You're My Summer, My Winter. escrita por Jane Rivelli


Capítulo 3
Top Of The World


Notas iniciais do capítulo

ai ai ai.... novo capitulo, novas emoções!



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“…Tonight, there's a party on the rooftop top of the world…”

O som da musica ecoava pelo quarto, que graças ao bom senso tinha isolamento acústico. Peguei roupas confortáveis, e que eu havia gostado claro.  Eu estava feliz pera primeira vez. Sabe aquela alegria boa? Aquela que os cantinho da boca ficam com certa curva para cima? Aquela que seu coração acelera de pensar no que vai acontecer, seus músculos se contraem, você quer gritar, pular, até mesmo chorar. Essa é uma alegria boa, a alegria que move o mundo.  Corria pelo quarto, rebolava em frente ao espelho ao som de “Double Vision” do 3OH!3 tema do The Sims 3 caindo na noite... Sim... Ainda jogo. O sistema elétrico do quarto era programado parar abaixar o som assim que alguém batendo na porta. E isso ocorreu, o som abaixou aos poucos ficando de uma altura que dava para escutar e para conversar com alguém ao mesmo tempo... Tecnologias.

-Jess?-Escutei Tess me chamando.

-Um minuto!-Disse do closet. Assim que sai seus olhos brilharam e ela começou a me elogiar sem parar mais. Elogios, a certo ponto me irritavam porque não sabia quando eles eram ou não verdadeiros.  Eu estava com uma calça jeans vermelha, puxada para o jeans, uma camiseta regata branca larga com o logo do Jack Daniel’s, um cardigã preto da mesma altura da blusa, óculos de sol, uma mochila da converse preta, um chapéu vinho e por fim all star branco.

-Jess eu confio em você, mas tenha juízo, não faça que eu não fizesse. - Tess recomendou.

-Não sei o que a senhora não faria. –Disse rindo e ela riu.

-Você sabe... -Ela fez uma pausa e eu arregalei os olhos mexendo a cabeça num contato visual direto como quem diz “não eu não sei, me explique” Ela fechou os olhos e disse – Sexo. –Ela disse e começou a rir.

-Isso a senhora já fez, dois filhos. -Fui dizendo.

-PERA, me deixa acabar minha frase. - Ela disse me cortando enquanto eu ria. – Sem camisinha. Pelo amor de Deus Jess não quero você gravida! –Ela disse.

-Tess, eu e Liam somos apenas amigos, o conheci pra valer ontem, e Elliot me garantiu que ele não é nenhum tipo de maníaco por sexo, beijos, e nem pratica zoofilia. Pode ficar tranquila, apenas amigos. - Disse.

-Mas o que ele quer fazer com você às oito horas da manhã?- Ela perguntou desconfiada.

-Disse que me levaria para algum lugar, onde eu não sei. Mas confio nele. - Disse.

-Qualquer coisa me ligue, te busco em qualquer canto do mundo. - Ela disse e foi interrompida pela campainha. –Acho que seu acompanhante chegou, vamos descer?- Ela me chamou enquanto eu colocava minha carteira na bolsa, e desceu antes de mim, onde do meu quarto, que era o primeiro do corredor eu escutava a conversa deles.

-Oi querido, como vai?- Tess disse como sempre muito simpática.

-Estou ótimo e a senhora? Elliot chegou bem ontem?-Liam disse num tom gentil e depois preocupado.

-Como sempre Elliot bebe, mas Andrea o trouxe e ele esta dormindo como um bebê agora. –Ela disse. –Jess já vai descer querido.

-Obrigado Sr. Harvey. –Ele disse e o silencio tomou conta do lugar.  Terminei de colocar remédio, band-aid’s, e carteira e Ipod na bolsa, e desci as escadas. A descida das escadas dava para um hall grande, com duas poltronas e um sofá maior, com uma mesa no canto e pouca luz, era aconchegante, moderno e lindo. Havia dois pilares na descida da escada, enquanto eu descia distraída em atravessar logo aquela porta e ir ver qual seria nosso plano de fuga, Liam saiu de trás de um desses pilares fazendo eu me desequilibrar no ultimo degrau e cair em seus braços, fazendo-o segurar em minha cintura, me apoiando para não sofrer uma queda grande.

-Oi Jess. - Ele disse me colocando em minha forma natural para andar. –Pronta?- Puta que pariu como ele estava lindo! Ele estava com um jeans escuro colado ao corpo mostrando bem aquelas suas curvas da coxa, tentador. Uma camiseta cinza escura em decote “V” Estava com um moletom azul marinho aberto mostrando a camiseta por baixo, que também era colada ao corpo o que não me ajudava a pensar direito, já que seu peitoral definido me desconcentrava mesmo por baixo da camiseta. Estava mascando chiclete e com óculos escuros no topo da cabeça. E alias uma semelhança, estávamos os dois de all star branco.

-Sério Liam pare com isso. - Olhei para ele e ele fez uma cara de confuso. –Pare de me assustar assim pelo amor de Deus!-Disse e ele começou a rir. –Sim estou pronta? Vamos?

-Claro!-Ele disse todo empolgado.

-Aliás-Fui dizendo- Aonde vamos?- Disse o olhando o fazendo ter um sorriso torto nos lábios.

-Só Deus sabe... - Ele disse e eu arregalei os olhos, ele surpreso com meu espanto começou uma gargalhada jogando a cabeça para trás, me fazendo rir junto mesmo sem entender. – Brincadeira Jess, vou te levar a um lugar muito legal. – Ele disse e começamos a andar em direção da porta, quando Tess apareceu.

-É o seguinte. – Ela foi dizendo. – Cuidado, vocês são jovens fácil de serem enganados. Atenção nas ruas, e Liam, traga ela inteira. - Ela disse e ele concordou com a cabeça. –E vocês dois, se cuidem. - E fez uma cara do tipo “não transem sem camisinha, ou se não mato vocês”. Liam deu um sorriso torto, mordendo os lábios para segurar o riso.  Saímos e andamos em direção ao carro. Parei ao ver a semelhança do carro com o do dia do acidente, era idêntico. Um filme passou pela minha cabeça me fazendo colar os pés no chão.  Passou pela minha cabeça todo aquele barulho, sirenes, olhos castanhos, gritos, choros, sangue e morte.

-Jess? Jess?- Sai do meu transe vendo seus olhos castanhos me fitarem com tanta intensidade. Ele chamava meu nome parecendo que não era a primeira vez que me chamava.

-Desculpa. É que... O carro... Hm... É igual. –Disse pausadamente tentando impedir aqueles pensamentos. –Liam, desculpa. - Eu disse e já fui voltando em direção à porta, seus olhos estavam confusos sem entender nada, eu estava morrendo de medo de entrar lá e me afogar nas lembranças. Eu estava com medo, com MUITO medo. Sai andando de volta para a casa, praticamente repetindo para mim em uma velocidade assustadora “Porque você não morreu? Porque você está viva e seus pais não? Eles deram a vida por você. Você tem que morrer”.

-Jessica!- Liam segurou meu braço o virando pra ele. Depositou as mãos ao redor de meus braços me mantendo presa a olhar para ele. –Não precisa ter medo. Eu estou aqui. –Ele disse e seus olhos pareciam incrivelmente sinceros.

-Não vou deixar nada te fazer mal, confia em mim Jess. –Ele me olhava firme nos olhos e não tinha como não retribuir aquele seu olhar mais que sincero. –Eu sei que te conheço bem, desde ontem praticamente. Mas passamos boas horas juntos Jess, deixa eu te ajudar a superar isso. Confia em mim. –Ele insistiu enquanto mantinha seus olhos nos meus marejados de pânico.

-Eu confio. - Disse enquanto respirava pausadamente e pesadamente, só ele mesmo para me fazer confiar nele. De alguma forma ele sabia o que eu sentia. Como eu não sei.  Assim que disse essas duas palavrinhas ele deu um largo sorriso, me abraçou pela cintura e me levou até o carro. Sentei, coloquei o sinto e esperei que ele entrasse do meu lado.  Ele sentou colocou o sinto e ligou o radio, e a musica começou a tocar.

“Let's get it on, yeah, y'all can come along”

(Vamos entrar nessa sim, vocês podem vir junto).

-I like it like that? Hot Chelle Rae?- Disse espantada porque ele tinha um gosto musical assim um tanto interessante para um garoto. –Curte?

-Gosto bastante, acho a musica interessante animada, mas rock é rock, nunca vou dispensar.- Ele disse me olhando enquanto dirigia. Andamos um pouco de carro uns 15, 20 minutos no máximo quando ele estacionou no estacionamento da estação St. Pancras International.

-Liam, o que você esta aprontando?- Disse assim que entramos na estação. Ele retirou a carteira do bolso e envolveu dois bilhetes com um código de barras cada um. Ele passou um bilhete liberando uma catraca e me empurrando para eu passa-la. Eu passei ainda desconfiada do que estaríamos fazendo ali. Ele passou outro bilhete vindo logo atrás de mim. Eu ainda estava olhando para ele sem entender nada, caramba o que estávamos fazendo na St. Pancreas International? Ele ia me raptar era isso?

-Liam, o que exatamente estamos fazendo? –Eu cochichei para ele enquanto sentávamos em uma das confortáveis poltronas que tinham naquele grande salão. Assim que sentei, Liam colocou seu casaco do meu lado e saiu em direção a maquina de café. Ele voltou com dois copos, um entregou em minhas mãos e o outro ele deu um belo gole depois de soprar o café.  Eu ainda o olhava curiosa, eu estava olhando para seu rosto, viajando em seu olhar parado na revista que ele estava lendo. Como ele conseguia estar tão concentrado e bonito ao mesmo tempo? Eu estava viajando em seu rosto, vendo cada pintinha, a barba feita recentemente, os cílios longos, a boca semiaberta. Caramba como ele é lindo. Depois de uns 2 minutos perdida em seu rosto ele notou esse meu olhar e retribuiu olhando diretamente em meus olhos.

-O que foi?- Ele perguntou e deu um leve sorrisinho, ainda me olhando. Eu baixei a cabeça envergonhada por aquele meu ato, de ficar reparando em cada detalhe de uma pessoa.

-Não é nada. – Disse ainda envergonhada encarando o chão. – Liam, aonde vamos?- Perguntei novamente.

-Relaxa Jess, não irei te sequestrar. – Ele disse. –Acho melhor ir ao banheiro logo mais iremos embarcar. –Ele disse e voltou a ler a revista. Deixei minha mochila ao lado dele e meu casaco, e segui para o banheiro. Chegando ao banheiro havia algumas pessoas de chinelo, outras de salto vestida de maneira social. E eu ali, num estilo alternativo, nada muito bem definido. Fui ao banheiro e em seguida fiquei parada em frente ao espelho, imaginando onde estaríamos indo. Lavei pulsos, humedeci pescoço e testa, na tentativa falha de me acalmar. Uma senhora estava ao meu lado olhando minha palidez e nervosismo, sabia que se eu desmaiasse a mulher entrava em pânico.

-Garota, você está realmente bem?- Ela perguntou segurando meu braço e olhando em meus olhos.

-Sim estou só um pouco de nervosismo pela viagem. - Disse a ela.

-Primeira vez é?-Ela disse com um sorriso. E eu balancei a cabeça no meio termo.

-Não sei. - Disse e ela fez uma cara espantada. – Não sei nem mesmo pra onde estou indo. - Conclui.

-Não querida. -Ela soltou um risinho. - Há vários hotéis em Paris, não se preocupe sua primeira noite de amor com seu namorado vai ser simplesmente perfeita. - Ela disse e foi andando.

MAS QUE CARAMBA ESTAVA ACONTECENDO?

Primeira noite de amor? Paris? Aquela senhora tinha entendido tudo errado, primeira vez numa cidade e não para perder a virgindade! Mulher louca! Pra idade dela ela devia estar fazendo tricô sentada em uma poltrona com um gato gordo do lado, ou criando coelhos, um clube de chá, não sei! Agora sexo? Meu Deus, em que mundo eu estava?

Sai do banheiro rindo daquela idiotice e me sentei novamente ao lado de Liam. Assim que me sentei a senhora piscou para mim e eu baixei a cabeça controlando meu riso.

-Porque exatamente aquela velha piscou para você Jessica?- Ele perguntou boquiaberto olhando para a senhora e em seguida me olhando. Comecei a rir tentando explicar.

-Ela veio com um papo de que a minha primeira vez com meu namorado em Paris seria perfeita. Que daria tudo certo. - Disse a ele, e ele entreabriu ainda mais a boca, ficando imóvel olhando em meus olhos e em seguida olhando para a mulher.

-Meu Deus Jess, mas ela deve ter o que? 80 anos?- Ele disse e em seguida caiu em uma gargalhada que seu corpo tremia, e seus olhos marejavam. A gargalhada dele ecoava pelo ambiente, comecei a dar soquinhos em seus braços pedindo para que ele se controlasse, mas não pareceu adiantar. Assim que ele parou de rir e eu conseguir parar de rir dele, o embarque foi anunciado.

-Sobre Paris... - Fui dizendo e olhando para ele. - Ela estava brincando não é? –Ele me olhou e deu um breve sorrisinho e entregou os últimos tíquetes ao homem parado a porta do trem.

-Liam?- Insisti. Ficando apenas na saudade de sua resposta. Caminhamos por um longo corredor até chegarmos a nossas poltronas. Eram poltronas da cor cinza, e poltronas largas, uma ao lado da outra, dividindo em duplas, uma dupla de cada lado do corredor e uma atrás da outra. Liam pegou minha mochila e colocou no bagageiro que havia em cima de nós, mas pedi para que ele deixasse em meus pés, vai que eu precisasse de alguma coisa de lá, não iria pedir para ele pegar. Sentei-me na janela, fechando os olhos e deixando o arzinho bom que tinha no corredor bater em meu rosto. Senti Liam se sentar do meu lado, mas nem fiz menção de olha-lo. Ok, mentira. Olhei pelo canto dos olhos e pude o ver apoiando sua cabeça na poltrona e fechando seus olhos.

“Atenção passageiros, há lanchonete nos vagões numero 1, 4 e 8. Os banheiros se concentram no final de cada corredor à esquerda. Qualquer duvida procurar um dos responsáveis pelo vagão, que estão identificados com nome e o crachá do Euro Star. A viagem até Paris durará 2 horas e 20 minutos. Boa Viagem.”

-Você, está me, levando, á, Paris?- Disse pausadamente olhando Liam de uma maneira que se eu visse a minha cara eu provavelmente estaria rindo.

-Sim, eu, estou. - Ele falou do mesmo modo que eu, fazendo um sorriso enorme surgir em meu rosto.

-Liam, mas é PARIS! O que fez você gastar dinheiro com isso? Liam eu sou bobagem!- Disse enquanto ainda estava boquiaberta.

-Cale a boca Jess!- Ele disse me dando um leve tapa no braço. – Eu ganho as passagens de minha avó, ela mora lá. Ficaremos na casa dela, quero te mostrar Paris. - Ele disse e deu um sorriso incrível.

-Mas Liam... - Fui dizendo sendo bruscamente interrompida por ele.

-Mas NADA Jessica Thompson. Eu estou te levando a Paris porque eu quero te mostrar a segunda cidade que eu mais amo nesse mundo, e achei legal levar você, te tirar de todo aquele desgaste emocional que você estava passando. - Ele disse olhando em meus olhos e depois desviando seu olhar para a janela ao meu lado. – Eu queria que alguém tivesse me levado a Paris quando eu precisei. - Ele disse e balançou negativamente a cabeça e voltou a me olhar. –Por isso não discuta comigo. Sei o que eu estou fazendo.

-Não vou discutir. –Disse e ele sorriu. –E bem, obrigada. Eu precisava mesmo sair daquela casa. - Disse a ele.

O trem então começou a andar a paisagem passava como um borrão ao nosso lado. Encostei a cabeça no vidro e fiquei olhando janela a fora, deixando meus pensamento fluir sem um destino certo. Liam havia tirado o Ipod dele assim como eu o meu, e ambos escutavam musicas em seus respectivos eletrônicos. Por que ele estaria me levando a Paris? Ou melhor, o que ele quis dizer com “Queria que alguém tivesse me levado a Paris quando eu precisei”. Eu havia conhecido Liam praticamente um dia atrás e no outro dia ele já estava me levando a Paris? Como assim? Porque ele estava me tirando de casa, me livrando dos problemas, da tensão que ainda estava no ar? Por quê? Liam era um amor de pessoa, eu me sentia segura quando eu estava ao lado dele, não me pergunte o porquê, mas eu me sentia. Era como se tudo o que eu tivesse passado, naquele momento não importava mais. Acho que grande parte dessa segurança veio quando ele me tirou do carro, me carregou em seus braços em meio de todo aquele caos. Liam vinha me passando uma imagem de bom moço, ele era comportado, enquanto todos enxiam a cara de tequila naquela festa de espuma, ele se contentava com um copo de suco. Ele parecia ser do tipo se precisasse poderia contar, deve ser por isso que ele vivia em casa, aconselhando Elliot de todas as burradas que ele fazia. Elliot reclamava que “como um garoto de 17 anos pode ter melhores conselhos do que um de 20?”. Em meio de pensamentos e ao som de Superman do Joe Brooks, deixei que meus olhos se fechassem, e que eu pagasse por um curto período de tempo.

And tell you that I'm not that strong

(E te dizer que não sou tão forte.).

Cause I'm no superman

(Porque eu não sou Super Homem,).

I hope you like me as I am

(Espero que goste de mim do jeito que sou”.)”

Eu apaguei por alguns bons minutos, digo uma meia hora, cinquenta minutos no máximo, e acordei quando o trem deu um “pulo” e fez com que eu enfiasse minha cabeça no vidro, soltando um gemido de dor.

-Está bem?- Liam segurou meu braço olhando no fundo dos meus olhos. Abri os olhos calmamente devido ao susto e levei uma das mãos ao lugar que eu havia batido. Olhei para Liam e ele me olhava esperando uma resposta imediata.

-Estou. - Respondi. - O que foi isso?- Perguntei.

-Nada demais, estamos passando por uma cidade apenas. - Ele disse. Foi quando eu olhei pela janela e reconheci os campos de Ashford, e logo mais o centro da cidade.

-É Ashford. - Eu disse e soltei o cinto ficando de frente para a janela. Pude notar que Liam soltou-se também e ficou logo atrás de mim, olhando pela janela assim como eu. Os campos de Ashford, como eu queria estar do lado de fora! Sentir aquela grama macia, o cheiro das flores, e ar pouco poluído, como eu queria estar lá ainda. Pude sentir as lagrimas irem surgindo em meu rosto, num ato inesperado, levei as mãos até o vidro, como se eu tivesse tocando aquela paisagem. Logo ali na beira da estrada pude ver a plaquinha indicando a propriedade e hotel THOMPSON.

-Minha casa era ali. - Disse apontado para a placa, e Liam não disse nada, ficou quieto atrás de mim. A essa altura minha respiração já pesava, a visão já estava ficando embaçada, eu queria descer ali, queria correr, me jogar na piscina de casa, pegar o barco e ir nadar no rio, correr com os cavalos... Em um instante deixamos a zona rural por onde o trem passava e atingimos a cidade. Todos aqueles predinhos encantadores, as lojinhas pequenas, ai que saudades.

-E ali, era a minha escola. –Mostrei a Liam o espaço verde onde era a minha escola, já havia bexigas e faixas no local para dar as boas vindas aos alunos daqui a uns dias. Continuamos andando dentro do trem quando passamos em frente aquela loja de teto de vidro, a loja do meu pai.

-Vendas Thompson. - Apontei para a loja. – A loja do meu pai. Trabalhava ali nos finais de semana, adorava passear pela cidade às vezes, até estudar na biblioteca eu ia. - Disse a ele e ele novamente não disse nada. Em menos de 5 minutos já estávamos longe de toda aquela cidade e eu continuava olhando para trás pela janela, na esperança de tudo voltar a ser como era antes. Liam não tinha dado nenhuma palavra até então, até me perguntei se ele estava mesmo ao meu lado. Voltei na minha posição normal, e encostei a cabeça no banco fechando fortemente os olhos, controlando aqueles lagrimas que queria cair.

-Não ligo se você chorar pense que eu nem estou aqui. - Ele disse e eu abri os olhos, dando um breve sorrisinho. Voltei a fecha-los, respirando fortemente, deixando o ar entrar em meus pulmões e me acalmar aos poucos. Enquanto eu mantinha meus pensamentos concentrados em me acalmar, senti uma mão firme pousar em meu rosto, colocando meus cabelos atrás da orelha. Meus esforços foram para o brejo, ele puxou minha cabeça para seu ombro e eu cedi, fui deslizando um pouco para o lado para ficar confortável em seu ombro. Quando pousei minha cabeça sobre ele, ele continuou fazendo carinho em mim, brincando com seus dedos pelo meu cabelo. Aquela foi a melhor maneira de me acalmar, em alguns minutos eu já me sentia segura de novo, com um toque de felicidade. Acalmando-me aos poucos, me deixando feliz ao longo da viagem.

Enfim lá estávamos nós, Estação Gare Du Nord. Pegamos nossas coisas e saímos da Estação. Mas antes, claro, algumas boas fotos tiramos juntos. A estação era enorme! Uma perfeição. Poderia ficar observando os detalhes durante um bom tempo, se Liam não tivesse me puxado para o outro lado da rua.

-vem, temos muitas coisas para fazer hoje. - Ele soltou um risinho e segurou minha mão, me puxando para a calçada.

Seguimos para o metro, e em algum tempo estávamos na tão linda Avenida Champs Elysés. E lá no fundo o Arco do triunfo. Liam assim como eu parou para tirarmos fotos. Foram fotos minhas e dele, e foto de nós dois juntos naquele belo lugar. Depois desse passei por essa avenida, e 7 quilômetros andando e andando, e tirando fotos e mais fotos, fizemos uma pausa no parque do Castelo de Versailles.

Batatas são muito famosas lá, e claro que eu não poderia perder essa oportunidade de comê-las. Sentei-me com Liam em uma parte do gramado, ficando de frente para o lago, enquanto ambos degustávamos aquelas deliciosas batatas.  Depois do nosso lanche da manhã, ficamos deitados sobre a grama, olhando o céu que estava bem azul. Eu fiquei pensando no porque ele havia me levado lá, e o porquê ele estava fazendo isso por mim, me tirando de casa e expandindo meus horizontes.

-Acho melhor irmos, temos ainda umas coisas a fazer. Quero que você conheça meus lugares favoritos. - Ele disse ficando de pé e estendo a mão para que eu levantasse.

Paramos para almoçar em um restaurante simpático perto do rio Sena. Sentamos perto da janela, onde recebíamos uma leve brisa gostosa. Pedimos um prato à moda francesa, o que me agradou muito, já que eu nunca havia comido até então. Ficamos sentados de frente um para o outro, e eu via Liam conversar em um francês fluente com o garçom.

-Por favor, não humilhe o meu francês. – Disse a ele, tirando um risinho fraco de seus lábios.

-Pratica Jess. Passo as férias aqui com minha avó, e por algum motivo eu não vim para cá essas férias, achei justo te trazer comigo. Pelo menos por dois dias. - Ele disse.

-E qual parte do “leve troca de roupa” que você esqueceu-se de me avisar?- Disse a ele fazendo uma cara de deboche.

-Bem, não achei necessário. - Ele riu.

Em um tempo de conversas bobas, uma sobremesa chegou, e mais uma vez tiramos uma foto junta. Logo veio um homem alto com uma câmera na mão, falando com Liam algo sobre uma foto sobre o casal. Entendendo mais ou menos o que eles diziam, eu e Liam posamos para uma foto, e logo o homem foi embora.

-O que exatamente ele queria?- perguntei.

-Ele queria que tirássemos uma foto para entrar na decoração do restaurante, venho aqui a bons anos, acho que ele quer uma lembrança. - Ele disse e voltou a comer a sobremesa.

Assim que saímos dali com um saquinho de alfajor, paramos a margem do Rio Sena, e lá ficamos um tempo conversando e passeando em volta do rio. Um reflexo gigantesco vindo na direção de meus olhos me chamou atenção. Era a ponte do amor e seus diversos cadeados, e do outro lado a catedral de Notre Dame. Lancei um olhar para Liam e passamos pela ponte vendo todos aqueles casais, colocando seus cadeados jogando a chave no rio e fazendo juras de amor. Comecei a brincar com Liam sobre os cadeados, já que tinha alguns extremamente exagerados.

-Não acredito muito nesse lance de eternizar o amor aqui. - Ele disse enquanto caminhávamos pela ponte. - Nada será eternizado aqui, até mesmo porque os cadeados muitas vezes são jogados fora para dar espaço a outros.

-É não faz muito sentido mesmo, mas o que faz sentido quando se está apaixonado?- Disse e ele riu.

-Mas numa forma de “eternizar” esse momento – Ele disse fazendo aspas no ar. – Eu trouxe isso. - Ele tirou um cadeado com os dizeres “uma amizade que nasceu sem querer”. Fiquei boquiaberta com aquilo e meus olhos brilharam.

-Nenhum amor pode durar para sempre, mas quem sabe uma amizade não dure?- Ele disse para mim me fazendo dar um largo sorriso. Abaixamos e eu o observei colocar o cadeado bem em baixo na grade. Ele estendeu a chave para mim assim que fechou.

-Lança no Sena agora, vamos eternizar esse momento. - Ele riu.

Peguei as chaves e tomei impulso e a joguei longe, atingindo em cheio o rio.

-Mais um pouco de impulso e você ia acabar sendo lançada junto com a chave. - Ele disse e rimos.

Atravessamos a ponte por completo e chegamos a catedral, onde passamos em torno de cinquenta minutos observando todo seu interior, ela totalmente encantador.

Assim que saímos tomamos um bom sorvete, diferente do jeito britânico.

-Bem, são seis e meia, gostaria de te levar em outro lugar que eu amo. - Ele disse enquanto caminhávamos rumo ao metrô.

-Bem, até agora tudo o que você me mostrou eu amei, pode me levar para onde quiser. - Disse e depois percebi o efeito malicioso que minha frase havia causado. Baixei a cabeça e comecei a rir igual a Liam que tampou o rosto escondendo a gargalhada.

-Ignorando essa sua frase de duplo sentindo, melhor irmos antes que o lugar feche, quero que conheça a Opera Garnier. – Ele disse enquanto entravamos no metrô, era incrível como esse garoto tinha um gosto incrível quando o assunto era Paris.

Passamos pela enorme porta de madeira do teatro nos deparando com uma enorme escadaria, um palco incrível e vários andares. Eu e Liam percorremos cada andar, até chegarmos ao mais alto e central. Debrucei-me sobre a contenção de mármore, encarando todo aquele espaço, tirando lindas fotos e imaginando uma apresentação ali.

-Você tem que ver quando essa opera lota. Tudo bem que eu odeio opera me da um sono gigantesco. – Liam foi dizendo. - Mas me causa arrepios ver esse lugar lotado com toda as pessoas apreciando a musica.

-Deve ser realmente incrível. - Disse enquanto as cenas daquele lugar lotado passavam pela minha cabeça.

Eu estava morta de cansaço quando saímos da opera, precisava descansar urgentemente. Me sentia tonta e fraca, querendo dormir. Mas era Paris, era Liam, eu conseguiria ficar mais boas horas acordada.

-Aonde vamos agora?- Perguntei animada.

-Olha não sei você, mas eu realmente preciso sentar em algum lugar, minhas pernas estão me matando. - Ele disse fazendo uma cara de cansado, me dando até pena.

-Eu também preciso. - Disse admitindo meu cansaço.

-Tem um lugar que eu adoro, acho que poderíamos ir, e descansar um pouco. - Ele disse fazendo certo suspense.

-E onde exatamente o senhor quer me levar? –Disse enganchando em seu braço enquanto caminhávamos.

-Restaurante no escuro. - Ele disse com um largo sorriso, enquanto eu ficava boquiaberta.

-É sério Liam?- Disse espantada.

-É uma experiência única, acho que você vai gostar. - Ele disse e caminhamos por algumas ruas, até chegarmos num restaurante com painéis de led na frente. Entramos na recepção e em menos de 5 minutos liberou uma nova mesa.

-Você nem sequer teve tempo de desistir. - Ele disse rindo, enquanto a mulher nos encaminhava para um porta preta. Segurei a mão da atendente que nos guiava enquanto Liam segurava a minha, eu estava em pânico. Era obvio que eu ia cair naquele breu todo.

A mulher nos ajudou em relação aos acentos, consegui me sentar assim como Liam, eu estava rindo muito com toda aquela situação.  Pedimos um parto simples, algo que não nos mataríamos para comer.

-Liam, estou com medo de acertar meus olhos enquanto como- Disse rindo enquanto mastigava o pedaço daquela deliciosa carne com batatas.

-Eu acho que acabei de jogar minha carne em algum lugar. – Ele disse dando uma gargalhada gostosa, ai como eu gostaria de ver seu rosto nesse momento.

Durante o jantar foram muitos risos, gargalhadas, esquecíamos que estávamos em publico junto com outros clientes, mas que se dane, eles não podiam saber quem nós éramos mesmo.

Saímos do restaurante dando altas gargalhadas e imaginando situações estranhas dentro daquele lugar. Foi quando o relógio anunciou nove horas da noite, e a Torre Eiffel brilhando de ponta a ponta.  Parei para olha-la e Liam parou ao meu lado, um minuto de brilho e de fotos, era algo magnifico.

-É lindo não é?- Ele disse.

-Passa uma sensação de paz. - Eu disse. - E como se todos os problemas fossem esquecidos por um minuto. – Conclui.

-Na verdade eles podem ser esquecidos para sempre, basta você querer. - Ele disse me olhando.

-Mas sempre vai ter uma cicatriz. - Disse olhando em seus olhos. - E geralmente elas nunca saem.

-Mas podemos escondê-las. – Ele disse.

-Estou ficando confusa. - Disse. –Metáforas deixam meu raciocínio lento. - Conclui e ele gargalhou.

Ficamos no jardim da Torre Eiffel, comendo donuts, enquanto olhávamos a Torre. A musica que tocava na praça ao lado se tornou a melodia da nossa noite, embalando nossas gargalhadas.

-Chegou a hora de subir Jess. - Ele disse apontando para o alto da torre enquanto o relógio batia 23 horas.

-Pensei que não iriamos. - Disse e ele tirou dois passes corta filas do bolso. – Quando eu penso que você não pode me surpreender mais, adivinha? Você consegue me surpreender de novo!

Subimos a Torre chegando ao primeiro andar, onde havia um café bem confortável de frente para a visão da cidade.

-Olha, não posso olhar para baixo. - Disse rindo de nervoso da altura. Liam estava na grade rindo e me chamando. Andei até ele, forçando meus pés a se locomoverem, altura não era meu forte. Ele me segurou pela cintura, me colocando contra ele e mais uma vez eu me senti protegida. Subimos até o segundo andar, onde a visão da cidade era ainda mais alta. Havia umas lojinhas que veríamos depois. E subimos rumo ao terceiro andar, que medo que eu estava.

Liam correu em direção à grade assim que a porta do elevador se abriu, e eu estava paralisada, andando aos poucos enquanto o vento forte batia em meu rosto. Liam novamente olhou para mim, foi até mim andando calmamente.

-Altura?- Ele perguntou e eu balancei positivamente a cabeça, assumindo meu medo.

-Confia em mim?- Ele perguntou mais uma vez, e eu novamente balancei positivamente a cabeça. - Então vem comigo. Não deixe o medo te dominar. – Ele estendeu a mão e eu num ato súbito de coragem a segurei e ele esboçou um largo sorriso.

Caminhamos até a grade, fechei os olhos e quando Liam sussurrou para que eu os abrisse a visão mais bonita do mundo, agora estava sob o meu campo de visão. Dei um suspiro de alivio e medo ao mesmo tempo, e senti as mãos de Liam envolverem minha cintura com calma. Minha respiração estava ofegante, era muito alto aquele lugar, mas era a vista mais linda do mundo. Ficamos uns minutos em silencio contemplando a vista da cidade inteirinha iluminada.

-Porque você disse mais cedo: “Queria que alguém tivesse me levado a Paris quando eu precisei”? Como assim Liam?- Disse e ele me olhou por um segundo voltando a olhar o horizonte.

-É uma longa historia Jess. - Ele disse. As luzes da cidade iluminavam seu rosto, e o vento bagunçava seu cabelo. Era encantador, adoraria ter uma foto dele assim no celular.

-Acha justo saber tudo sobre mim, até me resgatar das cinzas, literalmente, e eu não saber nada sobre você?- Disse a ele e ele riu, ficando em silencio por alguns segundos.

-Você não foi à única que perdeu alguém especial. - Ele disse e continuou olhando o nada. –Sabe por que eu estou fazendo isso por você?- Ele me olhou e seus olhos brilhavam mais que o normal. Neguei com a cabeça. –Porque não quero que você viva sempre triste, eu tive que viver no mesmo lugar por 2 anos, e aquele lugar me machucava toda vez. Até eu vir morar em Paris com minha avó por um tempo, até minha mãe decidir ir para Londres novamente, só que dessa vez, com meu PADRASTO. - Ele disse me olhando. - Perdi meu pai quando eu tinha seis anos. Ele morreu salvando a vida de outras pessoas num assalto, ele levou um tiro por uma criança, dizendo que lembrava seu filho. Tecnicamente ele levou um tiro, protegendo alguém que ele dizia se lembrar de mim. Morreu por mim. - Seus olhos agora tinham pontas de lagrimas.

-” Na verdade eles podem ser esquecidos para sempre, basta você querer.” – Disse repetindo sua frase de mais cedo.

-Mas sempre haverá cicatrizes. - Ele disse soltando um risinho.

-Podemos fazer isso juntos. - Eu disse sem pensar, mas foi uma frase verdadeira. –Só não sei como. - Conclui. Ele me olhava nos olhos, na procura de uma resposta assim como eu.

-Acho que já tenho a resposta, de como podemos fazer isso juntos- Ele disse fitando o horizonte iluminado mais uma vez.

-E como faríamos isso?- Perguntei olhando para ele e me deparando com incríveis olhos castanhos, com o mesmo brilho do dia do acidente, fazendo um arrepio percorrer meu corpo, ao lembrar-me daquela data.

-Desse jeito. - Ele disse me segurando pela cintura e me puxando para perto de si, fazendo com que sua respiração acelerada batesse em meu rosto, e em seguida unindo nossos lábios. Levei meus braços ao redor de seu pescoço, aprofundando ainda mais aquele doce beijo no alto da Torre Eiffel, nada clichê e romântico que aquilo.

Agora eu tinha a certeza. Eu queria Liam, e somente ele poderia me tirar das trevas e me levar para luz.


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Notas finais do capítulo

Me digam o que acharam por reviews!!



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