Tulipas Azuis escrita por Zora


Capítulo 4
Lavanda


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, aguardo vocês, ok?
Eu estou empolgada!



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Gray observava a chuva pela janela. Achava irônico tudo aquilo acontecer agora. Junto com aquele turbilhão de sucessões que o próprio considerava assustadora. O incontestável é que a garota estava certa em cada palavra, mas de certo não esperava ouvi-las. Talvez sim, mas não proferidas pela pessoa mais meiga e amável que já conheceu.
Alguma coisa não estava no lugar. Afinal, o que estava?
Juvia ainda mais fria que seu amado - isto é, se anda o amasse, e Gray sofrendo com isso. A situação atual fez o homem pensar se era assim que Juvia se sentia após sua dose de rejeição frequente. Imaginou que não. Ela tinha um gás para lutar pelo que almejava que ele realmente admirava. Sua perseverança era sem dúvidas invejável. Sempre corria atrás de eus sonhos, sempre corria atrás dele.
Parando para raciocinar, talvez não fosse tão inabalável assim, tal como ele não era tão insensível. Se ele podia se mostrar imparcial com sua máscara de insosso , muito bem podia ela ser uma ótima atriz igualmente.
De tudo isso ele só tinha uma certeza: Estava filosofando demais. Precisava esparecer.
Se apaixonar não estava em cogitação. Nem mesmo aqueles olhos profundos o fariam mudar de ideia.
Nem mesmo aquelas bochechas rosadas.
Nem mesmo aquele sorriso tímido.
Nem mesmo o jeito gracioso quando ficava desconcertada.
Muito menos os cabelos azuis esvoaçantes com cheiro de lavanda.

Não, nem mesmo isso. Nem mesmo o fato de ela já tê-lo entregue seu coração rachado.
Ele não o queria. Ele terminou a clivagem do órgão de vidro que tinha na mãos.
Não pode culpá-la por não ter um coração agora. No fim das contas, foi ele quem o destruiu. Sabia que não era o responsável por tudo. Mas podia salvá-la e, decidiu finalizar o processo da forma mais simples e ligeira. Um processo de cura daria mais trabalho que um de destruição, óbvio.
Fez o que todo ser humano faz: Buscar o caminho mais fácil.
Decidiu caminhar. Sem se importar com a chuva. Quem enfrentou a tempestade de neve dentro daquela enfermaria não se importaria em caminhar com gotas d'água no corpo.
Errado. Ele estava errado. Demais.
Cada gota gélida que percorria seu corpo era como uma palavra de acusação sobre ele, como se ela quisesse que a cada lugar que ele fosse, sentisse sua dor. E e realmente fosse assim, ela estava conseguindo.
"Está mal, não é querido amigo?" Natsu o chama atenção. Estava parado em uma cafeteria com expressão séria. Estranho, não mais que seu dilema, mais ainda assim estranho. Passaria despercebido por Gray.
"Natsu, agora não"
"Senta aí. Agora nós vamos conversar"
"E se eu não quiser?" Gray já estava irritado com a pose autoritária do rapaz, não acataria sua ordens.
"Podemos conversar como homens de verdade pelo menos uma vez?" Aquilo surpreendeu Gray. Talvez a Natsu mais ainda. Eles precisavam crescer e, talvez o destino não estivesse deixando-os decidir quando. Tinha que ser agora.
"Claro". Arrasta a cadeira fazendo um barulho alto e incomodando os frequentadores do local. Não se importou, nunca se importava.
"Você parece o garoto que chegou aqui em Magnólia"
"Babaca e chorão? Sério, eu não preciso ouvir isso hoje" Inclina a cabeça para trás respirando devagar. Vendo que o amigo não falaria mais nada, Natsu continua.
"Um cara. Um cara de verdade. Não estou feliz que esteja sofrendo, Gray. Mas prefiro que seja assim a ter um apático na equipe"
"Natsu, é sério. Outro dia você me ensina a ser um ser humano melhor. Eu realmente não preciso ouvir isso hoje"
"Sabe..." O ruivo o ignora " Lucy me contou sobre a Ilha Galuna, e todos da Fairy Tail sabem que você têm questões pendentes com seu passado. Mas, você sempre sofreu por ser tarde demais, Gray, é sério. Perdeu seus pais, perdeu Ur. E se culpa por eles. Não importa o quanto digam que a culpa não foi sua. Você tem que seguir em frente cara. Existem pessoas que precisam de você para seguir também. Não é só a sua vida que você está retardando "
"Fala da Juvia..."
"De quem mais eu falaria?" Ele responde como se fosse óbvio e realmente era.
"Acho que essa fase já foi encerrada. Juvia já viu que nós não fomos feitos pra ser um casal"
"Ela nunca vai enxergar as coisas desse jeito. É impossível. A garota grita pra quem quiser ou não ouvir, ela te ama"
"Talvez tenha sido só uma grande admiração"
"As pessoas admiram aquelas que amam"
"Mas nem sempre amam aquelas que admiram. Ela pode ter se confundido"
"Não,Gray! Pare de fugir. Você só vai admitir quando ela estiver morta?! Fique sabendo que aí ela não vai mais te ouvir!" Natsu chama atenção de todos ao levantar esmurrando a mesa. Olha ao redor e abre os punhos, sentando desengonçado na cadeira novamente.
"Eu sei de tudo isso, Natsu, mas pelo que pude perceber não dá mais tempo pra mim. Acabou. Percebemos as coisas ao mesmo tempo e, agora estamos na mesma situação, mas de papéis invertidos. Ela não quer mais saber de nós. E sinceramente, eu não acho que ela está errada, mas..."
"Aconteceu alguma coisa que a fez se comportar assim" Analisa Natsu.
"Eu não sei o que pode ter sido. É claro que eu sei que mereço isso. Mas é estranho ela ficar assim depois de perder uma batalha. O que foi que ela pensou? 'Perdi uma batalha, não quero mais saber do Gray'. Porque agora nem de Gray-sama ela me chama mais"
"Você não disse que não gostava?"
"Eu já disse tanta coisa pra ela se afastar, ou se sentir indiferente a mim, que eu não acreditei que ela fosse mudar depois desse tempo todo"
"Está na sua cara que você sente falta dela"
"Eu sei. Eu sei, tá. Estou fazendo isso por ela, Natsu. Não me torne o vilão da história."
"Não disse isso, Gray. Eu só acho que isso não está certo"
"Eu me mantenho longe de todos. Por que ficaria perto logo dela?"
"Porque o contrário é difícil pra você. Eu via quando discretamente você se aproximava dela, fazendo tudo parecer coincidência "
"Opa" Diz envergonhado coçando a nuca e mudando logo de assunto " Esse é um ótimo motivo para a manter longe"
"Você nunca vai tê-la assim, Gray!"
"Natsu, eu só a quero segura. Será que nunca vai entender?"
"Só acho que você deveria consultá-la antes de tomar uma decisão pelos dois"
"Eu a quero viva. E estar longe dela faz parte desse processo"
"Eu não sei o que te falar, desculpe"
"Eu a queria tanto, Natsu" Diz em meio a um sopro enquanto uma única lágrima alcançava suas bochechas. "Você tem sorte de poder ter a Lucy. Não a deixe escapar, sério"
"Eu não vou. Obrigado. Eu só não sei como falar com ela"
"Seja normal. O tonto retardado que ela gosta." Sorri fraco sem se importar em limpar a lágrima que já secava em seu rosto.
"Ora, seu!" Natsu levanta encarando Gray furioso, mas por mais incrível que possa parecer, deixa uma quantia na mesa, sorri e ruma em direção oposta a Guilda e à sua casa.
"Já vai na casa dela?" Pergunta se divertindo com as bochechas vermelhas do amigo, que volta ao lugar onde estava.
"Eu só preciso ser o idiota de sempre, não é? Não pode ser tão difícil"
"Bem, meus parabéns, então"
"Diga isso depois que ela aceitar a namorar comigo"
" Ela vai. Isso só não aconteceu por culpa sua." Comenta sarcástico.
"Sendo assim, obrigado." Ele observa o péssimo estado do amigo e se sente mal, ao mesmo tempo que se sentia mais determinado ainda quanto ao que queria fazer.
Natsu se distrai um pouco sentindo o cheiro das flores que estavam ao lado das mesas de fora do café e, sabia que era um aroma familiar. Inspira forte e Gray parece entender o que o colega queria constatar.
"É o cheiro da Juvia"
"Ah, claro" Ri um pouco constrangido. "Tem alguma coisa errada nisso, e nós vamos descobrir o que é. Alguma coisa está acontecendo com ela. Mas as coisas vão acabar bem, Gray. Você vai ver" Completa o mais novo filósofo da guilda. Ele estava se superando cada dia mais.
"Assim eu espero. Agora vá logo antes que sua pouca coragem vá embora"
"Acho que não sou eu o covarde aqui" Ele pega seu dinheiro da mesa e põe no bolso, correndo em direção àquela que desejaria passar todos os seus dias.
"Natsu!" Gray bufa derrotado. Pega o dinheiro e coloca sobre a mesa, se levanta e continua seu caminho até qualquer lugar longe dela.
De certo havia algo errado. E tentar saber o que era sem resultado nenhum estava o deixando mais inquieto ainda.


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Notas finais do capítulo

Lavanda: Admiração/Desconfiança



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