Tulipas Azuis escrita por Zora


Capítulo 5
Alecrim


Notas iniciais do capítulo

Bem, esse capítulo vai ser do agrado dos shippers NaLu (Eu acho, né?)
Bem, aguardo os comentários.
Obrigada, Zora



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Natsu estava assustado. Ainda não tinha decidido se por conseguir falar com Gray civilizadamente ou por descobrir que seus neurônios possuíam serventia.
Estava orgulhoso de si mesmo. Por se comportar como um real amigo. Sentiu que fazia bem a Gray, e assim, se sentia bem também.
Os gênios iguais e opiniões contrárias resultavam num choque diário de discussões e violência descabida, e era esse um dos acontecimentos que marcava a rotina da aliança.
Impossível era negar que havia um grande laço em meio a toda aquela horrenda balbúrdia, e isso já fora provado várias vezes – tanto por um lado quanto por outro.
Mesmo que geralmente as relações de amizade estabelecidas entre duas ou mais partes, se resuma basicamente em compartilhamento de segredos, proteção, e alguns xingamentos carinhoso e, definitivamente, eles contavam com os extremos de tudo isso, além de é claro, estar presente em todos os momentos da vida do outro, o que de uma forma inusitada, eles faziam.
Caminhava devagar pensando no estado de Juvia e, comparando seu estado atual com aquele em que estava quando enfrentou sua família – que agora também era a dela. Ainda não entendia o que estava acontecendo com a amiga, não havia lógica em estar tão ferida. Mas sorriu ao lembrar a maga, do sorriso que dera mesmo naquela situação, de certo ela compreendia o que era ser da Fairy Tail. Se sentia feliz por ela.
Sem saber ao certo oque fazer, se dirigiu até a casa da agente de madeixas loiras e, ao girar a maçaneta, percebeu que não havia empecilhos para sua entrada e se dirigiu até o apartamento de Lucy.
“Natsu, o que é que você está fazendo aqui? Eu já não disse para não entrar sem bater. Eu poderia estar nua...” A garota que tinha o intuito de bronquear o rapaz, provocou o contrário. Várias imagens nem um pouco inocentes passavam como foguetes pela mente do rapaz, que em um solavanco, arregala os olhos e bate a porta com o pé sem medir forças.
“Você não pode deixar a porta aberta assim, Luce. E se eu fosse um bandido, ou um pervertido. Eu podia machucar você. E aqui é alto, talvez não te ouvissem. Ou talvez tapassem sua boca e podiam... podiam...” A cada suposição o mago esquentava mais. O corpo de Natsu começou a esquentar. Primeiro as orelhas, depois as maçãs -o que Lucy considerou particularmente gracioso- . Em sinal de raiva e pavor. Por imaginar que poderia estar se divertindo enquanto ela passava por tal situação. Comemorando sua impotência enquanto ela sofria. O clima do apartamento da agente estava crítico, como um quarto cheio de gás e um louco pronto para acender o fósforo.
“Natsu, fica calmo. Eu estou bem” Se aproximava com cautela, o fogo que ainda era intenso em seus olhos aos poucos ia diminuindo. Quando finda a distância entre eles, ela se aproxima e o abraça forte, emocionada pela preocupação do rapaz. Já devia ter se acostumado com isso, mas de certo ainda não. “Desculpe te preocupar, eu vou tomar mais cuidado. Eu vou trancar tudo, está bem? Fique calmo.” Ela acariciava os cabelos ruivos do parceiro e repetia tudo várias vezes em seu ouvido. "Desculpa" Ele assentiu. Respirava com grande dificuldade, apertava o abraço e agoniava a menina. Por se sentir inútil em confortá-lo. Ele sofria tanto assim só de pensar no poderia acontecer ?
Ela se sentia culpada, e se sentia honrada também.
“É que essa coisa que aconteceu com a Juvia está me deixando um pouco inseguro”
“Eu também estou preocupada com ela”
“Acho que todos estão. Nunca vi Gray daquele jeito”
“Sabe de alguma coisa?”
“Nada mais que o necessário. Queria poder fazer alguma coisa a mais”
“Eu sei que você vai fazer o que estiver ao seu alcance. Eu também vou.”
“Acho que isso vai ser bom pra ele no final”
“Meu medo é o que vai acontecer no meio disso tudo. Mesmo que no final as coisas não aconteçam do modo que você, Gray ou eu desejamos, sempre dá para absorver algo para que não cometamos o mesmo erro, é normal. Mas algo nessa situação pode acarretar irreversibilidades ”
“O quê?” Ele a fita sem decifrar a frase rebuscada da ex-escritora.
“Erros que não se podem consertar.”
“Nós conversamos sobre isso agora há pouco” Diz o rapaz.
“Vocês conversaram?” Lucy o encara preocupada. "Sem brigar? Porque...Bem Natsu, acho que Gray não vai estar muito no clima para isso. Pelo menos por enquanto."
“Foi mais um monólogo, já que Gray ouviu quase o tempo todo. E não, nós não brigamos” A mente de Lucy tentava trabalhar e visualizar a cena. Gray e Natsu, sentados em um sofá, conversando naturalmente sobre a vida. Ô utopia. Mas se Natsu a dizia que conversaram, é porque conversaram. E saber que não brigaram e que Gray nem mesmo revidou uma das possíveis acusações de Natsu, só deixava a garota de ouro mais preocupada ainda.
“Eu não sei o que fazer, ou como ajudar. Ela está tão machucada, Natsu.” As lágrimas que logo cairiam embaçavam sua visão. “Eu não consegui entender já que ela é tão segura em batalhas. ela nunca chegou na base com um arranhão, lembra?” Oh, sim. Ele lembrava "Ela me bateu sem problemas. Ela bateu no Gray. Gray foi o único que a derrotou. Mas com muita dificuldade. E eu ainda suspeito que ela não lutou com ele direito." Lucy faz uma pausa para apanhar ar, ainda encarando Natsu "Tenho a leve impressão de que ela se distraiu com a beleza estonteante dele." Ri com lembranças de Juvia babando o cara. Lucy achava hilário, talvez até ridículo, mas desejava com todas as forças voltar a ver aquela garota outra vez. Juvia estava deplorável. Talvez não estivesse tão mal assim, mas só o fato de estar machucada assustaria a qualquer um. Juvia era nadadora quando menor. Os olhos cor do oceano e um vício pelo mesmo, o que fazia a garota ter o apelido de mulher da água. Só para não chamar de aquamaníaca mesmo. Juvia tinha uma propriedade muito parecida com a água. A garota era incerta. Escorria pelas mãos adversárias. Ninguém a pegava. Não era a líder, e não era a mais forte. Mas sem dúvida alguma, tinha o melhor reflexo de todos ali. Não duvidava que fosse possível Juvia ser acertada uma, duas, até três vezes em uma batalha. Mas 40, 50, 60? a pele branca da menina estava banhada em vermelho maçã do amor. Lucy precisava treinar mais. Para protegê-la, como ela a protegeu.
"Como assim beleza estonteante?" Natsu parecia bravo, mas Lucy não pareceu entender.
"Sim. A aliança tem muitos rapazes bonitos, Gray, Gajeel, Jellal, você"
Você... Por um instante achou que não entraria na lista.
Esperava ele que não se tratasse de um ranking. Não que quarto lugar fosse ruim, mas na lista dela, segundo já era péssimo.
Ela o achava bonito. Ponto positivo
Estavam a sós. Ponto positivo
Ela estava linda. Ponto positivo permanente
Ele estava suando. Ponto negativo
A coragem se dissipando e ele já em pânico. 'Mantenha a conversa, Natsu', dizia para si mesmo.

“Quando for a hora, todos vão saber o que aconteceu. Só temos que esperar” Juvia realmente o estava preocupando. E muito.

“Eu sei. Só acho que quanto mais esperamos, mais longe aquele quem fez isso fica. Ele pode fazer outra vez. Com outra pessoa. Eu tenho medo, Natsu. Tanto por mim quanto por qualquer outro. Viu o estado dela? Viu o estado dela” Sua feição de horror fazia Natsu se dividir em dois. O que nunca vai largá-la, que vai guardá-la sempre; e o que vai sair sem rumo atrás que quem nem mesmo sabe e quebrar certo indivíduo em oitenta e cinco pedacinhos. Um para cada arranhão da garota. E os juros.

“Eu vou caçá-lo. Eu vou achar onde quer que esteja. Eu não vou deixar ele machucar ninguém. Ele não vai te machucar, está bem? Eu vou te defender.Eu prometo”
"Obrigada, Natsu. Eu..." Levanta o rosto o encarando sem se deixar desviar o olhar.
Ele sempre estaria lá. Ela não sabia se ele a tratava de modo diferente por achá-la dependente, ou porque realmente a olhava de outra forma. Tinha medo de alimentar esses desejos e pensamentos para que não se machucasse depois, mas não conseguia deixar de pensar que talvez ele sentisse o mesmo por ela. E ela precisava saber. Se pôs na ponta dos pés e envolvendo o pescoço do rapaz e o beijando delicadamente. E ele sorriu em meio ao ato, no final das contas ela era realmente dele .
"Desculpe. Eu não sei o que eu... Sinto muito" Ela tentava se acalmar e equilibrar seu estado culpado e eufórico. Se desculpava, mas não estava nem um pouco arrependida.
"Não posso desculpar você, Lucy" Agora sim ela estava em pânico. Oh, o que havia feito? Perderia o amor que nunca teve e a amizade preciosa. Talvez ele tivesse retribuído por pena, extinto masculino, ou a achava atraente e nada mais. Lucy se torturava com suposições e quase não ouviu o que ele disse depois "Eu preciso da minha honra, Lu. Sabe? Honra é algo que um homem preza muito. Me desculpe por isso"
"Pelo quê?" Atônita ela questiona.
"Por isso" Desta vez o beijo só cessou quando o ar lhes faltou aos pulmões."Eu amo você, Heartfilia"
E assim, ela permitiu que suas lágrimas escorressem.
"O que foi? Já fiz merda?"
"Não, não" A garota sacudia a cabeça dissentindo. "Eu só achei que isso não fosse" acontecer. Tomou fôlego e tentou não soluçar "Sabe? O grande Dragneel e... eu? Não soa muito equilibrado. Achei meio impossível"
"Gray também disse isso. Mas por outra razão. Você é mais do que pensa, Lucy. é uma garota de ouro. Tem um motivo para isso. O que ele disse, é que sou muito lento e que não suportava mais te ouvir falar isso para ele" Lucy abaixou a mirada envergonhada, fazendo Natsu sorrir "Isso é cruel, Lucy" Levantou o rosto da jovem com cuidado "Muito cruel"
"Que vergonha. Vou matar Gray"
"Ele já está morrendo. Resolva isso depois" Natsu não ia esquecer isso.Não mesmo. Qualquer conversa o fazia ver Juvia desmaiada no colo do irmão. "Se bem que eu acho que deveria agradecer" Tentou descontrair "Você mesma disse. Sou o grande Dragneel"
"Ok. eu retiro o que eu disse"
"Você é mesmo cruel"
"Mas talvez eu agradeça"
"Não tão cruel"
E Lucy o beijou outra vez. O rosto ainda molhado transferindo parte das lágrimas para o rosto dele. Os lábios sorrindo outra vez transferindo os sentimentos, em uma troca intensa, gentil e prazerosa.
"Nem um pouco cruel" Ele diz.
Eles olhavam um para o outro sem dizer nada. Sem se incomodar. E a campainha toca.
"Quem é?" Grita Lucy, sem compostura alguma e Natsu sorri - outra vez. Era incrível como ela fazia isso sem esforço.
"Loki!" Grita de volta.
"Pode entrar. Já está aberta"
"Você precisa aprender a fechar a por..." Loki se interrompe ao ver as mãos do ruivo nos quadris da garota. "Interrompi, não é? Sinto muito, mas está ma hora, Lucy." Depois dirigiu um olhar singelo e zombeteiro a Natsu. "Finalmente, hein, Dragneel" Natsu ia responder, mas Lucy sinalizou para ele, que desistiu.
"Tenho que ir, Natsu"
"Eu não gosto dele" Sussurra em seu ouvido.
"Preciso dele para ser a garota de ouro, Natsu. O apelidinho fofo não é só pela cor dos meus fios de cabelos"
"Humpf"
"Pode ficar aí se quiser. Não vou demorar" Ela já sabia que ele ia ficar, mas era bom dizer que ele era bem vindo ali. Principalmente dadas as circunstâncias.
"Tudo bem. Mas eu ainda não gosto dele"
"Ele é um dos meus treinadores, Natsu"
"Muito novo. e tem cara de tarado"
"Já está assim, é? Credo" Fala gargalhando
"Assim como?"
"Nada, Nat." Gray tinha mesmo razão. Natsu era bem lentinho às vezes. Embora o formigamento em seus lábios contestasse isso.

Com um beijo rápido ela deixa o rapaz na apartamento. O olhando e sorrindo pela última vez e fitando um último móvel antes de deixar o local.

Olhando o baú com suas relíquias, fechado. Guardando os seus segredos. Um bela toalha bordada o cobria e, por cima desta, um vaso em vidro com uma única flor de alecrim ao lado de um livro médio. Juvia contagiava com seus gostos: Floriografia - "Le Linguagem Des Fleur, escrito pela francesa Madame Charlotte De La Tour em 1819. (A linguagem das flores). Olhava a flor e lembrava o significado.

Sorriu outra vez.
"Obrigada, Ju"

E saiu.


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Notas finais do capítulo

Alecrim: coragem e fidelidade.



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