"Não existe nada eterno neste mundo

por isso cada instante que vivemos é importante!"

Já em casa, Rose se preparava para dormir. O dia havia sido bastante corrido. Ela havia voltado paro o mundo paralelo com o Doutor clone que agora era John Smith, havia quase o visto nu, no banheiro, fizeram compras juntos e foram a Torchwood. Agora já era noite, e com a escuridão, veio a solidão e os pensamentos tristes e incoerentes. Ela se encolheu em sua cama permitindo que todas as lembranças do verdadeiro Doutor a consumissem. Ele havia a abandonado de novo e deixou claro que dessa vez seria para sempre, seu clone era prova viva disso. O sentimento de perda era tão intenso que pareciam mil golpes diretos no coração, transpassando corpo e alma. Ela suportou tudo ate agora por que a realidade era muito cruel. Havia muita magoa e tristeza em seu coração. Mas também sabia que se desmoronasse na frente de John, isso o magoaria ainda mais. Mas a verdade é que John não era Ele, e nunca seria.

Ela adormeceu ainda com lagrimas em seu rosto sofrido. Do outro lado da porta do quarto de Rose, John suspirou com o cessar de soluços de Rose, seus próprios olhos beirando lagrimas prestes a transbordarem, sentindo toda a dor que ela sentia e não poder fazer nada, ela não o odiava, mas estava claro que ela não o amava. Não como amava o outro.

John acordou muito cedo na manha seguinte. Na realidade havia dormido quase três horas inteiras, pensando em como fazer Rose não sentir-se mal com sua presença e sue rosto idêntico ao Dele. Decidiu então, evitar encontrá-la o máximo possível, se é que seria possível, já que vivem na mesma casa. O único problema era que ele ansiava de sua presença, seu sorriso meigo, sua ternura... Ela era a pessoa mais extraordinária que já havia conhecido.

Levantando-se, ele vestiu calça jeans, camisa verde simples e um moletom Hollister cinza com o zíper aberto. Desceu ate a sala, encontrando Jackie de saída com Tony no colo ainda meio sonolento. Ele tinha cerca de oito meses e quando sorria podia-se ver dois pequenos dentes na gengiva inferior. Era loiro como Rose e seus olhos azuis como os de Jackie.

— Bom dia – anunciou John.

— Olá, eu estava de saída para a padaria, Pete já foi para o trabalho – informou a mulher loira.

— Eu posso ir?

*****

Rose ainda sonhava em seu quarto. Mas não era nem remotamente agradável. Imagens torcidas e nebulosas do Doutor lhe dizendo adeus na Baia do Lobo Mal “Rose Tyler eu...” e desapareceu. Ela correu na direção em que antes ele estava, os braços estendidos ansiando tocá-lo, mas parecia que tudo se movia lentamente e seu corpo estivesse dormente, suas pernas pesadas e sua mente meio grogue. Ela deu o seu melhor dentro de tais circunstancia, mas parou ao som de sua voz chamando-a. “Rose...” ela virou-se o encontrando parado a alguns passos atrás. Mas não era o Doutor, era John, pois usava calça jeans e camiseta preta. “Você não me ama Rose...” disse ele com lagrimas nos olhos, “você só me vê como uma copia mal feita dele”. “John...” tentou Rose, mas seus lábios não se mexiam, ele começou a andar para longe dela, ela queria gritar para ele parar, mas ele ficava cada vez mais longe e ela não conseguia segui-lo.

— Nãooooooo – gritou Rose acordando assustada e tremendo. Ela levantou num salto saindo do seu quarto e entrando no quarto de John sem bater, mas estava vazio, “onde ele esta?” pensava Rose desesperada ainda com imagens do pesadelo tão vividas em sua mente “não era real” tentou si convencer enquanto andava pela casa a procura dele.

Na porta da frente John entrava com uma sacola de pães quentinhos e leite. Rose ouviu o barulho de passos e correu ate a sala, vendo-o andando para a cozinha com sacolas nas mãos.

— Já acordou? – disse ele, ela deu a volta na mesa indo ao seu encontro, ainda estava usando pijama, branco com pequenas flores coloridas – Jackie esta lá fora com a vizinha... – ele parou de falar quando Rose o abraçou inesperadamente, ele retribuiu o abraço ao notar seu choro baixo – o que houve? Você esta bem? – perguntou preocupado.

— Eu... – ela estava perdida ali, não sabia o que fazer ou falar perto dele – você sumiu... não te achava... - disse ela se lembrando do sonho e depois de procurá-lo e não ter encontrado – eu... só... – ela lutou pra dizer, as palavras presas na garganta – não me deixe – disse por fim afundando mais seu rosto molhado em seu peito, ele apertou o abraço entre eles.

— Não – disse ele em seu ouvido com a voz rouca e sensual – nunca – e plantou um pequeno beijo no alto de sua cabeça. Ele sussurrou algo que Rose achou ter imaginado ou simplesmente não ouviu direito, levantando a cabeça para olhá-lo nos olhos, ele sorriu ternamente e antes dela fazer qualquer pergunta confusa ele segurou seu rosto suavemente, selando seus lábios com os dele em um toque suave, mas apaixonado. Rose sentia sua respiração alta e seu coração martelar em seus tímpanos em uma velocidade inesperada, o beijo era ainda melhor do que o ultimo na Baia, ele sugava e explorava cada canto de seus lábios. Ela separou os lábios, permitindo passagem se sua língua entre eles, roçando levemente na dela.

Jackie entrou na cozinha e ficou surpresa, mas feliz ao ver os dois naquele momento e achou que não devia interromper, mas Tony fez um pequeno barulho balançando as chaves da porta que estavam com ele, quase as deixando cair no chão. Eles separaram-se bruscamente ao ouvir o som, olhando Jackie virando-se para sair e lançar um “já não era sem tempo” por sobre o ombro. Eles se olharam, olhos fixos um no outro, um sorriso satisfeito no rosto de John, fazendo Rose sorrir timidamente.

Ela afastou-se dele dizendo que ia se vestir. Já em seu quarto, seu coração parecia um tambor de tão forte que batia. Ele não era o Doutor, mas ela também não era mais aquela garota frágil e delicada que conheceu o Doutor há algum tempo atrás. Ela mudou, cresceu nesse mundo paralelo. Mas para superar e entender seus sentimentos confusos e desalinhados, ela precisava de John, e o queria por perto.