You're My Summer, My Winter. escrita por Jane Rivelli


Capítulo 7
I try to run but I don't wanna ever leave


Notas iniciais do capítulo

e ai gente??



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...” So maybe I'm a masochist I try to run but I don't wanna ever leave”….

Um final de semana só para mim. Isso me assustava um pouco, mas talvez fosse divertido estar em minha companhia.

Passei à tarde de sábado vendo filmes na TV, absolutamente todos que passavam, seja comedia, drama, desenho... Tudo me agradava, ou tudo me tirava do tédio. Subi para meu quarto já passava um pouco da meia noite. Liguei o chuveiro e fui pegar minhas roupas, e vi um rastro de lanterna no quintal. MAS QUE PORRA ERA AQUELA? Desliguei o chuveiro e desci rapidamente as escadas, olhei por uma das janelas da entrada de casa, e os cachorros estavam presos no canil, em absoluto silencio. As luzes do quintal estavam apagadas, só a luz da piscina que estava acesa. Corri para a sala, na tentativa de ver algo diferente de “nada”. Olhei através da cortina e pude notar a presença de cinco pessoas no quintal, todas vestidas de preto, com bolsas nos ombros e lanternas na mão. Ótimo. Por que essas coisas só acontecem quando estou sozinha em casa? Afastei-me um pouco a cortina para tentar ver melhor, o vidro estava embaçado por conta do clima frio que vazia do lado de fora. Dei uma limpada no vidro com a manga da blusa, quando um olhar mél pulou na minha frente. A cara inteira coberta apenas com os olhos de fora. Cai para trás segurando um grito, comecei a andar de costas, enquanto estava sentada no chão, procurando um telefone. A linha estava cortada. Agora sim eu comecei a entrar em pânico. Corri para o alarme que ficava na entrada da casa e notei que ele estava desligado, dizia que “Alarme exterior foi desligado, por favor, religue-o”. Subi para meu quarto em pleno desespero, os homens gritavam que havia gente dentro da casa, que eles teriam que entrar rapidamente e ACABAR com essa pessoa. E tranquei na parte de costura, passando todas as chaves na porta. Peguei o celular e fiquei andando de um lado para o outro, tentando falar com meus tios, ou com Josh. Ambos não atendiam. Olhei pela janela e vi que o quarto de Liam estava aceso. Por mais que eu não o quisesse era a minha única esperança. Vasculhei gavetas, e não achei nada que pudesse mandar um sinal para ele, já que eu ligava em seu celular e ele não me atendia. Achei um laser, daqueles bem antigos. Comecei a fazer movimentos circulares na janela, como na noite anterior, ele logo saiu na janela e fitou minha casa com curiosidade. Abri o vidro e gritei socorro bem alto, mesmo sabendo que ele não conseguiria ouvir. Meu celular tocou e era ele. Nesse exato momento pude escutar passos adentrando em casa. Voei para cima do celular, para silenciar o barulho, peguei o celular, atendi e entrei rapidamente em baixo de uma estante que tinha um armário fechado.

-Jessica? O que está acontecendo? Você parecia meio desesperada na jan...

-Liam! Cala a boca e me escuta! Tem cinco caras invadindo a minha casa! Eles já entraram aqui Liam! Cortaram alarme, telefone, e prenderam os cachorros!

-Jess, fica calma!- Sua voz estava alterada. - Policia? Emergência... –Ele começou a passar os dados, estávamos todos na mesma linha. EM cinco minutos chegariam. Poderia ser cedo ou tarde demais.

-Liam estão subindo as escadas! Pelo amor de Deus socorro! –Eu chorava desesperadamente em silencio.

-Jessica estou aqui no portão da sua casa escondido, a policia esta na esquina já!- Ele tentava me acalmar.

-vamos achar você menina! Vamos te matar!- Um dos bandidos berrava, e pelo jeito estava bem perto do meu quarto.

-LIAM, ESCUTOU ISSO? QUEREM ME MATAR! –Eu chorava.

-JESSICA, SE TE MATAREM EU MATO ELES. Agora por favor, abaixa a voz, não deixe eles te descobrirem. - Ele pediu.

-Liam... Não me deixa morrer. – Eu fechei os olhos e me afundei em profundo choro.

-Eu não deixei uma vez, por que deixaria dessa?- Ele disse e eu chorei ainda mais.

-Estão chegando perto... Já estão no quarto. - Eu solucei, podia escutar a musica do meu quarto sendo desligada, e os armários sendo revirados.

-Fica na linha Jess. A policia já entrou.

-Tudo bem... “faça uma recarga, seus créditos acabaram”. –MERDA!

Encolhi-me no armário e podia escutar a porta sendo destrancada, ou melhor, arrombada. Assim que a porta se abriu um enorme silêncio tomou o meu quarto e toda a casa. Os passos se afastaram, e depois voltaram para perto. Tentei uma ligação para Liam, mas ele havia me ligado a cobrar, então eu realmente estava sem créditos. Escutei um par de barulhos no andar de baixo, podia ver as luzes da sirene invadindo meu quarto, mas não sabia se já haviam pegado os bandidos ou ainda esperavam eles saírem, ou eu morrer. Escutei alguém subir correndo as escadas, entrar no quarto em silencio, e pisar fortemente no cômodo onde eu estava. Eu já não respondia mais por mim, minha vontade era de me jogar para fora do armário e me entregar, pronta para a morte. Olhei pêra fresta do armário, eram tênis que estavam a pisar no cômodo, eu tinha a certeza que eu iria morrer. Os passos se silenciaram em frente ao armário, tampei minha respiração procurando não dar sinais de vida ali. Então o armário foi aberto, e um suspiro foi solto. Fechei os olhos esperando por um tiro, quando o que eu recebi foi um forte puxão para fora do armário. Mantive meus olhos fechados, e só abri quando bati contra uma superfície macia, e um cheiro familiar.

-Eu estou aqui agora. –Os braços de Liam me envolviam com um calor delicioso, seu coração batia no mesmo ritmo que o meu. Afundei a cabeça na curva de seu pescoço e me afundei em um choro aliviado.  Ele ficou me abraçando por mais de cinco minutos, até que dois policiais entraram no quarto para pedir que nos descêssemos. Liam me ajudou a levantar já que minhas pernas estavam bambas o suficiente para que eu caísse em direção ao solo. Ele caminhava ao meu lado, sem falar uma palavra. Entramos no carro da policia até a delegacia. Prestei queixa contra todos os cinco que invadiram minha casa. E em todos os momentos Liam estava lá ao meu lado, narrando os fatos que ele sabia assim como eu.  Meus tios já haviam sido avisados pelo padrasto de Liam, que nos acompanhou a delegacia. Eles voltariam pela manhã, o mais rápido que podiam.  Depois que prestamos queixa, e ficamos por três horas em uma delegacia, estava na hora de voltar para casa. Era quase quatro da manhã quando o padrasto de Liam estacionou em frente a minha casa.

-Jessica, seu tio acha melhor passar a noite em minha casa. Ele não se sente confortável deixando você sozinha aqui novamente. - Ele disse serio.

-Obrigada Sr. Cartter, mas não quero atrapalhar, ficarei por aqui mesmo. –Disse abrindo a porta do carro.

-Jessica. –Liam se manifestou. –Ninguém está se sentindo confortável em deixar você aqui sozinha. Por favor, aceite esse convite. - Ele concluiu.

Fechei a porta novamente, em tom de derrota, e seguimos por uns 50 metros até chegarmos à casa de Liam. Liam desceu e abriu a porta para mim, totalmente cavalheiro. Caminhamos por um caminho em curvas até a porta de entrada da casa de madeira branca. Chegamos à porta e o Sr. Cartter abria-a para podermos entrar. Liam estendeu o braço para que eu pudesse passar a sua frente. Entrei na casa observando tudo com muito detalhe, parecia que era a primeira vez que eu estava lá. Percebi que as poucas vezes que estive em sua casa, eu passava por esses cômodos numa ansiedade muito grande, e mal percebia a beleza natural, delicada e simples deles. No Hall de entrada atrás da porta havia um cabideiro, onde pendurei meu casaco, e Liam e seu padrasto fez o mesmo em seguida. Havia um tapete longo, que levava até a ponta da escada, ainda no hall havia um grande espelho de bordas douradas, e em baixo um móvel de madeira colorida, com álcool gel, e um porta retrato da família.

-Liam, arrume seu quarto para Jessica, farei algo para comermos. – Sr. Cartter disse saindo dali, e deixando eu e Liam a sós.

-Melhor subirmos. –Liam disse apontando para cima. Eu apenas concordei com ele, e segui as escadas até seu quarto. Ele abriu a porta e foi logo entrando, sem cerimônias.

-Está meio bagunçado, é que eu não esperava sua vinda. –Ele deu um sorriso forçado.

-Se isso está bagunçado, meu quarto está quase em nível de lixão. –Disse e ele sorriu. Um largo sorriso branco.  Seu quarto tinha paredes pretas e brancas, em tons alternados.  Assim que entravamos no quarto, havia uma bancada com um computador, e alguns livros de estudos, muito bem organizados em uma estante branca, em contraste com a parede preta.  Logo a frente bem no centro, estava à cama larga de casal, coberta por um edredom xadrez, e repleta de travesseiros. A parede atrás da cama era preta, havia um mapa do mundo com todas as capitais escrito em letras brancas, onde sobre os nomes havia bolinhas de diferentes cores: vermelhas, azuis, verdes ou amarelas. Aquilo tomou minha curiosidade. Aos lados da cama estavam dois criados mudos de madeira, com alguns livros, porta retratos, luminárias e despertador. Na frente da cama estava sobre um móvel de madeira uma enorme TV LCD. Vídeo Games, em baixo da estante, com alguns CDs e DVDs.  Ao lado da televisão, estavam dois pufs azuis, que pareciam ser bem aconchegantes. A parede ali tinha discos de vinil enfileirados como porta revistas, e outros discos como decoração. Havia um violão parado em um dos cantos da estante, e logo atrás estava uma guitarra.

-Fique a vontade. Vou arrumar um lugar para você. –Ele saiu e me deixou em seu quarto. Comecei a caminhar pelo cômodo aconchegante e estiloso.  Logo depois da televisão, bem perto da janela, havia uma espécie de afundamento na parede, uma espécie de buraco. Ali, a parede ela totalmente de madeira, e havia uma cama dentro desse “Buraco”, tinha uma estante embutida do chão ao teto, repleta de livros, os mais diversos assuntos, eu me acomodei ali, sentei naquela cama que estava bagunçada, com o edredom ali revirado, o travesseiro amassado e o perfume de Liam colado ali.   Deitei-me ali, cobri meus pés que estavam gelados, e olhei para aquela parte pequena e mínima, que qualquer um passaria reto, se não fosse bem iluminada, com uma decoração tão aconchegante, como aquele. Olhei para frente e percebi que na madeira havia a espécie de um armário, puxei-o e o que me foi revelado foi belas fotos penduradas ali. Aconcheguei-me ali, e ali acabei pegando no sono.

Liam POV.

Peguei alguns travesseiros no quarto de hospedes, e voltei para meu quarto, colocaria Jess para dormir em minha cama, mas parecia que ela havia escolhido um lugar melhor para dormir. Meu canto predileto do quarto.  Ela estava com uma mão em baixo do travesseiro enquanto a outra repousava ao lado de seu delicado rosto pálido, e sua boca incrivelmente rosa. Sua respiração era suave, seu corpo subia e descia conforme o ritmo de sua respiração. Eu poderia observá-la o resto da noite. Ajeitei suas cobertas, e joguei por cima um edredom, e a cerquei de travesseiros. Apaguei a luz daquele talvez “cômodo” e me dirigi para a cozinha com meu padrasto, já que minha mãe havia dormido.

-Ela dormiu. Dormiu no meu lugar favorito do quarto. – Disse me apoiando na bancada da cozinha.

-E deixa-meeu ver se adivinho... – Eric, meu padrasto, fingiu pensar. – E agora você não vai conseguir ficar em seu lugar favorito sem pensar que Jessica Thompson esteve lá uma hora. –Fingi não ligar para seu comentário.

-Você devia contar a ela Liam. –Ele se manifestou depois de um silencio. – Não é justo ela ficar nas sombras. Só ela não sabe Liam. Ela deveria saber talvez ela pudesse te ajudar...

-Não! De jeito nenhum! Eu não sei o que Lohana faria se soubesse que Jessica esta envolvida nisso... Eu não quero Jessica nisso! – Disse um pouco alterado. –Me desculpe Eric, me desculpe.

-Olhe o jeito que essa menina te olha Liam. Olhe como ela se sentiu protegida em seus braços, como você foi a pessoa que ela pensou em chamar muito antes da policia. Ela se sente segura com você, ela deve gostar de você. Ela merecia saber. – Ele disse e saiu da cozinha. Peguei uma fruta e subi para meu quarto.  O quarto estava iluminado apenas pela luz de um abajur. Dei uma ultima olhada em Jessica, que dormia feito um anjo, como ela realmente era. Coloquei uma calça de moletom e me joguei na cama, tentando esquecer o fato que Jessica Thompson estava a menos de seis passos de mim. Ignorando o cheiro de seu perfume que estava no ar, e o barulho de sua respiração que soava como musica para meus ouvidos. No fim acabei pegando no sono, e acordando somente no dia seguinte. Dei uma longa espreguiçada e olhei para ver se Jessica se encontrava, e é claro que... Não. Já era de se esperar. Sai da cama e desci as escadas, procurei por ela, mas só encontrei minha mãe e meu padrasto no quintal. Enquanto minha mãe arrumava a mesa de café da manhã do lado de fora, Eric aparava a grama.

-Mãe, você viu Jessica? –Perguntei.

-Ela está tomando banho no seu quarto Liam. Eu a autorizei. –Ela disse. – Seus tios vêm almoçar aqui, o convite foi feito para acalmá-los. E bem, ela dorme menos que você. –Ela riu.

-Obrigado mãe!- Subi as escadas novamente e entrei em meu quarto. Assim que entrei, Jessica estava com o shorts da noite anterior, com os pés no chão e uma blusa dos Minions, que eu havia comprado em um parque de diversões uma vez, e adivinhem: aquela blusa costumava a ser meu pijama. Seus cabelos estavam molhados e jogados sobre os ombros, ela os penteava com delicadeza.

-Hm, Bom dia. –Ela sorriu para mim.

-Quer saber?- Disse e ela arregalou os olhos. –Essa blusa ficou muito melhor em você, pode ficar. –Eu sorri. –Bom dia Jessica.

-Desculpe, sua mãe forçou eu vestir algo diferente. –Ela sorriu sem jeito.

-Tudo bem. –Eu disse e entramos em um silencio.

Ela passou por mim e calçou seus chinelos que estavam ao lado da cama onde havia dormido.

-Não sabia que tocava, nem que tirava fotos tão belas. –Ela disse olhando seu celular.

-Precisamos de algum hobbie. –Disse sem jeito.

-Suas fotografias são ótimas. –Ela disse. - toca tão bem como tira fotos?

-Acho que não faço nenhum dos dois bem. –Eu disse e ela largou o celular.

-Liam, para de se subestimar. Você é um ótimo jogador, você deve ser um ótimo namorado, é um ótimo amigo, tira ótimas fotos e com certeza toca ótimas musicas. –Eu disse.

-Acha que eu sou um bom namorado?- Minhas perguntas saíram como um vento e Jessica arregalou os olhos espantada.

-Se Lohana está com você, e ainda não fez nada fora do comum, é por que você é um ótimo namorado. - Ela disse.

-Eu toco violão, guitarra e piano. – Eu respondi e ela abriu um largo sorriso.

-Eu também toco piano. Violão eu já tentei, mas acho meus dedos um pouco pequenos para isso. –Ela disse e ficou encarando suas finas e pequenas mãos, me fazendo rir.

-Topa fazer um som no piano junto comigo então? –A convidei.

-Mas é claro. – Ela disse e abriu um largo sorriso.

Peguei o violão e desci as escadas, mostrei a Jess o piano, e ela logo se familiarizou tocando algumas notas.

-Qual vai ser?- Ela perguntou.

-Podemos sortear que tal?- Disse e ela sorriu concordando. Estiquei uma pasta a ela e ela puxou um papel de uma das musicas.

-You and me, Lifehouse. - Ela disse e seus olhos brilhavam. –Foi minha musica preferida por um tempo, e ainda está na lista das minhas melhores musicas.

-Ótimo. - Eu sorri de volta.

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Ela se ajeitou no piano, e começamos os primeiros acordes da musica. Ela com sua delicadeza tocando piano, com as costas totalmente retas, o cabelo sobre os ombros, e os lábios semi abertos. Eu sentado no sofá com um violão sobre o colo, apenas observando sua beleza infinita, enquanto tocava.

Eu sentia algo por ela, mas nem eu sabia dizer o que era eu estava com Lohana por um motivo, e não podia me desviar desse motivo, mas Jessica parecia que tinha sido feita para mim. Parecia que eu sabia disso desde dia que eu a vi a ponto de morrer, vi sua persistência, seu jeito de tentar manter a vida, e a vida de outros, vi o jeito como ela se encaixou perfeitamente em meus braços no primeiro dia que eu a vi. E foi assim todas as outras vezes que ela esteve em meus braços. Eu queria poder contar a ela tudo, eu queria poder contar a ela meus planos, eu queria saber os planos dela. Sem Jessica do meu lado, eu não me sentia eu, faltava alguma coisa. Faltava a delicadeza, a sutileza, a voz macia, o toque suave, a melodia de sua voz... Sem Jessica, faltava tudo isso e mais um pouco. Mas era cedo demais para lhe contar alguma coisa. Qualquer coisa a respeito de Lohana.

-Liam? LIAM! – Ela me olhava com um semi sorriso no rosto. –Parou de tocar por quê? –Ela tinha os olhos confusos. Pensei em alguns segundos em uma boa resposta, mas a única coisa que eu achei foi uma ação.

-Para isso. –Coloquei o violão de lado e me levantei, dei meio passo em sua direção, segurei em sua nuca, virando seu rosto para mim e a beijei. E dessa vez ela me correspondeu. Um beijo suave, típico de Jessica Thompson. Um beijo calmo, sutil, com toques leves... Estava com uma mão em sua nuca, e a outra em seu delicado rosto, Jess estava com uma das mãos sobre a minha, e se levantou para me beijar. O beijo se aprofundou, era como se nos estivéssemos aproveitando cada segundo, cada momento como se fosse o ultimo-que provavelmente seria mesmo. –Paramos os beijos aos poucos, com curtos e longos selinhos, pude a ver sorrir durante os intervalos de beijos, mas logo depois seu semblante ficou serio outra vez.

-Isso é errado. – Ela disse passando as mãos nos cabelos e virando para o outro lado, saindo de meus braços. –Não devemos... Não podemos fazer isso, é errado cara, errado. – Ela parecia nervosa.

-Jess... - Tentei dizer.

-Não. - Ela me cortou. –Eu acho melhor eu ir embora. – Ela disse

-É eu também acho. –Uma voz aguda surgiu atrás de mim, fazendo eu e Jess virarmos de maneira espantada em direção a porta.  Lohana estava lá. Será que ela tinha visto tudo. Ela estava com um shorts de paete, uma blusa preta transparente e saltos pretos. Mastigava um chiclete nervosamente, e estalava os dedos enquanto fazia isso.

-Lohana! –Eu disse e fui abraçá-la depois de meu choque. –O que está fazendo aqui? –Ela me pegou pelo braço e me deu um profundo beijo, bem na frente de Jessica, queria me matar, ou matar Lohana, Jess não deveria estar vendo isso.

-Acabei de voltar, decidi passar aqui antes de ir pra casa. –Ela disse. –E essa daí, o que ela faz aqui? –Lohana perguntou olhando para Jessica, que na mesma hora baixou a cabeça.

-Eu já estou indo embora. –Jessica disse.

-É o melhor que você faz menina. –Lohana rebateu.

-Ei. - Segurei o braço de Lohana. –Ela só esta aqui por meus tios insistiram, a casa dela foi assaltada ontem, passou a noite aqui. –Vi Jess me olhar com certo desespero depois dessa ultima frase.

-Ela passou a noite aqui? –Lohana disse boquiaberta. – Com você?

-Eu dormi no escritório. –Jess disse.

-Sim no escritório. – Completei a frase, concordando com Jess.

-Querido venha aqui, por favor. –Lohana me puxou pela barra da blusa. Levando-me até o outro lado do hall, me deixando longe de Jess e frente a frente com ela. –Você não pode andar com essas pessoas Liam.

-Que pessoas?- Perguntei sabendo a resposta.

-Essa menina Jessica Thompson. Ela faz parte dos perdedores, nós não somos perdedores certo?- Ela disse.

-Certo. –Conclui baixando a cabeça.

-Você não pode ser visto com essa menina Liam, sua vida vai afundar se você fizer isso novamente, essa garota vai destruir tudo você não entende? E olha, eu vou ficar muito, mais muito brava, se eu ver ela aqui de novo. E nem queria saber o que eu posso fazer se acontecer isso. – Ela disse passando o indicador por meu peitoral e subindo até meus lábios, e me beijando profundamente. E fomos interrompidos por um pigarro atrás de nós. Olhei para trás assim como Lohana e Jessica estava parada atrás de nós.

-Preciso que alguém feche a porta. – Ela disse e eu soltei Lohana, na mesma hora.

-Claro. –Eu disse e a acompanhei até a porta, enquanto Lohana estava parada atrás de mim no hall, se arrumando no grande espelho.  Abri a porta para Jessica e deixei que ela passasse por mim, deixando um rastro de seu perfume. –Você volta? –Sussurrei para ela.

-Tchau Liam. –Ela apenas passou por mim e segui seu caminho na rua até chegar à calçada de sua casa. Fechei a porta e Lohana estava me esperando para mais um beijo.

-Vou indo querido, tenho um dia no salão hoje, benefícios de se ter uma tia cabeleireira. –Ela deu um beijo e passou por mim pela porta indo embora. Olhei ela ir caminhando pela outra calçada e sumir da rua. Fechei a porta e escorreguei atrás da mesma, colocando a cabeça entre os joelhos e soltando o ar pesadamente. Eu não poderia colocar Jessica nesse meio, de jeito nenhum. Batidinhas foram dadas na porta, bem suaves, me levantei e abri a porta Jessica estava com as mãos na frente do corpo, e deu um sorriso de lado.

-Eu deixei as chaves aqui. –Ela disse olhando para o chão. –Prometo ser rápida.

-Ela já foi embora. –Eu disse e Jess soltou um suspiro, que deveria ter passado despercebido, mas não passou. –Pode entrar e ficar pro almoço. –Ela sorriu e passou por mim.

-Desculpa, eu não queria ter causado desentendimento nenhum entre vocês. –Ela disse colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

-Ela é possessiva. É normal. Não dê importância. –Eu disse e a puxei pela mão até o quintal. –Você está molhada por quê?- Disse notando que sua roupa estava pingando, ela sorriu e baixou a cabeça.

-Bem, pisei no jardim e a droga do irrigador ligou. –Ela sorriu, e eu acabei rindo.

-Você é lerda assim, ou faz de propósito?  -Eu disse e ela gargalhou corando um pouco. –Vem vou achar alguma coisa pra você vestir. – A puxei pela mão guiando-a até meu quarto. Fucei algumas gavetas e achei uma antiga blusa do Nirvana, que eu havia comprado no Museu do Rock nos Estados Unidos alguns anos atrás, eu devia ter uns 10 anos, separei a blusa para Jess vestir e sai do quarto, indo buscar alguma calça de moletom de minha mãe para ela vestir. Quando voltei abri a porta já falando com Jess reclamando de ter tropeçado em um móvel no corredor, mas ela não me escutou. Ela estava de costas com os cabelos caídos sobre os ombros, jogados de um lado só, sua lingerie preta de renda se destacava em seu corpo. Ela então vestiu a blusa e eu fingi não ter visto nada. Ela me viu e se assustou.

-Calma juro que não vi nada. –Eu ri e ela soltou um suspiro. –Pelo menos eu posso falar que eu não vi nada se me perguntarem. –Ela me olhou com curiosidade.

-Liam! –Ela deu um soco em meu braço. –Avisa então quando for entrar!

-O quarto é meu! –Eu acabei gargalhando e ela também. –Entreguei a legging a ela que caminhou até o banheiro, voltando devidamente vestida.

Ela começou a andar pelo quarto, vasculhando uma estante de CDs que havia perto da estante de livros.

-Você tem um gosto pra musica exuberante. –Ela disse passando os CDs por seus delicados dedos.

-Prefiro essas coisas materiais, algo que eu possa tocar. –Eu disse me sentando na beirada da cama.

- BLEACH? Liam! Isso é uma raridade, ainda mais assim original! –Seus olhos brilhavam enquanto ela segurava o CD em suas mãos. –Meu Deus Liam! Você não tem noção do quanto isso vale! Você não tem noção do quão raro isso é! –Ela virou o CD em suas mãos para olhar a data de fabricação. – E É ORIGINAL! 1989! Liam Cartter! Você tem um tesouro em suas mãos!

-Calma Jess! –Eu ri. –Meu pai comprou para minha mãe quando ele a pediu em casamento em 89. Eles eram muito fãs, e bem, eu ganhei essa herança.

-Seu pai tinha um excelente gosto musical, como sua mãe, como seu padrasto, como você. –Ela me olhou e seus olhos brilhavam.

-E como você também pelo visto. –Eu disse e ela abriu um largo sorriso.

-Você tem muitas coisas incríveis nesse quarto Liam, já pensou em abrir para visitação?- Ela disse e nos dois rimos. –Fotografia, livros incríveis, musica instrumentos, algo mais que eu precise saber sobre sua pessoa?- Ela disse rindo e se sentando na poltrona a minha frente, com o CD entre as mãos.

-Sou chato. –Eu disse e ela riu. –Gosto de vídeo game. Dos antigos.

-Antigos como... Super Nintendo?- Ela perguntou com os olhos brilhando. –Como Mario World de 1991?

-EXATO! –Eu ri. - A fim de jogar?- Eu disse e ela ficou boquiaberta.

-Você está de brincadeira comigo que ainda tem essa raridade?- Ela disse já se sentando no chão ao meu lado.

-Não só digo como também vou te mostrar! –Eu disse e a olhei, ela estava sorridente um sorriso lindo. – E pare de falar de raridades... Sinto-me velho. – Ela gargalhou.

Ficamos sentados no chão jogando o jogo e bebendo suco de abacaxi com hortelã, até que seus tios subiram até o quarto e foi toda aquela coisa de dar atenção a ela, saber detalhes sobre a noite anterior. Todos estavam muito preocupados com ela, afinal passar por traumas assim em menos de seis meses, não costuma ser muito bom para uma pessoa. À tarde de domingo passou voando, entre conversas risadas e papos sem sentido. 

-Se não for pedir demais eu gostaria que Jess pudesse dormir aqui essa noite novamente. –Bruce disse para minha mãe.

-Tio... –Jessica começou.

-Jessica. –Ele apenas a olhou e todos se calaram. –Precisamos arrumar a bagunça dentro da casa, você estudou semanas para o seminário amanhã. - (DROGA O SEMINARIO DAS AULAS DE LABORATORIO!) - E não queremos que falte em um dia tão importante como esse. E com a bagunça que vamos fazer você não vai dormir tão cedo, você e cabeça dura e vai querer ajudar.

-Claro que ela pode!- Minha mãe respondeu. – Só vá buscar seu material de aula Jess e volte aqui, e amanhã vocês dois vão juntos para a escola. Sem problemas nenhum. –Olhei para ela e ela estava com o olhar preocupado, como se quisesse e não quisesse estar em minha companhia. Depois de muita resistência da parte dela, ela acabou cedendo, e voltando uma hora depois, com a mochila na costas, e uma sacola em suas mãos.

-Oi. –Ela disse toda tímida.

-Entra ai. –Eu disse dando passagem para ela entrar.

-Temos um problema. –Minha mãe parou em frente de nós dois no hall, e Jess e nós nos olhamos e olhamos para minha mãe. –Seus tios estão vindo pra cá, com seus primos. Quarto de hospedes, devidamente ocupado. Sem lugar.

-Tudo bem, eu durmo em casa. Eu já não... –Jess começou a dizer.

-Você dorme com Liam Jess. Ia dizer isso. –Minha mãe me cortou.

-Que?- Jess a olhou e eu segurei um sorriso pela cara de espanto dela, mas a minha também não devia ser nada boa.

-Se não tiver problema, você dorme na cama dele e eu tiro o colchão do canto de livros e coloco ao lado da cama, já que passei verniz nas paredes de madeira. –Ela deu um breve sorriso. – Por favor, Jessica.

-Ok... - Jessica disse, mas sua cara sem duvida queria responder que não ficaria em casa.

-Vamos subir? –Disse um pouco tímido e ela concordou. Subimos as escadas e dei a ela a privacidade que precisasse para trocar de roupa, escovar os dentes, e todas as outras coisas femininas que eu ainda não gostaria de saber. Minha mãe entrou no quarto e arrumou tudo para que o ambiente ficasse confortável o bastante para nos dois. Depois de um tempo entrei no quarto, e Jess estava deitada em minha cama, com as costas encostadas sobre o travesseiro que este estava apoiado na parede atrás da cama. Ela tinha as pernas dobradas e um livro apoiado sobre elas. Usava um regata preta e uma larga calça de moletom cor de rosa, estava deslumbrante.

-Estudo pro seminário?- Perguntei esticando o edredom sob meu colchão que estava ao lado da cama, ao lado dela.

-É. –Ela disse entortando os lábios. –Eu amo e odeio o laboratório, fazer um seminário sobre as aulas praticas é um saco!

-Sem duvida. O Abdala é um pé no saco quando se trata dos seminários das aulas dele.

-E como! E aquela vez que eu escrevi o seminário e no fim coloquei uma linha de divisão sobre os assuntos, ele me tirou TRÊS pontos! Filho da mãe! – Ela disse fechando o livro. –Mas dessa vez se eu não ganhar um 10 eu faço um barraco!- Ela balançou as mãos de maneira engraçada e acabamos rindo. E depois disso aquele silencio tomou conta do quarto, terminei de arrumar minha cama e fiquei pensando em algo para dizer, mas acabei indo para o banheiro, escovando os dentes, colocando um pijama descente e me deitando ao “seu lado”.

Ela fechou o livro e apagou a luz do abajur, se ajeitando delicadamente em minha cama. E sabe do pior? Ela dormia do lado oposto do meu, enquanto eu dormia do lado esquerdo ao lado da janela, ela dormia do direito. Ótimo. Agora quando eu fosse dormir eu iria imaginar essa coisa chamada Jessica Thompson dormindo ao meu lado, maldita. Mexi no celular por alguns instantes e quando me virei Jess estava dormindo, ela estava virada para mim com uma das mãos em baixo do travesseiro e a outra fechada em punho sobre o colo. Ela estava linda. Lábios mais rosas do que nunca, pele branca e perfeita, ela estava linda. Me distrai por alguns minutos observando todos os seus traços, e eu tinha que fazer isso, tirei uma foto de seu rosto, eu tinha que ter essa lembrança comigo. Então à noite segui assim, eu e ela no mesmo quarto, a menos de um metro um do outro. Apenas eu e ela, sozinhos na noite. 


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Notas finais do capítulo

entaaaaaaao??



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