Vamos Falar De Amor escrita por ed


Capítulo 6
Vamos falar de desespero


Notas iniciais do capítulo

Bom pessoal, achei esse capitulo meio triste. Me digam lá em baixo o que acharam com comentários. Aproveitem a leitura.



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POV Sophie

Hoje era sexta-feira e como toda sexta eu estava na minha consulta semanal. Não que eu tivesse alguma esperança da minha visão melhorar sem passar por qualquer tipo de operação, por mim, eu nem iria em clinica nenhuma. Mas minha mãe insistia para que eu continuasse as consultas. Eu procurava não pensar no meu problema de visão, sempre me mantive sorrindo e tentei passar segurança para as pessoas quando falava sobre, tentei ao máximo ficar sem me importar com o que poderia acontecer. Toda vez que eu ia naquela clinica era como se me torturassem, odiava aquele lugar. Só de imaginar que desde a primeira vez que fui lá, só recebi más noticias... dessa vez não seria diferente.

POV Bernardo

Mariana deveria ter sido mais gentil comigo na hora de me acordar, eu dormi no chão ao lado da cama. Não merecia ter sido acordado aquela hora, ainda mais daquele jeito. Ela havia me chutado para eu me levantar, claro, não aquele chute com força, um chute carinhoso, porém um chute.

– Isso é jeito de se acordar alguém? – Falei esfregando os olhos.

– Isso é hora de estar dormindo? Vamos levante logo. – Ela me olhava de cima, com os braços cruzados, ela usava uma blusa que era minha que ficava enorme nela.

Depois que tomei banho, Mariana foi ver como estava o corte de ontem. Para mim, estava normal e não precisava de cuidados. Porém como ela ama me proteger de tudo, decidiu colocar remédio para fechar o corte e depois colocou um band-aid.

– Hm, acabei esquecendo de te contar. Minha mãe e meu irmão irão vir passar uns dias aqui em casa. – Falei desanimado.

– Você deveria estar mais animado com isso. É sua mãe, seu irmão. Não tem porquê não estar.

– Estou com saudades do meu irmão mesmo, mas sabe que não me dou muito bem com minha mãe né?

– Ela é sua mãe, e são só uns dias. Tente aproveitar o tempo que eles vão ficar aqui. – Disse Mariana sorrindo.

Zeus estava a cada dia maior e a cada dia mais bonito também. Me sentia orgulhoso por sair com ele nas ruas, seus pêlos brancos como a neve, sua aparência que lembrava um lobo.

Eu queria aproveitar todo o tempo possível ao lado dela, antes dela precisar partir. Íamos ao cinema, shopping, cozinhávamos juntos, jogamos juntos. Mariana já estava dormindo na minha, na nossa casa constantemente, não me importei com isso, por mim, ela moraria comigo. A cada dia que se passava eu gostava mais dela. Porém, ela ainda iria embora, cedo ou tarde.

POV Mariana

Bernardo me fazia tão bem, ficar com ele todos os dias até parecia que duraria para sempre. Que ficaríamos sempre juntos. Gostaria de ficar com ele por muito mais tempo, mais daqui há três semanas eu estaria indo embora. Meus pais já estavam em Santa Catarina, escolhendo uma casa para morarmos. Enquanto eu escolhia uma maneira de aproveitar mais o tempo. Enfim consegui dormir.

No meu sonho, eu voltava á ter nove anos de idade e chorava por estar perdida no meio da cidade, eu chorava de medo. Mas ninguém que estava ali parecia me notar, um menino bonito, de cabelos negros como a noite, deveria ter por volta de onze anos. Tomou minha mão e me guiou até minha casa, mesmo eu nunca dizendo para ele onde ela ficava. Tentei agradecer, porém minha visão ficou turva e quando percebi, estava no corpo do menino. Não entendia o que acontecia, a cidade começou a escurecer, tudo a minha volta começou a ficar tomado por escuridão. Tudo ficou completamente negro, até enfim perceber que não era os lugares que estavam ficando escuros, e sim a minha visão. Tudo ia perdendo as cores até por fim chegar num tom de cinza, e depois ao negro. Há única luz que eu via, era a do meu verdadeiro corpo, que me olhava incrédula. Meu corpo emitia uma luz, como se fosse a única esperança para toda aquela escuridão, aos poucos a visão foi piorando até também não enxergar mais aquela luz. Aquele menino, com toda certeza, era o Bernardo.

Acordei com minha mãe me ligando. Estava assustada com aquele sonho, não acreditava muito nessas coisas de quê ‘os sonhos querem nos dizer algo’ mais aquele, foi tão real. Atendi meu celular.

– Filha, que demora para atender. Tá tudo bem? – Perguntou Angeline com seu sotaque Francês.

– S-sim. Só tive um sonho, nada mais. – Respondi bocejando.

– Tenho ótimas noticias. Eu e seu pai já alugamos uma casa. A faculdade começa um pouco antes aqui, por isso, queremos que você venha no máximo segunda para cá. Você vai adorar, a cidade é linda, natureza, tranqüila, do jeito que você gosta. – Falava animadamente minha mãe.

Antes? Não era possível. Tudo o que eu temia estava acontecendo logo cedo. A manhã de sábado estava linda, só que para mim, estava como se fosse o mais cinzento dos dias.

– Mas mãe. Não tem problema perder uns dias, eu preciso ficar aqui por mais um tempo. – Implorava eu, já sabendo a resposta que vinha a seguir.

– Querida, você precisa estar onde seus pais estão. De qualquer forma, amanhã nos veremos. Sua passagem já está comprada, você só precisa retirar ela aí mesmo. Seu vôo é ás 19:00.

– T-tá. –As lágrimas já escorriam pelos meus olhos.

Assim que deixei o telefone cair das minhas mãos, voltei para minha cama e me abracei com meu travesseiro chorando.

(...)

Gostando ou não, eu precisava me despedir de Bernardo. Não podia ir embora sem ver ele. Fazia frio aquela noite, eu estava usando um cachecol rosa enrolado no meu pescoço, e andava com os braços cruzados tentando me aquecer.

Bati na porta da casa dele e ninguém atendia. Bati, bati e bati. Já estava indo embora quando ele atendeu.

– Desculpe, estava no banho. – Disse ele esfregando uma mão na outra.

Preferi não entrar, se eu entrasse correria o risco de não querer sair mais. Ele estava lindo, com os cabelos molhados e bagunçados, usava um casaco preto, como seus cabelos.

– Aconteceu alguma coisa? – Perguntou ele.

– Tem uma coisa. – Respondi triste.

– Está frio aqui fora. Você não quer entr... – Mariana havia me interrompido.

– Escuta. – Começou ela com lágrimas nos olhos. – Meus pais querem que eu vá embora amanhã mesmo, eu...eu preciso ir embora amanhã. Sinto muito Ber. – Ela colocou as mãos nos meus cabelos.

Mariana estava com os olhos vermelhos de tanto chorar.

– Você não pode... não pode ir agora. Eu preciso de você.

– Não quero ir agora. Não quero ir nunca se tiver que deixar você. – Respondeu ela mordendo o lábio inferior.

Já não entendia nada, não sabia o que dizer á ela. Apenas queria que ela ficasse. Tomei ela em meus braços e há abracei. A noite estava linda, o céu estava iluminado de estrelas. Mariana segurou minha mão e se afastou.

– Eu tenho que ir Ber. – Disse ela chorando.

– Como nós ficamos? – Perguntei limpando as lágrimas dela.

– Tenho que ir mas... eu vou sentir sua falta. Nem essa distância vai tirar você de mim Bernardo. – Falou ela forçando um sorriso.

Mariana me deu um ultimo beijo e partiu. Eu era tímido demais para falar que á amava, mesmo demonstrando. Mas, eu precisava falar. Mariana já havia desaparecido no meio da noite quando eu gritei.

– Eu te amo Mariana. – Sentia um vazio por dentro, como se tivessem levado uma parte de mim. E pela primeira vez em muito tempo, eu chorava por ter visto ela ir embora sem poder fazer nada.

Naquela noite, eu estava deitado em minha cama quando percebi que havia algo em baixo do porta retrato que ficava ao lado de minha cama. Em cima da mesinha do meu quarto, ao lado dos meus livros, estava uma foto nossa. De quando fomos ao parque. Na foto eu estava beijando a testa dela, e ela estava de olhos fechados sorrindo. E na parte de trás da foto, estava escrito.

‘Eu te amo meu príncipe’

Fiquei admirando aquela foto até adormecer pensando nela.

POV Sophie

Acordei de madrugado esfregando os olhos. Os médicos me disseram que esfregar e coçar os olhos só pioravam o problema, eu tentava me controlar, mas era muito difícil. Especialmente naquela madrugada, levantei desesperada e fui para o banheiro. Meu olho esquerdo estava completamente vermelho e mal conseguia se abrir, o direito estava vermelho e inchado, mais para mim, estava melhor que o outro. Nunca antes eles haviam ficado assim, eu lavava eles e colocava água neles para ver se melhorava. Mas parecia que só piorava, estavam começando a ficar pesados.

Eu usava dois colírios, um era pequeno e tinha o liquido amarelo, servia para não coçar os olhos. E também tinha outro que era maior, e possuía o liquido transparente. Esse servia para lubrificar os olhos. Usei os dois.

Depois de uns quinze minutos após colírios, a irritação voltou, o inchaço e a vermelhidão invadiram os meus olhos. Já estava desesperada e não sabia o que fazer. Não queria acordar minha mãe, muito menos Catarina por isso estava evitando fazer barulho. Eu sentia minha visão piorar conforme os dias passavam, porém não queria admitir isso.

Estava sentada no chão do banheiro, chorando sozinha para não acordar ninguém. Se a vida me deu esse problema é porque ela acha que eu sou capaz de enfrentar e vencer ele.Eu costumava pensar assim. Mas é duro ver tudo perder a cor lentamente.

Naquela madrugada, eu perdi completamente a minha visão esquerda.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado desse capitulo. Deixem comentários dizendo o que acharam do capitulo em geral. Até o próximo ;



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