Especial de Ano Novo.

Essa sensação de acordar sabendo que é o ultimo dia do ano é uma sensação maravilhosa, mas também dá um pouquinho de tristeza. Maravilhosa porque você vê as coisas incríveis que passou e que os momentos difíceis já passaram, e um novo ano com novas oportunidades e acontecimentos vai entrar na sua vida. E triste porque esses momentos incríveis não irão mais voltar, e que algumas oportunidades foram deixadas para trás e que você não terá oportunidades iguais. Essa sensação do dia 31 de dezembro, essa sensação de nostalgia com o ano que se acaba, é uma sensação poderosa, que faz você querer sentar no chão e chorar, só chorar. É um sentimento esquisito, algo poderoso que eu ainda não consigo dar um nome.

–Jess?- Liam bateu na porta. –Pronta para irmos?

–Sério não sei o que você tanto espera do ano novo em Ashford, não é grande coisa como Londres ou Paris. Alias me pergunto até agora porque você não está em Paris Liam Cartter...

–Por isso. –Ele me puxou e me deu um beijo e cheirou meu pescoço. –Perfume novo, eu gostei.

–Idiota. –Eu disse. –Qual desses é melhor pro ano novo? –Eu peguei dois vestidos e mostrei.

–Vai usar vestido mesmo fazendo 5 graus la fora? – Ele disse.

–Vou, claro.

–O da direita. – Ele apontou para um vestido branco de mangas compridas, bem acinturado com um decote quadrado, eu usaria com uma meia calça e tênis mesmo. Troquei de roupa e sai ao seu encontro que estava sentado em minha cama.

–Preciso ter a certeza de uma coisa. –Ele disse sério.

–Do que?

–Vai ser eu, EU que você vai beijar a meia noite não é? Não quero nenhum amiguinho de escola aparecendo de te agarrando.

–Acha que eu era algum tipo de vadia? Liam eu mal falava com as pessoas!

–Graças a Deus! Porque se falasse teria um monte babando em cima de você! Que horror!- Ele fez cara de nojo.

–Bobão.

Seguimos de carro junto com sua mae seu padrasto sua avo e sua nova irmã até o bairro de castelos da cidade. Era uma região rural, porem 4 castelos vizinhos se juntavam, abriram seus portões e deixavam o publico entrar. A maioria dos moradores procurava Londres ou outras grandes cidades para passar o ano novo, mas passar ali naquele castelo com reifeições completas e amigos ao redor era sempre bom. Desci do carro com Liam e começamos a caminhar de mãos dadas pelos castelos, encontrei alguns conhecidos da escola, sorri, acenei, mas nenhum amigo mesmo, até agora.

–JESSICA? JESSICA THOMPSON? AI MEU DEUS!- Dylan um menino da minha sala correu até mim. –INACREDITAVEL!- Ele me abraçou forte, olhei para Liam e ele revirava os olhos.

–Oi Dylan! Esse é meu namorado Liam. –Disse e Liam pulou a minha frente e estendeu a mão a Dylan que o cumprimentou com animação.

–Jess, o pessoal da sala se reuniu seria muito bacana se você aparecesse! Vai la com a gente depois! Leva o Liam! Estamos numa tenda na área 4! Vai la!- Ele disse saindo as pressas.

–Area 4?- Liam perguntou.

–É como os campos são divididos no ano novo, tem gente que faz uma festa partículas ou algo parecido.

Nos sentamos em frente de uma fogueira e eu fiquei entre as pernas de Liam enquanto ele me abraçava me protegendo do vento frio que soprava ali.

–Tipo, sou só eu que sinto uma sensação estranha na noite de ano novo?- Ele sussurrou.

–Não, eu também sinto.

–Um ano novinho, zero bala, vai entrar e eu gostaria de prever os acontecimentos que estão por vir, novos acontecimentos que tomaram o lugar dos velhos... O ano novo é um momento que você pensa algo como “Tudo o que tinha que dar já deu, não invente de fazer coisas no ultimo dia do ano”.

–Sempre fui contra com “Você tem 24 horas para fazer o que não fez em 364 dias”. Não faz o menor sentindo! A pessoa teve 364 dias para fazer qualquer coisa, não vais ser no ultimo dia, nem no ultimo mês que ela vai conseguir.

–Eu concordo. Sabe Jess, eu acho uma coisa bonita, todo mundo reunido para ver fogos de artificil. É uma bobagem gastar tanto dinheiro com isso, confesso, mas isso deixa as pessoas tão felizes, provocam uma sensação de paz, esperança, fé! É como se cada explosão fosse um sonho se explodindo, ecoando ao redor do mundo, uma espécie de fé, e esperança para o novo ano... para que as coisas sejam diferentes.

–É como fazer uma oferenda á Iamanjá, pular sete ondas, vestir branco, são pequenas formas de esperança e fé. É legal abraçar quem você nem mesmo conhece, e essa pessoa te abraçar como se você fosse alguém especial. Eu realmente acho que essa sim é a maior festa da humanidade, o mundo para e espera pelo ano novo. É como uma celebração para a inovação do ciclo da vida.

–Não existe um ciclo. Porque não há nada sobrenatural que faça você ficar mais novo. Você só envelhece, envelhece junto com seus sonhos, mas talvez seja isso que dê esperança as pessoas um “Se eu não fizer esse ano, eu não terei mais tempo”. Eu acho que não acontece nada de sobrenatural na noite de ano novo, mas acontecem sim coisas esquisitas. Como sorrisos de pessoas que nunca sorriram, abraços inesperados, palavras bonitas. Beijos. É um grande dia, um momento pra celebrar a vida.

–Parecemos dois idosos falando. –Disse a ele. – Deviamos gravar isso. Mas estamos em um momento bom, não vamos quebrar nossa filosofia de ano novo. Quem sabe se na volta as aulas pedirem uma palestra sobre o ano novo, a gente pode apresentar essa! –Ele sorriu.

–De certa forma celebramos a vida. Todos aqui sobreviveram de algum jeito a crises econômicas, ataques terroristas, sobreviveram a dor. E pelo pouco que eu prestei atenção da aula de historia, pelo que eu entendi, os povos antigos encaravam o novo ano como uma renovação, então achavam que era a melhor época para plantar, investir em coisas novas.

–Ual, alguém anda prestando atenção nas aulas e não dormindo. Orgulho da família. –Eu virei e o beijei. – talvez seja por essa brecha de esperança que hoje as pessoas sentem tanta emoção na virada do ano, elas realmente esperam que algo melhor possa vir, uma esperança. Mas o que elas não sabem é que o destino não cabe elas.

–E você, quais são os seu planos para o novo ano senhorita Thompson?- Ele perguntou me abraçando de uma maneira gostosa e beijando minha bochecha.

–Não sei. Recomeçar, tipo do zero mesmo. –Ele fez uma cara de duvida. – Quero dizer, esse ano foi difícil, muito. E eu tenho minha esperança para o novo ano, de que tudo seja diferente que minhas gargalhadas cubram meus choros desse ano. Entende?

–Claro!

–E você senhor Cartter, ou Baker, ainda não sei como devo te chamar... Quais são os seus planos para o novo ano?

–Cartter, prefiro Cartter. Meus planos... ficar com a menina mais linda do colégio, matar os outros de inveja, e dizer: “Essa menina é minha”.

–Quem é? Não vem falando que sou eu que é mentira!

–É você sim. Minha Jessica Thompson, meu amor, meu tudo, meu mundo, meu novo ano.

–Novo ano? Essa eu não entendi!

–Como falamos no ano novo sentimos algo que não conseguimos explicar. Um sentimento bom, uma felicidade uma paz... e eu sinto isso com você.

–Porque eu me apaixono mais por você a cada dia que passa?

–Porque eu sou assim incrivelmente atraente?- Ele sorriu e em seguida gargalhamos.

–Você é um idiota isso sim!- Eu disse e já de pé, ele me puxou para seus braços. –Obrigada por estar aqui comigo essa noite, é importante ter você do meu lado.

–Eu sempre vou estar. –Ele me deu um beijo na testa. –Mas realmente acho melhor eu estar do seu lado quando você for ver seus amigos, aquele tal de Dylan está vindo em nossa direção.

–Ah, oi Dylan. –Eu disse me virando e ficando entre os braços de Liam.

–O pessoal pediu para eu arrastar você para lá! Vem!- Ele me puxou e eu puxei Liam. Cheguei perto da tenda e como de costume havia musica alta, bebida e todo mundo sorrindo, como no ano passado, quando eu cheguei perto, Dylan anunciou minha entrada com um grande berro me deixando totalmente envergonhada, querendo me esconder atrás de Liam. Meu coração batia forte, era estranho rever eles depois de tanto tempo. Nunca fui de me enturmar muito, mas com eles eu passei momentos incríveis, altas risadas, choros, planos para o futuro, coisas que nunca vou esquecer, e eu acho que nem eles. Todos me olhavam com curiosidade, medo, receio ou mesmo indiferença.

–Jessica? Jessica Thompson? Está de brincadeira!

–Jonathan!- Voei em seu pescoço em um abraço ótimo! Jon, como eu o chamava era aquele meu amigo que tocava guitarra para mim, mantínhamos contato pelo celular mas acabamos perdendo um pouco do contato.

–Liam Cartter?- Jon disse.

–Sim. –Liam respondeu. –Jonathan?- Ele sorriu.

–Já ouvi falar muito de você cara!- Liam me olhou com um breve sorriso. –feliz ano novo aproveitem a farra!- E ele saiu pulando.

Muitos outros vieram falar comigo, me abraçar e dizendo que sentiam minha falta, aquela sim era uma nostalgia de ano novo por completa.

–Vamos fazer uma roda na fogueira, vem com a gente!- Jon disse. –Só o nosso grupo vem!

–Os A.D.I.P.T. ?- eu perguntei.

–Sim os A.D.I.P.T.! Meu deus você ainda se lembra!

–Nem quando eu tiver 80 anos eu vou me esquecer!

–Desculpa mais o que é um grupo A.D.I.P.T? –Liam perguntou.

–Anonimos desconhecidos, ignorados por todos. –Eu e Jon dissemos juntos.

–Esse era meu grupo escolar. –Eu disse e Liam gargalhou.

Andamos até a fogueira e nos sentamos na grama gelada mesmo. Mary, Jon, Mike, Nikki, Ian, Josh, Michel, Mandy, e Cleo. Todos estavam ali o mesmo grupo reunido novamente, eu queria saltitar de tanta alegria que tinha dentro de mim.

–Se lembra daquela vez que Jessica respondeu o Senhor Bigail?- Ian disse e todos ficaram chocados!

–Eu não me lembro!- Liam se pronunciou, tirando risos de todos. –me contem isso por favor!

–Já chega! Já contaram muita merda minha! – Eu disse.

–Contem!- Liam gargalhou.

–O professor era um mala! E ele disse que se Jessica continuasse a escrever redações tão mal, ele iria ter que escrever ela em um concurso de piores redações! E então ela se levantou e disse “E eu vou inscrever o senhor num site de namoro para ver se arruma uma namorada e para de encher o saco de todos aqui”

–Quatro dias suspensa. –Eu disse e Liam me olhava inacreditado, e chorando de rir.

–Não acredito que essa menina respondeu isso!- Ele rolava de rir.

–E outra Liam! O da piscina!- Mandy disse. –Quando ela era mais nova ia ter um campeonato de natação e trocaram o maiô dela por um numero maior ela encheu o maiô com bolinhas de algodão, isso fez ela flutuar e ganhar a competição, mas quando ela saiu deixou um rastro do isopor.

–Foi um saco de isopor que colocou?- Nikki perguntou rindo.

–Foi!- Eu respondi. –tirei bolinhas de isopor daquela região por quase uma semana.- E Liam rolava de rir.

–Inacreditavel. –Ele dizia enquanto me olhavam.

–E teve uma vez. –Michel começou. –Em que esse grupo estava matando aula em cima da caixa de agua do colégio, o dia estava muito quente, e então quando vimos o diretor andando em nossa direção, entramos todos dentro da caixa de agua sem hesitar, e então a caixa foi aberta e o diretor puto da vida perguntou o que fazíamos la, e Jessica respondeu que estávamos testando a qualidade da agua do colégio.

–Você tinha resposta para tudo?!- Liam disse.

–Ela tinha e tem, só não aflorou esse lado em Londres ainda!- Nikki respondeu.

–E aquela vez que você colocou remédio para liberar o intestino no café do professor de matemática!?

–Eu salvei a vida de vocês! Vocês me devem essa!

–Como assim?- Liam já gargalhava.

–Ninguem sabia nada da prova, e esse professor tinha a mania de só ele querer aplicar a prova e então Jessica colocou uma quantidade boa para que ele não saísse do banheiro na próxima semana! E assim foi e ela ficou na lista de honra dos alunos por um mês!

–Jessica!- Liam olhou para mim espantado. –Use esse seu lado em nossas aulas!

–tudo bem, já chega de historias sobre mim!-Eu disse. –temos que ir, vai dar meia noite.

–Jess foi muito bom te ver, apareça mais vezes!- Jon me abraçou assim como fizeram todos os outros do grupo.

–Serio mesmo que você fez todas aquelas coisas? –Liam limpava as lagrimas de gargalhada do canto de seus olhos enquanto andávamos em direção a nossa família.

–Fiz!- Escondi meu rosto em seu peito.- Me julgue!

–Você é incrível!- Ele beijou o tipo de minha cabeça.

–Ai estão vocês! O relegio vai começar a contar!- Bruce nos chamou.

Fiquei de pé com Liam ainda abraçado comigo, enquanto o relegio grande do castelo do meio começou a badalar os 10 ultimos segundos do ano.

–Você tem 10 segundos para fazer algo que não fez. –Liam disse. -10.

–Eu não sei oque fazer.- Eu disse.

9.

–Tem certeza?- Ele sussurrou.

8

–Eu não sei Liam! Se eu falar não vai dar tempo!

7

–Algo simples, pense, você consegue.

6

–Socorro.- Eu ri.

5

–melhor ir rápido. O ano esta prestes a acabar.

4

–voce primeiro Liam!

3

–Eu te amo, mais que qualquer outra pessoa! Sua vez, rápido!

2

–Você foi a melhor coisa que me aconteceu esse ano, eu te amo, muito!

1

–Eu te amo Jessica Thompson.

Inicio de um novo ano com um beijo, um beijo cinematográfico de tirar gritinhos de quem estava a nossa volta. Inicio de um novo ano, de um recomeço, de uma melhoria da vida. O inicio de um novo momento com novas lembranças, novos momentos que eu não esquecerei. Incio da esperança, da fé, da felicidade. Novos sonhos virão, novos momentos surgiram. Os fogos explodiam a nossa volta, as pessoas sorriam e se abraçavam, mas eu tinha Liam, e eu queria ficar só ali, o beijando, o nosso fogo era mais bonito que os fogos. Eu não sabia o que iria acontecer nesse novo ano, e nem as coisas que viriam, eu não tinha certeza de mais nada. Mas a única coisa que eu tinha a absoluta certeza era que:

Eu amava Liam Cartter. E não amava pouco. Pelo contrario, eu o amava demais.