X-Men: O Renascer Da Fênix escrita por Tenebris


Capítulo 10
Pressão


Notas iniciais do capítulo

Oi gente :D Mais um capítulo pra vocês :D



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Essa pergunta vinha atormentando Alice nos últimos dias. Erik mudara. Ele a evitava o quanto fosse possível, mesmo sendo obrigado a ficar com ela diariamente para protegê-la. Alice nunca se sentiu tão pressionada e perdida consigo mesma...

Erik estava ignorando-a, e ela não entendia direito o porquê. Ela tentava compreendê-lo, mas só se confundia ainda mais. Ela pegava-se com frequência pensando no beijo mais do que devia, sem nem sequer entender o que sentia em relação a isso e em relação a Erik.

Além disso, Charles contou para ela que a Fênix tentou controlá-la três vezes, segundo indicavam as atividades dos radares. Charles também disse que a Fênix, possivelmente irritada e cada vez mais ávida por vingança, viria logo. Ela estaria planejando algo e estaria prestes a chegar à Terra. “Não temos muito tempo”... Eram as palavras de Charles.

Como Alice lidaria com tudo isso de uma vez só? Essa confusão mental em relação aos próprios sentimentos, esse medo de ser controlada por uma criatura totalmente maligna? Alice também tinha medo de falhar numa luta direta com a Fênix. Ora, não era ela a Águia? Ela não era a única mutante capaz de enfrentar a Fênix e de ter uma chance real de vencer? Mas Alice não se sentia vitoriosa. Seu rendimento nos treinos caíra. Ela chorava todas as noites. Ela não podia ser a pessoa que procuravam para salvar a raça humana e a raça mutante.

Ela se sentia frágil, com medo, consumida pelos próprios sentimentos inexplicáveis e por suas aflições. Ela não podia ser quem procuravam. Deviam ter se enganado. Ela mal conseguia lidar consigo mesma. Como lidaria com a Fênix quando o momento chegasse? E ela não queria decepcionar ninguém...

Por mais covarde que fosse, Alice resolveu dar um tempo. Ela resolveu fugir, ou pelo menos sair um pouco de Utopia para esfriar a cabeça. No meio da madrugada, Alice arrumou uma mochila com suprimentos e algumas roupas. Nada muito perceptível. Apenas o suficiente para ela sumir por um tempo.

Ela sabia que era uma atitude covarde, mas não viu outra forma de agir. Ela deixou uma lágrima escorrer pelo canto do olho enquanto caminhava pelos corredores de Utopia.

Ela conhecia o caminho, e demorou cinco minutos para chegar até uma das portas de saída, que era mais escondida. Alice pôs-se na frente de um leitor óptico, o qual emitiu uma luz vermelha que leu a retina dela.

A porta destravou-se sem problemas. Alice viu-se diante da praia. Ora, Utopia era uma fortaleza esculpida em uma ilha rochosa. Uma das saídas dava para a praia, e Alice logo pôde sentir seus pés na areia branca e avistar o mar revolto e escuro.

Havia uns barcos pequenos e mecanizados que faziam o trajeto de Utopia até São Francisco. Alice não teria problemas quanto à travessia. Ela caminhou mais um pouco e sentiu-se extremamente mal. Olhou para trás uma última vez, a fim de observar o lugar que agora podia chamar de lar. Observou Utopia dormindo, na calada da noite... Despediu-se baixinho.

Foi então que, agora encarando a imensidão marítima à sua frente, Alice tocou seu pescoço e viu que havia deixado para trás seu pingente de Vibranium. Sentiu-se ainda pior. Era como ter deixado uma parte sua para trás, mas agora não tinha volta.

Ela deixou outra lágrima escorrer pelo olho, tocou o nada em seu pescoço e seguiu em frente.

- Acho que esqueceu uma coisa. – Era Erik.

Alice obrigou-se a engolir o choro, ao ouvir a voz dele. Queria enfrentá-lo agressivamente, como ele vinha fazendo desde então.

Ela virou-se, largou a mochila no chão e encarou-o:

- Vá embora, Erik. Isso aqui não tem nada a ver com você.

Erik não estava completamente agressivo, parecia paciente, apenas.

- Claro que tem. Tenho uma missão que inclui proteger você. Inclusive, de si mesma e de suas atitudes estúpidas. – Retorquiu ele, estendendo para ela o pingente esquecido.

Alice tomou o pingente das mãos dele com fúria, e tentou compor uma expressão tão irritada quanto possível.

- Quem está tendo atitudes estúpidas mesmo? Não acho que seja somente eu. – Ela respondeu, decidida a enfrentar Erik.

- Não seja ridícula, Alice. Agora entre. – Disse ele, olhando para ela com aquele ar de superioridade que ela odiava.

- Como sabia que eu estava aqui? – Perguntou Alice, incapaz de adivinhar como Erik descobrira o plano dela. Ela colocou seu pingente no pescoço e parou para ouvi-lo.

- Você não sabe, mas... Todas as noites eu passo pelo menos uma hora no seu quarto, observando você. Quero garantir que está verdadeiramente segura. – Afirmou ele.

Pela primeira vez em muito tempo, a expressão de Erik era serena. Ele parecia melancólico...

Aquilo desarmou a fúria de Alice. Ela hesitou, mas acabou olhando para ele.

- Eu não sabia disso. – Ela falou, novamente sentindo-se tonta.

- Não era para você saber. Eu só... Quero garantir que tudo fique bem. Quero que você fique bem... – Continuou Erik, aproximando-se de Alice aos poucos.

- Desde quando você se importa? Essa missão é uma obrigação idiota que você tem que cumprir. Apenas isso. – Ela disse, mantendo o tom de voz normal, mas ainda assim, acusador.

- Eu sempre me importei. Caso contrário, não teria salvo você naquele dia em 2010...  E não teria salvo você da Fênix... E também não teria vindo atrás de você agora. – Disse ele, e um fino sorriso perpassou seus lábios.

- Não acredito em você. – Comentou Alice, simplesmente. Agora, eles estavam cara a cara, com poucos centímetros separando seus corpos.

- Era essa minha intenção. Ouça-me bem, Alice... Eu me importo com você. Quero vê-la bem, segura... Eu quero proteger você, ou eu não teria aceito essa missão. Quero deixar claro que não estou fazendo isso por obrigação. Faço isso por você. Eu, eu... Protejo você, porque é o que quero fazer. – Contou ele, com a voz hesitante. A expressão estava mais suave.

- Não te entendo, Erik. Se tudo que me diz agora é verdade, por que tem agido agressivamente nos últimos dias? – Indagou Alice, querendo que sua pergunta fosse finalmente respondida.

Erik respirou fundo e segurou uma mão de Alice. A mão dele estava incrivelmente gelada, como metal. Alice encontrou os olhos profundos e cálidos dele, ansiando pela resposta. Ele falou calmamente:

- Eu estou confuso, Alice... Estou confuso desde aquele dia. É tudo muito novo e diferente para mim. Eu pensei que, se tentasse ignorar você, afastando você de mim, tudo voltaria ao normal. Achei que, evitando você, essa confusão sumiria.

- E sumiu? – Ela perguntou, também mais calma.

- Não. Ela só se intensificou. Percebi que, por mais que eu queira, por mais que seja o certo, eu não posso me afastar de você. – Disse ele.

Alice encarou-o estupefata. Então, toda essa fúria dos últimos dias era apenas um meio de evitar Alice para repudiar uma confusão. Erik nunca desejou magoá-la, ou tratá-la mal de fato. Apenas achou que, ao ignorá-la, esses sentimentos confusos que nasceram recentemente morreriam. Mas, ao contrário disso, Erik se tornara ainda mais confuso.

- Perto de você, fico sem controle, fico vulnerável, desestabilizado... Mas longe de você, fico muito pior. – Disse ele. Parecia que travava uma batalha interior intensa para dizer aquelas palavras.

Erik aproximou seu rosto ainda mais perto do de Alice.

- Eu tentei ficar longe de você. Descobri que não posso. Mais do que isso, eu não consigo.

Alice sorriu, finalmente. Ela deu uma risada sonora e tranquila, incapaz de acreditar no que ouvia. Ela sentiu-se feliz, completa. Era como se toda a agonia dos últimos dias se dissipasse. Ela tinha novamente forças para encarar tudo.

Erik correspondeu ao sorriso dela, acariciando a mão de Alice. Ele falou, entre sorrisos laterais:

- E agora, não posso deixar que saia de Utopia.  Quero proteger você, em todos os sentidos. Sei que tivemos nossas desavenças, e sei que você está se sentindo perdida diante de tudo que está acontecendo. E quero ajudar você, Alice. E garanto que fuga não é a melhor opção.

Alice respondeu, sorrindo ainda mais:

- Erik, eu não sei o que dizer...

E Erik sorriu novamente, olhando para ela com aquele mesmo olhar acolhedor que tivera quando a resgatou das garras da Fênix. Ele disse pausadamente:

- Volte comigo. Eu só não quero que você faça as escolhas erradas, como eu mesmo fiz ao tentar negar o que sentia.

Alice encarou-o profundamente, arqueando as sobrancelhas:

- E que escolha você quer que eu faça?

Erik encarou-a nos olhos com aquele olhar malicioso, de um predador que sempre está um passo a frente, mas disposto a cuidar de sua presa. Ele a envolveu em seus braços longos e fortes e murmurou:

- Esta escolha.

E, novamente, depois de tantos obstáculos, os lábios se tocaram, buscando avidamente um ao outro. O beijo tinha sabor de paixão, de alívio e de retorno. Erik beijou-a com vontade, em um beijo mais intenso, quente e ritmado. Ele queria Alice, então, por que negar?

E assim, Alice e Erik deitaram-se na areia da praia, juntos e abraçados. Ela não fugiria. A não ser que fosse para encontrar novamente o corpo de Erik contra o seu, protegendo-a de tudo e de todos.

Dessa vez, os dias foram passando mais rapidamente. Naquela noite, Alice ficou ao lado de Erik até o dia amanhecer. Depois, entraram juntos em Utopia. Eles foram alvos de olhares curiosos e maliciosos de muitos mutantes que os viram juntos, e não escaparam das piadinhas de Kurt, o Noturno. Alice ignorou-as e Magneto limitou-se a olhar Kurt com desprezo. E assim, Alice pediu a Erik para que não contasse nada a ninguém sobre a quase fuga dela.

Erik assentiu e disse que nada falaria. Desse modo, eles recomeçaram suas vidas. Alice mantinha sua rotina normal, inclusive os passeios à noite pela varanda de Utopia. Lá, ela se encontrava todas as noites com Erik.

Talvez fosse exagero demais dizer que eles estavam juntos oficialmente, mas, sem dúvida, eles tinham alguma coisa. Ninguém tocou no assunto, mas nem Erik nem Alice definiam a relação que tinham. E nem precisavam disso. Eles simplesmente passavam o tempo que tinham juntos ouvindo o que um tinha para dizer ao outro, se olhando, se beijando, e descobrindo o quanto tinham em comum, ou o que não tinham.

Alice estava deixando a coisa toda acontecer sozinha. Ela simplesmente fazia o que tinha vontade, aproveitando seu tempo ao lado de Erik. Sentia-se bem ao lado dele.

No entanto, Erik estava bem mais confuso do que ela. Ele simpatizava com Alice, apesar de achá-la demasiadamente teimosa às vezes. O problema era que ele tinha um plano para concluir. Ele precisava descobrir informações sobre o pai de Alice, Liam. E ele não via como prosseguir com o plano quando estava com ela. Não queria enganá-la, mas então lembrou-se de que ele já estava fazendo isso. Sentiu-se mal por isso, mas o plano precisava continuar. Sempre que podia, Erik indagava Alice sobre a família dela, mas ela realmente não sabia muito o que falar. Fazia muito tempo que não via o pai, e a relação dela com ele não era das melhores.

O fato era que Erik estava adiando cada vez mais a execução de seu plano. Ora, ele não queria enganar Alice. Queria deixá-la longe disso, e fora dessa vingança pessoal. Mas Alice estava diretamente ligada com Liam, e isso Erik não podia mudar. Além disso, quando ele passava horas da sua noite ao lado de Alice, Erik esquecia-se de quase tudo. Raramente lembrava-se de seu plano de vingança... Percebia que Alice o hipnotizava de tal maneira, que ele mal lembrava-se de suas reais intenções. Isso o preocupava, mas era só Alice sorrir ou arquear as sobrancelhas que ele novamente perdia-se nela. Lembrava-se de uma canção que ouvira há muito tempo, e que Alice gostava bastante. Chamava-se With Arms Wide Open, do Creed. Erik achou que a música tinha tudo a ver com aquele momento.

Logo, fazia sete meses que Alice estava em Utopia. Certa manhã, ela saiu com Professor Charles e com alguns colegas para a cidade, no centro de São Francisco. Charles levava os alunos para dar uma volta ocasionalmente. Ele sabia que era cruel deixá-los presos em Utopia, sem sequer poderem passear.

Assim, todos estavam dentro da X-Van. Era um carro preto muito bem equipado e preparado para acomodar a todos, e também para oferecer recursos para uma luta inesperada. Charles estacionou a X-Van perto da prefeitura, pois ele tinha de resolver algumas coisas por lá.

Porém, uns dez homens estranhos trajando roupa inteiramente preta cercaram o veículo. Charles estava preocupado, então mandou Kurt parar o carro. O Professor desceu do veículo, e ficou na frente de seus alunos, os quais também tinham descido.

Alice achou aquilo muito esquisito, mas ficou calada.

- Estamos procurando Alice Field. – Disse o homem mais alto deles. Um outro estendia e mostrava para todos uma ordem judicial assinada pelo próprio presidente, que ordenava a prisão imediata de Alice.

Ela caminhou até eles, indignada. Charles postou-se ao lado dela de modo protetor.

- O que? – Indagou o Professor. – Alice está sob minha proteção. Tenho um acordo com o Governo.

- Alice Field está sendo acusada de crime contra a Ordem. Segundo meus registros, ela tentou explodir a base mutante chamada Utopia, e poderia ter libertado centenas de mutantes perigosos. – Contou outro homem.

E então Alice lembrou-se do episódio em que explodira metade da fortaleza de Utopia: Essa era a desculpa que usavam para prendê-la, uma vez que nenhum prejuízo ocorrera lá.

- Espera aí! Foi tudo um acidente. E eu não libertei nenhum mutante perigoso, mesmo porque em Utopia não há mutantes perigosos. Vocês estão loucos! – Disse Alice histérica, gritando para o homem que lera a acusação.

- Acrescente aí, Greene! Desacato à autoridades. Mais um crime, mocinha, e você pode pegar uma perpétua. Então, venha conosco e cale a boca! – Disse o homem mais alto.

- Alice, acalme-se! – Ordenou Charles, preocupado. – Você não percebe? Eles querem arrumar qualquer motivo para prender você. Desde que você explodiu aquele banco, eles deviam estar de olho em nós. Agora, estão usando o que podem para levar você.

Alice sorriu, incrédula.

- Não é possível. Eu não cometi crime nenhum! – Ela disse.

No entanto, um daqueles homens andou três passos e agarrou-a pelo braço. Ele tentou algemá-la, mas Alice se debateu.

Os mutantes rapidamente entraram em formação, liderados por Scott, a fim de tirar Alice das garras daquele homem.

- X-Men, em formação! – Disse Scott, prestes a tirar os óculos para atacá-los.

- Parado aí, garotão! – Urrou um dos Guardas. – A gente conhece bem a sua laia e seus truques... Tente alguma coisa, e a garota morre. Temos permissão do Governo Federal para usar de qualquer recurso para levá-la daqui, viva ou morta!

E então, o Guarda que tinha Alice nas mãos estendeu uma seringa, que continha um líquido totalmente preto em seu interior, de aparência letal. Ele apontava a seringa para o pescoço de Alice, que arquejou ao notar o instrumento.

Então, os X-Men recuaram. Eles entenderam o recado do homem. Caso eles tentassem algo, o Guarda injetaria aquele líquido em Alice. Eles não podiam colocar a vida dela em risco daquela maneira.

- Além disso, nós podemos colocar todo mundo aqui em cana! Não é isso que você quer, não é, vovô? – Um dos Guardas perguntou para Charles, rindo dele.

E Alice debatia-se, com o homem mais forte a segurando firmemente pelos braços. Ela tentou usar seus poderes, mas um dos outros homens aplicou nela outra injeção, sem que ela percebesse. Era um líquido transparente.

Alice fraquejou, e perguntou apenas:

- O que vocês fizeram comigo?

- Nada. – Respondeu o Guarda que a atingira com a outra seringa. – Isso vai garantir que você não vai tentar nenhuma brincadeira durante nossa pequena viagem.

E Alice sentiu que ficava cada vez mais fraca. Sua visão estava turva, e ela já não distinguia nada à sua frente.

- E vocês, afastem-se! – Berrou o Guarda que segurava uma Alice inconsciente.

Ele ainda apontava a primeira seringa com o líquido escuro diretamente para o pescoço dela.

Charles e os outros X-Men estavam parados, sentindo-se totalmente impotentes. Como poderiam tentar resgatá-la, quando ela estava sendo ameçada na frente deles? Scott tentou avançar na direção dos Guardas lentamente, mas foi detido por Charles.

- Professor! Não podemos deixar eles levarem Alice! – Disse Scott, revoltado.

- Calma, Scott. Ela ainda tem a pulseira! – Sussurou o Professor.

Scott mostrou-se confuso, mas depois compreendeu. A pulseira que todo X-Men usava era um rastreador. Então, eles podiam resgatar Alice dali a um tempo com mais tranquilidade, e mais bem preparados. Scott assentiu e tranquilizou os outros com seu olhar de líder sereno.

Assim, Alice foi colocada dentro de um carro preto sem placa, com os vidros totalmente escuros. Ela não sabia para onde iria, nem o que fariam com ela... Sabia apenas que estava metida em confusão, e isso era o máximo que sua mente inconsciente lhe permitia pensar...


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