Batalha Real - Matar ou Morrer! escrita por Stark


Capítulo 19
Apenas um sobrevive


Notas iniciais do capítulo

As regras do Programa são claras: Apenas um sobrevive. Mas e os participantes? Conseguem eles pensar com tamanha clareza?



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13 horas e 58 minutos de jogo...

Kézia e Lucas estavam no quadrante D-8 quando escutaram um barulho de tiro. Kézia não havia disparado, e os dois se olhavam perplexos, de onde havia vindo aquele tiro? Alguém havia morrido próximo ao local? Alguém havia tentado lhes acertar um tiro?

Cezar subia a rua do quadrante C-8, indo em direção à Lucas e a Kézia, havia disparado um tiro para o alto para chamar a atenção dos dois.

– Chega! – Cezar gritou. – Parem com isso!

– E-eu... – Lucas olhava para o colega, tentando dizer alguma coisa.

– Não se matem! Chega de mortes! – Disse Cezar para os dois colegas.

– Eu não quero jogar... – Disse Kézia chorando – Eu fiquei tão assustada... E quando eu vi o Lucas... Eu pensei... Pensei que ia morrer...

– Não podemos fazer isso! Não vamos matar uns aos outros... – Disse Cezar.

– Eu não tenho coragem de matar vocês. – Lucas falou.

– Mas você estava mirando em mim agora a pouco! – Kézia disse chorando.

– Eu vi você com a pistola, e pensei que fosse atirar... – Lucas respondeu.

– Chega! – Disse Cezar – Esqueçam isso! Nós precisamos ficar unidos... Nós três...

Cezar foi interrompido pelo som do hino nacional que retumbava pela cidade, que aos poucos foi enfraquecendo e dando lugar à voz do General:

– Boa tarde jovens guerreiros! Aproveitaram bem essa manhã ensolarada? Eu espero que sim! Vamos agora à lista de baixas por ordem de morte: Garoto nº 14 – Murilo, Garota nº 7 – Eloise, e por fim, Garota nº 17 – Luana.

Cezar olhou Lucas soltar o arco no chão e colocar as duas mãos na cabeça enquanto Kézia chorava. Era muito assustador escutar o nome de seus colegas na lista de mortes.

– Agora vamos para as Zonas de Perigo. – Disse o General – Dentro de 5 minutos, os seguintes quadrantes se tornaram Zona de Perigo: F-1, C-3, B-4, J-8 e F-10. Espero que tenham anotado, até o próximo aviso que será... Bem, quando nós quisermos! Haha, boa sorte alunos.

Kézia soluçava ajoelhada no chão e Lucas estava agachado com as duas mãos na cabeça. Havia impedido os dois colegas de se matarem instantes antes, e agora via os quão fragilizados os dois estavam, possuídos pelo medo. “Eles não sabem que eu já matei... Preciso manter em segredo, se não eles não vão mais confiar em mim...”

– Calma. Vai ficar tudo bem. – Disse Cezar

– NÃO VAI!! VOCÊ SABE QUE NÃO VAI!! – Kézia gritou, chorando.

– Vai sim, nós podemos formar uma aliança, e protegermos uns aos outros. Até o final. Se eles virem que nós três estamos juntos, talvez eles nos deixem três como vitoriosos.

– Eles vão explodir nossos colares! – Disse Lucas.

– Eles não podem explodir o colar de nós três se só restar nós três no final... Eles precisam de um vencedor, não é mesmo? Imagina quanto dinheiro eles perderiam se não tivessem um vencedor?

– É... Talvez seja verdade. – Disse Kézia.

– Precisamos encontrar algum lugar para nós ficarmos e bolar alguma estratégia ou algo assim, aqui na rua alguém pode aparecer a qualquer momento. – Completou Cezar.

***

Gabriel estava no quadrante F-6, observando o corpo de Eloise "Alguém fez um serviço bem feito." ele pensava. Até agora não havia matado ninguém mas já tinha patrocinadores, e eles confiavam nele, ele precisava fazer alguma coisa rápido, não poderia desapontá-los de jeito nenhum. Pensava no seu pai lhe assistindo, ele precisava deixá-lo orgulhoso, Voltar para casa com vida e vitorioso, aquilo certamente traria muito orgulho para o seu pai e dinheiro para sua família.

***

Tainá estava em uma pequena ponte no quadrante J-7, o prédio em que estava se tornou Zona de Perigo e agora ela precisava encontrar outro lugar para se esconder. Chegou ao final da ponte e observou a Avenida da cidade, estava vazia e o sol escaldante da tarde contribuía para deixar a cidade com uma sensação desértica ainda mais assustadora. Olhou para os lados, não vinha ninguém, precisava aproveitar agora e entrar em alguma das lojas “O melhor lugar é a padaria aqui perto, tem tudo o que eu preciso...” Tainá pensou. Olhou novamente para os lados e correu. Atravessou a rua da Avenida e continuou a correr pela calçada. Agora faltavam poucos metros para chegar até a padaria. Continuou correndo “Quase, vamos, vamos...” Pensava. De repente, virando a rua da Joalheria, metros a sua frente, ela avistou Gabriel. O garoto que estava segurando um revólver hesitou, mas abriu fogo contra Tainá que tentou fugir.

– Não! – A Garota gritou.

Gabriel correu em direção à colega e disparou mais uma vez, acertando as costas da garota, que caiu no chão sangrando. Gabriel se aproximou de Tainá, e disparou mais duas vezes, impiedosamente no corpo da garota, agora morta.

***

Izabela estava no quadrante I-4, com um galão de gasolina, observando a Escola. Pretendia colocar fogo na escola, incendiar tudo e queimar os equipamentos do Programa, mas agora aquilo parecia um plano idiota e sem sentido. Não havia nem como entrar na escola, o quadrante havia se transformado em Zona de Perigo, e se ficasse algum tempo ali o seu colar explodiria, fora o fato de que agora a Escola estava cercada de soldados fortemente armados. Frustrada, ela não conseguia pensar em mais nada.“Não há saída... Estamos mesmo condenados à morte... Por quê nós? Por quê justo nós?”

E de repente, em um flash, vários pensamentos se conectaram. Apesar de um território da cidade ser evacuado, a cidade com certeza voltaria ao normal ao término do Programa, não apenas isso, a cidade ganharia muita fama sendo conhecida como “A Cidade da 2ª Edição do Programa”, o turismo com certeza eclodiria e entraria muito, muito dinheiro na cidade. Que líder político não gostaria que sua cidade fosse reconhecida dessa maneira? Com certeza deve ter tido alguma disputa entre governantes, talvez o prefeito de sua cidade tivesse até mesmo pagado para sua cidade ser o palco do Programa.

Izabela entrou pela porta lateral da Igreja, uma grande catedral que agora se encontrava vazia. Nunca foi muito religiosa, mas se preocupava com o assunto. Sentou no primeiro banco e ficou ali, observando o enorme Cristo de madeira na parede.

***

Na Confeitaria no quadrante H-7, Luciano abria uma garrafa de refrigerante e servia às meninas na mesa da cozinha.

– Nós quatro... Vamos estar mortos em breve... - Delhidiani soluçava debruçada no canto da mesa.

– Não pense assim Delhi... - Luciano tentava acalmá-la.

– É, se não foi um final feliz, é porque ainda não foi o fim... Tenho certeza que todos nós vamos sair bem dessa! - Amanda dizia com espírito esperançoso.

Heloísa olhava no outro canto da mesa como se quisesse contrariar Amanda, mas permaneceu em silêncio. Depois de servir a todos, Luciano se sentou e começou a beber o refrigerante junto com às garotas.

– Então... Nós vamos ficar até o final do jogo? - Luciano perguntou.

– Não sei. Por enquanto aqui está muito bom, mas você sabe... Alguém pode nos encontrar aqui com muita facilidade. - Amanda respondeu.

– Então isso é um sim? - Disse Luciano.

– É um talvez. - Respondeu Amanda.

– Não vai ser bom a gente ficar aqui, não sabemos quantas pessoas entraram no jogo... Acho que devíamos sair pela cidade e usar a pistola da Delhi à nosso favor. - Disse Heloísa pela primeira vez.

– O quê? - Delhidiani disse surpresa.

– Você está dizendo para saírmos pela cidade matando nossos próprios colegas? - Amanda perguntou perplexa.

– São eles ou nós. - Heloísa disse.

– Eu concordo com a Heloísa. Há apenas um vencedor no final, e se não lutarmos pode não ser nenhum de nós. - Falou Luciano.

– Eu não acredito que vocês estão falando isso. - Amanda disse - Não éramos nós que estávamos nos recusando a jogar e xingando o Programa minutos atrás?

– Não iremos a lugar nenhum se não fizermos nada! - Luciano disse - Vamos morrer na mão desses desgraçados feitos porcos no abate? - Ele esbravejou.

– Não há necessidade de saírmos daqui agora... Vamos pensar com mais cautela e se, somente se, for necessário, nós seguimos esse plano. - Amanda disse com calma, apesar de estar completamente apavarada com o pensamento de seus colegas.

***

Helia se encontrava agora em uma loja de roupas no quadrante I-9, terminando um curativo em seu joelho ralado. Olhava para aquele kit de primeiros socorros que havia recebido de Tainá, nunca havia sido muito amiga da garota, e aquele gesto realmente a pegou de surpresa. Se lembrou do primeiro encontro que teve com ela na Arena, dentro do Supermercado, enquanto apontava o revólver para a colega“Ela está tão assustada quanto eu...”Helia pensava. Quanto tempo as duas ainda sobreviveriam? Essa pergunta começou a assombrá-la havia algum tempo. E se no final restassem apenas as duas? Helia achava que isso era praticamente impossível, e nesse caso, eles explodiriam o colar das duas.

***

Vinícius estava no quarto de uma casa no quadrante C-8 se olhando no espelho. Havia tomado banho e trocado de roupa, estava com uma calça de sarja que lhe permitia movimentos fáceis, diferente da calça jeans suja de lama que agora estava em cima da cama. Vestia uma camiseta azul leve e uma jaqueta preta de tactel. Amarrou os cadarços da bota que havia encontrado na casa e agradecia por seu pé ter servido perfeitamente. Colou uma fita adesiva na extremidade da armação de seus óculos atrás da orelha e deu uns pulos, agora seus óculos não saíam mais do lugar. Foi até a cozinha e pegou uma faca acreditando que poderia lhe ser útil em algum momento, e a colocou na bolsa. Agora estava pronto, iria sair daquela casa, acreditando que estava preparado, para o que quer que encontrasse pela cidade.

Sobreviventes: 20 e contando...


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Notas finais do capítulo

O próximo capítulo sai em breve, continuem acompanhando a história.



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