Eclipse Lunar escrita por httpsdiamandis


Capítulo 7
Capítulo 7 - Lendas Quileutes




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            O “lual” seria perto de um penhasco, já estava tudo pronto, acho que estavam só esperando eu, Bella e Jacob. Todos da matilha estavam lá sentados, alguns em troncos, outros no chão já que não havia lugar. Por conta de nosso atraso, tivemos que nos sentar no chão. Jacob no meio como sempre, do lado oposto onde estávamos, estavam Billy Black( pai de Jacob), havia também um homem que devia ter uns 70 anos, Jacob dissera ser o avô de Quil, que tinha o mesmo nome do neto, e uma mulher parecida com Leah, olhei  confusa para Jacob, que rapidamente entendeu o meu olhar.

“A mulher se chama Sue, é a mãe de Seth e Leah, seu marido era do conselho, mas ele teve um ataque cardíaco e agora Sue assumiu seu lugar” esclareceu-me ele. Olhei para sua, que captando meu olhar, sorriu tristemente. 

            Todos estavam conversando, rindo, pude perceber que alguns dos garotos, tinham uma namorada, isso é normal, mais o jeito que eles olhavam para elas, era o mesmo jeito que...Jacob me olhava? Argh, eu to vendo coisas demais, quer dizer, ele ama Bella , não é?

“Qual é a melhor parte? Você engolir uma vaca inteira?”Bella grunhiu, mais eu estava imersa em pensamentos, então não tinha ideia do que eles estavam falando.

“Não. Esse é o final. Nós não nos encontramos só pra comer a comida equivalente a uma semana inteira. Isso é tecnicamente uma reunião do conselho. Essa é a primeira vez de Quil, e ele ainda não ouviu as histórias. Bem, ele havia ouvido elas, mas essa é a primeira vez que ele sabe que elas são verdadeiras. Isso tende a fazer um cara prestar mais atenção. É a primeira vez de Kim e Seth e Leah também.” Ele apontou com a cabeça em direção á Leah, Seth e Kim.

“Histórias?”eu e Bella falamos ao mesmo tempo.

       Jacob inclinou pra trás ao meu lado,já que eu estava um pouco longe. Ele passou o braço pelos meus ombros e os de Bella e falou ainda mais baixo.

“ As histórias que sempre pensamos que fossem lendas”ele disse. “ As histórias de como chegamos a existir. A primeira história sobre os espíritos guerreiros.”

Era como se Jacob estivesse sussurrando a introdução. A atmosfera mudou de repente ao redor da fogueira baixa. Paul e Embry se sentaram mais eretos. Jared cutucou Kim e então puxou ela gentilmente pra cima. Emily pegou um caderno de espiral e uma caneta, parecendo exatamente com uma estudante que havia sido escolhida para uma palestra importante. Sam se virou apenas um pouco ao lado dela – até que ele estivesse olhando na mesmo direção que o velho Quil, que estava do seu outro lado – e de repente eu me dei conta de que os anciões do conselho não eram três, mas quatro em número.

Leah Clearwater, fechou os olhos não como se ela estivesse cansada, mas como se fosse pra ajudar na concentração. O irmão dela se inclinou ansiosamente na direção dos anciões.

A fogueira partiu, mandando outra explosão de faíscas brilhando na noite.

Billy limpou sua garganta, e, sem nenhuma outra introdução além do sussurro do seu filho, começou a contar a história. As palavras fluíam com precisão, como se ele as soubesse com o coração, mas também com sentimento e um subto ritmo. Como uma poesia recitada pelo seu autor.

“Os Quileute têm sido poucas pessoas desde o início” Billy disse. “E ainda somos poucas pessoas, mas nós nunca desaparecemos. Isso é porque sempre houve a mágica em nosso sangue. Não era a mágica de mudar de forma, isso veio depois. Primeiro, nós éramos espíritos guerreiros.”

            Eu nunca havia reconhecido antes a realeza que havia na voz de Billy. Emily escrevia nas folhas de papel enquanto tentava acompanhar ele.

“No começo, a tribo se assentou nesse porto e se transformaram em habilidosos construtores de barco e pescadores. Mas a tribo era pequena, e o porto era rico em peixes. Haviam outros que desejavam as nossas terras, e nós éramos poucos pra enfrenta-los. Uma tribo maior se moveu contra nós, e nós entramos em nossos navios pra escapar deles. Kaheleha não foi o primeiro espírito guerreiro, mas nós não lembramos de outras histórias que venham antes dessa. Nós não lembramos de quem foi o primeiro a descobrir esse poder, ou como ele havia sido usado antes dessa crise. Kaheleha foi o primeiro grande Espírito Chefe na nossa história. Nessa emergência, Kaheleha usou a sua magia pra defender as nossas terras. Ele e todos os seus guerreiros abandonaram o navio, não seus corpos, mas seus espíritos. As suas mulheres cuidaram de seus corpos e das ondas, e os homens levaram seus espíritos de volta ao nosso porto. Eles não podiam tocar fisicamente a tribo inimiga, mas eles tinham outros meios. As histórias nos contam que eles puderam fazer um vento feroz soprar nos acampamentos inimigos; eles podiam fazer um grande grito no vento que aterrorizou seus inimigos. As histórias também nos contam que os animais podiam ver os espíritos guerreiros e compreende-los; os animais os licitavam. Kaheleha levou o seu exército de espíritos e criou o caos entre os intrusos. Essa tribo invasora tinha grandes bandos de cães grandes, furiosos que eles usavam pra puxar seus trenós no norte congelado. Os espíritos guerreiros fizeram com que os cães se virassem contra seus mestres e trouxessem uma poderosa infestação de morcegos das cavernas no penhascos. Eles usaram o vento gritante pra ajudar os cães a confundir os homens. Os cães e os morcegos venceram. Os sobreviventes fugiram, dizendo que o porto era amaldiçoado. Os cachorros correram livres quando os espíritos guerreiros os libertaram. Os Quileute retornaram pra seus corpos e suas esposas, vitoriosos.

As outras tribos vizinhas, os Hoh e os Makah, fizeram acordos com os Quileute. Eles não queriam nada com a nossa magia. Nós vivemos em paz com eles. Quando um inimigo vinha contra nós, os espíritos guerreiros os afastavam. Gerações se passaram. Então veio o primeiro grande Espírito Chefe, Taha Aki. Ele era conhecido por sua sabedoria, e por ser um homem de paz. As pessoas viviam bem e contentes sob seus cuidados. Mas havia um homem, Utlapa, que não estava contente.”

Um assobio correu pela fogueira. Jacob estava com uma mão levemente pousada em minhs costas, oque me dificultou descobrir de onde ele tinha vindo. Billy ignorou e continuou com a lenda.

“Utlapa era um dos espíritos guerreiros mais fortes do Chefe Taha Aki, um homem poderoso, mas um homem ganancioso também. Ele achava que as pessoas deviam usar sua magia pra expandir suas terras, escravizar os Hoh e os Makah e construir um império. Agora, quando os guerreiros se transformavam em seus espíritos, eles podiam ouvir os pensamentos uns dos outros. Taha Aki viu o que Utlapa sonhava, e ficou bravo com Utlapa. Utlapa foi ordenado a deixar o povo, e nunca usar o seu espírito de novo. Utlapa era um homem poderoso, mas os guerreiros do chefe eram um maior número que ele. Ele não teve escolha a não ser ir embora. O furioso excluído se escondeu na floresta nas proximidades, esperando pela chance pra se vingar de seu chefe. Mesmo em tempo de paz, o Chefe Espírito era vigilante na proteção ao seu povo. Frequentemente ele ia para um lugar secreto, sagrado, nas montanhas.

Ele deixava o seu corpo pra trás e andava pelas florestas e pela costa, pra ter certeza de que nenhuma ameaça se aproximava. Um dia, quando o Chefe Taha Aki saiu pra fazer o seu trabalho, Utlapa o seguiu. No início, Utlapa apenas planejava matar o chefe, mas seu plano tinha suas desvantagens. Com certeza os espíritos guerreiros iam procura-lo e destruí-lo, e eles podiam persegui-lo mais rápidodo que ele podia fugir. Enquanto ele se escondia nas rochas o observava o chefe se preparar pra deixar seu corpo, outro plano ocorreu a ele. Taha Aki deixou seu corpo no local secreto e voou com os ventos pra manter a vigilância sobre seu povo. Utlapa esperou até que ele tivesse certeza de que o chefe havia viajado certa distância com seu ser espírito. Taha Aki soube o instante em que Utlapa se juntou a ele no mundo dos espíritos, e também soube do plano de assassinato de Utlapa. Ele correu de volta para o seu local secreto, mas mesmo os ventos não foram rápidos o suficiente pra salva-lo. Quando ele retornou, o seu corpo já tinha ido embora. O corpo de Utlapa estava abandonado, mas Utlapa não tinha deixado Taha Aki com uma escolha – ele havia cortado a garganta do seu próprio corpo com as mãos de Taha Aki. Taha Aki seguiu o seu prórpio corpo pela montanha. Ele gritou com Utlapa, mas Utlapa o ignorou como se ele fosse apenas o vento.

            Taha Aki observou com desespero enquanto Utlapa pegava o seu lugar como chefe dos Quileute. Por algumas semanas, Utlapa não fez nada além de se certificar de que todos acreditavam que ele era Taha Aki. Aí as mudanças começaram – a primeira ordem de Utlapa foi que qualquer guerreironão entrasse no mundo dos espíritos. Ele clamou que tinha uma visão do perigo, mas na verdade ele estava com medo. Ele sabia que Taha Aki estaria esperando pela chance de contar a sua história. O próprio Utlapa estava com muito medo de entrar no mundo dos espíritos, sabendo que Taha Aki rapidamente clamaria seu corpo. Então seus sonhos de conquista com um exército de espíritos guerreiros era impossível, e ele teve que se contentar em reinar sobre a tribo. Ele se tornou um fardo, procurando privilégios que Taha Aki nunca havia pedido, se recusando a trabalhar junto dos seus guerreiros, se casando com uma segunda jovem esposa, e depois uma terceira, apesar da esposa de Taha Aki ainda viver – em algum lugar desconhecido da tribo. Taha Aki observou furioso sem poder fazer nada.       

 Eventualmente, Taha Aki tentou matar seu próprio corpo pra salvar a tribo dos desmandos de Utlapa. Ele trouxe um lobo feroz das montanhas, mas Utlapa se escondeu atrás de seus guerreiros. Quando o lobo matou um jovem que estava protegendo seu falso chefe, Taha Aki sentiu um terrível pesar. Ele ordenou que o lobo fosse embora.

Todas as histórias nos contam que não era fácil ser um espírito guerreiro. Era mais assustador do que excitante estar fora do seu próprio corpo. Era por isso que eles só usavam sua magia em tempos de necessidade. As viagens solitárias do chefe pra manter guarda eram um fardo e um sacrifício. Ficar sem corpo era desorientador, desconfortável, aterrorizante. Taha Aki esteve longe de seu corpo por tanto tempo que chegou um ponto que ele sentiu agonia. Ele sentiu que estava sentenciado – a nunca cruzar a linha para a terra final onde todos os seus ancestrais esperavam, preso naquele nada torturante pra sempre. O grande lobo seguiu o espírito de Taha Aki se contorcia e se estorcia em agonia pelas florestas. O lobo era muito grande para a sua espécie, e lindo. Taha Aki de repente ficou com inveja do animal. Pelo menos ele tinha um corpo.

Pelo menos ele tinha uma vida. Até a vida como um animal seria melhor do que essa horrível consciência vazia. E aí Taha Aki teve a idéia que mudou todos nós. Ele pediu ao lobo que dividisse o espaço com ele, pra compartilharem. O lobo permitiu. Taha Aki entrou no corpo do lobo com alívio e gratidão. Não era o seu corpo humano, mas era melhor do que o buraco negro do mundo dos espíritos. Pra começar, o homem e o lobo voltaram à vila no porto. As pessoas correram com medo, gritando pra que os guerreiros viessem. Os guerreiros correram pra encontrar o lobo com suas lanças. Utlapa, é claro, ficou seguramente escondido. Taha Aki não atacou seus guerreiros. Ele se afastou lentamente deles, falando com seus olhos e tentando uivar as canções do seu povo. Os guerreiros começaram a notar que o lobo não era um animal qualquer, que havia uma influência espiritual nele. Um guerreiro ancião, uma homem chamado Yut, decidiu desobedecer a ordem do falso chefe e tentar se comunicar com o lobo. Assim que Yut cruzou para o mundo espiritual, Taha Aki saiu do lobo, o animal esperou pacientemente pelo seu retorno, pra falar com ele. Yut compreendeu a verdade em um instante, e deu as boas vindas ao lar a seu chefe. A essa hora, Utlapa veio ver se o lobo havia sido derrotado. Quando ele viu Yut caído sem vida no chão, cercado por guerreiros protetores, ele se deu conta do que estava acontecendo. Ele pegou sua faca e correu pra matar Yut antes que ele pudesse retornar ao seu corpo.

‘Traidor’ ele gritou, e os guerreiros não sabiam o que fazer. O Chefe havia proibido viagens espirituais, e era a decisão do chefe como punir aqueles que desobedecessem. Yut pulou de volta para o seu corpo, mas Utlapa estava com a faca em seu pescoço em com uma mão em sua boca. O corpo de Taha Aki era forte, e Yut era fraco com a idade. Yut nem sequer pôde dizer uma palavra pra alertar os outros antes que Utlapa o silenciasse pra sempre. Taha Aki observou enquanto o espírito de Yut ia embora para as terras finais das quais Taha Aki havia sido barrado pra sempre. Ele sentiu uma grande raiva, mais poderosa do que qualquer coisa que ele já havia sentido. Ele entrou no lobo novamente, com a intenção de rasgar a garganta de Utlapa. Mas, enquanto ele se juntava ao lobo, uma grande mágica aconteceu. A raiva de Taha Aki era a raiva de um homem. O amor que ele tinha pelo seu povo e o ódio que ele sentia pelo seu opressor era vasto demais para o corpo do lobo, humano demais. O lobo estremeceu, e, ante os olhos dos guerreiros chocados e de Utlapa, ele se transformou em homem. O novo homem não se parecia com o corpo de Taha Aki. Ele era muito mais glorioso. Ele era uma interpretação fresca do espírito de Taha Aki. Os guerreiros reconheceram ele imediatamente, no entanto, pois eles conheciam o espírito de Taha Aki. Utlapa tentou correr, mas Taha Aki tinha a força de um lobo em seu novo corpo. Ele agarrou o ladrão e arrancou o espírito dele antes que ele pudesse pular do corpo roubado. As pessoas ficaram muito felizes quando se deram conta do que estava acontecendo. Taha Aki rapidamente arrumou as coisas, trabalhando novamente com o seu povo e devolvendo as jovens esposas às suas famílias.

A única mudança que ele não desfez foi a proibição das viagens espirituais. Ele sabia que isso era muito perigoso, agora que a idéia de roubar uma vida estava por ali. Os espíritos guerreiros já não existiam. Desse ponto em diante, Taha Aki eram mais do que apenas um lobo ou um homem. Eles chamavam ele, Taha Aki, de o Grande Lobo. Ele liderou a tribo por muitos, muitos anos, pois ele não envelhecia. Quando o perigo ameaçava, ele reassumia seu eu lobo pra lutar ou assustar o inimigo. As pessoas viviam em paz. Taha Aki foi pai de muitos filhos, e alguns deles descobriram que, depois que eles atingiam a maturidade, eles também podiam se transformar em lobos. Os lobos eram todos diferentes, porque eles eram espíritos lobos e refletiam o que o homem era por dentro".

“Então é por isso que Sam é preto”  Quil murmurou por baixo do fôlego, sorrindo, “Coração negro, pêlo negro”.

Eu estava tão envolvida na história, que foi um choque voltar ao presente, para o círculo ao redor do fogo morrendo. Com outro choque, eu me dei conta de que o círculo já feito dos netos – não importava em que graus – de Taha Aki.

Olhei para Bella e nós duas parecíamos sentir o mesmo, nós duas nos sentimos intrusas.

O fogo jogou uma salva de faíscas para o céu, e elas tremeram e dançaram, fazendo formas que eram quase indecifráveis.

“E o seu pêlo cor de chocolate reflete o que?”  Sam sussurrou de volta pra Quil. “O quanto você é doce?”

Billy ignorou as piadas deles. “ Alguns dos filhos se tornaram guerreiros com Taha Aki, e não mais envelheceram. Os outros, que não gostaram da transformação, se recusaram a se juntar ao bando de homens lobos. Esses começaram a envelhecer novamente, e a tribo descobriu que os homens lobo podiam envelhecer como qualquer outra pessoa, se desistissem de seus espíritos guerreiros. Taha Aki viveu o tempo de vida de três homens. Ele havia se casado com uma terceira esposa depois da morte das duas primeiras, e encontrou nela a sua verdadeira esposa espiritual.

Apesar dele ter amado as outras, essa era algo mais. Ele decidiu desistir de seu espírito lobo pra morrer quando ela morreu. Foi assim que a mágica veio até nós, mas esse não é o fim da história...

Ele olhou pra o Velho Quil Ateara, que mudou de posição em sua cadeira, ajeitando seus ombros frágeis. Billy deu um gole numa garrafa de água e enxugou sua testa.

A caneta de Emily nunca hesitava enquanto ela escrevia furiosamente no papel.


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