Castigo escrita por Kalhens


Capítulo 2
Agora que você disse...


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura *morre no cantinho*
Alias, pra já deixar claro, Konan me abandonou de novo.
Podem abaixar suas expectativas agora (se é que tinham alguma).



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Não sei você, mas a maioria das pessoas tem e segue uma certa rotina, mesmo que não perceba.

Geralmente, se resume a coisinhas bestas, como acordar sempre no mesmo horário, sempre tomar café da manhã antes de sair de casa ou, sei lá, simplesmente sempre se espreguiçar ao acordar sem ter seus movimentos vetados por um intruso na sua cama.

Ok. Não era exatamente um caso de invasão, posto que Matt concordara com que Near dormisse consigo, mas isso não melhorava as coisas.

Sentou-se, esfregando os cabelos ruivos. Near estava absolutamente encolhido na outra ponta da majestosa cama de solteiro, a ponto de cair no chão de novo. Alguns poucos raios de luz conseguiam passar através da cortina pesada e fechada do quarto, suficiente apenas para que Matt sentisse mais raiva.

Lá na outra parede. Ali. Bem ali. Naquela outra cama, a outra única cama do quarto. É. Folgadamente esticado debaixo dos lençóis e tudo.

Mello.

Desgraçado.

Na noite anterior, quando tentaram trazer o colchão de Near para que ele tivesse onde dormir, Roger os vetara. Alguma coisa sobre ''mas já tem duas camas no quarto de vocês, podem se virar com isso''.

Matt nunca tinha pensado nisso, mas de repente lhe ocorra se Roger na verdade não era um desses velhos nojentos que gosta de ficar imaginando situações sensuais e pervertidas entre meninos próximos a si.

Claro, se fosse isso, ele ainda por cima era BURRO, por que Mello JAMAIS seria gentil o bastante para dizer algo como ''Não, Near, sei que você está sem cama por causa desse castigo desagradável do qual eu também sou culpado, por isso pode dormir comigo, nós podemos dar um jeito para que ambos fiquemos confortáveis''.

Não. O máximo que ele fez, antes de soltar as mãos e se jogar na cama foi ''Dorme no chão se quiser''.

Não é que Matt fosse lá muito mais decente. Para que sejamos francos, era bem capaz dele também o deixar no chão. Se muito, com um lençol (cobertor, jamais. O cobertor era dele).

Mas que fazer. Near pedira por favor. Fora educado e tudo.

Claro, provavelmente se arrependera depois que descobriu o quanto Matt se mexia a noite, chegando mesmo a jogá-lo pra fora da cama e acertar um chute nas suas cochas, conforme se revirava puxando as cobertas para si.

Mas enfim, o resumo da noite podia ser visto por quem quer que passasse pela mesa de café da manhã em que haviam se sentado.

Matt, aos bocejos, se esticando o tempo todo.

Mello, apenas cotidianamente irritado, a mão que segurava Near a meio passo de se fechar num punho, coisa que só não acontecia por limitações físicas.

Near, com a pior cara que alguém já vira, olhos avermelhados e fundos, fixos num ponto invisível qualquer, enquanto enrolava alguma mecha descabelada.

Deplorável.

- Mas afinal, o que vocês fizeram?

Linda.

Digo, literalmente, era a Linda ali.

Quando e de onde, nenhum deles estava em condição de responder mas, subitamente, ali estava ela, sentada na frente deles, com uma tigela de mingau nas mãos.

Recebeu um resmungo de curiosidade e desconfiança, proveniente do loiro que estava mais e mais paranoico a cada minuto que era obrigado a ficar de mãos dadas com alguém que autodeclarara odiar. Felizmente ou não, Linda já estava mais ou menos acostumada a lidar com aquela dupla intratável.

- Quer dizer, o que foi que aconteceu para os dois terem que ficar de mãos dadas? Parece castigo criancinha, sabe?- remexeu seu mingau, botando um tanto na boca-. Quando o monitor manda alguém se abraçar e diz ''sejam amiguinhos''.

- Ué? Você não ficou sabendo? Achei que o orfanato inteiro já soubesse.

- Cala a boca, Matt.

- Eles arrombaram o escritório do Roger- continuou, enquanto se afastava do loiro que empunhava sua colher como se fosse uma arma letal.- Arrombaram os arquivos de fichas e estavam para abrir o computador central quando uma moça entrou na sala por acaso.

- Espera, ''eles''? Você está me dizendo que eles fizeram isso juntos?

- Né? Eu também fiquei surpreso quando soube!- desviou-se de uma torrada que passou voando para ir acertar o leite quente de alguém que passava ali por perto- Dizem que nem o Roger acreditou! Por isso que chamaram o L para sugAhhh! SAI, SAI, SAI!

Antes que percebesse, duas mãos estavam envolvidas na gola de sua blusa, sufocando e apertando-lhe o pescoço enquanto um Mello não muito feliz a puxava para cima, sibilando um ''eu mandei calar a boca'' entre dentes.

Matt já estava para revidar, quando um Near puxou uma das mão, violentamente, inesperadamente, de modo tão súbito que nenhum dos dois teve reação que não olhar para ele e sua cara amassada de sono, esperando uma explicação.

- Faça o que quiser, mas não podemos soltar as mãos.

Mello ainda segurava o tecido listrado, bufando, mas, em algum lugar, pareceu concordar com Near.

Soltou.

E com a mão livre acertou um soco, bem no meio do rosto de Matt.

- Só preciso mesmo de uma mão pra isso.

A dupla se afastou, Mello a passos largos e Near quase sendo arrastado.

- Matt! Você está bem?

E ali estava ela, olhando com aquela preocupação padrão para o vermelho que o punho de Mello deixara em sua bochecha.

- Sim. Já levei piores.

- Que coisa! Por que ele ficou tão bravo com aquilo? Você nem fez nada demais!

Matt esfregou o rosto, sentindo olhares sobre si.

De fato. O que tinha feito? Só repetira o que o orfanato inteiro, agora contando com a Linda, já sabia. De todo modo, não é como se fosse a primeira vez que Mello fizesse algo assim... 

... Mas Mello não agira sozinho dessa vez...

É. Talvez, Linda tivesse feito a pergunta certa.


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Notas finais do capítulo

Eu juro que tentei fazer o menos enrolado possível mas... eh. Aposto que ficou parecendo mais receio de linguiças.
*Encolhida no cantinho, abraçada na caneca*.
Alias, peço desculpas pela demora.
Se tudo der certo, o próximo capítulo deve sair dia.... 20. É. Algo assim.
*Fazendo as contas*.

Enfim, ESTOU SEM BETA DE NOVO, ME PERDOEM!
E, justamente por isso, críticas, sugestões e puxões de orelha são AINDA MAIS bem-vindos do que de costume.

E...
É. Acho que era só isso.

Muito obrigada a todo, e peço, novamente, desculpas pela demora,
Kalhens.

PS: Recentemente eu notei que todo menino que eu acho interessante é gay. Fico pensando se não é karma...