A Garota da Profecia escrita por Ray chan


Capítulo 6
Capítulo V - Conversando com as luzes coloridas


Notas iniciais do capítulo

E ai, pessoal? Tudo bom? Voltei :)
Sim, sim, eu sei que desta vez eu demorei mais do que todas as outras vezes e tals... Mas é que eu estava um pouco desanimada... *suspiro*
Mas em fim :P Estou de volta com um capítulo fresquinho de "A garota de outra dimensão". Particularmente, eu gosto bastante desse capítulo, pois foi uma parte legal de se escrever e também aparecem outras personagens de minha criação :) Por isso espero que gostem também hehe
Desculpem a demora mais uma vez e boa leitura.



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Capítulo V - Conversando com as luzes coloridas

– Vão para os seus quartos, se quiserem. – Lothos falou, bloqueando a entrada da enfermaria após expulsar todos do local – O “horário de visitas” acabou e o dia é livre, então podem fazer o que quiserem.

– Não pode nos expulsar assim, comandante! – Amy reclamou.

– Eu concordo. – Mari se manifestou – Ainda não estudei Lya Deviron devidamente.

Sieghart olhou para Mari com um sorriso de descrença; ela era sempre tão direta e calculista, igual ao dia em que a vira no templo da destruição, em Xênia. A garota concordara em seguir com o grupo somente após o imortal garantir que a deixaria estudar o seu corpo exótico de um humano com mais de seiscentos anos.

Ela de fato não mudara nada.

– Lamento. – Lothos disse, passando o olhar por todos – Quando Lya estiver em condições para interagir com toda a situação, poderão vê-la. Mas, agora, não é uma boa hora.

A comandante dispensou a todos mais uma vez e então voltou para dentro da enfermaria.

Os primeiros a se retirarem foram Dio e Rey, discutindo sobre a possibilidade da presença de Lya em Ernas se tornar uma confusão entre dimensões; seguidos por Lass, que se perguntava mentalmente sobre a habilidade que o seu meio irmão – Lupus – tinha como tradutor daquele idioma que até então ele mesmo não tinha conhecimento; e assim retiraram-se todos, cada um com os seus questionamentos individuais, até sobrar apenas uma pessoa.

O que ainda mantinha Sieghart preso eram as sensações.

As sensações que o ligaram a Lya no momento em que Lothos apareceu à porta do quarto de Arme, manchada com o sangue da garota que carregara até o QG. Ele sabia que isso não fazia sentido, sabia que aquilo tudo era loucura, mas não conseguia se livrar daqueles sentimentos.

A passos lentos, o moreno seguiu de volta para a cozinha – onde Ryan, Jin e Holy haviam voltado a comer – e seguiu direto até a saída da casa principal do QG, rumo a área de treino livre logo após pegar a sua soluna – uma espécie de montante que se dividia em duas, uma que mantinha o mesmo porte grande (Sol) e outra menor (Luna).

– Isso deve ser o tédio. – Sieghart falou para si mesmo, girando a soluna acima de sua cabeça facilmente a despeito do peso que a grande arma devia ter – Vou acabar com isso agora. – e então ele cravou a montante no solo.

A área de treino livre limitava-se a um vasto espaço aberto com algumas árvores e rochas marcadas por ataques antigos e com uma densa floresta ao fundo.

O treino do imortal limitou-se a aprimorar os seus JF’s – Just Frame – o que exigia dele muito esforço e concentração, distraindo o moreno dos problemas que não conseguia resolver. Por vários minutos essa atividade o entreteu. E entre várias “danças das espadas” e “destruidores de almas” os minutos de prolongaram até Sieghart perceber uma presença que o observava.

Um discreto sorriso maldoso tomou os lábios do moreno.

A soluna ergueu-se novamente acima da sua cabeça e ele a girou como fizera no início do treino, então Sieghart a soltou. A montante voou metros em linha reta até acertar o alto do tronco de uma árvore à suas costas, a força do impacto chacoalhou a copa da árvore de tal modo que parecia que ela poderia cair, mas a árvore se manteve enquanto o barulho dos passarinhos voando para longe, assustados, ecoava.

Barulho dos passarinhos?

Não. Não era barulho de pássaro.

Era voz de gente, um grito.

Do topo da árvore, uma pessoa caiu com o impacto, ela se desequilibrou com o susto e o chacoalhar, caindo sentada do alto da árvore com um gemido doloroso.

– Aw... Porque você fez isso...? – a garota ergueu o olhar verde com um detalhe característico enquanto afagava a parte do corpo que doía.

Sieghart andou calmamente até a árvore de onde a garota caíra, olhou a sua soluna no alto do tronco, então tomou impulso e saltou bem alto, agarrou o cabo da montante e a puxou, aterrissando suavemente no solo ao lado da menina de cabelos verdes e pondo os olhos prateados naquela que o fizera vir treinar.

– O que a garota Lya faz fora da enfermaria? – ele a fitou nos olhos, apoiando o braço esquerdo no tronco da árvore, acima da cabeça de Lya e a mão direita no punho da soluna – Fugindo?

–... Não. – a morena ergueu os olhos, sentindo-se um pouco encurralada com aquele garoto sobre si – Apenas queria um pouco de ar... Aconteceu de eu passar por aqui e vê-lo treinando... E você é bom, Sieghart.

– Hm... Se apaixonou por mim Cyran? – Sieghart provocou com um sorriso travesso, inclinando-se um pouco mais para perto da morena.

– O-O que?!

Lya sentiu o rosto corar com o conjunto da pergunta indecorosa mais o sorriso travesso que dava ao moreno uma áurea atraentemente cafajeste.

– Eu apenas disse que você é habilidoso. Não deturpe as minhas palavras. – Lya falou, levantando-se dali as pressas e se afastando dois passos do moreno, descrente com aquela atitude convencida do garoto – Todos os humanos são assim mesmo...?

– Hm. – Sieghart desapoiou-se do tronco e ergueu a soluna acima da sua cabeça, encaixando-a nas costas.

Então o imortal olhou detalhadamente para a garota de corpo inteiro, reparando que ela vestia roupas emprestadas da enfermaria, que consistia em um vestido de algodão branco, simples, amarrado por trás com um laço; calçava sapatilhas pretas; e trazia a preciosa diadema na mão direita. Fora os curativos e faixas espalhados pelo corpo.

O olhar fixo do moreno deixou Lya pouco a vontade, mas ela não se afastou.

Então Sieghart esticou um canto dos lábios.

– Não há ninguém capaz de se comparar a mim. – ele respondeu – Afinal, nem todos se tornam lendas como eu.

Lya ergueu as sobrancelhas, surpresa com o nível de prepotência e confiança que aquele garoto tinha. E isso, por algum motivo, a fez rir. E foi a vez de Sieghart ficar surpreso com a atitude da garota, alguém que há uma hora estava em pleno estado de choque, rindo agora. Um sentimento incontrolável de orgulho acendeu-se dentro do imortal, satisfeito com si mesmo por fazê-la rir mesmo em uma situação difícil.

– Hahahah! You’re funny...! (Você é engraçado...!) – ela disse, usando o seu idioma nativo sem perceber.

– O que? – Sieghart indagou sem entender.

– Engraçado. – ela traduziu – Disse que você é engraçado... Ah.

No momento que Lya ergueu o braço para afastar o cabelo do rosto, a diadema em sua mão escapou e caiu no chão, as essências se soltaram da peça – cinco – e imediatamente a Cyran se abaixou para juntá-las, sem conseguir esconder o seu desespero.

Vê-la descontrolada tentando juntar todas as essências e murmurando coisas fez Sieghart estreitar os olhos.

– Ainda presa a esse passado? – o tom de voz dele ficou frio.

Lya virou o rosto sério para o moreno. O tom dele, como se estivesse lhe dando um sermão... Aquele humano não tinha o direito de se meter naquele assunto.

– Isso não é da sua conta. – ela rebateu no mesmo tom frio.

– Ah... Mesmo? – Sieghart cruzou os braços e um sorriso cínico e irritante cruzou a sua face – Desculpe a sinceridade, ó membro da família Deviron, mas o fato que os seus queridos Enns estão mortos não mudarão e você não pode fazer nada para mudar isso. Livre-se desse peso, ou não conseguirá seguir em frente.

– Eu não preciso ouvir isso de alguém como você que não sabe de nada! – Lya falou, alterada, abraçando as essências em seu peito altamente protetora – Vá embora! Deixe-me em paz!

–...

Sieghart encarou a morena acuada e na defensiva. Pensara que ela era uma garota forte, mas percebeu-se enganado; covardia não era força. Ela estava apenas fugindo da realidade, e covardes não despertavam interesse no imortal.

– Isso não é do meu interesse. – ele virou as costas para a garota e enfiou as mãos no bolso, mas antes de ir, Sieghart virou o rosto sério para Lya, sentenciando – Pensei que você fosse mais forte do que isso, criança. – desapontado, ele virou o rosto e foi embora, deixando Lya sozinha.

A Cyran ficou ali no chão, em silêncio; as frases se Sieghart ecoando em sua cabeça até doer e Lya começar a se irritar com si mesma, porque, mesmo que não quisesse admitir jamais, aquele garoto humano estava certo. Não estava sendo forte, longe disso, a sua atitude fraca era um insulto à memória dos seus Enns perdidos em batalha. Eles também não iriam querer vê-la em tal estado deplorável por causa deles, iriam querer que ela se erguesse e superasse.

Lya começou a lagrimar, lembrando-se dos seus companheiros enquanto fitava as essências rachadas em suas mãos; os sorrisos brincavam nas suas memórias, os momentos difíceis em que eles estavam sempre ao seu lado... Isso, essas preciosas lembranças, seria algo que nem a morte poderia arrancar da Cyran, todos ainda permaneceriam vivos em sua mente e em seu coração, para sempre.

– Who that guy think that he called “child”? (Quem aquele garoto pensa que chamou de criança?) – ela murmurou, sorrindo levemente; as lágrimas escorrendo – Right... Timon? (Não é... Timon?)

Uma das essências de repente brilhou com as cores do arco-íris, reagindo àquele nome.

“Sure! Noody call us child without suffer the consequences!” (É isso ai! Ninguém nos chama de criança sem sofrer as consequências!) – Lya quase conseguia ouvir a voz do pequeno, porém esperto, Timon soando nos seus ouvidos como se ele estivesse bem ali, ao seu lado.

Tão perto... Mas, na verdade, tão longe...

Lya fechou os olhos, permitindo-se apreciar aquela ilusão.

Suen.

Outra essência brilhou, desta vez com uma cor única, um roxo profundo, porém acolhedor.

“You fool. Always too weak. Stop crying.” (Sua boba. Sempre tão fraca. Pare de chorar.) – apesar da rudez aparente, Lya lembrava-se tão bem dos dedos gentis de Suen passando pelo seu rosto tantas vezes antes para limpar as suas lágrimas, que agora ela podia quase sentir o calor dele afastando as recentes lágrimas com aquela expressão aborrecida que escondia a verdadeira preocupação.

Zoe e Zhoa.

Duas essências brilharam então em reação aos nomes, ambas de um laranja travesso e sincronizado.

“Hahaha! Admit it! You’re concerned, short-tempered Suen!” (Hahaha! Admita! Você está preocupado, Suen pavio curto!)

“Short-tempered! Short tempered Suen!” (Pavio curto! Suen pavio curto!)

Lya esticou um sorriso saudoso. As gêmeas Zoe e Zhoa com certeza diriam algo nesse estilo e então se jogariam com todo o peso sobre os ombros de Lya e Suen, até o garoto ficar de mal humor – o que seria rápido – e as afastar, negando qualquer preocupação. Agora mesmo a Cyran quase podia jurar que sentia o mesmo peso familiar sobre os seus ombros.

Enos.

A última essência brilhou então com um azul calmo e justo

“Girls, stop it. And Suen, stop to be tease to lady Deviron.” (Garotas, parem com isso. E Suen, pare de implicar com a senhorita Deviron.)

O gentil Enos. Super protetor e indiscutivelmente confiável. Lya conseguia lembrar perfeitamente do tom preocupado daquela voz, perguntando: “Are you ok, lady?” (Tudo bem, senhorita?). O olhar... Lya quase o sentia bem a sua frente; e o sorriso perante uma resposta positiva... Queria abrir os olhos para contemplá-lo, mas ela sabia que assim que abrisse os olhos, aquela ilusão se quebraria.

–Folks... (Pessoal...) – Lya tentou falar, sua voz quase não saia, ao contrário das lágrimas continuas.

O coração da Cyran se apertou, pressentindo o fim chegando; suas mãos tremiam ao saber que nunca mais voltaria a ter momentos como aquele. Mas ela tinha que ser forte. Embora não os fosse ver outra vez, eles estariam sempre consigo, dando-lhe força.

Estava na hora de seguir em frente.

“Open your eyes” (Abra os seus olhos) – a voz de todos os seus Enns, ou melhor, mais que isso, de todos os seus amigos, pareciam ecoar dentro da sua cabeça.

Lya hesitou um pouco, estava assustada com a ideia de ficar sozinha, pois assim que abrisse os olhos ela sabia que tudo sumiria. Mas ela se manteria firme, era o que estava prometendo a si mesma em respeito aos seus companheiros, não importando o que viesse pela frente, Lya prometia ser forte para enfrentar.

Então a morena abriu os olhos, trêmula, o verde brilhante por causa das lágrimas, delineado por aquela curiosa linha preta.

Nesse momento, as cinco essências em suas mãos brilharam intensamente como pequeninas estrelas sobre a sua pele.

–... – o coração da Cyran bateu duas vezes mais rápido.

As essências continuaram a brilhar belamente e então se ergueram suavemente das mãos de Lya, suspensas no ar como estrelas prontas para voltar para o céu.

As lágrimas da morena voltaram a cair rapidamente, mas ela não desviava o olhar das suas pequenas pedras preciosas.

Lentamente, as cinco essências levitaram, fazendo Lya segui-las com o olhar até pouco acima dos seus olhos em uma formação circular. Então elas começaram a se desfazer como pó de diamante com as suas respectivas cores, pouco a pouco; Lya ergueu as mãos até as essências; até que todos tivessem virado diminutos fragmentos visíveis apenas quando a luz do sol refletia as suas cores.

Cores do arco-íris.

Roxo.

Laranja.

Azul.

Subindo e sumindo em direção ao céu.

Lya prometeu a si mesma que se deixaria chorar apenas mais aquela única vez.

– My beloved friends... (Meus amados amigos...) – Lya fitou o céu, as cores refletindo no seu olhar como se despedissem – Goodbye... (Adeus...)

Fim do capítulo V


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Meio triste esse capitulo, mas é isso ai :/

O que acontecerá depois de Sieghart e Lya brigarem?

Ah... Ainda há muita história pela frente, espero que continuem me acompanhando ^^

Por favor, não se esqueçam de postar um review (principalmente nesses momentos que o desânimo está me consumindo :P Mas não se preocupem, eu posso demorar, mas vou continuar a postar o/).

Espero ansiosa pela opinião de todos s2

Bjs,

Ray chan.



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