Batalha Real - Matar ou Morrer! escrita por Stark


Capítulo 10
Caçadores


Notas iniciais do capítulo

Enquanto uns alunos procuram refúgio, outros preferem caçar.



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4 horas e 2 minutos de jogo...

Izabela estava caminhando por uma rua no quadrante F-1 quando escutou os barulhos de tiros vindos de muito perto. Será que alguém tinha morrido? Ela pensava “É obvio que alguém morreu. Ninguém sai dando tiros por aí do nada!” Correu, para longe de onde os barulhos tinham vindo. Contava as mortes em sua mente, agora 7 colegas já haviam deixado a competição. Era muito difícil suportar, nem parecia que ela estava vivendo aquilo na pele, ela gostaria que tudo aquilo não passasse de um sonho. Apenas um sonho muito ruim.

Mas não, aquilo estava realmente acontecendo. Ela estava andando pela cidade, sem nenhuma arma, junto com outros 28 alunos que poderiam matá-la sem nenhuma piedade. Ela não queria participar, queria agir contra o Programa, sabia que iria morrer, que não havia jeito, e mesmo que se vencesse, nunca mais voltaria a ter uma vida normal. Jogo maldito. Ela continuou correndo, o mais rápido que podia.

***

Juliana se encontrava agora no quadrante G-1, com o detector portátil em suas mãos ela olhava para o mapa. Bip-bip, o detector mostrou que alguém se aproximava. Ela olhou no detector um pontinho vermelho no mesmo quadrante em que ela estava, se movendo em uma velocidade acelerada. Não iria ficar ali no meio da rua esperando para ver quem era, pulou uma mureta e se escondeu no quintal dos fundos de uma casa.

Ficou olhando para aquele pontinho vermelho no detector passar pela frente da casa onde estava escondida, escutou os passos da pessoa que estava correndo, olhou para o detector, e viu o pontinho vermelho se distanciar cada vez mais, até desaparecer do alcance. Ela limpou o suor da testa com a camisa e resolveu entrar na casa, pela porta dos fundos. Estava na cozinha, seria um ótimo lugar para passar a noite, e caso alguém entrasse na residência, ela já estaria longe. Deu um beijinho no detector e o ergueu para o alto, como se agradecesse.

***

Gustavo estava no Supermercado no quadrante J-6 armado com o seu fuzil. O corpo sem vida de Daiane ali no meio de um corredor de prateleiras não parecia nem um pouco lhe incomodar. Pelo contrário, ele parecia que se divertia com aquela situação, sozinho no Supermercado, ele escolhia uma variedade de produtos que lhe pareciam interessantes. Abria salgadinhos, comia um pouco e jogava a embalagem ainda cheia no chão, tomava refrigerantes de todos os sabores, e acabara de comer um pote de sorvete com os dedos.

De repente ele escutou um barulho, vinha da entrada do Supermercado. Alguém estava entrando ali. Correu por entre os caixas para ver se tinha realmente alguém entrando ali. E havia, a pessoa estava fechando a porta de entrada do Supermercado, mas estava escuro demais para reconhecer quem estava ali, e sem pensar duas vezes, escondido na penumbra, ele ergueu a mira do fuzil e atirou sem piedade. O barulho do fuzil abafou os gritos da pessoa, que morreu na hora, sem nem ver de onde tinham vindo os tiros.

Gustavo se aproximou e pisou na poça de sangue próximo ao corpo, ele tirou a lanterna da bolsa e ligou-a. Olhou para o corpo dando um leve sorriso, havia acabado de matar Pamela. “Que arma será que ela recebeu?” Gustavo pensava enquanto abria a bolsa da garota. Olhou desapontado para o cutelo de carne que encontrou.

– Tsc, tsc, tsc... - Ele fazia com a boca, enquanto lançava um olhar de reprovação para o corpo ensanguentado da garota e jogava o cutelo longe. Já havia matado 2 vezes, e estava querendo mais. Decidiu que estava na hora de deixar o Supermercado e aproveitar a noite para caçar seus colegas.

***

Helia estava no camarim subterrâneo do Teatro, no quadrante I-6, lendo um roteiro que havia encontrado da peça Romeu e Julieta, e se lembrava das peças que já havia apresentado com o grupo de teatro da escola. Esses pensamentos a deixava imensamente feliz, mas onde estavam os seus amigos agora? Será que desde o último aviso do General, mais alguém teria morrido? E novamente ela era atingida pela angústia e incerteza.

***

Gustavo havia deixado o Supermercado e decidiu entrar no Teatro da cidade, ver se alguém estava se escondendo ali dentro para aumentar sua lista de mortes. Ele tentou abrir a porta da frente mas não conseguiu, estava fechada, ele havia desistido de entrar no Teatro quando percebeu que o portão lateral estava aberto. “Definitivamente... Pode ter alguém aqui...” Ele pensava, armado com o fuzil, enquanto descia um corredor que dava acesso à uma porta lateral do Teatro.

***

Helia escutou passos, alguém estava descendo o corredor do lado do Teatro e estava vindo rápido, logo entraria pela porta lateral, que dava acesso aos camarins subterrâneos. Ela precisava sair dali, mas não tinha tempo, não poderia simplesmente sair correndo dali, os seus passos com certeza seriam ouvidos por quem quer que estivesse vindo.

***

Gustavo entrou pela porta lateral armado com seu fuzil e logo as luzes automáticas do corredor se acenderam. No corredor haviam diversas portas iguais, todas fechadas. Ele estava tomado por um impulso animalesco, abriu a primeira porta com um chute e acendeu a luz, mantendo a mira alta. Naquela sala havia apenas alguns violões e estantes com partituras.

Ele saiu daquela sala com raiva, tinha certeza de que alguém deveria estar ali, o portão lateral estava aberto, então ele decidiu vasculhar as outras salas. Deu um chute na porta da segunda sala, onde havia alguns manequins e uma pilha de roupas no chão. Ele abriu a porta do banheiro do camarim, mas ninguém estava lá.

Deixou aquela sala ainda mais nervoso, abriu a terceira porta com violência e encontrou apenas uma sala vazia. Foi até a quarta porta e encontrou alguns cenários de peças de teatro inacabados. Espumando de raiva, ele se dirigiu até a quinta e última porta esperando encontrar alguém. Mas a sala estava vazia. “Vai se fuder! Caralho! Não tem ninguém aqui... Mas o portão lateral estava aberto... Quem quer que estivesse aqui já deve ter ido embora.” Ele pensava, voltando pelo corredor e saindo pela porta lateral do Teatro.

***

Helia estava no escuro, atrás da porta do banheiro de um camarim. Não acreditara no que havia acontecido, escapara da morte por muito, muito pouco. Sabia que quem quer que tivesse acabado de entrar no Teatro era um caçador, devido à violência com que ele abria as portas, provavelmente a procura de vítimas. Caçadores era como a audiência havia apelidado os alunos na edição anterior do Programa, que enlouquecidos pelas regras do jogo, procuravam seus colegas, um por um, para matá-los.

Ela não escutou mais nenhum barulho, continuava atrás da porta do banheiro em completo silêncio, escutando apenas o barulho de sua respiração breve. O assassino provavelmente já deveria ter ido embora, ela soltou um suspiro e saiu de trás da porta, suando e com as pernas fracas, ela se sentou na tampa da privada do banheiro, pensando no que havia acabado de acontecer.

***

Gustavo havia saído do Teatro e estava agora na praça em frente à Igreja no quadrante I-5, procurando lugares em que seus colegas pudessem estar se escondendo. Ele olhou para o Palco da praça e se lembrou que havia uma salinha nos fundos do Palco, cogitou em ir até lá conferir, mas pensou “Só um retardado mental se esconderia em um lugar tão óbvio...”

Ele seguiu a rua até avistar o corpo morto de Fabíola no chão, admirou o olhar sem vida da garota, que estava com uma flecha na coxa, uma no peito e outra na cabeça. Deu um leve riso enquanto cutucava o corpo com o pé. Depois de um tempo ele caminhou em direção a Avenida da cidade, mas no caminho parou, olhou para a esquerda, e no estacionamento da Igreja avistou, uma entrada que dava acesso a algum lugar no subsolo, onde eram realizados pequenos encontros da Igreja. Atravessou o estacionamento da Igreja e desceu as escadas, estava caminhando em um corredor comprido, e caso alguém estivesse ali, não teria sucesso se tentasse fugir.

***

Vinícius estava em um banheiro, no subsolo de uma entrada no estacionamento da Igreja, estava tentando dormir, mas não conseguia, o estresse e a ansiedade o impediam. Foi quando ele escutou passos. Alguém se aproximava, e se aproximava muito rápido. Poderia ser um caçador, ou apenas alguém assustado procurando refúgio. Mas em qualquer um dos casos, Vinícius achava que era cedo demais para entrar em qualquer conflito, fora o fato de que, o ambiente em que se encontrava era fechado demais para usar as granadas que havia recebido.

Os passos se aproximavam cada vez mais, ele precisava dar um jeito de sair dali, ou poderia morrer. Mas não havia qualquer porta pela qual ele pudesse fugir, seu coração ficava cada vez mais acelerado, queria sumir, desaparecer, atravessar paredes, qualquer coisa. Desesperado, ele entrou em um dos boxes do banheiro e avistou ao alto, uma janela. “Obrigado genética, por esses 1,80m...” Vinícius pensou.

***

Gustavo entrou no banheiro empunhando seu fuzil, não havia ninguém. Ele conferiu os boxes do banheiro, e todos eles estavam vazios. Ele saiu do banheiro frustrado e continuou sua caçada pelo subterrâneo.

***

Vinícius acabara de pular a janela de um dos boxes do banheiro e estava pisando em um terreno lamacento, à sua frente ele avistou um rio e lembrou-se da edição anterior do Programa, onde um estudante, com muita sede, bebeu água contaminada de um açude e morreu por infecção. Para sua sorte, já havia bebido muita água na torneira do banheiro e estava com sua garrafa ainda cheia. Olhou para à direita e no alto avistou a ponte da rua que ia para a Avenida da cidade.

Ele precisava sair dali, poderia ser visto por qualquer aluno que passasse pela ponte, pegou a esquerda no lamaçal e caminhou até chegar em um pequeno bosque. “Perfeito! Ninguém vai me encontrar aqui, e aposto como nesse exato momento eu devo ter saído dos olhares do país...” Ele pensou, se decepcionando em seguida ao olhar para uma câmera no alto de uma árvore. “Como diabos eles instalam essas porcarias no meio do mato?” Ele se perguntava. Iria passar a noite ali, e talvez até o dia seguinte, se continuasse ali sem ser encontrado, poderia perfeitamente esperar todo mundo se matar e chegar a final. Com sorte, até se tornar campeão, caso os finalistas se matassem.

***

Giane havia deixado a escola com pressa após trocar tiros com Amanda e Delhidiani, e agora se encontrava em um quarto de hotel no quadrante F-6. E como ela havia pensado, vários sinais haviam sido bloqueados na Arena. O rádio, a televisão, o telefone, o celular e a internet do computador não funcionavam. Ela havia iluminado o ambiente com velas, já que não achava seguro acender as lâmpadas, alguém poderia avistar sua localização lá de baixo, na rua.

Ela olhava pela janela do prédio, a rua à noite, enquanto bebia uma taça do vinho que encontrou no frigobar do quarto. Admirava a lua, as estrelas, e o revolver que havia recebido. No dia seguinte ela pretendia iniciar sua caçada, iria entrar de vez no jogo, e iria jogar para vencer.

Sobreviventes: 27 e contando...




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Notas finais do capítulo

Capítulo um pouco mais comprido... O que acharam? Comentem! O próximo capítulo sai em breve.



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