Apartamento 312. escrita por Sarinha


Capítulo 6
Capítulo 6 - Por trás das nuvens...




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Rachel tinha uma velha poupança, gostava de chamá-la por "bolsa New York", pois desde o ensino médio vinha economizando em algumas coisas para suas emergências quando estivesse na grande cidade. O aluguel de seu novo apartamento era uma grande emergência, e não pensou duas vezes antes de usar o dinheiro que havia lá para pagar. Se perdesse o apartamento de Quinn, teria que procurar outro e se isso lhe tomasse muito tempo, teria que continuar pagando os aluguéis de seu antigo apartament. Ela não tinha opção, então, passou a pensar na mudança.
Kurt e Blaine lhe ajudaram com tudo, enquanto Quinn sequer se preocupou em ser hospitaleira. Rachel já havia assinado os papéis, então Fabray não precisaria fingir ser simpática... Ela já havia conseguido o que queria.
Em menos de um dia, a mudança já estava feita e isso se dava pelo fato de que ambos os apartamentos eram mobiliados. Rachel devolveu as chaves ao proprietário do apartamento, e imaginou que não levaria muito tempo até ele ser alugado novamente. Precisava concentrar-se no novo rumo que sua vida estava tomando.

Rachel estava deitada no sofá da sala de estar de seu novo apartamento, e segurava firme seu tablet nas mãos. Assistia uma velha performance do Glee Club: "any way you want it/lovin, touching, screaming". A nitidez do vídeo não era das melhores, os ângulos não eram de um fotógrafo profissional e os gritos da platéia fazia do áudio um pouco confuso, mas ela não se importava. Só tinha olhos para o velho casal finchel, a Rachel boba e apaixonada, e o mesmo Finn que sempre fora, só que mais novo.
Ao ver a sintonia entre ela e seu antigo parceiro, não pode evitar que algumas lágrimas caíssem. Era devastador assistir como algo tão único se transformou em cinzas. Não tinha como desfazer, não tinha como voltar.
- Ei, mãos de homem! - Quinn chegou até a sala, vestida apenas por uma camisola com uma escova de dentes na boca, que lhe atrapalhava um pouco para falar. - Esta chorando por que?
- Saia daqui, Fabray! - gritou agressivamente, limpando algumas lágrimas.
- Acho que essa casa é tão minha quanto sua, é o que o contrato diz... - piscou, maliciosamente.
- Me deixe chorar sozinha, você só veio aqui pra me perturbar, vá embora. - jogou o tablet para o canto e deitou-se, encolhendo as pernas e escondendo o rosto.
- Que droga, Rachel! Porque você tem que ser tão dramática? Levanta a cabeça, supere isso. 
- Eu era casada, garota! - gritou novamente, defendendo-se - Você não sabe o que é sofrer por amor porque ninguém nunca te quis. 
Quinn achava graça de ver Rachel tão nervosa, era como provocar um leão dentro de uma jaula, pois sabia que ela não faria nada.
- Ainda bem que não sei, e se meu rosto ficar que nem o seu chorando... Não quero saber nunca. - gargalhou, caminhando de volta para o banheiro.
Berry bufou. Como se já não bastasse sua tristeza por ter perdido Finn, tinha que aturar as provocações de sua péssima colega. Enquanto isso, Quinn penteva seu cabelo e pensava sobre o que tinha acabado de fazer. Aquilo havia sido cruel e infantil, como a antiga Fabray... E ela não era mais essa garota. Apoiou-se na pia, continuando sua reflexão. Estava causando uma péssima impressão e deixando Rachel pior do que estava antes, e tinha que consertar.
Quinn arrumou-se completamente, e voltou à sala para espiar o que a morena fazia. Ela ainda chorava, dessa vez baixinho e com menos intensidade. 
- Rachel... - sentou ao seu lado, no sofá, fitando suas próprias mãos - Não fique assim! A vida é dura as vezes, eu sei disso mais do que ninguém porque ela me derrubou diversas vezes, e mesmo assim eu estou aqui agora! Não quero e nem vou ser sua amiguinha, porque isso é impossível entre nós duas, tivemos três anos convivendo diariamente para sermos amigas e não fomos... Mas eu quero fazer você se sentir melhor. 
- Não precisa disso, Fabray, eu vou continuar no apartamento. - respondeu com frieza.
- Será que não pode ser compreensível por um minuto sequer? - elevou o tom de voz, logo notando o que estava fazendo e abaixando-o novamente. - Quero dizer... Não me importo com o apartamento, você esta mal por uma injustiça, é boa demais para Finn e não merece sofrer por isso.
- Acha que sou boa demais para Finn? - limpou algumas lágrimas, virando a cabeça para Quinn, que lhe encarou de volta e sentiu seu coração derreter-se de alguma forma, ver Rachel chorando lhe dava uma sensação péssima, e ela nem sabia o porquê.
- Sim, todos acham! - pigarreou, disfarçando a breve atração que sentiu pela morena. - Só falta você reconhecer isso.
- Eu deveria... - afirmou, levantando-se do sofá para sentar perto de Quinn, que estremeceu com a presença dela.
- Eu vou te dar um abraço agora... Não estou selando nada, e será rápido porque eu não gosto de abraçar! Mas sei que você gosta, então... 
Quinn falava depressa e timidamente, então puxou a mão de Rachel e logo alcançou seu braço, o pôs em suas costas e lhe puxou para um abraço apertado. Logo, se surpreendeu. Seus corpos se encaixavam perfeitamente, como duas peças de um quebra cabeça perdido. A judia sentia-se aliviada, como se toda a dor tivesse ido embora. Não sabia se era o cheiro doce que vinha de Fabray ou parte de sua obsessão por abraços. A loira havia gostado, estranhava aquela sensação mas estava adorando, era raro para ela se sentir aconchegada, ainda mais quando isso envolvia outra pessoa.
- Tudo bem, chega. - Rachel, que já estava de olhos fechados, tomou as rédeas e empurrou Quinn ao seu lugar - Muito obrigada pelo apoio, Quinn Fabray! - respondeu com seriedade, não esquecendo do deboche de alguns minutos atrás.
- Acho que esse é o meu dever de colegas e apartamento! - sorriu amarelo, se levantando do sofá. - Rachel... Eu vou pra uma festa do campus hoje, se quiser vir...
- Prefiro ficar em casa, mas agradeço a oferta. - pegou seu tablet novamente, verificando se não tinha algum estrago devido ao recente descuido.
- Ok... Lembre-se, por trás das nuvens sempre tem um céu azul! - citou, com um sorriso no rosto e foi para seu quarto.
A judia sentou-se bem como não se sentia à algum tempo. Quinn era insuportável aos seus olhos, mas tinha o dom de cativar as pessoas quando queria, e isso ninguém poderia lhe tirar. A frase que ela havia dito lhe causou impacto, o que lhe incentivou a sair do abismo onde estava e procurar movimentar sua vida novamente, escrever um novo começo para ela. Afinal, sua vida poderia até estar nublada... Mas havia um céu azul lhe esperando e ela encontrava-se disposta a lutar por ele.


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