X-Men: O Renascer Da Fênix escrita por Tenebris


Capítulo 9
Conselhos


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo pra vocês :D
Esse capítulo me deixou apreensiva na hora de escrever, não sei ao certo. Espero que gostem e ja estou preparando novas cenas de ação pra vocês! Beeeeeeeeeeeijos com amor!



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- O que? – Alice indagou novamente, totalmente perdida. Não queria admitir nada no momento, mas sabia que fazia sentido. – A Fênix me controlou?

- Sim. – Respondeu Scott, compreensivo. – Tudo começou hoje de manhã. Charles observou que o nível de radiação em Utopia estava muito alto. Anormalmente alto. E viu que isso poderia significar que a Fênix estava agindo. Ele me mandou liderar o grupo e salvar você, mas chegamos tarde. Como o poder de vocês é muito parecido, ela conseguiu emitir ondas cósmicas na mesma frequência que você emite. Assim, ela conseguiu ter você sob controle. Ela conseguiu usar você como avatar.

Alice olhou para Scott por um momento. Ela parecia transtornada.

- A Fênix pretende isso, não é mesmo? Ela vai tentar de novo. Vai fazer tudo isso e irá tentar me usar de novo... O estrago foi grande? – Perguntou Alice, só desejando não ter feito muita coisa de ruim.

- Em primeiro lugar, não se culpe. Não era você e nós sabemos disso. Mas, graças a Deus, não houve nenhuma baixa. A maioria das pessoas e X-Men apenas se feriram. Todos estão sendo tratados. O estrago só não foi maior porque Erik ajudou. E muito.

Alice estremeceu ao pensar em Erik. Ao mesmo tempo em que desejava saber dele e dos outros, tinha medo do que ouviria.

- O que ele fez? – Perguntou ela, tentando levantar-se. Gentilmente, Scott a impediu.

- Charles está estudando isso. Mas parece que a presença de Erik confundiu a Fênix. Você ficou vulnerável quando ele apareceu. A Fênix não teve total controle sobre você na prsença de Erik. Ele ficou falando, conversando com você... Fazendo você se lembrar de algumas histórias. Desse modo, a Fênix vacilou. Você, Alice, estava conseguindo voltar a si. – Scott sorriu novamente, finalmente soltando a mão de Alice e levantando-se.

- Scott... Por que isso aconteceu justamente com Erik? – Alice perguntou, receosa.

- Charles acha que tem a ver com o poder dele. Erik também emite ondas eletromagnéticas. Ele controla todo o campo magnético da Terra. Assim, ele conseguiu desorganizar as ondas que a Fênix emitia e elas não chegavam até você com perfeição. O poder de Erik não deixa a Fênix tentar controlar você. Ele te protege. – Contou Scott, ao que Alice ficou parada, inexpressiva.

Então, o poder de Erik evitava que ela fosse controlada pela Fênix. O poder de magnetismo dele bagunçava o poder emitido pela Fênix e protegia Alice de ataques mentais. Irônico ele poder protegê-la ficando perto dela, pensou Alice, quando na verdade ela o mandara se afastar.

- E onde ele está? – Perguntou ela, arrancando fios que estavam grudados em seu peito. – Preciso agradecer.

Scott, pela primeira vez, demorou a responder. Sua garganta parecia ter secado.

- Bem... Ele está na outra enfermaria. A Fênix o atacou mais do que todo mundo.

Alice suspirou, arqueou as sobrancelhas numa expressão de atordoamento.

- Ah, não! – Ela lamentou. – Eu o machuquei...

- Alice, fique calma... – Disse Scott, tentando impedi-la de levantar-se. Em vão.

Alice arrancou o que ainda tinha de fios em si mesma, pulou da cama e correu para a outra enfermaria. Sentiu vertigem e dores no corpo todo, mas ainda assim prosseguiu. Precisava falar com Erik.

Scott poderia tê-la impedido, se quisesse. Mas não queria. Viu a preocupação estampada no rosto de Alice, quando ela descobriu ter ferido Erik. E Scott não tinha o direito de negar que ela conversasse com Erik. Ele simplesmente abaixou a cabeça, resignado, e deixou Alice passar pela porta.

Alice entrou no quarto. Algumas pessoas, que deveriam ser os enfermeiros, olhavam feio para ela, mas nada disseram e nem a impediram. Quando ela entrou na enfermaria, se deparou com Erik. Ele estava sentado na cama do hospital. Estava somente com as calças, e o peito nu exposto mostrava ferimentos múltiplos. Alice o encarou estupefata. Pelo menos ele não parecia completamente debilitado.

- Veio terminar o serviço, Alice? – Perguntou ele ironicamente, inexpressivo enquanto levantava da cama e a encarava incisivamente.

            Alice o observou durante algum tempo, fixando seus olhos pasmos naquele corpo musculoso e delineado. Mesmo coberto de ferimentos, permanecia lindo. Ela vacilou um pouco e sentiu que corou, mas prosseguiu:

- Você está bem? – Ela perguntou, sentindo-se uma idiota.

Erik olhava para ela com cautela, como se temesse que ela se aproximasse. Sua expressão não era divertida, nem sarcástica. Parecia levemente irritado e entediado, o que incomodou Alice.

- Sim. Para sua sorte, tenho apenas alguns ferimentos por causa do choque contra o vidro. – Contou ele, postando-se de frente para ela, mas ainda longe.

- Queria me desculpar por tudo isso. Eu não me lembro de muita coisa... Eu não queria ferir você. Afinal, você também me salvou naquele dia... – Disse Alice, buscando algum sinal de compreensão no rosto de Erik.

- Já me contaram. Fênix, não é mesmo? Não vou aceitar suas desculpas, e como você não aceitou as minhas aquele dia, acho que tenho esse direito. – Afirmou Erik, e um leve traço de sorriso surgiu em seus lábios. Alice ficou intimamente grata por isso.

Ela aproximou-se dele, tomando cuidado para não se desconcentrar novamente, ainda que fosse difícil permanecer impassível diante da figura monumental de Erik.

- Sabia que iria falar isso... Mas, sério mesmo. Seu poder não deixa a Fênix me controlar. Se eu estou bem aqui, se eu não matei ninguém, foi por sua causa. Obrigada. – Ela agradeceu. Olhou para ele e viu um Erik que pareceu momentaneamente confuso.

- No fim, sempre acontece algo desse tipo. Eu salvo você, e você me salva. A diferença é que dessa vez você quase me matou de verdade. – Ele disse.

Alice fixou seus olhos de tal maneira nos de Erik, com uma expressão melancólica, que Erik sentiu-se vulnerável por um momento. Por que ela mexia tanto com ele?

- Eu jamais me perdoaria se ferisse você gravemente, Erik. – Murmurou Alice, agora bem perto de Erik. Podia sentir a respiração regular e firme dele. – Você poderia  me dar um conselho sobre isso. Você é cheio deles, e eu não quero ferir ninguém de novo. Muito menos você.

Então, Erik deixou-se ser guiado por um sentimento que desconhecia. Resolveu entregar-se aos seus instintos e às suas emoções. Deixou, por aquele tempo mínimo, a razão de lado. Não houve planos de guerra, planos de vingança, e nem armadilhas na mente dele. Havia apenas ele e seus desejos.

- Eu tenho um conselho. – Disse ele sedutoramente, colocando as mãos firmemente no pescoço de Alice e envolvendo-o carinhosamente. – Fique parada.

Alice ouviu o conselho de Erik, e não hesitou em segui-lo. Permaneceu estática, até que os lábios de Erik encontraram os dela.

Naquele momento, os lábios simplesmente se tocaram. Foi um beijo lento, intenso, apaixonante... Erik tinha uma mão ao redor do pescoço de Alice, e a outra mão na cintura dela, puxando-a para perto de si. Já Alice tinha as duas mãos nos cabelos castanhos de Erik, bagunçando-os à medida que o tempo passava. Alice também podia sentir o calor que o corpo de Erik emitia, como se a queimasse verdadeiramente. E, enquanto ambos realizavam seus desejos mais profundos, pensavam sobre o que acontecia.

Alice decidira ignorar Erik. Mas sabia que não podia. Ou pelo menos, não depois de ele ter salvo a vida dela e impedido que ela cometesse vários assassinatos. Ela achava Erik atraente, e queria entendê-lo por inteiro. Não sabia ao certo os motivos que a levaram a seguir o conselho dele e ficar parada. Sabia apenas que, naquele momento, queria, sim, beijá-lo. Mas tudo estava muito indefinido para ela, e essa indefinição e mistura de sentimentos a chocava.

Já Erik tinha se deixado guiar por seu instinto, seus sentimentos e suas vontades desconhecidas. Deixara sua vingança e seu plano de lado, naquele momento. Ele sentia-se estranho em relação a tudo isso. Estava mais confuso do que nunca. Obviamente, Erik já se interessara por mulheres antes, tendo inclusive alguns namoros de curta duração. Mas estes namoros tinham sido puramente físicos ou armas de negócio. Nunca houve sentimento. Erik sempre tivera certeza de que esses sentimentos amorosos não estavam envolvidos em seus namoros antigos. Mas agora, ele não tinha essa certeza. Ele sabia que, com Alice, não havia somente interesse, não havia somente atração física. Talvez fosse tudo isso junto e mais um pouco.

No entanto, aquilo era demais para ele. Alice estava começando a perturbá-lo. Como ela podia ser capaz de confundir Erik? Como ela podia ser capaz de desviá-lo de seus princípios de nunca se envolver com alguém? Como ela podia desestabilizá-lo tanto assim?

Por fim, Alice teve um pressentimento de que aquele momento, por mais terno que fosse, não viria a se repetir tão cedo. Ela encostou sua cabeça delicadamente no peito de Erik, enquanto ele a abraçava. Alice beijava o pescoço dele suavemente, querendo repetir o gesto infinitas vezes.

Então, de repente, Erik afastou Alice de perto de si mesmo, empurrando-a não tão gentilmente assim. Decidiu que era hora de parar. Aquilo estava passando dos limites.

- Tenho que ir. – Disse ele secamente, pegando sua camisa e saindo apressado em direção à porta. Alice não tentou impedi-lo, porque previu que ele teria tal reação.

Aquilo estava sendo demais para Erik. Ele não sabia lidar com isso. Talvez fosse hora de Alice esquecer qualquer expectativa e deixar isso de lado também, uma vez que não teria futuro. Naquele momento, então, ela pensou em destruir qualquer expectativa em relação a Erik.

Ela esperou que ele fosse olhar para trás na direção dela, mas Erik desaparecera entre as sombras do corredor sem nenhum vestígio. Sim. Ela acabara de ter qualquer esperança ferozmente destruída.

Ao longo de uma semana, as coisas haviam se normalizado. Alice perdeu a conta de quantas vezes se desculpou com cada X-Men que ela ferira, mas todos insistiam em dizer que a culpa não era dela. Embora realmente não fosse, Alice sentia-se culpada mesmo assim. Por sorte, como ninguém estava mortalmente ferido, cerca de três dias depois todos estavam bem e liberados das enfermarias.

Em uma semana, todos treinavam novamente. Alice não viu Erik em nenhum desses dias. Lembrava-se da expressão dele no momento em que se beijaram. E em seguida, da expressão perturbada dele enquanto saía correndo. Muitas contradições para um mesmo homem. Mas ela resolveu que daria esse tempo que ele precisava. Erik era um homem tão ressentido, que provavelmente estava confuso demais pelo que acontecera. Mesmo assim, Alice teve uma ligeira raiva dele. Como ele pôde beijá-la e fugir depois daquela maneira? Ela nunca o achou tão misterioso. Definitivamente, indecifrável.

Mas, ela acabou concluindo que dar um tempo ao tempo era a melhor solução para ambos.

Desse modo, numa manhã tranquila, ela seguia até a sala de Charles Xavier. Alice não temia mais nada. Depois de tudo o que passara, sabia que podia lidar razoavelmente bem com qualquer coisa que Charles tivesse para lhe dizer.

Ela deu três batidas na porta e aguardou. Charles a convidou que entrasse,  e Alice o fez. Deparou-se com Charles e Erik conversando. Ela se sentiu constrangida, mas manteve-se impassível.

- Me chamou, Professor? – Disse ela casualmente, sentando-se onde podia: Na cadeira vazia ao lado de Erik.

- Sim, Alice... Acho que Scott já contou a vocês dois o que houve, ah... Aquele dia. – Disse o Professor calmamente.

- Seja direto, Charles. – Disse Erik secamente. Alice o repreendeu com o olhar.

- Sim, Professor. Ele me contou. – Disse Alice, ignorando a má educação de Erik.

- Bem... Receio que tudo aquilo seja mesmo verdade. Analisei as ondas cósmicas que a Fênix emite. São ondas intensas e poderosas, carregadas  de energia. No entanto, as ondas eletromagnéticas de Erik são capazes de bagunçar as ondas da Fênix. Ela não consegue, desse modo, controlar você. Acho que ficou suficientemente claro que o poder de Erik evita que você, Alice, seja comprometida pelos poderes de Jean. – Discursou Charles, olhando incisivamente ora para Alice, ora para Erik.

- Ficou muito claro. – Disse Erik, parecendo entediado.

Alice queria entender porque ele estava tão agressivo e intimidador daquela maneira. Parecia estar sendo torturado por ficar ao lado de Alice.

- Ótimo. – Disse Charles, parecendo cauteloso. – Porque vocês acabam de receber uma nova missão. Uma missão muito importante.

Erik e Alice se entreolharam por um segundo.

- Vocês devem passar a maior parte do tempo possível juntos. Não quero que outro ataque como aquele aconteça. Nossa melhor forma de proteção é ter você, Erik, perto de Alice. Dessa forma, como já sabemos, a Fênix não conseguirá usá-la como avatar aqui na Terra. – Pediu Charles, decididamente hesitante.

Ele parecia temer a reação de Erik e Alice.

- Nossos radares têm rastreado atividades cósmicas muito intensas. A Fênix está agindo cada vez com mais frequência. Não temos como prever precisamente o próximo ataque, mas pode ser a qualquer momento. Só temos uma única certeza: A Fênix virá. E precisamos estar prontos para quando isso acontecer. – Finalizou Charles, agora em um tom mais sério.

- Eu não quero machucar mais ninguém. Se isso é necessário, estou dentro. – Afirmou Alice, nitidamente contrariada. Sabia que conviver obrigatoriamente com Erik faria dele uma pessoa ainda mais difícil de conviver, depois das circunstâncias atuais.

- Não há saída, não é mesmo? Vamos ter que fazer isso. – Confirmou ele, mostrando o quão indignado estava. Aquilo irritou Alice profundamente.

- Podem me chamar, se precisarem de ajuda. E tentem ser compreensivos, ok, Erik? – Disse Charles, olhando significativamente para Erik. – Estão liberados.

Erik levantou-se e abriu a porta com um estrondo.

- Erik... Sua missão já começou. – Avisou Charles, e Erik entendeu que deveria esperar Alice.

Ela despediu-se do Professor, agradeceu-o pela dedicação e foi atrás de Erik. Eles caminharam durante algum tempo lado a lado, em silêncio.

E assim foi até o próximo dia, e no próximo... Alice convivia com Erik o tempo todo, mas eles mal se falavam. Erik sempre parecia distante, pensando em outra coisa, ou, pelo menos, tentando pensar. Eles treinaram, jantaram juntos, pilotaram um avião de treino juntos... Mas tudo com palavras formais e frias.

Erik já não era mais o mesmo.

O beijo deveria tê-lo assustado o suficiente para temer Alice também. Já fazia três meses que ela estava em Utopia, diante de toda aquela loucura. O quarto de Erik agora era do lado do quarto dela, e tinha uma porta especial que os conectava, para o caso de uma emergência.

Mas Alice não aguentava mais. Tantas coisas acontecendo, tantas coisas não acontecendo... Onde estava o Erik que ela conhecia e desejava conhecer ainda mais? Onde estava o Erik que a salvara?


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Notas finais do capítulo

E aí? REVIEWS GENTE? *------------*