The Best Of Both Worlds escrita por Carol Howard Stark, Liran Rabbit


Capítulo 4
Perigo em Potencial




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Elena

 

O chato para qualquer adolescente é acordar cedo com o despertador ao estilo antigo, mas naquele dia foi diferente. Não é só porque estamos de volta para o nosso antigo apartamento que Carmen iria virar uma ditadora!

Sonolenta, tateei a mão pelo criado-mudo e o joguei no chão, ouvindo feliz o barulho das peças do despertador retro e remexendo-me na cama, tentado voltar a dormir.

A porta do quarto se abriu, só notar como a mesma foi aberta, deduzi que tia Alana ainda estava por ali e não tinha voltado para sua casa.

Diferente de minha irmã, Alana cuidava de mim como se fosse a filha que ela nunca conseguiu ter e tentava retribuir da mesma forma com Carmen, mas ela sempre se esquivava por medo de perder mais alguém, nossos tios estavam inclusos.

— Melhor acordar querida, você tem aula hoje – Avisou numa voz carinhosa – Talvez quando você voltar da escola, vamos poder voltar para casa.

Não tínhamos passado um semana ali e voltaríamos? Aconteceu alguma coisa com o tio James, tia Alana nunca tinha falado de uma maneira tão confiante...

— E antes que mencione seu tio, ele aprovou nossa volta e não, ninguém vai ficar lhe perseguindo – Comentou com humor, acabei rindo e sentando na cama.

A janela do quarto era aberta e a manhã clara adentrava o cômodo, espreguicei e vi tia Alana sair do quarto.

Se voltaríamos para casa, fiz questão de já arrumar minhas roupas na segunda mochila e deixar o quarto neutro, como se ninguém o tive-se usado.

Quando andei pelo corredor e fui à cozinha, um saco plástico estava sobre a bancada e dentro dele um sanduíche. Queria dar a sorte de deixa-lo inteiro até a hora do intervalo, mas poderia ter que comprar um lanche na cantina ou o lanche do refeitório. Ambas não eram boas opções...

— Esse aqui é meu, não é? – Perguntei, atraindo a atenção de Alana que estava na lavanderia.

— O sanduíche? Pode ficar, deixei para sua irmã. Esse tem pasta de amendoim, o seu ainda vou preparar – Respondeu.

— Amendoim não é tão ruim, só fica ruim quando tem geleia e só assim é terrível... Parece um monstro da comida – Falei, fazendo uma careta – Arrumei minhas coisas, é só jogar na lata-velha da coisa que vocês chamam de carro.

— Não fale assim da lataria... Se fosse um ford impala você não estaria reclamando.

— O impala não tem relação com a conversa tia Alana, não seja tão careta por causa da lata-velha – Resmunguei – Melhor eu ir logo, ou vou acabar me jogando no sofá e não querendo sair daqui.

Peguei sanduíche embrulhado e coloquei dentro da mochila, despedindo-me de tia Alana e saindo do apartamento e correndo até chegar na escola, que por azar era um tanto longe.

Se acabasse me atrasando, só por ter feito o tour com o novato aka perigo em potencial, não importaria o atraso se no caso eu tivesse arriscado minha pele e querida vida, mas eu entraria na sala e não iria ficar esperando na direção ou muito menos no pátio.

Avistando o portão, entrei rapidamente e segui pelo campo aberto até dentro do prédio. Poucas pessoas estavam por ali e um alerta em minha cabeça começava a apitar. Fui até a parede com a lista das salas e anotei mentalmente a minha, indo em direção ao segundo andar e entrando na sala, vendo que nem a matéria tinha começado.

Sentei em um lugar que não fosse marcado por grupos idiotas de alunos e segui prestando atenção nas três aulas até o intervalo, tendo que ouvir gritos histéricos de garotas que não se viram nas férias.

Sério, qual a necessidade disso?

Procurei um lugar distante da multidão da cantina e perto da área aberta e comia meu lanche, o mais rápido que eu teria ali.

— É difícil encontrar você nessa multidão – Olhei para a pessoa que se direcionou a mim, era o garoto com nome de cachorro, Rex.

— Se eu soubesse que era tão importante a ponto de começarem a me procurar, até que eu faria um esforço para ficar visível para pessoas interessadas em mim, mas que nunca me acham.

— Sem perder o humor, olá Elena – sentou-se ao meu lado e ofereci o sanduíche a ele, que logo recusou.

— Não esqueceu meu nome, que coisa lindo nome de cachorro – Sorri ao ver uma careta formar-se em seu rosto – Espero que não tenha esquecido o fato de pessoas da providencia terem invadido a faculdade onde minha irmã estuda e foi selecionada para responder perguntas de não sei o que.

— Como? – Indagou confuso.

— Rex, vamos ser diretos e sem lenga lenga. O que você quer? Veio fazer como aquele idiotas tentaram com o meu tio ou fazer perguntas como tentaram com a minha irmã?

— Espera, Elena... Será que dá para voltar a fita e deixar de ser um carrasco? – Perguntou estupefato.

— Querido perigo em potencial, poderia apenas responder minha pergunta? –Perguntei cética.

— Eu não sei de nada do que você esta falando e não, não irei fazer o que fizeram a sua irmã e tio, pelo simples fato de não saber o que esta acontecendo – Respondeu e foi difícil notar se estava mentindo.

— Eu perdi minha família por causa dos e.v.o.s, eles sumiram e tentaram explicar que a causa era que ambos tinham morrido em um ataque... – Contei e olhei pelo pátio pessoas sendo elas – Carmen cuida de mim desde que isso aconteceu e depois tivemos ajuda dos nossos tios.

— Eu sinto muito pela sua perda...

— Não sinta, eles não morreram... – Respondi convicta, virando para ver o rosto dele e notando uma coisa: pena.

— Se eles estão vivos, por que não voltaram então?

— Não esta na hora, eles vão voltar... Ela prometeu... – Minhas mãos tremiam de nervosismo.

— Sua mãe? – Concordei com a cabeça – Talvez um dia, mas é incerto ainda... Eu também perdi meus pais, perdi memórias que tive com eles e até do meu irmão...

— Irmão?

— O nome dele é César, egocêntrico e chato. Sua sorte é que sua irmã parece ser sã – Só com essa dei uma risada.

— Carmen pode ser muitas coisas, sã ela não é – Respondi entre risadas e parei quando ele ria junto – Perigo em potencial, deveria estar lanchando ou arrumando amizades.

— Você foi a pessoa mais interessante que conheci hoje minha amizade esta em outra escola. Noah nunca mudaria de cidade e escola para ficar me aturando.

— Olha só, já estava pensando que o perigo era sociopata – Comentei com humor, mas recebi um olhar sério vindo dele – Com essa descrição de perda de memória e um amigo em outra cidade, sociopata é o menor dos seus problemas – Dei de ombros e o ouvi bufar.

— Você tem muitos amigos?

— A maioria são chatos, por quê?

— Então eu não sou o único sociopata na roda de amizade – Respondeu, sorrindo.

— O Noah deve te aturar bastante, você é chato hein... – Comentei, o que só gerou risos por parte de Rex – Pra que salvar o mundo e ainda vir a escola?

— Bem, acham que eu deveria ter uma vida normal depois de várias coisas – Deu de ombro.

Ficamos conversando normalmente até o sinal tocar avisando que o intervalo tinha acabado. Espreguicei-me tirando a tensão do corpo e andei em direção as salas junto a Rex, mas parei quando uma pequena multidão começava a se formar um dos garotos do time de basquete ficou a frente, encarando com raiva o perigo em potencial.

— Olha só o que o circo dos horrores deixou para trás... – Uma coisa tipica dali era garotos como o Jason, chatos e sem miolos – O que? Vai chorar? – Perguntou zombeteiro e algumas risadas da multidão foram e virei-me para Rex, vendo-o se controlar – Por que não vai estudar em outro lugar, hã? E aproveita e namora com a nerd em outro lugar, aberração.

— Ei! Jay, cala a boca e fica na sua! – Ralhei com ele e puxei Rex pelo ombro – Vamos, esse ai é perda de tempo...

— Vai precisar da sua namoradinha pra te defender? Se liga mané, ninguém te quer aqui!

— E ninguém pediu sua opinião – Devolvi para Jason, vendo seu rosto ficar vermelho – O minimo que você deveria ser no momento é ser o jogador do time de basquete e estudante, e não um ser idiota de opinião leiga.

— Escuta aqui sua nerd...!

— Não! Escuta aqui você seu monte de carne, não tente meter ela num assunto que você começou comigo – Rex respondeu com raiva – Eu já tenho namorada e não preciso de alguém me defendendo, se eu tenho alguém fazendo isso é porque a pessoa é minha amiga. E eu defendo e fico perto dos meu amigos! – Respondeu e dessa vez quem no tirou da multidão foi ele, indo pelos corredores das salas de aula e esperando ao meu lados os professores e alunos chegarem.

— O nome de cachorrinho tem namorada é? – Zombei.

— Não enche! – Respondeu sorrindo e dando uma risada.

Acabei rindo e entrando na sala quando o professor entrou, muitos dos alunos cochichavam durante a aula e algumas vezes uma bolinha de papel era jogada em mim. Apenas ignorei e esperei pacientemente as restantes três aulas.

Na hora da saída, andei até o portão e segui pela calçada, esperando ver alguém familiar antes de ir embora, mas como tia Alana mencionou que voltaríamos para casa, resolvi pensar que Carmen estaria me esperando.

Como esperado, Carmen estava apoiada atrás de um carro preto da qual reconheci de imediato. O impala!

Mas só depois de notar o carro, vi o visual da minha irmã... Ela tinha cortado o cabelo?

— O que você fez com o seu cabelo? Não responda que o cortou, apenas o que deu para você fazer tal coisa.

— Mudar, deixar o novo vir... – Riu com a minha careta – Vamos, quero te mostrar a nova máquina lá em casa. Não, ela não vai acordar ninguém a noite.


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