Era início da tarde quando caminhei lentamente pelo pátio. Não tinha muita gente, os alunos deveriam estar em seus quartos estudando, e era o que eu faria se não precisasse conversar com Armin.

Já havia ido a todos os lugares, o pátio era o último onde eu o procurava. E lá o encontrei, sentado no banco observando o jardim.

– Licença. – Disse, sentando-me ao seu lado. Ele apenas sorriu, ainda encarando a paisagem. – Vim conversar contigo. Acho que precisamos esclarecer algumas coisas.

– Parece que sim. – Armin sussurrou e só então olhou em meus olhos.

Respirei fundo e comecei:

– Você gosta de mim?

Armin pareceu espantado por um momento, mas depois sorriu.

– Claro. Você é minha única amiga.

Devo ter parecido surpresa com a sua resposta, pois ele continuou:

– Você achou que eu gostava de você como... – Ele não terminou a frase, e nem precisou, já que eu havia entendido.

– Acho que sim. – Sussurrei envergonhada. – Desculpa. Eu sou uma burra!

– Não fale assim. Você é maravilhosa. Mas me diz... Você não gosta de mim, certo?

– Você é meu amigo, eu tenho que gostar de você. – Nós rimos, e sem perceber, passamos a tarde inteira sentados no banco do pátio. Conversando, rindo e, no final da tarde, observando o pôr do sol.

*****

Uma semana depois...

Penúltima semana de aulas. E, consequentemente, semana das provas. Estava nervosa, assim como a maioria dos alunos. Alexy havia tido um pequeno ataque de pânico assim que o professor entrou na sala, o que divertiu a classe momentaneamente. Armin reclamava que devia ter estudado mais, porém seu jogo não o deixou. Enfim, todos os alunos tinham alguma desculpa e quando o professor de biologia começou a entregar as folhas grampeadas, começaram a choramingar, prometendo estudar mais da próxima vez.

Iríamos ter três testes por dia até sexta-feira. Assim que outra semana se iniciasse, poderíamos ver as nossas notas e, dependendo da mesma, ficar para recuperação ou ajudar os alunos que precisassem.

– Finalmente! – Ergui os braços assim que o sinal tocou. Já estava cansada de ficar presa na sala, mesmo tendo terminado de responder todas as questões. Saí da classe rapidamente, e pude ver alguns alunos pegando seus livros de química e tentando absorver alguma coisa deles.

– Como se eles fossem aprender algo em dois minutos. – Riu Alexy, parando ao meu lado. – Como se saiu, Shiemi?

– Creio que consegui acertar uma boa quantia de questões. Espero não ficar para recuperação, quero ver meus pais o quanto antes.

– Já tem planos para essas férias? Eu vou para Disney. – O menino de cabelos azuis girou, fazendo uma dança um tanto engraçada.

– Acho que vou para a praia. Faz tempo que não viajo para uma.

Alexy abriu a boca para falar, mas o sinal que anunciava a volta para a classe tocou. Pudemos ver a expressão de pânico de alguns alunos que passavam as páginas rapidamente, tentando entender em segundos um assunto que não aprenderam em semanas. E lá fomos todos nós para a aula dupla de química.

*****

No final do dia combinei de sair com Rosalya. Eu sei que deveria estudar, mas Rosa insistiu tanto que não tive outra escolha.

Ao chegamos no shopping, avistei Leigh dentro de uma loja de moda feminina. Logo atrás dele estava Lysandre, que também escolhia uma roupa. Estranhei, mas preferi ficar na minha. Rosa, por sua vez, foi correndo ao encontro dos dois, me arrastando junto.

– Oi, o que vocês fazem por aqui? - Rosalya disse, abraçando Leigh.

– Hã... Bom... Eu ia comprar algo pra você.

– Como? Isso é pra mim? – Rosa apontou para um vestido preto de laço nas mãos de Leigh.

– Sim. Você gostou?

– Eu amei! – Rosa se jogou nos braços de Leigh, e ambos foram para o caixa, deixando eu e Lysandre para trás.

– Acho que se esqueceram de nós. Apenas acho. – Lys riu diante da minha fala.

– Ah! – Ele exclamou e pegou uma blusa branca com uns detalhes dourados nas pontas das mangas longas, na gola e na barra. – Você acha esta blusa bonita? – Assenti. – Legal, vou levar.

– Vai dar para alguém? – Perguntei, apesar da resposta óbvia. Lysandre respondeu que sim e continuei. – Posso saber para quem é?

– Para uma menina.

Fomos para o caixa e logo estávamos fora da loja. Assim que passamos a porta do shopping, caminhando para fora a procura de Leigh e Rosa, Lysandre me entregou a sacola.

– Quer que eu carregue? – Perguntei.

– Não. – Ele sorriu. – É para você.

Fiquei sem reação. Era a segunda vez que nos víamos, não sei se poderíamos nos considerar amigos. Peguei a sacola, e senti minhas bochechas esquentarem.

– Obrigada! Eu vou retribuir assim que puder.

– Shiemi. – Lys pareceu um pouco irritado. – Quando damos presente para alguém, não podemos esperar algo em troca. A única coisa que você quer receber é um sorriso.

E eu não pude me conter. Sorri abertamente, fazendo Lysandre sorrir junto.

*****

Apesar de a semana passar vagarosamente, já era sexta-feira. Dia feliz para alguns, e triste para muitos. Hoje, as duas provas mais importantes seriam aplicadas: Os questionários de português e matemática.

Entramos na sala em silêncio. “Coisa rara de acontecer.”, pensei. Sentamos em nossos devidos lugares e, depois de um curto período de tempo, o professor distribuiu as folhas da prova. Seriam duas aulas para o termino do teste e da redação de português, e o mesmo tempo para responder todas as questões de matemática. Na semana seguinte... Férias!