Tulipas Azuis escrita por Zora


Capítulo 2
Ciclames Brancas


Notas iniciais do capítulo

Bem pessoal, este é um capítulo importante e gostaria que lessem-o com atenção.
Pessoal, recomendem e favoritem. Acompanhemos essa corrente de Gruvias tão bons quanto Nalus (talvez mais)
Leiam as notas finais. São importantes.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/371816/chapter/2

Liberto parcialmente do pavor que o preenchia, Gray finalmente se decide por dormir, depois das quase três horas que se arrastavam num cínico tik-tok de dar inveja a Hologorium, um dos subordinados de Lucy - completo louco viciado em relógios.
Ainda sentado em sua cama, de cotovelos apoiados nas coxas, se questionava o por quê da reação exagerada há pouco. Sempre se preocupou com os amigos, sempre temeu por eles. A anomalia do caso não era motivo para desespero, finalmente conclui. Mas, sendo assim, o que seria?
A perda de sua mestra Ur e de seus pais invadiram sua mente assim que a viu. Lembrou-se do momento em que a deitou na simples cama da enfermaria, onde foi possível notar mais ferimentos, principalmente em suas costas e nas pernas incomumente desnudas, as quais não reparara antes de cobri-la. Além disso, rasgos não retilíneos ocupavam toda a extenção de seu tronco, dois deles chamando maior atenção. Poderia ter sido qualquer coisa, Gray nem mesmo conseguia arriscar uma situação. O que quer que tenha sido, somente Juvia e Wendy poderiam dizer, e pelo que havia notado, a pequena criança não estava em condições para tal.
Tomado pelo cansaço, se permite deitar e, confirma ao seu corpo que precisa de descanso. Embora sua mente continue trabalhando ávida, sedenta por uma reposta plausível.
Suas suposições o torturavam. As hipóteses o estavam deixando louco!
Ao começar ao deitar, sente o corpo rígido, resultado do longo tempo na mesma posição com o olhar fixo, pregado em um ponto qualquer da parede, perdido em pensamentos . Como se houvesse passado uma temporada no freezer. Protestando contra as incômodas dores por todo o corpo, ele termina de se deitar, seu olhos pesaram poucos minutos depois.


Acorda mais cedo que de costume. Indisposto -resultado da péssima noite de sono- e ansioso na mesma proporção. Seu corpo clamando pela cama, e sua mente por notícias.Se apronta o mais rápido que
consegue e segue até a aliança, onde encontra todos os companheiros bebendo e conversando alto. Era notório que não estava aquela farra horrenda que secretamente tanto amava, mas mesmo que não
fosse tamanho alvoroço ao qual estava acostumado, era sinal se que ela estava bem. Por ora era o suficiente.
O rapaz que se dirigia até o balcão, repara que Mirajane se encontrava em uma mesa não tão longe e, se redireciona até a mesma, que conversava com Macao, Wakaba e Cana, com o cenho franzido e a cabeça tombada para o lado. Não sabia o que eles tanto conversavam, mas uma coisa que concluiu, era que trivialidades poderiam esperar.

"Mira" Gray a chama sem ao menos se importar com as reclamações provenientes dos amigos interrompidos.
Ignorando a ausência de educação do companheiro, Mirajane lhe direciona total atenção, não merecida por sinal. Mas sua gentileza nata e a feição atordoada de Gray a fizeram ser toda ouvidos.
"Sim, Gray?"
"Ela ainda lá em cima?" O garoto evita rodeios. Sua paciência se esvaindo e indo se encontrar com sua educação e bom humor que já não estavam presentes há tempos, principalmente depois de ver a amiga fazer involuntariamente uma careta que não o confortava em absolutamente nada.
"Está, mas você não pode vê-la" Ele arqueia de imediato a sobrancelha e entorta a boca, fazendo Mira lhe sorrir achando graça, tentando cofortá-lo "Ordens da Erza. Ela disse que Juvia vai precisar descansar e que não precisa de ninguém importunando-a. Embora eu realmente discorde que você se enquadre nessa categoria, certo, Gray?" O olhar bem direcionado de Mira, a batidas frenéticas de seus indicadores nas maças do rosto, unidos ao olhar penetrante que só a dona dos cabelos prateados conseguia dar, o deixavam desconcertado. Sentiu as bochechas arderem e por pouco, muito pouco, não
conteve o ímpeto de socá-las. Pôs as mão espalmadas no local e não compreendia no que estava fundamentada a reação corporal.
"O quê? Isso não faz sentido algum!" Intrigado, sussurrava para si mesmo, enquanto buscava no mais fundo de sua cabeça uma resposta aceitável. Por sorte, talvez azar, não emitiu propriamente um sussurro.
A mais velha dos irmãos Strauss a princípio não sabia se Gray e referia a decisão de Erza ou a vermelhidão de suas maças. Mas os gestos do moreno acabaram por lhe entregar.
"Nunca faz, Gray. Nunca faz" Ela suspira e o amigo imita o ato, deixando claro que estava exausto. Pelo que Mirajane pôde observar ele já estava saturado de questionamentos. "Quer conversar?"
"Eu só não entendo o que está havendo aqui" Ele segura a cabeça com ambas as mãos, sacudindo-a atordoado. "Eu já procurei a resposta, mas..." Ele deixa o final no ar. Apreciando a bancada de mogno como a uma obra de arte. Os olhos vagos, sua mente presa em lembranças que nem mesmo ele sabia que seu cérebro havia retido "... eu não encontrei resposta alguma"
"Talvez você não esteja procurando no lugar certo, Gray" Dito isso, ela retirou as duas mãos do mago de sua cabeça e pousou uma delas em sei peito,mais precisamente, no seu coração.
"Talvez eu não possua mais um desses depois de tanto tempo, Mira." A maga lhe ofereceu um sorriso fraco, olhou de forma tão intensa, que Gray a sentiu analisando sua alma. Logo após ela sorri, de forma aberta e claramente verdadeira, contagiante até. Afagou os cabelos de Gray, desarrumando-os mais ainda. Com os olhos marejados de leve, se vira para voltar a seus afazeres, não antes de dizê-lo
"Você sabe que tem, Gray"
O mago, de início não havia compreendido nada, mas ao esforçar um pouco mais sua mente cansada, não lhe restaram muitas opções, afinal.

"Rei das cuecas, vamos lutar!" Natsu brota de um lugar aleatório com o propósito diário de atormentar a vida de Gray - que também faz o mesmo- e desafiá-lo.
"Não quero" Com essas simples duas palavras, Gray acaba calando toda a Guilda, exceto Happy, que ronronava em meio a seu sono. Os cérebros dos companheiros não associando em suas vidas as palavras Gray, recusar e luta associadas.
"Não é você que decide se vamos lutar ou não, stripper" O rosado insiste se preparando para socar o mago do gelo, que não parecia querer revidar.
"Natsu. Eu não quero"
Natsu estava ficando preocupado com o amigo/rival. Sem aquele ar rabugento, sem aquela energia que emanava dele de manhã. Um fato incontestável, era que Natsu era ingênuo e ignorante. Mas entender
que tinha algo errado naquele momento era quase impossível.
"O que houve, cara?"
"Só estou pensando"
"Quer conversar?"
"Acho que não sei nem por onde começar. Prefiro não falar nada"
"Tudo bem. Mas se precisar não se esqueça que não estou aqui só para te bater"
"Sonha rosinha" Gray ao caçoar do anormal tom de ruivo do amigo, se despede sorrindo fraco. Já um avanço para como começou o dia. Mesmo que sua auto-estima estivesse tão baixa que competia lado-a-lado com as raízes das grandes e velhas
árvores do parque, ele podia se considerar melhor.
Talvez se sentisse melhor depois que a visse, era o que pensava. Foi então que se deu conta de que não viu Erza por todo o tempo que esteve no local. Se fosse rápido, poderia completar sua perigosa
jornada de vinte passos, antes que Titânia o impedisse de dar o vigésimo primeiro ao quebrar sua perna.
Esperou Mira ir até o estoque abastecer o imenso barril da Kana. Correu fazendo o mínimo possível de barulho e, chegando ao quarto responsável pelas más lembranças, foi obrigado a se esconder às
pressas atrás de uma pilastra, que por sorte, era espessa o suficiente para escondê-lo sem grandes problemas. Ouvia a voz de Scarlet. Aliás, foi esse mesmo o motivo pelo qual se escondeu. E mesmo achando infantil, pôs-se a ouvir a conversa decorrendo no cômodo.


"Peço desculpas mais uma vez, Juvia. Eu deveria ser mais forte, eu ..." Wendy foi impedida de continuar por seus fungos descontrolados
"Não se culpe, Wendy. Aliás, eu adorei as flores"
Juvia se pôs a pensar se a pequenina conhecia mesmo o significado da flor ou se era pura coincidência . Dois pares de ciclames brancas. Era no mínimo irônico.
"Que bom que gostou,Juvia" A menina não cessava o choro
"Não chore, Wendy. Juvia já disse que não foi sua culpa. Que tal mudar de assunto?" Ao ver a pequena assentir ela prossegue "Sabia que eu amo muito as flores?" Wendy nega com a cabeça e dá a deixa pra que a enferma seguisse com a história " Eu já estudei muito coisa sobre as flores. É incrível!" Sorria fraco, mas ainda assim animada. " Amo ganhar flores. Mais do que muitos objetos, ou até mesmo joias. Veja" Juvia pega uma das flores da cabeceira e mexe nas pétalas "É linda, e é bem aveludada também. Veja como é fofa, Wendy" A jovem passeava delicadamente com a flor nas bochechas de Wendy, que gargalhava tímida enquanto Erza e Lucy olhavam a cena silenciosas maravilhadas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

As ciclames brancas significam pedidos de desculpas entre amigos!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Tulipas Azuis" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.