X-Men: O Renascer Da Fênix escrita por Tenebris


Capítulo 2
Confessionário


Notas iniciais do capítulo

E aí galera mais do que linda? Esse capítulo antecede os outros, que são meus preferidos. Na minha opinião, os capítulos 3 e 4 ficaram muito interessantes, porque voltam no passado e contam uma coisa bombástica! Aqui vai mais um, enquanto esses não chegam hehhe Beijos!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/372728/chapter/2

Alice fora levada até um jato, que estava perto de outros aviões no aeroporto. O jato era moderno, com estilo futurista, tinha a lataria cromada com a inscrição: “Jato X-III”. Ela foi conduzida por Wolverine até a entrada do jato e sentou-se em um dos bancos mais afastados. O interior do jato não era tão luxuoso, pois parecia mais apto para enfrentar uma espécie de guerra ou batalha épica. Alice não reconheceu quem dirigia o jato por causa do uniforme fechado e da máscara, mas o homem a cumprimentou de um jeito receptivo.

Até então, ela relutara em admitir para si mesma aonde estava indo. Mas, dadas as circunstâncias, não pôde mais evitar.

Estava indo para a sede dos X-Men.

Alice sabia quem eles eram e o papel que desempenhavam no mundo. Não conhecia todos excepcionalmente bem, mesmo porque sempre quisera ficar longe de qualquer coisa que remetesse aos mutantes. Mas ela sabia, sim, quem eram. Já vira de tudo sobre eles na televisão, na internet e nos jornais. No entanto, como ela sempre negara sua natureza mutante, evitava procurar muito sobre eles. Mas sabia que eram heróis lutando por uma causa maior: A sobrevivência dos mutantes e da raça humana.

            Charles e Wolverine sentaram-se um de cada lado de Alice, e em questão de minutos o jato pousou em solo terrestre. Alice estivera tão imersa em seus pensamentos, ora lembrando-se do passado, ora pensando sobre o que a aguardava em seu futuro, que mal reparou nisso.

            Saiu do jato e percebeu com euforia onde estava. Pousaram em um aeroporto menor, numa propriedade particular, que ficava em uma ilha ao lado de outra ilha maior.

- Chegamos à Utopia. Aqui será seu novo lar, Alice. – Saudou Charles Xavier, enquanto Alice deixava seus olhos vagarem até onde alcançavam, explorando o lugar que viria a ser sua nova casa.

Utopia era isso.

Um arquipélago futurista. Havia duas ilhas. A menor, era um aeroporto de uso interno exclusivo, com uma pista de pouso de tamanho considerável e um galpão onde Alice deduziu ser o lugar onde os aviões eram guardados. A outra ilha, maior, era onde estava edificada a maior construção que ela já vira. Um prédio circular enorme, feito de algum metal não identificado por ela.

Alice sabia porque Utopia tinha sido construída. As pessoas odeiam e temem os mutantes. Elas os forçaram a construir uma sede própria e a se confinarem lá dentro. Não os queriam por perto. Apesar desse motivo triste que levara à construção do lugar, isso não o fazia menos magnífico. Alice estava estupefata.

Charles deixou que ela encarasse o lugar por alguns minutos, mas Wolverine parecia impaciente. Depois de um tempo, Charles e ele conduziram Alice até o galpão, onde havia dezenas de aeronaves dos mais diversos tamanhos e tipos. Eles passaram por um longo corredor e Charles avisou que eles já estavam dentro do predio principal, na Ilha Maior. A arquitetura do lugar era tão bem planejada que as duas ilhas eram até mesmo interligadas, de modo a se poder caminhar de uma para a outra sem maiores problemas.

Alice acompanhava Charles e Wolverine silenciosamente, assentindo quando o momento exigia isso dela, e com os olhos vagando furtivos em cada detalhe. Ela estava maravilhada. Tudo era futurista, com corredores de concreto e de metal, com janelas de vidro que davam para laboratórios e centros de treinamento. Por fim, pararam no que parecia ser uma sala aconchegante e intimista.

As paredes eram de um concreto cinza. Havia muitos sofás pretos, uma mesa de centro cuidadosamente decorada e uma tela plana digital na parede ao fundo. Nos sofás, havia rostos familiares a Alice, embora ela não se lembrasse dos nomes.

- Vamos às apresentações. – Disse Charles, sorrindo e alteando um pouco o tom de voz para se fazer presente.  

Ele apresentou cada pessoa ali presente. Apresentou Scott Summers, um homem alto, magro e atlético, que possuía cabelos castanhos meticulosamente penteados. Por causa de suas rajadas ópticas, ele usava um óculos de lentes vermelhas o tempo todo. Alice desejou saber a cor real dos olhos dele, mas contentou-se em imaginar que deviam ser azuis.

Charles apresentou Kitty Pryde, uma garota pequena e agitada, que tinha cabelos escuros presos em um rabo de cavalo. Ela parecia simpática. O professor apresentou Warren Worthington, que tinha poderes de anjo. Ele era loiro, magro e muito quieto. Apresentou Anna Marie Raven, a Vampira. Ela tinha cabelos curtos, pretos e com uma mecha branca lateral. Parecia introvertida, mas foi respeitosa.

Charles apresentou outros, como Fera, Notuno e Colossus. Os nomes dos demais,  Alice já se esquecera. Charles também mencionou que faltavam outros mutantes que deviam ter saído em missão, mas Alice não se recordou de nenhum deles. Ela nunca prestara atenção nos membros dos X-Men, portanto, não poderia dizer quem ainda faltava conhecer.

Dessa forma, Charles a encaminhou e a levou até uma espécie de confessionário de polícia. Era uma sala pequena, na qual só havia uma mesa e duas cadeiras simples. Ele ficou do outro lado da mesa, sentado em sua própria cadeira de rodas, e ofereceu a outra cadeira a Alice.

Ela sentou-se e observou que havia um vidro retangular na outra parede. Ela não conseguia ver o que havia por trás daquilo, mas sabia que poderiam observá-la. Imaginou quem estaria por trás daquele vidro, analisando-a como se fosse uma criminosa...

- Bom, antes de tudo, gostaria que soubesse que já mandamos o Governo parar de perseguir você. Avisei-os de que pertence a nós. E, quanto ao seu emprego, acho que precisará se afastar... Por um tempo.

Alice sorriu em agradecimento. Um problema a menos na sua vida. Assim que tivesse chance, ela ligaria para a empresa em que trabalhava e comunicaria do afastamento. Isso se já não a tivessem demitido, por causa dos anúncios de “procurada”...

Contudo, Charles deu continuidade:

- Precisamos começar, então. Quero saber mais sobre você. Sabe que foi a primeira mutante que encontramos em três anos? Isso deve significar algo imporante... – Iniciou Charles, com as mãos cruzadas sobre a mesa.

Alice desviou os olhos e encarou a parede com o vidro. Não gostava de sentir-se uma prisioneira. Esse fato a irritava.

- Deve significar que a situação está bem crítica pra vocês... – Ela comentou, um tanto ríspida.

- Está. Com certeza, está. Vivemos tempos difíceis. Mas preciso saber sobre o seu poder... Quando descobriu sua mutação? – Perguntou Charles. Alice encarou-o furiosa. Não gostava do rumo que a conversa estava tomando.

Na verdade, não gostava de reviver o passado.

- Há uns quatro anos. Eu tinha 19 anos. Eu já estava morando sozinha e indo para a faculdade... Então, começaram as dores de cabeça, a dormência nas mãos... Tudo cada vez mais intenso. Até que botei fogo em metade do meu jardim. Um fogo... Azul.

Charles assentia e fechava os olhos, como se quisesse recriar a cena que Alice contava.

- Continue. O que fez depois disso? – Charles indagou, olhando afavelmente para ela.

- Não fiz nada. Escondi minha identidade, mas eu sentia que precisava usar meus poderes de vez em quando para aliviar as dores. Consegui lidar com isso dessa maneira durante três anos. Até que... Semana passada... – Alice interrompeu-se.

Charles a olhou bondosamente.

- Não foi culpa sua. Você precisa de treinamento. E, além do mais, ninguém está morto. – Ela se solidarizou com ela.

Alice suspirou e continuou:

- Não pude controlar. Simplesmente não pude. Meus poderes de repente tomaram conta de mim e tudo ficou azul... Quando me dei conta de que havia incendiado a agência bancária, fugi. Não consegui pensar em outra coisa. – Ela contou, sentindo calafrios à medida que se lembrava do ocorrido.

- Tudo o que temos a fazer é investigar seus poderes. Conte-me tudo o que puder para me ajudar, Alice. Preciso, acima de tudo, que seja sincera comigo. – Insistiu Charles, olhando seriamente para ela.

Alice assentiu, mas não gostou do modo com que o Professor tinha dito a ela aquelas palavras... Isso porque Alice não estava sendo totalmente sincera.

Há dois anos, quando tentava esconder sua mutação, o Governo a pegara... Fizeram coisas horríveis. Ela ficou presa sob domínio deles durante um mês, até que escapou... No entanto, prometera para si mesma e para outra pessoa que não contaria isso a ninguém. Era uma promessa importante para ela. Ela não falharia com isso.

- No momento, seus poderes são tão misteriosos para mim quanto para você. Desconfio apenas que se baseie em forças milenares e antigas... Poderes inimagináveis. Pelo que percebi, você é uma mutante Primeira Classe. – Contou Charles. Alice não sabia se isso era bom ou ruim. Ela tamborilou os dedos nervosamente na mesa.

- Primeira Classse? – Ela retorquiu, franzindo o cenho.

- O tipo mais poderoso de mutante que há... – Disse Charles, tentando se manter impassível. Provavelmente, tal termo significava bem mais do que aquilo.

Alice deu de ombros, surpresa. Não imaginava que seu poder fosse algo assim.

- Eu não consegui achar você imediatamente, assim que descobriu ser mutante há quatro anos. Não sei direito o porquê e pretendo investigar. Ainda é muito cedo. Mas tenho minhas desconfianças... – Disse Charles, parecendo nervoso.

- Bom, porque só me achou agora então? – Perguntou Alice, também curiosa e apreensiva.

- Seu poder mutante está em outro nível. É um poder que, por enquanto, está além da minha compreensão. Em todo o caso, só consegui identificá-lo nos meus radares quando você usou grande quantidade dele. Sendo mais preciso, quando você os liberou naquele banco. Seu poder só é identificado quando usado em quantidades enormes. – Explicou Charles, e Alice percebeu que fazia sentido.

- Meu poder é telepatia... – Contou Charles, mudando de assunto inesperadamente. Alice assustou-se por um momento, uma vez que escondia algumas histórias do Professor. – No entanto, não consigo ler sua mente. É como um vazio azul para mim.

Alice suspirou, secretamente aliviada. Não gostaria de alguém invadindo sua mente.

- Mas agora, é minha vez de ser sincero com você, Alice. Uma vez, cuidei de uma garota como você. Ela tinha o poder do fogo também... O poder da Chama Vermelha. Eu não fui rápido o bastante, e logo o poder passou a controlar a garota. Ela não tinha mais consciência de si mesma. Sucumbiu perante seu próprio poder. – Contou Charles, e Alice pensou ter visto uma lágrima escorrer no canto de seu olho.

- O que isso significa? – Alice perguntou, ligeiramente confusa.

- Significa que vejo muitas semelhanças entre você e aquela garota. Isso me preocupa... Seu poder é intenso demais... Forte demais... Incontrolável demais... Como o dela. Sinto que seu poder ainda tem muito mais a nos dizer. De alguma forma, tudo isso é importante agora. E não quero que você tenha o mesmo destino que ela teve. – Disse Charles, lutando contra a emoção em seu tom de voz.

- E quem era essa garota? – Perguntou Alice. Temia a resposta, mas perguntou automaticamente. Preferiu não pensar muito.

- Conhece Jean Grey? Ou melhor, conhece a história da Fênix?

Alice respondeu, pressurosa:

- Bom... Conheço. Todos conhecem. Falou-se nisso durante muito tempo, desde que aconteceu...

Charles repetiu a história, mas Alice a conhecia. Devia ter uns dezessete anos quando ocorrera. O dia em que o mundo temeu por causa de uma garota que fora engolida por seu próprio poder. Jean Grey desenvolvera uma personalidade dupla, e fora dominada pela outra. A Terra seria destruída por ela, não fosse Wolverine para matá-la.

- Jean Grey não morreu. Apenas fora destruída momentaneamente. Ela é uma força cósmica que não pode ser destruída por qualquer um. Para morrer de fato, precisa lutar com alguém incrivelmente forte. Não há ninguém capaz disso, por enquanto. – Contou Charles. Alice se sentiu mais nervosa do que nunca e nem sabia o motivo de tudo isso.

- O fato é que a Fênix viaja pelo cosmos desde então. Para ela, o tempo passa de uma forma diferente. Mas não duvido de que voltará, só não sei quando. É uma questão de tempo. Ela voltará em busca de vingança. E estou contando isso a você porque esse será o próximo desafio dos X-Men. E, como você se juntou a nós, quero que esteja ciente de tudo. – Prolongou Charles. Ele parecia triste, nervoso, e cansado simultaneamente. Alice pensou no desespero daquele homem... A iminência de um ataque voraz de um pássaro de fogo... A decadência dos mutantes...

Sentiu que o Professor precisava dela. Assim como toda a raça mutante, tão dispersa e diminuta naquele momento.

- Como sabe que ela voltará? – Perguntou Alice, falando baixinho. Não tinha certeza se era a melhor pergunta, mas teve de fazê-la.

- Como telepata, já acessei a mente dela quando era apenas Jean Grey... E ainda posso sentir a mente dela de vez em quando. Sei que planeja voltar. Em breve, isso irá acontecer. – Despejou Charles, franzindo o cenho. Tinha as mãos unidas em um gesto de prece e de preocupação.

Depois, os olhos do professor fixaram-se gravemente em Alice. Ele falou, determinado e cauteloso:

- Por isso, como é nossa mais nova mutante, quero que treine e se aperfeiçoe. Aqui, vamos entender o seu poder e você poderá se tornar uma de nós. Lute por essa causa, Alice. Precisamos de cada mutante que pudermos encontrar. Depois de anos sem encontrar ninguém, não vou deixar que você se vá.

Alice olhou-o mortificada. O homem diante dela clamava, implorava pela ajuda dela... O desespero era agora nítido no olhar dele. Charles continuou, em tom de súplica:

- Estou, antes de mais nada, implorando por sua ajuda. Os X-Men e o mundo precisam de você


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews para uma escritora ganhar inspiração? hahahha