo passar, Rosemarie desejou que o inverno tardasse a chegar. E, embora soubesse que este logo viria, como a morte vestida de branco e cobrindo todos os cantos ao redor com seu cobertor frio, tudo o que desejou foi que nunca tivesse que vê-la. Que o tempo se congelasse naquele outono quente.

E, os pensamentos tristonhos apenas aumentaram quando notou que — como todo fim de outono — seu pai empilhava lenha junto à porta dos fundos da cozinha. Era como ter a sensação de que a morte viria pairar sobre aquela casa, sobre aqueles que amava incondicionalmente.

E, pela milésima vez, esta chorou. Não era como se soubesse exatamente a razão pela qual chorava, afinal, havia um vazio tão grande em seu peito que ela não sabia nem por onde começar a cavá-lo, ou extensão deste, mas sabia que era algo forte. Afinal, chorar não era algo que costumava fazer com frequência.

– Querida? Você está bem? – escutou a voz de sua mãe, apertando-lhe o ombro levemente. Esta virou-se, tentando esconder as lágrimas, o que soava impossível.

– Yeah... – sussurrou, sorrindo levemente. – Eu estou bem.

– Você está assim por causa de Jillian? – certeira com uma flecha.

– Não – mentiu. – Eu apenas sinto falta de Mason... Esta era a época do ano preferida dele. Estamos próximos ao natal... Ele adoraria chegar em casa e trazer consigo presentes para nós. Eu realmente sinto falta disso... Dele...

De alguma forma, falar de seu irmão tornou as coisas ainda mais difíceis. As lágrimas tornaram a descer pelo olho esquerdo. Sorrindo tristemente, ela enxugou esta.

– Eu também sinto falta dele. É como se um braço tivesse sido arrancado de mim – disse Janine, se aproximando e envolvendo a filha em um meio abraço. – Eu me pergunto qual a razão dele ter partido, todos os dias. Mas então, eu não posso simplesmente culpar Deus por isso... Eu posso não falar mais sobre esse assunto, mas... A dor sempre estará lá... Sempre estará em lembrar que nunca mais terei meu filho nos braços novamente.

Rose esticou sua mão, enxugando a lágrima que escorreu pelo rosto da mãe. Sentia-se estúpida por ter tocado naquele assunto. Por ter tocado no nome de seu irmão. Se pudesse voltar atrás, tinha certeza que teria feito o possível para voltar ao dia em que seu irmão partira novamente para a guerra. Teria impedido-o de todas as formas possíveis.

Afastou-se, sentindo-se péssima, caminhando para o vento fresco do final de outono. Sua mãe não perguntara-lhe nada sobre, principalmente, quando esta avistou Dimitri.

A garota caminhou até este, sentindo-se um pouco melhor por sua presença. Sorriu um para o outro, de forma cúmplice.

– Chorava? – Dimitri perguntou-lhe, num tom leve, como quem deseja uma boa tarde. Ela assentiu levemente, sentindo o leve toque do rapaz sobre seu rosto rubro. O toque havia sido tão pequeno, todavia, tão significativo. Nos últimos dias, os momentos de pura intimidade inocente haviam estado presente entre os dois. Fosse esta por ajuda com alguma coisa na cozinha ou lavoura a momentos inesperados em que se tocavam.

Ele não disse qualquer outra palavra quando tornou a caminhar em direção ao carvalho, próximo à plantação. Sentou-se lá, como de costume, acompanhado pela garota. Nenhuma palavra fora dita.

A brisa daquela tarde soprou sobre eles, de forma calma, quase os abraçando.

– O outono está indo embora... – Rose murmurou. Sua voz era tão baixa e cochichada que podia-se ter certeza que não queria que qualquer outra pessoa escutasse, além de Dimitri.

– Sim... As flores estão começando a murchar... – ele respondeu de forma silenciosa, sua voz carregada pelo sotaque. E então, houve silêncio novamente. Inesperadamente, Rose sentiu sua mão ser coberta pela mão quente e calejada de Dimitri. Nenhum dos dois se olhou. Era algo tão secreto e perigoso que não podiam perder aquilo por vergonha. Caso o fizessem, poderiam se arrepender. Poderiam perceber que aquilo era loucura.

Rosemarie, daquela vez — tal como todas as outras — sentiu-se tentada a pedir que ele desistisse, mas sabia a resposta. Sabia que seria exatamente como da primeira vez que pediu. E ela odiava a maldita honra de Dimitri. Ela podia sentir seu corpo, peito e estômago afundarem apenas com o simples pensamento de tê-lo por perto, de vê-lo ou escutar sua voz, ela o adorava... Mas o seu maior defeito era a maldita honra. Ela não havia conhecido muitos homens de honra ao decorrer de sua vida, e este era um sinal de como estes estavam morrendo. Ela pegava-se constantemente, implorando a Deus que este o fizesse mudar de ideia, de que este a aceitasse... Que este a amasse.

O silêncio continuou a pesar entre eles, de forma calma. Ao contrário de outros silêncios, havia algo agradável no deles. Apenas desfrutavam das mãos enlaçadas, dos dedos quentes deslizando por sobre a palma da mão da garota. Ela sentiu sua respiração bobear ao sentir os dedos quentes do russo deslizarem por sobre seu pulso, puxando a mão da garota levemente para cima, para que pudesse acariciar as veias esverdeadas ali, traçando-as.

Rose não sabia se ele fazia aquilo para simplesmente vê-la vacilar ou o quê, mas sabia que gostava. Gostava da sensação nova de seus dedos deslizando por sua pele, do formigamento debaixo desta. Esta quase fechou os olhos, com sua respiração semicerrada. Sabia que, a qualquer momento, perceberia que aquilo era loucura, que era errado. E, se caso alguém visse, a matariam. A chamariam de prostituta ou o que quer mais que fosse.

Quando olhou para o lado, notou a expressão inebriada de Dimitri. Este agora fitava-a com uma expressão tão profunda e sombriamente encantada. Sua mão livre vagou no ar até alcançar o rosto da garota, seus dedos acariciaram levemente os lábios inferiores e entreabertos. O ar ao seu redor tornou-se denso. Ela então soube qual era a sensação da vontade inebriante de beijar alguém — tal como certa vez, Lissa havia lhe contado, pouco antes de casar-se com Christian Ozera. Ela podia, depois de um instante, notar que ambos respiravam do mesmo ar, dividiam a mesma respiração. Dimitri estava tão próximo... Ela podia sentir o cheiro almiscarado e amadeirado que ele esvaia. E ela gostou daquilo.

Umedecendo os lábios, ela se aproximou, desejando que a distância desaparecesse. Todavia, logo se ouviu o som de cavalos.

Os animais relinchavam ao longe, assim como as vozes de homens soavam. E tão rápido quanto pôde, Dimitri estava de pé, pronto para qualquer ataque.

O primeiro homem, que montava um cavalo negro, parou próximo a ele. Este vestia uma armadura de couro, um grande desenho de uma cruz sobre esta armadura. Ele curvou sua cabeça, respeitosamente.

– Belikov? – constatou. Dimitri, por vez, acenou, de forma dura. – Vim em nome de padre Gerhard. Este pediu para que nos acompanhasse...

Dimitri lançou um olhar significativo para o homem, procurando por qualquer sinal de ameaça caso se recusasse. Todavia, tratava-se de Gerhard... Padre este que o havia acolhido dias atrás — dias que pareciam uma eternidade desde que chegou naquele lugar, que fora acolhido pelos Mazur.

– O que houve com Gerhard? – perguntou o russo de forma impassível, medindo cautelosamente as ações e contando quantos homens havia ali. Parecia ter passado tanto tempo longe de outras pessoas que, agora, enquanto os observava, notava o quão desgarrados e sozinhos eles eram. Que ele era.

– Temo o pior... – um segundo homem disse, descendo de seu cavalo também preto. Este caminhou, segurando sua espada — algo que era um costume quase inconsciente destes homens. Sempre prevendo qualquer reação e ameaças. – Padre Gerhard não está muito bem... Pediu para que chamasse você. Queria ver-lhe antes que partisse...

O rapaz curvou seus lábios para baixo, em tristeza. Tinha uma expressão dura e cansada, como todos ali. O melhor que Dimitri poderia fazer era acompanhá-los, notou. Por fim, assentiu.

– Eu apenas preciso pegar algumas coisas e partirei... – disse Dimitri. Podia sentir os olhos de Rose em suas costas. Podia notar que, então, havia uma dúvida sobre humana ali. Ela era uma pessoa de dúvidas, era algo natural dela.

Assim, este lançou um olhar significativo sobre o ombro, e caminhou em direção ao casebre. A garota seguiu-lhe rapidamente, e quando estavam fora de vista dos cavaleiros ali, agarrou-lhe o braço.

– O que está acontecendo? – exigiu ela. Ele não a respondeu, apenas lançou um olhar em direção à mão que segurava o braço e para a garota. – Ora! Pare com isso! – exclamou ela, exasperada. – O que está acontecendo? Para onde vai?

Enfim alcançaram o casebre, correndo à passos largos até o quarto que pertencera a Mason.

– Irei partir com eles... Um amigo meu, Gerhard, não está bem, Rose. Ele não mandaria cavaleiros até aqui por nada – disse. Rose assentiu, embora desgostosa.

– Quando voltará? – perguntou.

– Eu não sei... – Dimitri enfiou algumas coisas em sua bolsa de couro, sua expressão envelhecida. Pequenas rugas nos cantos dos lábios.

– Posso ir com você? – perguntou ela, de forma esperançosa.

Por um instante, Dimitri Belikov parou o que fazia, para fitá-la. Sua expressão mostrava que ele realmente não acreditava naquilo, que realmente desacreditava em seus próprios ouvidos.

– Não. – respondeu prontamente. – Seu pai me mataria se descobrisse que partiu comigo... Ele...

– Ele não está por aqui. Está em Milzis e passará a noite lá – argumentou ela. – Voltaremos o quanto antes... Não se preocupe com ele. Nem comigo.

– Você não cavalga – ele rebateu rapidamente, o que fez com que a garota sorrisse.

– Eu posso ir em seu cavalo, com você.

– Não insista – ele caminhou até a porta, partindo pelo corredor. Rose estava logo atrás, em seu encalço.

– Se não me levar, eu juro por Deus... Eu não olharei em sua cara! – ela disse.

– É um risco – rebateu ele.

– Eu falo sério, Dimitri... – pararam. Estes se encararam por um longo instante. Rose pediu à todos os deuses aos quais acreditava internamente para que Dimitri aceitasse, acreditasse nela. E, que caso não a obedecesse, tivesse coragem o suficiente para cumprir sua palavra.

– Não vamos tardar lá. Assim que falar com ele, voltamos. Eu fui claro, Rosemarie? – resmungou ele, de forma tão dura quanto seu pai costumava fazê-lo. Ela sorriu largamente.

– Como água!

Janine não estava muito longe quando alcançaram fora do casebre. Esta fitou-os, de forma inexpressiva.

– Onde pensa que vai? – perguntou para Rosemarie, em seu tom de autoridade. Rose, por vez, se encolheu. Amava profundamente a mãe, sobre todos os defeitos e efeitos. Mas lembrava-se, além da mãe amorosa que às vezes era, o quão dura ela costumava ser, afinal, era seu pai quem sempre passava-lhe a mão pela cabeça.

– Até padre Gerhard – respondeu a garota. – Estaremos de volta assim que anoitecer.

Janine mediu-a, dos pés à cabeça, de forma ríspida.

– Não. – indagou.

– Eu a trarei de volta, em segurança – Dimitri interveio.

– Não se preocupe em trazê-la de volta, Belikov... Pois ela não irá – esta deu as costas para ambos, mas parou, instantes depois, após alguns pequenos passos, virou-se. – As pessoas vêm comentando sobre seu comportamento e o de Rose. E eu posso não saber com exatidão o que se passa sob meus próprios olhos, mas posso afirmar... Há algo. E eu não quero, de jeito algum, que minha filha, minha única filha na qual restou-me, esteja envolvida com um forasteiro. Principalmente, um que irá se casar assim que os primeiros flocos de neve atingir o chão. E, se eu fosse você, Belikov... Eu tomaria cuidado...

Rose sentiu seu peito se apertar, enquanto escutava aquilo. Sua mãe tinha razão... Ela sabia disso.

– Não deveria se preocupar, senhora Mazur – disse Dimitri, numa voz polida. – Rose não passa de uma irmã para mim.

E qualquer outro sentimento dentro dela se quebrou, apertando-lhe o peito de forma dura. Prensando-o como uma parede de pedras. Todavia, ela fez seu melhor para não demonstrar o quão atingida fora.

– Vê? – ela reagiu, aproximando-se da mãe. – Não há problemas quanto a ir. E, aliás, estaremos em uma igreja...

Janine permaneceu fitando-a por alguns longos instantes, logo, suspirou.

– Esteja aqui assim que anoitecer ou mandarei seu pai caçá-los – disse. Jogando-se nos braços da mãe, Rose estalou um beijo em sua face.

– Eu amo você – disse, recebendo um sorriso em resposta.

[...]

A macieira no fundo do casebre de Padre Gerhard permanecia exatamente como Dimitri lembrava, embora esta tivesse o pé coberto por maçãs quase já podres. Dimitri, por um instante, cogitou catá-las, mas, desistiu em seguida, assim que a tosse de Gerhard soou atrás dele.

Virou-se, ignorando qualquer mundo exterior, e, ao lado do padre, encontrou Rosemarie. Ela segurava-lhe a mão ternamente. Aproximou-se, sentando-se, ao lado oposto de Rose, na cama. Avistou então um leve sorriso nos lábios do padre.

– Eu estou feliz que esteja aqui, filho – disse o mais velho. Dimitri sorriu de forma pequena, sentia-se angustiado.

– Deveria tê-los mandado à minha procura antes – respondeu de forma dura. – Eu estaria aqui, cuidando-te.

O padre soltou um leve suspiro — algo que soou sofrido e doloroso.

– Você tem uma vida lá fora, filho... Quando partiu pude ver isso – balbuciou. – Uma vida que você tanto procurava, Dimitri...

Por um instante, Rose sentiu-se intrusa. Embora quisesse saber das razões de Dimitri ter partido para Milzis, sabia que aquele não era o momento adequado, portanto, levantou-se, passando a mão sobre o vestido esverdeado de pano barato.

– Vou-lhes dar um pouco de privacidade... Acredito que devam conversar – disse ela, Dimitri fitou-a nos olhos, de forma que, como poucas vezes, Rose pôde ver o medo que estes olhos castanhos como lama guardavam. Sorriu ternamente, afastando-se, porta a fora.

Os dois homens a observaram, ambos admirados.

– Me diga que esta é quem irá casar-se... – indagou Gerhard. Dimitri sorriu tímido. Lembrava-se como havia escrito, quase que tristonho, as cartas para seu amigo. A notícia que iria casar-se assim que a neve alcançasse o chão era animadora — para Gerhard. E, no início, até poderia ser para Dimitri, mas não agora... Não quando se via totalmente enlaçado na teia inocente que Rosemarie havia tecido ao seu redor, mantendo-o cativo. – Vejo que pela forma como encara a parede além de mim que não é esta, mas que está apaixonado...

– Gerhard... – começou, mas desistiu. – Somos amigos há alguns anos, desde que cheguei, pela primeira vez, aqui. Desde que Mason era vivo e acompanhou-me até aqui... Você sabe, me conheces bem o suficiente, para saber que não há nada... Rose irá encontrar alguém futuramente. Eu estou tratando disso... Eu desejo que ela seja feliz com alguém que a mereça... Então, não. Eu não estou apaixonado por ela... Eu não posso me apaixonar por ela.

– Irá dizer isso para um homem tão vivido quanto eu? – riu com dificuldade. Dimitri aproximou-se instintivamente, segurando sua cabeça, para que este não engasgasse com sua risada ainda mais.

– Não é como se tivesse passado por essas coisas com tamanha frequência – criticou o moreno, sorrindo.

– Mas já casei muita gente... – respondeu Gerhard, sentando-se com certa dificuldade. Dimitri ajudou-o, ajeitando alguns travesseiros em suas costas e cabeça. Agradeceu, antes de continuar. – Casei mais do que poderia contar... Ou me lembrar... Mas foram poucos aqueles casamentos aos quais eu vi amor nos olhos dos noivos. Foram poucos que eu pude sentir uma presença divina ali... Eis que acredito em pessoas que foram feitas uma para a outra, que se completam... É da mesma forma que sei que suas palavras são apenas por amá-la. Se não a amasse, não estaria disposto a arranjar alguém digno. Não se sentiria perdido como se sente agora.

– Eu sempre me senti perdido, Gerhard... – argumentou Dimitri. Gerhard assentiu, seus cabelos brancos e ralos emaranhados balançaram um pouco com o movimento.

– Sentir-se perdido é natural. É a razão por continuarmos neste mundo, estamos procurando pela salvação, pela razão de seguir nosso caminho. Você sempre se sentirá perdido em algum momento em sua vida... Só não faça com que este momento seja para sempre. É sentindo-se perdido que pessoas tiram suas próprias vidas. É sentindo-se perdido que nos esquecemos da nossa humanidade e nos tornamos próximos à bestas.

– Eu espero que quando me tornar velho, como você – Dimitri sorriu zombeteiro, mudando de assunto. – Eu me torne tão sábio quanto você.

O velho soltou uma gargalhada, seguida por uma tosse seca. O lenço que segurava tingiu-se de vermelho quase que imediatamente, e embora Gerhard tentasse esconder aquilo, o amigo viu. Sentiu-se perturbado. Não tinha muitos amigos e, os pouquíssimos que lhe restaram, estavam morrendo.

– Eu não tenho muito tempo, Belikov... – comentou Gerhard, sem conseguir esconder o sangue no canto dos lábios. Limpou-os com o lenço, sorrindo tímido. – Talvez eu não esteja aqui para vê-lo cometer algo ruim como casar-se com a garota que não ama...

– Ela está esperando um filho – Dimitri disse, de forma impassível. Os olhos do velho alargaram-se em espanto. Seus lábios entreabertos.

– Esta... Esta criança...

– Não! – cortou Dimitri apressadamente. – É de Mason.

– Então por diabos no inferno... – começou, mas logo, entendeu, assentindo exasperadamente. – Mason havia deixado uma criança no mundo, e você não quis desonrá-lo. Você quis proteger a garota das coisas que pode encontrar no mundo... Senhor... – suspirou exasperado. – Você é tão tolo, garoto.

– Não é sobre ser tolo, Gerhard... É sobre fazer o que é certo – retrucou. – Você sabe, fiz uma promessa: protegeria todos que Mason amava. Eis alguém que ele amava...

– E quanto a ela? – meneou a cabeça em direção à porta. Dimitri fez uma pequena careta.

– Eu não sei... Mas eu realmente me importo com ela...

– Disso eu sei – o velho revirou os olhos.

– Acho que vou queimar nas chamas do inferno – resmungou o moreno, levantando-se. Gerhard sorriu, concordando.

[...]

– Isso está realmente maravilhoso! – exclamou Gerhard, enquanto abocanhava um pouco da torta de maçã que Rosemarie fizera. Esta havia catado algumas maçãs no quintal e preparado uma torta. O cheiro da massa exalava por todo o casebre. Acanhada, Rosemarie sorriu. – Deus sabe o quão bom isto está... Tenho certeza que será uma esposa maravilhosa...

Involuntariamente, Rose olhou em direção à Dimitri que assistia a cena, de braços cruzados e sorriso no rosto. Este a fitou, seus olhos castanhos brilhando de forma terna. E quando os olhares se cruzaram, um sorriso terno deu lugar ao anterior nos lábios do moreno. Logo, a garota desviou o olhar, acanhada.

– Seria realmente bom ter alguém para cuidar do senhor – Rose comentou, fitando ao padre. – Doente não há ninguém para limpar este lugar, cozinhar...

– Sim... – concordou Gerhard com um pequeno aceno e careta de preocupação, deixando de lado sua fatia de torta de maçã. – Este lugar está um bueiro de sujeira e desorganização...

– Se desejar... Posso ajudá-lo – ofereceu. Os olhos de Gerhard se alargaram, logo, sorriu.

– Não seria demais?

– Não... Será um prazer – garantiu. Logo, aproximou-se das janelas do quarto. Podia ver que o dia começava a entardecer. Perguntando-se se daria tempo de ajeitar um pouco daquela bagunça. Havia livros espalhados pelo quarto que outrora havia duas camas separadas, mas agora, estas se tornavam uma só. Um pequeno conforto para o padre descansar durante sua doença.

– Descanse um pouco, Gerhard... – escutou Dimitri dizer após o bocejo do padre. O moreno puxou-lhe um cobertor até sobre o peito, cobrindo-o cuidadosamente. E aquilo fez com que algo se aquecesse ainda mais dentro da garota.

Sentiu o leve toque de Dimitri sobre seu ombro, e estes caminharam para fora do pequeno quarto.

– Acha que há tempo suficiente até chegarmos em casa? – perguntou a garota, meneando a cabeça para a janela. Dimitri deu de ombros.

– Acredito que sim... Não me arriscaria levar você tão tarde de volta para casa – indagou ele. – Sua mãe me mataria...

– Sim... – Rose sorriu em concordância. – Nos mataria.

E assim, esta seguiu de volta à pequena cozinha, limpando uma grande bagunça de frutas secas e podres que lá se encontravam sem uso algum. Varreu o chão de madeira comum, sentindo-se, de alguma forma, contente. Havia algo estranho sobre estar numa casa desconhecida, com Dimitri... Algo que soava familiar, também. Ela notou então que não se sentiria triste caso morasse numa casa com aquele homem. Que tivesse de fazer qualquer trabalho domestico para encontrá-lo no final do dia, de poder perguntar-lhe como fora seu dia. E, parecia então, que aquela era sua definição de felicidade: quem você deposita sua vida, seu amor... Este é a felicidade.

Quando terminou de arrumar toda a cozinha, pegou-se tão encantada com a forma como havia deixado tudo tão limpo que nem ao menos notou o homem parado logo atrás.

Dimitri manteve seus braços cruzados, encostado contra a parede de madeira.

– Se sua mãe visse este lugar faria você limpar a casa todos os dias... – assustada, esta virou-se, com a mão sobre o peito. Sorriu largamente para a piada dele.

– Não a deixe descobrir – sorriu, aproximando-se dele. Dimitri apanhou-lhe uma mão, puxando-a contra o peito, fazendo a garota chegar mais perto de seu corpo. Os grandes olhos desta encarando-o com uma devoção sobre humana.

– Eu não sei como, mas... – este tirou uma mecha de cabelo sobre o rosto dela, colocando esta atrás da orelha, o coração dela quase explodindo pelo simples toque, sobre não saber exatamente como ele completaria aquela frase. – Estará muito tarde se não voltarmos agora para casa...

Rose vacilou, assentindo em seguida.

– Irei me despedir do padre Gerhard... – disse, se afastando. Todavia, antes de afastar-se o suficiente, Dimitri segurou seu braço, puxando-a para mais perto.

– Porque você ofereceu ajuda a Gerhard? – perguntou cauteloso. Por um instante, ela não compreendeu.

– Ele precisa... Bem, será um bom tempo gasto, acredito. Principalmente, depois que o inverno chegar... – ela não precisou dizer muito mais. Estava esclarecido ali, entre eles.

– Você acha que precisará de distração quando Jillian e eu nos casarmos... – ele observou.

– Não... – retrucou ela. – Eu não toquei sobre o assunto de você casar-se com ela. Eu disse sobre o inverno... Ele está chegando. Padre Gerhard precisará de ajuda nesse período... Principalmente, da forma como ele está.

– Não tente esconder o que está óbvio, Rose – ele resmungou.

– Esconder o fato de eu estar devastada por vocês se casarem? Não, camarada... Não estou tentando esconder nada... Talvez você apenas não seja tão bom observador quanto alega ser. Talvez você esteja concentrado demais em consertar uma bagunça que não é sua.

– Você esquece que, se não fosse esta bagunça, eu nem estaria aqui... – ele retrucou de forma dura.

– E talvez isso tivesse sido melhor, para todos! – e, com longas e pesadas pisadas Rose caminhou até o quarto de Gerhard, para despedir-se deste.

[...]

Diferente da ida, o caminho de volta não teve nem sequer a sensação de familiaridade que a ida havia tido. Não havia aquele calor que vinha das mãos de Rosemarie enquanto seguravam com força o corpo de Dimitri. Parecia algo realmente frio. E ela estava enfurecida.

Dimitri queria falar algo. Algo que trouxesse aquela Rose de volta à borda. Que a fizesse ter aquele sorriso de volta, mas não podia. Todos os sinais que ela emitia eram de como ela apenas queria voltar para casa.

Não era mais possível avistar a macieira do quintal da pequena paróquia e casebre de Padre Gerhard quando sentiu algo atingi-lo. Não era nenhum tipo de ataque, notou; era água.

Olhando para o céu, notou então que as nuvens havia se tornado cinza escuro. Rose estremeceu logo atrás, agarrando-se ainda mais nele. E, tão instintivamente quando pôde, ele deu a volta com o cavalo.

– O que está fazendo? – gritou a garota, logo atrás, lutando para ser ouvida sob a trovoada que soou.

– Voltando! Não vamos chegar vivos em casa com a chuva que está por vir – gritou Dimitri de volta, incentivando ao cavalo para voltar.

– Isso não é uma boa ideia! – ela exclamou.

– É melhor do que ficarmos doentes! – com essas palavras, em alguns poucos minutos, ambos estavam de volta ao casebre. Padre Gerhard — ao contrário do devido — estava de pé na porta, esperando por ambos. – Não deveria estar de pé, Gerhard! – reclamou o moreno.

– Eu sabia que, com essa chuva, vocês voltariam... – explicou com um leve sorriso. – Há um quarto para você, jovem Rosemarie, e você pode ficar na biblioteca, Belikov...

Assentiram em concordância. Estavam tão encharcados pela chuva. Rose não se lembrava da última vez em que presenciara uma chuva daquelas, mas sabia que não esteve debaixo. Imaginou a expressão espantosa de sua mãe ao saber daquilo. Em como seu pai poderia estar furioso já. Preocupado com o fato de ela estar presa naquela tempestade.

– Há roupas secas lá dentro, querida... – padre Gerhard tirou-lhe de seus devaneios. – Se troque e vista algo seco. Assim como você, Dimitri. Não queremos ninguém doente.

Dimitri seguiu pelo pequeno corredor, fazendo um pequeno sinal para que Rosemarie o seguisse, e ela o fez. Ambos caminharam por um estreito corredor, forrado por pinturas enquadradas de homens santos. Rose sentiu-se perdidamente encantada por aqueles quadros. Quase tocou-os, mas sentiu-se estúpida demais para tal.

– Rose? – a voz de Dimitri chamou-lhe, esta virou aturdida, fitando-o. E, de alguma forma, o olhar que este lhe lançou disse-lhe que tudo estava bem. Sorriu levemente para ele, sentindo-se protegida do que quer que fosse. Caminhou até a porta do quarto. Agora, tão próxima a Dimitri, notou seus lábios tremerem devido ao frio. Arqueou uma mão, com intenção de tocar estes, mas desistiu, abraçando seu próprio corpo molhado e trêmulo.

– Boa noite... – murmurou. Dimitri assentiu, dando-lhe as costas.

[...]

Embora o quarto estivesse totalmente aquecido, e o som da lareira acalmasse Rosemarie, ela não conseguia dormir. O som da chuva do lado de fora do casebre havia cessado, tudo o que lhe restara fora o silêncio. Perguntou-se se Gerhard já adormecera e teve certeza de que sim, mas quanto a Dimitri? Provavelmente...

Tamborilando seus dedos sobre o estômago, decidiu não ficar ali. Nunca haveria lugar como sua cama, aquecida, acolhedora e familiar. Agora, à essa altura da madrugada, sentia falta de sua mãe. Sentia falta de quando esta acordava-lhe no meio da madrugada, para perguntar se precisava de mais um cobertor. Se precisava de qualquer coisa.

Engraçado como, embora fosse óbvio seu amor por Mason, sua mãe nunca havia deixado de mimá-la um pouco... Apenas o suficiente para fazê-la sentir-se amada e saber que uma hora poderia partir daquela casa quando, tão logo, se casasse. Certificava-se de que a garota não sentiria tanta falta a ponto de querer voltar para a casa dos pais, mas retornaria sempre que fosse preciso. Sua mãe, desde sempre, havia tentado te ensinar que a vida não era justa ou fácil.

Escorrendo seus dedos pelas paredes do corredor escuro, Rose caminhou a passos apertados, até qualquer fresta de luz que encontrasse. Não havia nada.

Ao virar o pequeno corredor, após tombar em alguns moveis, avistou uma pequena brecha de vela. Provavelmente, a cozinha.

Aproximou-se, o suficiente para ver uma silhueta sentada em uma cadeira, com alguma coisa em mãos. Apertou os olhos, para então, notar que tratava-se de Dimitri. Seu coração acelerou, principalmente, quando notou que este se encontrava sem camisa, apenas com suas calças e seus cabelos, agora batiam nos ombros, em uma cortina, sombreando seu rosto sério.

Inconscientemente, ela se aproximou. Foi exatamente quando notou o que ele segurava em mãos: um livro. Parecia tão entretido neste que não a notara entrar no pequeno quarto — a biblioteca, ela havia notado por fim.

Havia conhecido tão poucas pessoas que sabiam ler que, encontrar alguém tão próximo e não tão rico como todo o resto das pessoas, era incrível. Sentia-se tão deslumbrada.

Dimitri, por fim, notou-lhe, levantando seu rosto para fitá-la, próxima a porta. Ele sorriu, fazendo um pequeno sinal para que ela se aproximasse.

– Onde você aprendeu a ler? – perguntou Rose, sentindo-se admirada demais para dizer qualquer outra coisa.

O moreno fez uma pequena careta, procurando exatamente o que dizer, como dizer.

– Eu me tornei padre há alguns anos – disse Dimitri, deixando de lado o livro que lia. Ele se endireitou na cadeira de madeira, enquanto Rose se aproximava e se sentava no braço da mesma, numa postura ousada, mas nenhum dos dois dissera nada sobre aquilo. Ela parecia interessada demais em saber sobre o assunto, para se policiar sobre seu comportamento. Ao notar a expressão confusa da garota, apressou-se em continuar. – Eu não me tornei exatamente padre... O Bispo da cidade onde eu morava com minha família, me levou até um mosteiro, na tentativa de me converter em tal. Ele me ensinou a ler e escrever, e falar outras línguas. Um dia, quando estávamos lá, surgiu um homem anunciando sobre juntarmo-nos à Cruzada pela igreja, para nos redimirmos dos nossos pecados. Esse Bispo me inscreveu e eu vim.

– O que você fez para isso? – perguntou a morena, sentindo receio assim que fechara a boca. Dimitri sorriu, não o tipo de sorriso doce, mas sim, o amargo. Algo que Rosemarie não estava acostumada a ver. Ele não a olhou um instante sequer quando falou novamente.

– Eu fui o responsável pela morte de pessoas próximas. Eu não tinha ideia de como aquilo doeria pelo resto da vida... Foi quando eu conheci o Bispo Ygor. Mas... Aquilo nunca passou, apesar de sua ajuda.

– Eu sinto muito... – Rose murmurou, abaixando sua cabeça. Dimitri podia ver seu rosto agora, naquela posição. Ele sentiu seu coração bater um pouco mais forte do que o de costume. Como se, de repente, acabasse de alcançar o ar depois de prender sua respiração sob d’água.

– Porque você traz a tona esse sentimento, Rosemarie? – perguntou ele, colocando uma mão em cada lado do rosto da garota. Seus olhos se encararam por um longo tempo, havia tantas coisas ali. Não mais aquele sentimento sombrio que ela sentira nele mais cedo, apenas algo bom. Não parecia que qualquer pessoa pudesse destruir aquilo, que não houvesse Jillian ou destino, ou casamento. Nada... Apenas aquela sensação e o ar que estes compartilhavam.

Então, arrancando qualquer pensamento repreensivo de sua mente, Rose se aproximou dele, não tendo a menor ideia do que poderia fazer, apenas soube.

Seus lábios se pressionaram por um longo instante, sentindo a sensação que aquilo trazia para ambos. Como se todas as partes de seus corpos fossem explodir em plena felicidade. Então, Rose sentiu-se ser puxada para o colo de Dimitri. Suas mãos apertaram sua cintura como se assim, pudesse quebrá-la. À medida que ambos se perdiam nos lábios um do outro, deixando o livro de capa grossa cair no chão.

E do lado de fora do casebre, os primeiros flocos de neve alcançavam ao chão.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Wojownikiem" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.